sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Primeiro ano iluminado


Texto: Eugênio Martins Jr
Foto: Divulgação

Poucas cidades do país têm o privilégio de possuir um teatro igual ao Coliseu, tanto em tamanho quanto em importância histórica. É claro, existem teatros maiores e mais modernos, mas o charme do Coliseu é justamente o oposto. Mesmo assim, um teatro com mil e duzentos lugares impõe respeito.

Além dos importantes teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo, o Teatro Coliseu de Santos pode ser colocado na mesma categoria dos tradicionais São Pedro, em Porto Alegre (RS); Arthur Azevedo, São Luís (MA); Santa Isabel, em Recife (PE); Da Paz, em Belém (PA) e o magnífico Amazonas, em Manaus.

Como repórter e produtor cultural tive o privilégio de participar de algumas etapas em seu primeiro ano de funcionamento. Após tão polêmica e demorada reforma. Durante todo o ano de 2007 o Coliseu recebeu diversas atrações nacionais e internacionais. Algumas memoráveis.

A beleza da arquitetura externa também foi valorizada com uma iluminação de fachada que realça ainda mais suas belas formas.

Em sua estréia, na noite de 25 de janeiro de 2006, o teatro recebeu a Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, com regência do maestro titular Luiz Gustavo Petri e da pianista Beatriz Alessio como solista. A inauguração também contou com a participação do grupo de seresta Alma Brasileira.

Além da Sinfônica de Santos, a música erudita também foi representada pela Bachiana Chamber Orchestra, com regência de João Carlos Martins; a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, com a participação especial da solista Regina Elena Mesquita e a regência do maestro Abel Rocha; Orquestra Albert Einstein, Orquestra Jazz Sinfônica e Solistas CPFL.

O primeiro grande nome da MPB a chegar foi o cantor, violonista e compositor Toquinho, acompanhado de sua banda. A apresentação do dia 4 de fevereiro marcou o 40º aniversário da carreira do músico e lançamento de seu DVD.

No dia 8 de fevereiro, foi a vez de Bibi Ferreira. Visivelmente emocionada, a cantora e atriz lembrou duas de suas passagens pelo teatro santista: a primeira quando veio com a companhia de teatro de seu pai, Procópio Ferreira, ainda criança. A segunda, já como atriz de renome com o espetáculo Gota D'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes.

A fama se espalhou e a cantora Gal Costa escolheu Santos para lançar Hoje, na época, seu mais recente CD, partindo daqui para uma turnê internacional. Entre um dos poucos comentários da cantora, um elogio: "Esse teatro é muito bonito, ainda bem que ele existe".

O grande show que não aconteceu foi com o cantor, compositor e violonista João Bosco, que cancelou sua apresentação poucos dias antes. Um pouco antes do cancelamento tive a oportunidade de conversar com o cantor e ele, já conhecendo a fama do teatro, me fez diversas perguntas sobre o Coliseu.

A lista continua com os músicos Guilherme Arantes, Oswaldo Montenegro, Ivan Lins, Zeca Baleiro e Luiz Melodia e os atores Reynaldo Gianecchini, Antonio Fagundes, Murilo Benício e Marisa Orth, entre outros.

A apresentação do cantor e guitarrista norte-americano Eric Gales marcou a estréia do projeto Jazz, Bossa & Blues e foi a primeira atração internacional do novo Coliseu. Com o publicitário Cássio Laranja produzi esse show em parceria com a Secretaria de Cultura de Santos. o Show de abertura foi do guitarrista santista Mauro Hector.

Os próximos shows internacionais também foram produzidos por mim e pelo Cássio, parceiro musical que mantém no rádio, há 20 anos, um dos programas de jazz mais antigos do país, o Digital Jazz. Foram os shows dos guitarristas John Pizzarelli e Stanley Jordan, em 18 e 29 de novembro respectivamente.

Na apresentação de John Pizzarelli, aconteceu um dos momentos mais marcantes de todo ano: o coro em uníssono entre público e cantor na versão do artista para Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Quem esteve lá sabe do que eu estou falando.

O guitarrista Stanley Jordan foi a terceira atração internacional do ano. Acompanhado pelos músicos brasileiros Ivan Conti (bateria) e Dudu Lima (baixo), apresentou Mercy, Mercy, Mercy, All the Children, Eleanor Rigby e uma genial versão para Insensatez - também de Tom e Vinicius - o guitarrista mostrou por que é considerado um dos maiores inovadores em seu instrumento.

Enfim, no balanço final, foi um ótimo primeiro ano de uma nova vida. Esperamos poder ver e fazer mais. Bravo, Teatro Coliseu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário