sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Os recônditos da alma de JJ Thames


Texto: Eugênio Martins Júnior
Foto: DeChamp Records/Divulgação

Como diz JJ Thames, o Blues fala sobre as alegrias e as tristezas da vida. E em alguns momentos, sua triste e até trágica história pessoal, serviu de inspiração para suas composições. Fome, frio, solidão e a pior de todas as dores, a perda de um filho, viraram canções comoventes na voz da cantora e compositora. 
Aos 17 anos, com a mudança dos pais, a jovem JJ migrou da grande cidade industrial de Detroit para a cidade interiorana de Jackson, no Mississippi. Não haveria melhor lugar para aprender seu ofício. 
Pequena, mas importante, Jackson é famosa por ser um dos locais fundamentais da Rota do Blues, e também, terra de Bobby Rush, Cassandra Wilson, Ishmon Bracey, Otis Spann, e da Malaco Records onde mais tarde gravaria seus dois discos.
Após essa fase as coisas pioraram, em busca de seus sonhos, foi para New York, onde passou privações e humilhações. Completamente deslocada, se apegou à música. 
Por isso seus discos trazem a mistura de blues, soul e  músicas em forma de prece, na mais pura tradição gospel do interior. Sua voz forte garante a profundidade necessária que remete às igrejas do sul e aos recônditos da alma humana.
Os álbuns Tell You What I Know (2014) e Raw Sugar (2016) mostram o trabalho dessa grande cantora e compositora que esteve no Brasil em novembro de 2018, ocasião dessa entrevista.
JJ Thames se apresentou em um festival de quatro dias  dedicado à Soul Music no Café Society, em São Paulo. Foi acompanhada pela banda Just Groove, Igor Prado (guitarra), Jesiel Oliveira (guitarra), Rael Lúcio (baixo) e André Azevedo (bateria). Agradecimentos ao produtor Mariano Cardozo.


Eugênio Martins Júnior  – Você morou na área de Jackson, no Mississippi, reconhecidamente como um dos lugares mais fortes do Blues. Poderia falar como sobre isso te influenciou? Se é que isso aconteceu.
JJ Thames - Sou originalmente de Detroit, Michigan (Motown), mas mudei para o Mississippi aos 17 anos de idade. Musicalmente foi Jackson que me criou. Cortei meus dentes lá. E foi lá que conheci todos os meus mentores. Comecei a fazer backing vocals para artistas de blues, cantava nos discos e realmente aprendi o que era o blues. Fui a todas as blues jams, cantei em todos os clubes de blues, incluindo o Subway Lounge, o 930 Blues Cafe, o Franj Jones Corner, o Hamp’s Lounge e muito mais. Se não tivesse me mudado para o Mississippi posso dizer com confiança que não cantaria o blues.

EM - Li em uma entrevista que você vivia em Detroit e foi morar no campo e que isso foi um choque cultural.
JJ – Me mudei para Jackson em 2000. Não era tão desenvolvido como hoje. Mudei de uma metrópole para um lugar que tinha campos abertos e um centro muito pequeno que realmente não era povoado. Na época, havia muitas fachadas de lojas abandonadas. Então havia as pessoas ... todos pareciam tão legais e amigáveis. Lembro-me de ficar muito confusa quando as pessoas dirigiam pela rua e buzinavam e acenavam para mim. Elas entravam e perguntavam: “Ei, como você está hoje?". Quer dizer, você não fala com estranhos em Detroit. A comida era diferente, o sotaque era difícil de entender, uma gíria desconhecida, os insetos eram maiores (risos). Demorou algum tempo para me acostumar.

EM – Depois dessa fase você passou dias difíceis em New York e disse que os diversos tipos de privação te fizeram conhecer o verdadeiro sentimento do blues. Poderia contar essa história?
JJ – Me mudei para Nova York após a morte por câncer de meu segundo filho. Havia me mudado do Mississippi de volta a Detroit para seguir minha carreira e, após o sucesso, mudei-me para Nova York para tentar passar ao próximo nível, mas não tive tanta sorte. Dormi no metrô, morei em um abrigo infestado de ratos que tinha uma janela quebrada no chuveiro (era um inverno mortal e tomar banho era muito ruim por causa do frio), o banheiro também não funcionava muito bem e vazava frequentemente. Cantei na estação de metrô no West 4, em Greenwich Village. Me lembro de não ter um casaco de inverno adequado, então usava quatro blusas umas em cima das outras. Foi um momento difícil. Estava com fome e muito solitária. Mas, é um momento muito especial da minha vida. Foi quando realmente vi o que havia realizado, realmente aprendi a confiar em Deus, e isso testou e provou o quão longe estava disposta a ir para ver meus sonhos se tornarem realidade.


EM - Você compõe baseada nas tuas experiências de vida. Um caso verdadeiro é a comovente Tell You What I Know. Essa contação de história faz parte da tradição do blues. Gostaria que falasse sobre isso.
JJ - Em todas as sociedades indígenas e até além delas, a cultura é tecida no campo narrativo. Contamos histórias aos nossos filhos para ensinar moral e lições de vida. Contamos histórias para entretenimento, contamos histórias para lembrar e aprender da nossa própria história. Foi a mesma situação com os escravos africanos trazidos para a América, e eventualmente se refletiu na música. Blues não é nada além de contar histórias. Não sei cantar o blues sem contar uma história. E quem melhor para contar minha história além de mim?

EM - Percebi que você abre teu primeiro disco com uma música acústica muito bonita chamada Souled Out. E o álbum Raw Sugar também começa com uma música acústica com as participações de Ben Hunter e Joe Seamons. Gostaria que falasse sobre isso.
JJ - Sou conhecida pela alta energia dos meus shows, pela grande voz, berros, músicas com grandes produções (sopros,  instrumentos elétricos e arranjos intricados) e estou perfeitamente bem com isso. Mas realmente gosto de começar meus álbuns com o que é mais importante para mim: minha fé. Ambas as músicas são orações e sinto que elas são melhor cantadas das formas mais simples e despojada possíveis. Orações não precisam ter toda a pompa e circunstância. Elas só precisam ser honestas. Meu próximo álbum (e provavelmente todos subsequentes) começará da mesma maneira.

EM – Além da produção, Eddie Cotton também participou da composição das músicas?
JJ – Eddie e eu produzimos juntos o álbum Raw Sugar. Além da faixa-título, Raw Sugar e Bad Man, escrevi as letras e compus as melodias para o álbum inteiro ao longo de um ano ou um pouco mais. Para esses dois temas, Eddie compôs a música e eu escrevi as letras. Eddie e eu nos encontramos com meu baterista John "Ianky" Blackmon Jr. e meu baixista Anthony Daniels, ambos de Jackson, e meu tecladista, Darryl Sanford, de Memphis, (Tennessee), um mês antes de ir ao estúdio e ensaiar todas as músicas. Hold Me e I Don't Feel Nothin foram canções refeitas de um álbum que lancei de forma independente em 2008. Hattie Pearl foi composta por toda a banda na gravação do estúdio. Escrevi as letras no estúdio, literalmente, enquanto gravávamos a música. Gravamos Raw Sugar em dois dias.


EM – Cada vez mais os músicos brasileiros vêm mantendo parcerias com os norte-americanos. Você conhecia a cena brasileira de blues?
JJ – Mister Sipp, Vasti Jackson e Annika Chambers haviam me falado. 

EM – O Blues é alegre ou triste?
JJ - Ambos. Blues é sobre celebrar a vida. Bons e maus momentos. Por exemplo, Thrill is Gone, de BB King, engloba emoções felizes e tristes na mesma música. Ele está falando sobre a liberdade de uma mulher que não o amava tanto. Mas, há uma pitada de tristeza também, quando ele percebe que ficará solitário sem esse amor, mesmo que ele esteja um pouco distante. A versão de Koko Taylor de Wang Dang Doodle é toda sobre mexer os calcanhares em uma jukejoint após um duro dia de trabalho. Stormy Monday, de T Bone Walker, é tão triste quanto uma música pode ser. Como se estivesse de joelhos implorando para que Deus o ajude a encontrar seu amor. A vida é fluxo e refluxo, de alegria e dor. blues é sobre a vida real e capta esse conceito lindamente.

EM – Você esteve no palco com o lendário Bobby Bland. Como foi essa experiência?
JJ - Bobby Bland era um gênio, com uma voz de seda. Tive a oportunidade de fazer apenas alguns shows com ele em um evento especial. Mas ele era um verdadeiro showman e um prolífico contador de histórias. Aprendi muito com ele nesses dois shows e depois de assisti-lo. Meu mentor, Ezra Brown, tocou saxofone para Bland por anos, e se não fosse por Ezra, eu nem saberia quem era o Senhor Bland. A experiência também foi muito nostálgica para mim. Minha avó, Mary (que possuía e administrava uma conhecida jukejoint e pensão para músicos negros no chitlin’ circuit durante a era Jim Crow em Emporia (Virgínia), amava Bobby Bland. E ele se lembrou  quando falei dela. 

EM - Houve uma época em que a soul music era música de protesto. Lá estavam Curtis Mayfield, Gil Scott Heron e o grande cantor e compositor Marvin Gaye. Parece que atualmente essa função tem sido com rap e isso também já está mudando. Não há mais música de protesto nos Estados Unidos com todos esses problemas raciais acontecendo?
JJ - Meu antigo empresário e eu conversamos sobre isso com frequência. Não... música de protesto está muito distante entre os músicos. A maioria das pessoas não quer ouvir isso. Existem artistas como Kendrick Lamar e Childish Gambino, ambos artistas de rap, e eles fizeram um ótimo trabalho. Nina Simone disse que “é dever do artista escrever e cantar música sobre os tempos”, parece que muitos artistas abandonaram essa responsabilidade. Até eu mesmo. Meus álbuns sempre foram sobre amor ganho, amor perdido e introspecção. Você sabe, minha história pessoal. Escrevi sobre o aborto no meu último álbum, mas, novamente, sobre minha perspectiva, contando a história sobre eu ter escolhido não abortar meu filho. Acho que a verdadeira mudança vem de dentro. Encorajando as pessoas a curar seus próprios traumas. Abraçar os sonhos e viver autenticamente é como vamos mudar a nossa sociedade. Ao mudar e desenvolver-se, você tende a melhorar sua própria esfera de influência. Se mais pessoas fizerem isso, melhor será a nossa sociedade. É um efeito cascata ou borboleta. Ainda assim, você não vai ouvir abertamente esses conceitos em minha música. Nem no meu próximo álbum, o Moonchild. No entanto, se você olhar para a minha mídia social, falo muito sobre isso. Acho que muitos outros artistas são da mesma maneira. Enquanto sua música não está abordando diretamente ou protestando contra os problemas reais do mundo. Suas mídias sociais, que as pessoas seguem por causa da música, abordam todos os tópicos importantes. Lá eles se posicionam publicamente a favor e contra muitas questões. Acho que nos dias de hoje isso pode até ser mais eficaz do que música de protesto. Nós vivemos em um tempo diferente.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Jesus Jack

Jack Jesus Buk Dean
Jimi Jim Janis Sim
Jair Judas Messias Não

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Lançamento de Blues The Backseat Music - As Origens no Brasil terá show de Vasco Faé

Blues - The Backseat Music - As Origens no Brasil reúne a história de festivais, produtores e 40 entrevistas com artistas brasileiros e estrangeiros que passaram por aqui ao longo dos anos


Criado pelos negros nos grandes latifúndios dos estados do sul dos Estados Unidos, o Blues migrou para as grandes cidades e se tornou um fenômeno sociológico, dando origem ao Rock and Roll, Soul Music, Funk e Rap. 
Nos anos 60 chegou na Europa com força e nos 80 no Brasil. Com - The Backseat Music – As Origens no Brasil, pretendo contar essa história que já tem 30 anos.
O texto introdutório coloca o leitor dentro da cena nacional dos anos 80 até os dias atuais e vai ser o tema da oficina que vou fazer no dia do lançamento entre 16 e 17h45. às 18h é a vez do multi-instrumentista Vasco Faé mostrar do que é feito o Blues no Brasa.  
Editado pela editora Realejo, com a capa do Digo Maransaldi, baterista da banda Dog Joe, ambos de Santos, meu livro reúne 40 entrevistas de músicos daqui e dos Estados Unidos. Material exclusivo coletado em anos de trabalho na estrada com esses artistas.  
Assim como o primeiro livro, o formato escolhido para contar essa saga foi o de entrevistas, dando voz aos protagonistas. Quem melhor do que eles para contar a própria história, não é verdade?
Quem acompanha o Mannish Blog sabe que as entrevistas já estão por aqui, mas nada como um livro físico reunindo esse pessoal da pesada. 
Entre os entrevistados, Blues Etílicos, Paulo Meyer, Duca Belintani, Lancaster, Márcio Abdo, Maurício Sahady, Fred Sun Walk, Dave Specter, Adam Gussow, Pierre Lacocque, Phil Wiggins, Bruce Iglauer (dono da Alligator Records) e muitos outros. 

Serviço:
Lançamento: Blues The Backseat Music – As Origens no Brasil

Santos:
Data: Sábado, 08 de dezembro
Oficina com o autor: A partir da 16h, na sala 1
Show: Vasco Faé, às 18h, comedoria do Sesc
Endereço: Rua Conselheiro Ribas, 139 – Aparecida – Santos

São Paulo:
Data: Sábado, 15 de dezembro
Tarde de autógrafo a partir das 14h
Endereço: Livraria Freebook – Rua Barão de Capanema, 199 – Jardins – São Paulo

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Stanley Jordan - 29/11/2006 - Teatro Coliseu de Santos

Onze dias após o show do John Pizzarelli aprontamos mais uma, o show do guitarrista Stanley Jordan no Teatro Coliseu marcou a primeira vinda dele a Santos.
Herói da minha adolescência, desde o lançamento do Magic Touch, em 1985, recebê-lo por aqui era a realização de um sonho. Depois de muita negociação, pechinchando mesmo, consegui enfiar esse show em Santos como parte da turnê brasileira.
Stanley veio acompanhado pelo baterista do Azimuth, Ivan "Mamão" Conti, e pelo baixista Dudu Lima. Na produção Stênio Mattos e Big Joe Manfra. Um dia antes do show fizemos uma visita a ala de oncologia da Santa Casa de Santos, onde Jordan tocou e falou com as mães e crianças.
Curiosidades: 
Ele é vegetariano e minha mãe fez uma sopa de legumes em quantidade generosa, bem temperada, em um caldeirão enorme que ele comeu como se não existisse amanhã.
Uma ano depois, 29/11/2007 fizemos um bate papo com Zuza Homem de Mello em parceria com a Livraria Realejo, lançamento do livro Música nas veias: Memórias e Ensaios.
Em 29/11/1986 assisti um show da Siouxsie and the Banshees no Caiçara Clube em Santos.
Em 29/11/2011 meu pai morreu.
E hoje, 29/11/2018 vou assistir ao show da JJ Thames e encontrar o amigo Igor Prado em sampa.
Fotos: Leandro Amaral.









   

domingo, 25 de novembro de 2018

Super fim de ano no Bourbon Street

O Bourbon Street Music Club, uma das casas de shows mais legais do Brasil, preparou um fim de ano brilhante para os amantes da boa música (leia-se, aquela que a gente gosta)



O mês começa nos dias 04 e 05 com a banda Playing For Change, formada por músicos de rua de todo o mundo. A banda já esteve no Brasil várias vezes lotando os lugares por onde passou. 
No dia 09 João Sabiá faz seu primeiro show na casa e convida Pedro Mariano. 
No dia 11 a cantora Marley Munroe e o músico Adam Lasher se apresentam no lançamento do mais novo EP de Marley, gravado em Los Angeles. O cantor e guitarrista Adam Lasher é sobrinho de Carlos Santana. Na direção musical, Álvaro Kapaz, guitarrista brasileiro formado na Berklee College of Music.
Na quinta-feira, dia 13, Ed Motta, apresenta seu novo show no aniversário de 25 anos da casa.
Como em todos os anos, o Bourbon Fest traz boas atrações internacionais. Em 2018 o Nu Beginnings abre o festival na casa no dia 14. No dia 15 é a vez do saxofonista de New Orleans, Gary Brown, dar o ar da graça. E no encerramento do festival, dia 16, Gary Brown e Nu Beginnings se apresentam gratuitamente na Rua dos Chanés.
O blues brasileiro tem espaço em duas datas. Dias 18 e 27 com os shows de Nuno Mindelis e Paulo Meyer, respectivamente.
Uma das melhores bandas que interpretam as musicas geniais de Frank Zappa, a The Central Scrutinizer Band, toca na casa no dia 19.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

John Pizzarelli 18/11/2006 - Teatro Coliseu de Santos

John Pizzarelli - Novembro de 2006 foi um mês prolífico. Produzi dois grandes shows internacionais no Teatro Coliseu, em Santos. No dia 18, John Pizzarelli e Banda; dia 29, Stanley Jordan e Banda. Era a primeira vez de ambos em Santos. A casa encheu. O teatro, recém "reinaugurado" após anos de reforma, ainda estava sem estrutura adequada, leia-se falta de portas corta fogo, extintores de incêndio e com instalações elétricas pipocando aqui e ali. A empresa que prestava serviço com o som era a pior possível. O que faltava em competência, sobrava em má vontade. Após um stress violento com o cara, que ainda anda por aí fazendo estrago na noite santista, Santos viu e ouviu um de seus grandes shows. John Pizzarelli (guitarra), Martin Pizzarelli (baixo), Larry Fuller (piano) e Tony Tedesco (bateria), montaram o set juntinho de jazz e quebraram a banca. Nos dias antes da gig acompanhei a banda no Programa do Jô e em uma visita ao Santos Futebol Clube. Stanley Jordan é o assunto da próxima postagem. As foto são do meu brother Leandro Amaral.

 



 



        

O Blues contemporâneo de Guy King aporta no Bourbon Street Music Club nesta terça-feira, 13 de novembro.


Indicado ao Blues Music Award em 2017, o cantor e guitarrista Guy King traz uma sonoridade e moderna ao Blues enquanto mantém forte vínculo com os mestres que vieram antes dele. Suas habilidades musicais naturais e sua mistura única de blues, jazz, Soul e R&B são alguns dos elementos que tornam King tão especial no mundo da música.
Nascido e criado em uma pequena cidade rural em Israel, King chegou pela primeira vez aos EUA, em turnê, aos 16 anos de idade. Após cinco anos voltou aos Estados Unidos e depois de uma curta estadia em Memphis e Nova Orleans, seguiu para o norte em busca de novas perspectivas para sua carreira musical. A cidade escolhida foi a velha Chicago.
Rapidamente ganhou reconhecimento na windy city e se juntou à banda de Willie Kent, atuando como seu guitarrista e líder por um período de seis anos, até o falecimento de Kent, em 2006. King partiu para a carreira solo, tocando nos principais espaços da cidade.
Com uma média de duzentos shows por ano, Guy teve a honra de abrir os shows de BB King, Buddy Guy e tocar no Japão, França, Bélgica, Suíça, Inglaterra, Itália, México, Argentina, Chile e Brasil.
Em 2009 lançou seu primeiro álbum solo "Livin 'It", bem recebido pelo público e pela mídia, e que abriu as portas para os próximos dois álbuns I Am Who I Am And It Is What It Is e By Myself.
Em 2015, Guy assinou com a 'Delmark Records' de Chicago para gravar o álbum 'Truth' produzido por Richard Shurman e que foi lançado em fevereiro de 2016. 'Truth' alcançou a posição nº1 na lista da "Roots Contemporary Blues Chart", e 5º na "Living Blues Chart".
Participou de festivais como: Montreal Jazz Festival, Chicago Blues Festival, King Biscuit Festival (Helena, Arkansas), Blues na Fox, The Paramount Theatre, Polanco Blues Festival (Cidade do México, México), Mississippi Delta Festival (Caxias Do Sul, Brasil), Basel Blues Festival (Suíça) e muitos mais.

Serviço:
Show: Guy King
Data : 13/11/2018 – terça-feira
Horário: 21h30h
Local: Bourbon Street - Rua Dos Chanés, 127 – Moema – SP
Bilheteria Bourbon Street: Rua dos Chanés 194 – de 2ªf.a 6ª.f das 10h às 20h, sábado e feriado das 14h às 20h
Fone para reserva: (11) 5095-6100 (Seg. a sexta) das 10h às 18h
Abertura da casa: 20h
Couvert Artístico: R$60,00 (1º lote)
Venda também pela Ingresso rápido - 11 4003 1212 - www.ingressorapido.com.br
Classificação indicativa : 18 anos e 16 anos acompanhado de responsável
Estacionamento/ Valet: R$ 28,00

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Quero muito

Quero Lou
Quero Iggy
Quero Bowie
Quero Pistols
Quero Clash
Quero Bauhaus
Quero Joy Division
Quero Smiths
Quero Ramones
Quero Blondie
Quero Television
Quero Husker Du
Quero 45 Grave
Quero New Model
Quero Harry
Quero que o Bolsonaro vá tomar no cú
Quero muito

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ama a zona, vai Tereza

Brasil
Amazônia
Ama a zona

Brasil
Avareza
Vai Tereza


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Eric Gales 28/07/2006 - Teatro Coliseu de Santos

Salveeeee, blues e jazzmaníacos!!
Criei mais essa coluna para divulgar a cena blues, jazz e MPB no Brasil.
São muitos shows e não quero que esses registros se percam.
O objetivo é resgatar algumas fotos de shows bacanas e backstage que registrei na longa e infindável estrada.
A maioria é minha mesmo, mas também vou usar fotos de amigos fotógrafos, devidamente creditadas.
O critérios são: que tenham sidos autorizadas pelos fotógrafos; que eu tenha assistido o show, claro.
Senão qualquer foto vale, não é verdade?

Eric Gales – A ideia era trazer Otis Rush e Charlie Musselwhite, pois fiquei sabendo que ambos viriam ao Brasil em 2006. Peguei o telefone e liguei para o Herbert, diretor artístico do Bourbon Street Music Club e disse que queria fazer os shows em Santos. Definimos que o nome desse projeto seria Jazz, Bossa & Blues. Por algum motivo obscuro, os shows não aconteceram.
Em 28 de julho de 2006 conseguimos fazer o show do guitarrista de Memphis, Eric Gales, com abertura do Mauro Hector Trio (com Glécio Nascimento no Baixo e não me recordo quem foi o baterista).
A banda de Gales tinha Fred Sunwalk (guitarra), Ugo Perrota (baixo) e Alexandre Papel (bateria).
Foi o primeiro show da nova fase do recém e mal reformado Teatro Coliseu de Santos. No final, sugeri a ambos, Red House, versão Jimi Hendrix. Assim foi.
Fotos: Leandro Amaral.



sábado, 3 de novembro de 2018

Com apenas 49 anos, morre Roy Hargrove


Morreu ontem precocemente, aos 49 anos, de ataque cardíaco, um dos grandes trompetistas de jazz da atualidade, Roy Hargrove. 
O texano foi descoberto por Wynton Marsalis quando este visitou a Escola Secundária Booker T. Washington para o Performing and Visual Arts em Dallas. Hargrove dizia que uma de suas principais influências foi o saxofonista David "Fathead" Newman, conhecido por ser sideman Ray Charles por muitos anos. 
Roy Anthony Hargrove ganhou notoriedade mundial depois de ganhar dois prêmios Grammy: em 1998 com o álbum Habana com Crisol, a banda afro-cubana fundada por ele. E em 2002 com o excelente Directions in Music: Live no Massey Hall com os co-líderes Herbie Hancock e Michael Brecker, este, lançado no Brasil. Uma aula de jazz moderno que não pode faltar em nenhuma coleção de discos séria. 
Seu grupo, o The RH Factor, combinava elementos de jazz, funk, hip-hop, soul e música gospel. Seus membros incluíram Chalmers "Spanky" Alford, Pino Palladino, James Poyser, Jonathan Batiste e Bernard Wright. 
Sua primeira gravação foi com o saxofonista Bobby Watson. Entre 1988 e 90 edtudou na Berklee College of Music, em Boston e em 1990 lançou seu primeiro álbum solo, Diamond in the Rough, no selo Novus / RCA. Ele foi contratado pela Lincoln Center Jazz Orchestra e escreveu The Love Suite: Em Mogno, que estreou em 1993.
Em 1994 foi contratado pela Verve, vindo a gravar com Joe Henderson, Stanley Turrentine, Johnny Griffin, Joshua Redman e Branford Marsalis. 
E ao longo da carreira gravou com feras dentro e fora do jazz como Sonny Rollins,Jimmy Cobb, Shirley Horn, Erykah Badu, Common, Roy Hynes, D’Angelo, Ray Brown, Christian McBride, Danny Gatton, Joshua Redman e muitos outros.




Matthew Shipp Ao Vivo é o mais novo CD da série Jazz na Fábrica

São onze temas viajantes em show registrado no Sesc Pompéia em agosto de 2016
  

O lançamento de um disco de jazz em tempos de streaming sempre deve ser comemorado. Mais ainda quando a ousadia parte do Selo Sesc, incentivador e porto seguro da música instrumental brasileira e estrangeira.
Mas calma jovens, o disco também estará disponível nas novas plataformas. Só que  nós, os coroas, gostamos mesmo é do físico, e a embalagem, em formato digipack, vem com livreto recheado de informações, ficha técnica e fotos. As capinhas vermelhas são bem bacanas e ajudam a achar os disquinhos na prateleira. 
O caso em questão é o CD do pianista norte-americano Matthew Shipp, registrado na sua única apresentação na edição de 2016 do Festival Jazz Na Fábrica, no charmoso Sesc Pompéia.
Trata-se do quarto lançamento da série de discos gravados ao vivo que começou com Roscoe Mitchell (2013), passando por Anthony Braxton Quartet (2014) e Willian Parker Quartet (2015).
O ao vivo de Matthew Shipp reúne 11 faixas, com standards do jazz como Angel Eyes, On Green Dolphin Street e Summertime, e composições próprias deste expressivo pianista norte-americano. Pouco menos de uma hora de música em que Shipp evoca ritmos e precisão técnica, contemplando um universo amplo de escolas jazzísticas, do free-jazz à música de câmara.
Matthew Shipp nasceu em 7 de dezembro de 1960 em Wilmington, Delaware. Começou a estudar piano aos cinco anos de idade e aos doze se apaixonou pelo jazz.
Mudou-se para Nova York em 1984 e logo se tornou um dos principais nomes da cena jazzística da cidade como sideman do quarteto de David S. Ware e também do Note Factory, de Roscoe Mitchell, antes de tomar a decisão de se concentrar em sua própria música. Nos anos 2000, Shipp foi curador e diretor do selo "Blue Series", da Thirsty Ear, onde também participou de gravações.
Matthew Shipp é daqueles artistas que trabalham o jazz não apenas como um gênero ou repertório fixo, mas um campo de exploração sonora, o que o faz ser considerado uma das principais referências do piano jazzístico nos dias atuais.
Pupilo de Dennis Sandole, instrutor de saxofone de John Coltrane, e aluno de Joe Maneri, Shipp tem como parceiros grandes nomes da música instrumental contemporânea, como o contrabaixista William Parker e o saxofonista Roscoe Mitchell.
Desde 1988, quando debutou com o álbum Sonic Explorations, Matthew Shipp soma mais de 50 álbuns como bandleader e co-leader em formações diversas (solo, duo, trio, quarteto), sem contar seus 19 discos com o brasileiro Ivo Perelman e outros 19 no quarteto com andado por David S. Ware.
Jazz na Fábrica – O festival transformou o Sesc Pompeia em um espaço de encontro do público com sonoridades cheias de inventividade e improviso musical.
Em todas as suas edições, o festival teve como marca a presença de diferentes vertentes do jazz, buscando no cenário internacional diversos artistas conhecidos por explorar novas possibilidades musicais, sem se deixar esquecer dos grandes nomes que, de uma forma ou outra, participaram da transformação estética do jazz.
A partir de 2018, o festival ganhou uma nova roupagem e amplitude em seu alcance estendendo-se as unidades do interior de São Paulo.


Ao Vivo Jazz na Fábrica, Matthew Shipp
1. Symbol Sistems (Matthew Shipp) 09:39 
2. Angel Eyes (Earl Brent e Matt Dennis) 05:55 
3. Whole Movement (Matthew Shipp) 07:40 
4. On Green Dolphin Street (Bronislaw Kaper e Ned Washington) 06:34 
5. Invisible Night (Matthew Shipp) 07:02   
6. There Will Never Be Another You (Harry Warren e Mack Gordon) 06:32 
7. Blue In Orion (Matthew Shipp) 12:36 
8. Yesterdays (Kern Jerome e Otto Harbach) 03:30 
9. Patmos (Matthew Shipp) 02:13 
10. Gamma Ray (Matthew Shipp) 02:13 
11. Summertime (George Gershwin, Dorothy Heyward, Du Bose Heyward e Ira Gershwin) 02:27


Selo Sesc - Registra o que de melhor é produzido na área cultural. Constrói um acervo artístico pontuado por obras de variados estilos, da música ao teatro e cinema. Em 2018 lançou dezenas de discos, entre eles “Debut” de Paulo Martelli, “A Paixão Segundo Catulo”, dirigido por Mário Sève, “Mar Virtual” de Eugénia Melo e Castro, “Viola Paulista”, dirigido por Ivan Vilela, “Tradição Improvisada”, de Nelson da Rabeca e Thomas Rohrer. Além do Box de DVDs Movimento Violão e os lançamentos exclusivos para o digital: “Basa Black Bossa” de Alexandre Basa e a série “Sessões Selo Sesc”, com gravações de shows ocorridos nas unidades do Sesc: #1: Orquestra Mundana Refugi, #2: Siba e a Fuloresta, #3: Metá Metá. 
Em 2017, o Selo Sesc colocou na praça os CDs “Aluê” (Airto Moreira), “A poesia de Aldir Blanc” (Maria João), “Avenida Atlântica” (Guinga e Quarteto Carlos Gomes), “AM60 AM40 (Antonio Meneses e André Mehmari), “No Mundo dos Sons” (Hermeto Pascoal & Grupo), “Carlos Gomes, Alexandre Levy e Glauco Velásquez”(Quarteto Carlos Gomes), “Fruta Gogoia: Uma Homenagem a Gal Costa” (Renato Braz e Jussara Silveira), “Guarnieri Nepomuceno” (Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e Cristina Ortiz), “Box Villa-Lobos” (Quartetos Bessler-Reis e Amazônia), “Com Alma” (Banda Mantiqueira), “Festival Música Nova” (Ensemble Música Nova), “Saudade Maravilhosa” (Mario Adnet),  e o DVD “Alcance dos Sentidos” (Ivaldo Bertazzo).

Os lançamentos do Selo Sesc Podem ser encontrados em https://www.sescsp.org.br/online/selo-sesc/


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Porto Alegre recebe o 4ª Festival BB Seguros de Blues e Jazz

A quarta edição do festival acontece no dia 24 de novembro, das 11h às 19h, no Parque Farroupilha em POA 


Cercada de grandes expectativas, a edição de 2018 recebe Pepeu Gomes, Renato Borghetti, Leo Gandelman, Lil´Jimmy Reed, O Bando, BB Seguros Jazz Band e Mari Kerber.
Estima-se que na edição de 2017 os shows tenham atraído cerca de 103 mil pessoas e esse ano já ultrapassa a casa de 95 mil nas apresentações de Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília.
O evento foi criado com um conceito simples: um dia para curtir com a família e os amigos. Os shows são sempre realizados em locais ao ar livre, com bons espaços para o convívio social, lounge com tomadas para carregar celular, no melhor espírito “música no parque”.
Desde 2015, em sua edição inaugural, o Festival BB Seguros de Blues e Jazz apresentou grandes nomes, como Larry McCray (Mannish Boy Produções), Stanley Jordan, Hermeto Pascoal, Nuno Mindelis, Louis Walker, Wallace Roney Quintet, Blues Etílicos, Hamilton de Holanda, Al Di Meola, Steve Guyger, Marco Lobo Quinteto, David Liebman, Toninho Horta, entre outros, com ótima repercussão.
O projeto é realizado via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, com patrocínio da BB Seguros e realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.

domingo, 21 de outubro de 2018

Hard Times (um blues de protesto)

Por Eugênio Martins Jr

Hard times is coming
Violence in the streets
People have no home
people have no eat

God'damn politicians
Corruption and lies
Fighting and war
A million people dies

Crazy mans on command
Don't care 'bout people demands
They're so insane
I can't understand

Spend to much money in guns
When people don't have education
All this shit seens to me
A fucking bad situation

We must destroy
Propaganda greed machine
Killing his conductors
and break the engines

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Guerra - (um blues de protesto)

Por Eugênio Martins Jr

Espalhando a ignorância e o medo
O diabo tomou conta da terra
Perseguindo os artistas malditos
É guerra

Tempestade, trovoada e trevas
Antecede a chegada da fera
Sem lugar de proteção ou abrigo
É guerra

Não existe o começo de era
Com gente fina, elegante e sincera
É um batalhão de zumbis que te espera
É guerra

Território com irmãos separados
Ideologia dividindo o espaço
Onde matar ou morrer virou regra
É guerra

A política já não adianta
O silêncio precede a matança
O desprezo e o ódio te cega
É guerra

Nunca mais tu vai ter um amigo
Com essa marca que carrega contigo
Uma era de paz que se encerra
É guerra

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O holocausto já começou


Texto: Eugênio Martins Júnior

No domingo, dia 02 de setembro de 2018, o Brasil foi dormir em choque com as imagens do incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro.  Um acervo com 20 milhões de itens virou cinzas, literalmente.
Vou corrigir a frase acima. Chocou a maioria dos brasileiros. Mas quem vive a cultura no dia a dia, meu caso, e acompanha seus desdobramentos, sabe que a qualquer hora uma tragédia dessas pode acontecer em qualquer equipamento público dessa importância, dado o descaso dos governantes com o tema. Aconteceu com o Memorial da América Latina, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu do Ipiranga e, aqui em Santos, onde vivo, está acontecendo com o Teatro Coliseu. 
Simplesmente porque não existem políticas públicas consistentes para a cultura. Às vésperas de eleições majoritárias você sabe quais são as propostas do seu candidato para a cultura? Até agora somente o candidato nazi-fascista Jair Bolsonaro se pronunciou. Aos outros, a imprensa não perguntou e eles se fingiram de morto. 
Apoiado por seus eleitores, que não conseguem enxergar cultura além de seu canal de TV à cabo, Bolsonaro disse que se eleito, irá acabar com o Ministério da Cultura (MinC).  
Sintomático. Sua própria ascensão representa a queda do nível cultural do eleitor brasileiro. Como chegamos a isso? Anos de descaso com a educação e com a própria cultura nacional, óbvio. 
A verdade é que somos um povo que não reconhece nosso principal patrimônio, a mistura racial entre negro, índio e europeu. Não reconhecemos os quilombos e as as reservas indígenas, a capoeira e a viola caipira, a culinária da baiana com seu tabuleiro e a dos pampas, as manifestações de rua nas grandes cidades e os teatros públicos, os festivais de música, teatro e dança que empregam milhares de artistas e técnicos e os coletivos da periferia, o cultivo da terra e a feira-livre, a preservação dos equipamentos, como o próprio Museu Nacional. Temos a classe média que paga mil reais no ingresso da pista vip de show estrangeiro só pra poder tirar aquela selfie top e dar aquele tapa no baseado liberado. 
Sim, chegamos a esse ponto no Brasa (sem trocadilho). Onde falar de cultura é ser taxado de comunista, petralha, mortadela, aquele que mama na teta do governo. A direita brasileira só abre a boca pra falar de cultura se for pra meter pau na Lei Rouanet. Pra eles, cultura é só isso.  Eles não têm a noção de que fomento a cultura não é esmola e nem favor concedidos pelo governo, é obrigação. 
Considero um marco as manifestações no ano passado contra a exposição Queermuseu no Santader de Porto Alegre. Um marco à insensatez e à nova censura. Integrantes do grupo intitulado Movimento Brasil Livre (MBL), impediram que pessoas entrassem em uma exposição de obras de arte com o argumento que elas ofendiam a religião e a família. Na verdade o que se viu foi a auto-promoção do grupelho e a confirmação de que foi a coisa mais retrograda que apareceu no cenário político e cultural brasileiro nas últimas décadas. Não poderia ser mais ridícula essa manifestação. Movimento que tem liberdade no nome, mas aos gritos e ofensas, prega o fechamento de exposição de obras de arte. 
No Facebook, terra de ninguém, os oportunistas de plantão e eleitores do Bolsonaro já estão usando o trágico episódio do Museu Nacional para atacar os governos progressistas que dirigiram o país nos últimos anos, que não pelo acaso, mas pelo voto, foram do Partido dos Trabalhadores. 
Desconhecem que a gestão de Gilberto Gil, e sua mudança no estatuto do MinC foi a responsável pela reestruturação do Iphan e criação do Instituto BR de Museus. Que criou os Pontos de Cultura, cujas cidades podem se beneficiar de financiamentos para implementação de projetos ao alcance das comunidades periféricas das grandes cidades e que até então eram alijadas do processo. 
Incentivou os Conselhos Municipais de Cultura. Em Santos temos um exemplo de conselho atuante que, dentro do prazo estipulado por lei, conseguiu estruturar o Plano Municipal de Cultura que traça as diretrizes para políticas públicas municipais e destinação de recursos para os próximos dez anos. No desgoverno Temer, todo esse esforço virou cinza.  
Não adianta apontar o dedo para esse ou aquele político se você não participa do orçamento da sua cidade, não frequenta a Câmara Municipal, só se informa pelos cinco canais da televisão aberta brasileira, vai votar em candidatos que pregam a popularização de armas e não de livros. 
O verdadeiro culpado do incêndio no museu você vai encontrar refletido no espelho do teu banheiro. Aproveita e se atira dentro da privada. Porque é o lugar de quem demoniza a cultura sem entendê-la ou tê-la.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Após 50 anos Aluê traz Airto Moreira de volta ao Brasil


Nos anos 60 o samba brasileiro invadiu o DNA do jazz, do funk e do rock. Não tem vacina e nem cura. Nosso batuque é conhecido faz tempo e Airto Moreira é um dos responsáveis por isso ter acontecido. Usando uma palavra tão na moda,  um “influenciador”.
Apresentado por Joe Zawinul a Miles Davis, tocou no disco Bitches Brew, que consolidou as bases do fusion jazz, a revolução musical inventada pelo trumpetista de Saint Louis  e que, na época, muita gente não entendeu.
Com Chick Corea gravou os dois primeiros discos de seu Return To Forever, o primeiro disco homônimo e Light as a Feather, já com sua esposa, a cantora Flora Purim.
A lista de participações e parcerias é imensa, inclui Cannonball Adderley, Lee Morgan, Paul Desmond, Dave Holland, Jack DeJohnette, John McLaughlin, Keith Jarret, Al Di Meola, George Duke e tantos outros.
O retorno ao Brasil marca a gravação de Aluê, disco lançado pelo selo Sesc em 2017 com temas novos e antigos: Aluê (Airto Moreira e Flora Purim), Lua Flora (Flora Purim e José Neto), Sea Horse (Jossé Neto) e Misturada, Rosa negra, I’,m Fine, How Are You?, Não Sei Pra Onde, Mas Vai e Guarany (Airto Moreira). O time de bambas inclui Diana Purim (voz), José Neto (guitarra), Vítor Alcântara (sopros), Fábio Leandro (piano), Carlos Ezequiel (bateria e produção).
Nessa terça-feira, dia 21 de agosto, a partir das 21h, Airto Moreira apresenta com a banda Fotografia Sonora no Bourbon Street, em São Paulo, o show Viva Airto!

Eugênio Martins Júnior – Você está com um CD lançado recentemente, o Aluê. Gostaria que falasse sobre ele. Como surgiu a ideia e a oportunidade?
Airto Moreira – Aluê foi uma ideia do produtor Carlos Ezequiel. Ele foi aos Estados Unidos e nós ensaiamos. Quando chegamos aqui ensaiamos mais e gravamos pelo selo Sesc. Os músicos são muito bons.

EM – As músicas de Aluê foram gravadas ao vivo e em um único take. Gostaria que falasse sobre isso.
AM – Sempre achei que o primeiro take é o melhor de todos. Mesmo que a gente grave mais dez.

EM – Ano passado o disco Quarteto Novo fez 50 anos. Um marco. Gostaria que falasse sobre isso.
AM - Na época foi o projeto mais importante que fizemos e ainda existem pessoas que gostam dele.

EM – Gostaria que você falasse sobre o disco Bitches Brew. Você participou das faixas Great Expectations e Little Blue Frog. Como foram as sessões?
AM – As sessões do Bitches Brew foram muito boas. Gostei muito de fazer.

EM – Gostaria que falasse sobre a banda Weather Report que foi a que abriu a minha cabeça para o jazz fusion nos anos 80 e que tenho todos os discos.
AM – Não tenho muito o que falar. Gravei o primeiro disco deles, mas nunca toquei ao vivo com o Weather Report. 


EM – Mais do que nunca entramos de cabeça nas batidas eletrônicas. Há convivência pacífica entre as batidas orgânicas de Airto Moreira e as novas batidas?
AM – Não sei se há convivência pacífica porque nunca usei máquinas. As máquinas ficam de um lado e eu de outro. 

EM - O grupo Fotografia Sonora gravou o CD Viva Airto, uma homenagem a você. É o show que vocês vão apresentar no Bourbon? Como recebeu a homenagem?
AM – Gravamos há um ano. Eu estava aqui no Brasil e eles me chamaram. Foi muito bom, pessoas boas e bons músicos. É a primeira vez que tocaremos ao vivo juntos.  

EM – Quem vai, não digo ocupar o lugar, mas seguir os passos de Airto Moreira, Naná Vasconcelos, Paulinho Costa, Robertinho Silva, Laudir de Oliveira?
AM – Quem vai seguir os passos? Não acho que alguém segue os passos de alguém. Cada um tem seu estilo e toca o que gosta. Assim ficamos mais criativos e não seguindo passos. E quem vai ocupar eu não sei. Algumas pessoas que você mencionou já não estão mais por aí e não tenho a menor ideia.


Flora Purim
Eugênio Martins Júnior – O disco Return to Forever faz parte da vida de ambos. Gostaria que falasse sobre esse disco e essa época. Vocês estavam no meio da revolução que se tornou o fusion.
Flora Purim – O disco realmente faz parte das nossas vidas. Foram dois discos muito bons. Uma época que o Chick Corea começou escrever músicas mais melódicas e nós estávamos no meio da revolução que se tornou o fusion de verdade.

EM – Em 1967 você foi estudar música nos Estados Unidos e isso não era comum. Como se deu isso?
FP – Em 1967 não era comum. Fui para sair da ditadura militar, pois havia censura da música de Vandré, Chico, Gil, Caetano. Tinha 22 anos e achei que não teria futuro num país que censurava a liberdade de expressão.

EM – Vocês saíram do Brasil na década de 60, quando o país passava por forte turbulência política (uma ditadura militar). Após 50 país se encontra mais uma vez em um encruzilhada ideológica, política e cultural. Como vê o Brasil hoje com o olhar estrangeiro?
FP – Estou no Brasil há seis anos. Não olho pro Brasil como um estrangeiro. O país está passando por uma grande dificuldade. Tenho esperança que se elegerem os candidatos certos, talvez melhore. 

EM – Por outro lado, chegaram aos Estados Unidos do flower power sessentista. Deve ter sido uma transição curiosa. Poderia falar sobre isso?
FP – Chegar aos Estados Unidos no final dos anos 60 nos permitiu verificar uma revolução lá também. O flower power foi uma transição interessante, liberdade total. E foi assim que a gente começou a ouvir Jimi Hendrix, Janis Joplin, nos aproximamos ao Grateful Dead, com os quais colaboramos muito. Foi muito interessante influenciarmos e sermos influenciados.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Confira programação extensa do Sesc Jazz (antigo Jazz na Fábrica)

James "Blood" Ulmer e Vernos Reid

Entre os dias 14 de agosto a 2 de setembro, o Sesc Jazz reúne grandes nomes do jazz mundial, contemplando uma variedade de formações musicais e estilos. São 22 artistas de 11 nacionalidades em 68 apresentações no Sesc Pompeia, em São Paulo, e em 7 unidades do Sesc no interior do Estado – Araraquara, Birigui, Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Ribeirão Preto e Sorocaba, além de sete atividades formativas, como workshop, masterclasses e roda de conversa.

Archie Shepp & Ritual Trio, com Kahil El Zabar (Estados Unidos) - Um dos ícones do jazz avant-garde, o saxofonista americano Archie Sheep reúne-se com o percussionista Kahil El Zabar para um tributo a John Coltrane. Um de seus mais talentosos discípulos, Shepp tocou com Coltrane em seus últimos anos de vida.
29/8 qua 20h Sesc Sorocaba (Teatro). 12 anos. $ 50 / 25 / 15
1°/9 sáb 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 60 / 30 / 18
2/9 dom 18h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 60 / 30 / 18

Buika (Espanha) - A cantora espanhola Buika mescla jazz, copla, flamenco, ritmos africanos, cubanos, soul e música pop num estilo único, que lhe rendeu um Grammy Latino. Além de nove álbuns, Buika fez participações em filmes, escreveu livros de poesia e colaborou com Jason Mraz, Pat Metheny e Chucho Valdés, entre outros.
22/8 qua 20h Sesc Campinas (Galpão Multiuso). 16 anos. $ 50 / 25 / 15
23/8 qui 20h Sesc Piracicaba (Ginásio). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
25/8 sáb 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 60 / 30 / 18
26/8 dom 18h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 60 / 30 / 18
*ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Charles Tolliver (Estados Unidos) - O trompetista norte-americano Charles Tolliver é conhecido por sua habilidade em improvisar, sob influência de cool jazz, bop e hard bop. Tolliver estreou na década de 1960, acompanhando o saxofonista Jackie McLean, e em carreira solo dividiu-se no comando do quinteto Music Inc e como produtor e arranjador do selo Strata-East.
16/8 qui 20h Sesc Jundiaí (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
17/8 sex 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
18/8 sáb 20h Sesc Ribeirão Preto (Galpão). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
*ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Masterclass com Charles Tolliver
15/8 qua 15h Sesc Consolação (Centro de Música). 16 anos $ 17 / 8,5 / 5
8 vagas para músicos com experiência. Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir das 12h do dia de 7 de agosto.
19/8 dom 15h Sesc Ribeirão Preto (Auditório). 16 anos. $ 17 / 8,5 / 5
8 vagas para músicos com experiência. Inscrições pelo email matricula@ribeirao.sescsp.org.br (na mensagem, devem constar nome completo, CPF, RG, data de nascimento, telefone e o título da atividade) ou na Central de Atendimento do Sesc Ribeirão Preto, a partir das 13h do dia 8 de agosto.

Dom Salvador Sexteto (Brasil) - O pianista paulista Dom Salvador resgata a parceria com o baixista Sérgio Barrozo, companheiro no grupo de samba-jazz Rio 65 Trio. Importante pianista de bossa e jazz na década de 1960, Dom Salvador e a banda Abolição ficaram famosos por fazerem a mistura de jazz, funk, soul e choro que influenciou o movimento black Rio.
22/8 qua 20h Sesc Birigui (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
24/8 sex 20h Sesc Piracicaba (Ginásio). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
25/8 sáb 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 60 / 30 / 18
26/8 dom 18h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 60 / 30 / 18
*ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Dorival (Brasil) - O baterista Tutty Moreno, o contrabaixista Rodolfo Stroeter, o saxofonista e clarinetista Nailor "Proveta" Azevedo e o pianista André Mehmari revisitam o repertório de Dorival Caymmi, por meio de improvisos jazzísticos, interpretações livres e arranjos primorosos para clássicos do compositor baiano registrados no disco Dorival.
 15/8 qua 19h Sesc Jundiaí (Teatro). 12 anos. $ 30 / 15 / 9
16/8 qui 20h30 Sesc Ribeirão Preto (Galpão). 16 anos. $ 30 / 15 / 9
24/8 sex 20h Sesc Piracicaba (Ginásio). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
*ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Fred Frith Trio com participação de Susana Santos Silva (Estados Unidos/Portugal) - Guitarrista britânico Fred Frith integrou grupos de jazz rock e avant-garde como Henry Cow, Art Bears e Naked City. Com um trio, ele mostra o disco Another Day in Fucking Paradise, em show com participação da trompetista portuguesa Susana Santos Silva, destaque da cena de jazz contemporânea por seu talento em improvisar.
30 e 31/8 qui e sex 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
1º/9 sáb 20h Sesc Araraquara (Teatro). 12 anos. $ 50 / 25 / 15*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Masterclass com Fred Frith
29/8 qua 16h Sesc Consolação (Centro de Música). 16 anos $ 17 / 8,5 / 5
20 vagas para pessoas com ou sem experiência em música. Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir das 12h do dia 7 de agosto.

Henry Threadgill's Zooid (Estados Unidos) - O saxofonista americano Henry Threadgill é um dos três únicos jazzistas a ganhar o prêmio Pulitzer (2016) por explorar estilos que vão do ragtime ao free jazz, como integrante da AACM, de Chicago, ou ao lado de grupos como Air, Very Very Circus e o quinteto Zooid, com quem lançou o disco In for a Penny, In for a Pound (2015).
16 e 17/8 qui e sex 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
18/8 sáb 20h Sesc Ribeirão Preto (Galpão). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Iconili (Brasil)
A big band mineira Iconili tem um consistente repertório de afrobeat, jazz, funk, jazz etíope e pitadas de tradição afro-brasileira, registrado em três discos – o quarto álbum tem previsão de lançamento para este ano. O resultado é uma sonoridade original, ​grooveada, revezando momentos de contemplação a outros superdançantes.
30/8 qui 20h Sesc Araraquara (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12*
31/8 sex 19h Sesc Sorocaba (Teatro). 12 anos. $ 30 / 15 / 9*
2/9 dom 16h Sesc Pompeia (Deck). Livre. Grátis
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação

Isfar Sarabski & Trio Shahriyar Imanov (Azerbaijão) - O pianista azari Isfar Sarabski tinha apenas 19 anos em 2009 quando ganhou o prêmio de melhor pianista solo num dos mais prestigiados festivais do mundo, o de Montreux, na Suíça, pela habilidade que o tornou um nome proeminente no relevante cenário de jazz-mugham –vertente que mescla jazz ao improviso persa/iraniano.
23/8 qui 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
24/8 sex 20h Sesc Campinas (Galpão Multiuso). 16 anos. $ 30 / 15 / 9*
25/8 sáb 20h Sesc Birigui (Teatro). 12 anos. $ 30 / 15 / 9
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Workshop com Isfar Sarabski e Shahriyar Imanov
22/8 qua 18h Sesc Vila Mariana (Teatro). 16 anos $ 17 / 8,5 / 5
30 vagas para pessoas com ou sem experiência em música. Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Vila Mariana a partir das 9h do dia 7 de agosto.

Itiberê Zwarg & Grupo (Brasil) - O multi-instrumentista Itiberê Zwarg toca com Hermeto Pascoal desde 1977 e, em carreira solo, mantém o grupo do qual fazem parte seus filhos, o baterista e saxofonista Ajurinã e a flautista e saxofonista Mariana. No festival, lança Intuitivo (Selo Sesc), álbum em que até o cacarejar de galinhas incorpora-se à sua sonoridade.
17/8 sex 20h Sesc Ribeirão Preto (Galpão). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
18/8 sáb 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
19/8 dom 18h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

James "Blood" Ulmer - Memphis Blood Blues Band (participação de Vernon Reid) (Estados Unidos) - O guitarrista americano James "Blood" Ulmer tocou com o saxofonista Ornette Coleman, que o introduziu ao free jazz – mas com sua guitarra iconoclasta e seu vocal soulful, Ulmer se tornou referência também em funk, rock e blues. No show, recebe o guitarrista Vernon Reid, da banda Living Colour, produtor de quatro de seus discos.
14 e 15/8 ter e qua 21h Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 60 / 30 / 18
17/8 sex 20h Sesc Jundiaí (Ginásio). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Masterclass com James “Blood” Ulmer e Vernon Reid
16/8 qui 16h Sesc Consolação (Centro de Música). 16 anos $ 17 / 8,5 / 5
20 vagas para músicos com experiência. Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir das 12h do dia 7 de agosto.

Jason Lindner (Estados Unidos) - O pianista Jason Lindner toca electro jazz, mesclando hard bop, bebop, hip-hop e eletrônica. Integrante da big band do clube Smalls, em Nova York, nos anos 1990, acompanhou artistas como a cantora Meshell Ndegeocello, além de ter participado do último disco de David Bowie, Blackstar (2016), pelo qual ganhou dois prêmios Grammy.

Now vs Now (Estados Unidos) - Jason Lindner, Justin Tyson e Panagiotis Andreou - O trio de eletro-groove exploratório Now is Now, liderado pelo pianista Jason Lindner, Now vs Now, formado por Jason Lindner nos teclados e sintetizadores, Justin Tyson na bateria e Panagiotis Andreou no baixo, apresenta música contemporânea remontada ao conceito M-Base de 20 anos atrás, com bases de funk e black music, e com o brilho dos instrumentos elétricos de Lindner, vencedor de dois prêmios Grammy por sua participação em Blackstar (2016), último disco de David Bowie. Em 2018, com o single recém lançado Motion Potion, o trio ainda guarda na manga para este ano o lançamento do seu terceiro álbum, The Buffering Cocoon, previsto para setembro, seguindo os precedentes Now vs Now (2009) e Earth Analog (2013).
23/8 qui 20h Sesc Campinas (Galpão Multiuso). 16 anos. $ 40 / 20 / 12
24/8 sex 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
25/8 sáb 20h Sesc Piracicaba (Ginásio). 16 anos. $ 40 / 20 / 12
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Jupiter & Okwess (Congo) - O Jupiter & Okwess toca bofenia rock, mistura de ritmos do Congo, rock, funk e soul. Liderada pelo cantor Jean-Pierre Bokondji, o Jupiter, a banda foi tema do documentário Jupiter's Dance (2003), de Florent de la Tullaye e Renaud Barret, e seu disco Kin Sonic tem participações de Damon Albarn e de Robert del Naja, do Massive Attack.
23/8 qui 20h Sesc Birigui (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
25/8 sáb 19h Sesc Campinas (Galpão Multiuso). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
26/8 dom 16h Sesc Pompeia (Deck). Livre. Grátis.
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Lourenço Rebetez (Brasil) - Guitarrista, arranjador e compositor, o paulistano Lourenço Rebetez é um nome em ascensão com seu mix de jazz contemporâneo e tradições afro-brasileiras, criado sob influências que vão de Gil Evans a Moacir Santos, registradas no álbum O Corpo de Dentro. Como produtor, trabalhou com artistas como a cantora Xênia França.
19/8 dom 16h Sesc Pompeia (Deck). Livre. Grátis.
31/8 sex 20h Sesc Araraquara (Teatro). 12 anos. $ 50 / 25 / 15*
1º/9 sáb 19h Sesc Sorocaba (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Melissa Aldana & Crash Trio (Chile) - A saxofonista chilena Melissa Aldana se tornou a "grande esperança" do sax tenor, ao ser a primeira mulher (e primeira sul-americana) a ganhar a Thelonious Monk International Jazz Saxophone Competition, em 2013. Nos Estados Unidos desde 2007, Melissa já tocou com Greg Osby e George Coleman e lançou quatro álbuns.
30/8 qui 20h Sesc Araraquara (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12*
31/8 sex 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
1º/9 sáb 19h Sesc Sorocaba (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Masterclass com Melissa Aldana
29/8 qua 14h Sesc Sorocaba (Sala de Oficinas). 16 anos. $ 17 / 8,5 / 5
30 vagas para pessoas com ou sem experiência em música. Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Sorocaba a partir das 9h do dia 7 de agosto.

Mike Moreno e Guilherme Monteiro (Estados Unidos + Brasil) - Os guitarristas Guilherme Monteiro e Mike Moreno se conheceram em Nova York, onde Moreno acompanhou Joshua Redman e Wynton Marsalis, e, Monteiro, tocou com Madeleine Peyroux, Luciana Souza e Ron Carter, e em projetos autorais como o grupo Forró in the Dark. No Sesc Jazz (sescsp.org.br/sescjazz), eles mostram um repertório de composições próprias.
30/8 qui 20h Sesc Sorocaba (Teatro). 12 anos. $ 50 / 25 / 15
1°/9 sáb 20h Sesc Araraquara (Teatro). 12 anos. $ 50 / 25 / 15*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Omar Sosa Quarteto AfroCubano (Cuba) - O pianista cubano Omar Sosa sintetiza referências afro-cubanas, free jazz, música latina, tradições do norte da África e clássicos europeus em mais de 20 álbuns. Em sua discografia, destacam-se trabalhos como Ceremony, produzido por Jacques Morelenbaum, ou Transparent Water, com o percussionista senegalês Seckou Keita.
15/8 qua 20h30 Teatro Municipal de Ribeirão Preto. 16 anos. $ 40 / 20 / 12
17/8 sex 20h Sesc Jundiaí (Ginásio). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
18/8 sáb 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
19/8 dom 18h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programaçã no site do Sesc SP.o

Renee Rosnes (Canadá) - A pianista canadense Renee Rosnes tem um trabalho consistente, registrado em mais de 20 álbuns sozinha ou em parcerias com Joe Henderson, Wayne Shorter, Bobby Hutcherson e Ron Carter. Em seu repertório, destacam-se versões para standards e a criatividade de composições próprias, como as registradas em Beloved of the Sky (2018).
23/8 qui 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
24/8 sex 20h Sesc Campinas (Galpão Multiuso). 16 anos. $ 30 / 15 / 9*
25/8 sáb 20h Sesc Piracicaba (Ginásio). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Salomão Soares Trio (Brasil) - O pianista paraibano Salomão Soares começou a tocar sob influência de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca e Hermeto Pascoal. Em 2017, ganhou o Prêmio MIMO Instrumental e ficou entre os dez finalistas da competição de piano solo do Festival de Montreux. Além de trabalhos sozinho e com seu trio, tem um disco com o acordeonista Toninho Ferragutti.
16/8 qui 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 40 / 20 / 12
18/8 sáb 19h Sesc Jundiaí (Ginásio). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
24/8 sex 20h Sesc Birigui (Teatro). 12 anos. $ 30 / 15 / 9
31/8 sex 19h Sesc Sorocaba (Teatro). 12 anos. $ 30 / 15 / 9*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Stefano Bollani (Itália) - O pianista italiano Stefano Bollani mostra Que Bom, álbum de samba, bossa e jazz com participações de Caetano Veloso, João Bosco e Jacques Morelenbaum. Essa é a terceira colaboração de Bollani com brasileiros, após Bollani Carioca (2008) e de um disco em parceria com o bandolinista Hamilton de Holanda, O que Será (2012).
17/8 sex 20h Sesc Ribeirão Preto (Galpão). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
18/8 sáb 19h Sesc Jundiaí (Ginásio). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Time Is a Blind Guide (Thomas Strønen) (Noruega) - O baterista norueguês Thomas Strønen é o criador do quinteto Time Is a Blind Guide, cujas influências vão do jazz à música japonesa, registradas em álbuns como Lucus (2018), que reveza atmosferas abstratas e momentos enérgicos. Strønen já participou do duo de jazz eletrônico Food e das bandas Humcrush, Meadow e Monsters & Puppets.
23/8 qui 20h Sesc Piracicaba (Ginásio). 16 anos. $ 50 / 25 / 15*
24/8 sex 21h Sesc Pompeia (Teatro). 12 anos. $ 40 / 20 / 12
25/8 sáb 19h Sesc Campinas (Galpão Multiuso). 16 anos. $ 40 / 20 / 12*
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Vijay Iyer Sextet (Estados Unidos) - O pianista americano Vijay Iyer surpreende pela versatilidade com que vai do jazz à música erudita e ao pop, em trio, dupla, criando para um quarteto de cordas ou no comando deste sexteto. Autor de um dos álbuns de jazz mais elogiados de 2017, Far From Over, o grupo se reveza em excitantes improvisos sobre composições de Iyer.
31/8 sex 20h Sesc Araraquara (Teatro). 12 anos. $ 50 / 25 / 15*
1°/9 sáb 21h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
2/9 dom 18h30 Sesc Pompeia (Comedoria). 18 anos. $ 50 / 25 / 15
* ingresso válido para os dois shows que acontecem nesta data. Consulte a programação no site do Sesc SP.

Cenário do jazz brasileiro no Brasil e no mundo - Roda de conversa com profissionais ligados ao universo do jazz. Com o jornalista Carlos Calado, o maestro Nelson Ayres e as pesquisadoras Inés Terra Brantes e Isabel Nogueira.
21/8 ter 16h Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF). 16 anos. $ 17 / 8,5 / 5
30 vagas. Inscrições pela internet (www.sescsp.org.br/sescjazz) ou na Central de Atendimento do Centro de Pesquisa e Formação a partir das 14h do dia 26 de julho.

Ingressos
Venda online de ingressos disponível a partir das 14h do dia 26 de julho, quinta-feira, pelo Portal do Sesc
Venda presencial de ingressos disponível a partir das 17h30 do dia 27 de julho, sexta-feira, nas bilheterias das unidades do Sesc no Estado de São Paulo.
Limite de 4 ingressos por pessoa.

Sesc Araraquara
R. Castro Alves, 1315 – Quitandinha - (16) 3301-7500

Sesc Birigui
Rua Manoel Domingos Ventura, 121 - (18) 3649-4730

Sesc Campinas
Rua Dom José I, 270 - (19) 3737-1500

Sesc Consolação
Rua Dr. Vila Nova, 245 - (11) 3234-3000

Sesc Jundiaí
Av. Antônio Frederico Ozanan, 6600 - (11) 4583-4900

Sesc Piracicaba
Rua Ipiranga, 155 - (19) 3437-9292

Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93 - (11) 3871-7700

Sesc Ribeirão Preto
Rua Tibiriçá, 50 - (16) 3977-4477

Sesc Sorocaba
Rua Barão de Piratininga, 555 - (15) 3332-9933

Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141 - (11) 5080-3000

Centro de Pesquisa e Formação (CPF)
R. Dr. Plínio Barreto, 285 - (11) 3254-5600

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Viajando nas ondas do blues de Paulo Meyer


O blues nasceu muito longe, há muito tempo e é cheio de histórias, como os afluentes do rio Mississippi. Daria uma letra de música, não é verdade? Ou serviria de paralelo para uma outra história de vida. 
Falo do Paulo Meyer, surfista das antigas e blueseiro da pesada. Gaitista, cantor e long boader. Nem sei se é nessa ordem. Malaco velho daqueles que conhece cada pico de surf do litoral de São Paulo e cada buraco de uma diatônica, Meyer foi um dos pioneiros da gaita blues por ter tocado na banda de Nuno Mindelis no início dos anos 90. 
Esteve em momentos chave da história do blues no Brasa e conta algumas delas aqui: como trabalhou nos dois festivais seminais, Montreux Jazz Festival e Rio-Monterey Jazz Festival e ficou amigo do lendário Champion Jack Dupree, figuraça que andava por aí tomando birita e gastando dinheiro em diversão. E os anos passados em suas duas bandas, Expresso 2222 e Burning Bush.
Atualmente à frente da Thunderheads - Paulo Resende (bateria), Caio Góes (baixo), Alexandre Spiga (guitarra e voz) - com quem gravou Kombi 71 e Kombi 72, Meyer escolhe o repertório como quem escolhe as melhores ondas da série. Ambos com músicas autorais cantadas em português e inglês, trazendo blues, rock setentista e alguma surf music. 
E numa época em que a juventude parece estar desconectada com o passado recente do país, Meyer também discorre sobre outros paralelos musicais e ideológicos. Porque Bob Dylan, compositor de músicas de protesto é cultuado  em seu país e premiado pelo conjunto da obra com o Prêmio Nobel de Literatura enquanto Chico Buarque e Caetano Veloso vêm sendo achincalhados por parte da sociedade brasileira, aquela da meritocracia e do pato amarelo?
Leia as histórias do coroa – são tantas que ele vai e volta e a gente tem de ficar ligado -  com a experiência de quem já surfou, já tocou, já viveu em tempos sombrios, um verdadeiro storyteller. Depois transforme sua história de vida em um blues.

Texto: Eugênio Martins Júnior
Foto: Paulo Meyer (divulgação)


Eugênio Martins Júnior - O que veio primeiro, a música ou o surf?
Paulo Meyer - A música como trilha sonora. Mas não com instrumentos musicais. No rádio, com Ciro Monteiro, Louis Armstrong, Elza Soares. E nos discos, Lamartine Babo, Judy Garland cantando Over The Rainbow. Aí vieram juntos a prancha de jacaré, de madeira fina, com o bico arrebitado e buracos para enfiar as mãos, nas ondas da praia de Itararé, em São Vicente. E as músicas do trio folk Peter, Paul & Mary. Tinha uns oito anos de idade, o ano era 1963 e passava férias de verão com minha mãe num apartamento alugado. Daí inventaram as pranchas de jacaré de isopor, mas nunca tive uma porque conseguia colocar a minha de madeira bem mais de lado na onda do que os garotos com prancha de isopor que iam reto.
Em 1969 veio uma nova trilha sonora na minha vida e um novo lugar com ondas e uma nova forma de surfa-las. Meu amigo Nini tinha uma casa em Itanhaém e uma prancha Surf Champion - as primeiras pranchas de espuma de poliuretano cobertas com fibra de vidro e espuma de poliéster feitas no Estado de São Paulo - lá na Prainha dos Pescadores. Ainda não havia outros surfistas para a gente olhar e ver como eles surfavam e ainda não tinham inventado o leash, a famosa cordinha. A trilha sonora da época era a Tropicália, Os Mutantes. Também faziam parte dessa cena, o disco triplo do Festival de Woodstock, o disco Abbey Road dos Beatles e os discos da banda Steppenwolf. Nesse mesmo ano de 1969 vi um show de rock no MASP com a banda Made In Brazil tocando Sympathy For The Devil dos Rolling Stones. Mais ou menos nessa época comecei a ouvir os blues de Lightning Hopkins e tudo misturado com Caetano e Gil, Cream, Janis Joplin, Jimi Hendrix e John Mayall e toda a trilha sonora daquela época maluca. No início dos anos 70 comecei a tentar tocar violão e tanto o surf quanto o blues ficaram cada vez mais importantes na minha vida. O blues estava presente na guitarra de Lanny Gordin, que tocava com Gal Costa, e na música O Meu Refrigerador Não Funciona d’Os Mutantes, no primeiro disco de Luiz Melodia. Havia muita influência do blues em algumas coisas da música popular brasileira daquela época, Jards Macalé, Jorge Mautner. Daí pra frente o estilo de vida era o do surf e a trilha sonora era o blues.

EM - Você conhece o pessoal do Quebra Mar aqui de Santos?
PM - Pegava jacaré em 1963/64 e nunca vi ninguém surfando de pé em uma prancha. Não ia a Santos ou São Vicente nos anos 70. Nessa época conheci em Itanhaém as pranchas feitas pelo Homero e pelos irmãos da Twin, mas nunca os conheci pessoalmente. Em 1975 voltei de uma viagem de surf pela Califórnia, México e Peru e conheci o Lequinho, irmão mais velho do Almir e do Picuruta, na praia de Pernambuco, em Guarujá. Ficamos amigos, conversamos sobre ondas, ele me contou sobre a Porta do Sol, e logo depois ele fez uma surf trip com alguns amigos de Santos a Ubatuba. Eu ficava direto na Praia do Félix e estava lá no primeiro dia em que meu amigo Claude, das pranchas Acqua, levou o Lequinho ao Félix. Ele se entocava de uma forma naqueles buracos, esquerdas, frontside para ele, do Félix de uma forma que nunca vi ninguém fazer, nem antes nem depois. Ele tinha uma monoquilha wing-pin que funcionava muito bem naquelas ondas tubulares, foi para mim um espetáculo de surf. Inesquecível ver o Lequinho, que hoje já está do outro lado da vida, surfar as ondas triangulares e tubulares do canto do Félix, que eram as minhas favoritas naquela época, mas eu de backside não me entocava tão fundo como o Lequinho fazia com a maior facilidade.
Das antigas conheço o pessoal Itanhaém, Guarujá e Ubatuba, que eram os lugares que eu frequentava. Recentemente através da música e do Facebook tenho contato com o Sidão, do website TemOnda, de São Vicente. Acho muito legal ele sempre tocar as músicas da banda Paulo Meyer & The Thunderheads quando faz suas transmissões ao vivo no Facebook. Tem no youtube um clip que ele fez em um dia de ondas muito boas na praia do Itararé, todo mundo na água mandando muito bem. A trilha sonora é a nossa música Hang Five.

EM - Como era o blues no Brasil nos anos 70 e 80?
PM - Nos anos 70 o blues estava presente, até um certo grau, na música d’Os Mutantes, nos discos Legal e Fatal da Gal Costa, com Lanny Gordin na guitarra, no primeiro disco do Luiz Melodia, na música do Jards Macalé e do Jorge Mautner. Nos anos 70, pelo tanto que eu tinha conhecimento, não havia "bandas de blues” no Brasil. A exceção era a banda Ave de Veludo em São Paulo. Imagino que havia outras bandas em outros estados, mas a gente não ficava sabendo. O (Carlos) Calanca do selo Baratos Afins lançou um LP da Ave de Veludo e outro chamado Bagga's Guru, mas eu só vivia nas praias e nem tinha conhecimento disso. Em 1975 comecei a tocar blues com meu amigo José Serra, irmão mais velho do guitarrista Cândido Serra, e com o Steve Baranyi. Nosso som era acústico, sem amplificação, tocava também com o pianista Silvio Gallucci, que foi quem emprestou a primeira gaita de blues para eu tentar tocar, na estrada, dentro da Kombi do Papiga, indo para Trindade, um vilarejo na praia, entre Ubatuba e Paraty. Nos anos 80 continuei tocando e só me lembro de duas coisas bem blues que me causaram impacto: a gaita do Zé da Gaita, numa música num LP do Lobão e uma slide guitar que ouvi no rádio do carro e até parei a Brasília para ouvir melhor de tão bom. Era o André Christovam solando na música Sem Whisky E Sem My Baby Me Jogo Embaixo do Trem. Não lembro se era com a Rita Lee ou com o Kid Vinil, só me lembro que era uma slide que nunca havia ouvido antes no Brasil. Antes disso, ou na mesma época, surgiu um cara com blues no nome, o Celso Blues Boy, mas a música dele que tocava no rádio era Aumenta Que Isso Aí É Rock'n'Roll. Os blues não tocavam no rádio. No final dos anos 80 apareceram dois LPs de blues, da banda carioca Blues Etílicos e o Mandinga do André Christovam. Em 1989 o produtor Cesar Castanho inventou de fazer um Festival Internacional de Blues no Ginásio da Cava do Bosque em Ribeirão Preto, com Buddy Guy, Junior Wells, Albert Collins, Magic Slim e muitos outros. As participações brasileiras foram justamente Blues Etílicos e André Christovam, e logo na sequência desse festival apareceram muitas bandas de blues brasileiras, inclusive a minha, Expresso 2222, e o blues pipocou aqui e ali e explodiu no Brasil na década de 90.


EM - Fale sobre as bandas Expresso 2222 e The Burning Bush.
PM – Carregava sempre uma gaita Höhner Blues Harp no bolso desde os anos 70 e a vontade de ter uma banda de blues e achar que isso seria possível só veio forte depois do Festival Internacional de Blues em Ribeirão Preto. Assisti todos os shows, durante cinco dias, e o Magic Slim tocou em todos. Em 1990 o Brother Bill me apresentou ao Nuno Mindelis e o acompanhei na gaita em alguns shows acústicos. Em uma apresentação com o Nuno na pracinha que tem na entrada do Sesc Pompéia um cara veio falar que queria formar uma banda de blues e rock, era o baterista Paulo Resende, tocamos juntos até hoje. O nosso primeiro ensaio foi no segundo andar de uma loja de roupas, no número 2222, da rua Teodoro Sampaio. Então encanei que o nome da banda tinha que ser Expresso 2222 porque a gente tocava a “música do trem” e essa música do Gil chamada Expresso 2222 tem uma coisa mística que eu achava bacana. O baixista era o Leo Richards, um sósia quase perfeito do Keith Richards, e o guitarrista era o Paulo Acedo, que hoje faz os excelentes amplificadores valvulados - eu uso um de 6 watts, o Acedo Áudio 276 – 12’). Tocamos na Feira da Vila Madalena, fomos a primeira banda a tocar no palco principal. Nossa primeira gig fixa foi num bar do bexiga chamada Dona da Noite. Chamei meu amigo Tarcísio Lopes (sax tenor) para participar do primeiro show, e ele acabou entrando na banda, que sempre teve essa formação: bateria, baixo, guitarra, sax tenor e eu cantando e tocando gaita. Durou de 1991 a 1995. As backings que ficaram mais tempo foram a Telma Lovato, a Alessandra Grani e a Marisol Jardim. Tocamos no Pour Quois Pas, Blue Note, Café Piu-Piu, Aeroanta e nas Feiras da Vila Madalena e Pompéia.
Depois que o sonho acabou para a banda Expresso 2222, o baterista Paulo Resende tocou blues em São Paulo por algum tempo, na Black Dog, e depois resolveu marcar shows em Ubatuba (SP) e Paraty (RJ) e me chamou para fazer vocal e gaita. Nossas apresentações no Café Paraty começaram em 1995 e marcaram a história musical da cidade, que hoje tem um fantástico Festival de Blues e Jazz. Mas em 1995 só Paulo Meyer & The Burning Bush tocavam blues e rock dos anos 60 e 70. A banda começou com o Paulo Resende (bateria), Fabio Zaganin (baixo), Marcelo Watanabe (guitarra) e eu. Eventualmente Mateus Schanoski no piano e mais tarde nos teclados. Fui apresentado ao Pete Woolley pelo dono do Café Paraty e desde então ele passou a participar dos shows, junto com o americano David Richards (sax) e Fábio Siri (guitarra). Gravamos o CD Cleansed In Muddy Waters, produzido de forma independente pela banda em 1998. E um DVD com o Pete Woolley, até que ele resolveu morar naquela outra dimensão da vida que todos nós iremos conhecer um dia.

EM – Você esteve presente nos lendários Festivais de Jazz de Montreux e no Rio-Monterey Jazz Festival, ambos em 1980. Deve ter histórias para contar. 
PM - Trabalhei na equipe de produção dos dois festivais e conheci muitos dos músicos bem de perto. Fiquei bastante amigo de alguns, entre eles Champion Jack Dupree, Barney Kessel - ouvi a guitarra dele no rádio hoje, acompanhando a Billie Holiday - Raul de Souza, John McLaughlin e Jaco Pastorius. Não havia um bar no hotel onde poderiam rolar umas canjas noite toda, como haveria mais tarde nos Festivais Internacionais de blues de Ribeirão Preto, em 1989; no Ginásio do Ibirapuera, em 1990; e depois em todas as edições do Nescafé & Blues, no qual trabalhei em todas as edições. Todos esses Festivais foram produzidos pelo Cesar Castanho. A partir da segunda edição do Nescafé o Cesar pediu que eu indicasse uma banda de blues brasileira para tocar no bar do Hotel Transamérica, para eventuais canjas, e indiquei meus amigos da banda Calibre 12. O guitarrista era o Fabio Siri, que tocou muitas vezes na Burning Bush, minha banda nos anos 90. O trabalho nesses festivais é exaustivo. A gente pegava os músicos no aeroporto nos horários mais malucos e levava para o hotel, às vezes o voo atrasava e era a maior canseira, depois levava todo mundo para passagem de som, depois todo mundo para o show, várias pessoas na equipe, depois levava de novo para o aeroporto. Os momentos especiais de tocar com outras pessoas no palco foram talvez os mais inesperados e os que mais empolgavam. Dois momentos bem especiais que deixaram marcas na alma foram tocar gaita com a guitarrista/cantora Joanna Connor, que viveu em Massachussets e Chicago; no Jazz & Blues de Santo André e em outra ocasião com o Larry McCray, de Detroit, que estava no Brasil para fazer shows e também uma gravação com o Nuno Mindelis. O tecladista era o Tony Z que depois tocou com Buddy Guy. Outra participação inesquecível rolou num show meu com a banda Paulo Meyer & The Thunderheads num fim de ano na Praça da Matriz em Paraty. Convidei a argentina Julieta Burgos para cantar blues com a gente quando a conheci cantando em Trindade na noite anterior. Mas em matéria de jam session nada se compara ao time dos blueseiros do Brasil.
Em todos esse momentos de contato privilegiado com músicos incríveis, fiquei muito impressionado com a imensa tranquilidade, simpatia e humildade de BB King. Sempre disposto a conversar com os fãs com muito boa vontade. Naquela época, 1980, ainda não havia selfies. (risos)
Também achei muito curioso o estilo de vida do Champion Jack Dupree e um hábito peculiar que ele tinha sempre que visitava um país. Ele vivia na Alemanha e era dono de um nightclub e tinha uma sobrinha endinheirada, então toda vez que ele visitava um país trocava 1.000 dólares, o cachê dele era mais ou menos isso, em moeda local para ter dinheiro no bolso, beber cerveja à vontade, gastar à vontade e dar presentes para as pessoas que ele conhecia e das quais gostava. Quando ele ia embora, se sobrasse dinheiro, trocava em dólares o que havia sobrado, mesmo perdendo no câmbio. Só na União Soviética ele não conseguiu gastar muito o dinheiro e nem trocar o dinheiro russo. Era proibido comprar dólares, então ele comprou umas botas muito lindas de couro, com pelo de algum bicho, que ele usava todo dia e um diamante que usava na orelha. Isso não era muito comum em 1980. Acordava cedo, fazia um workout de boxeador no quarto - seu apelido Champion veio do boxe - e às 10 horas da manhã já estava no escritório da produção tomando cerveja, dando risadas e contando piadas. Ele gostava de estar sempre no meio da garotada, das pessoas mais jovens, ele já tinha uns 70 anos de idade. Na sua apresentação no festival, só piano e voz, rolou uma canja com o Claude Nobs, organizador do evento, que tocou uma gaitinha de blues.
Antes disso aconteceram algumas coisas na minha vida, pessoas que me levaram ainda mais perto do blues. Em 1980 trabalhei na equipe de produção do Festival de Jazz São Paulo – Montreux, era a segunda edição, houve outra em 1978 - e fui a primeira pessoa a apertar a mão de BB King assim que ele chegou ao Brasil. Era a sua primeira viagem à América do Sul, ainda no aeroporto de Congonhas. Nessa ocasião conheci também o pianista Champion Jack Dupree. Havia nos anos 80 uma banda de blues bem underground chamada SS-443, eles eram baianos, de Vitória da Conquista, mas estavam morando em São Paulo, o bandleader, cantor e gaitista era o Marco Aurélio, o Mazinho, eles só tocavam músicas próprias, tinham um compacto-duplo gravado e tocavam no Personinha, no Bexiga. Fiquei amigo deles e lá pelas tantas me deixavam participar do show que sempre começava às duas da madrugada. Eu tocava gaita, era uma canja, em uma música. (risos)


EM - Você está na cena há quarenta anos. Me fale o que é melhor e o que é pior entre a cena atual e daquela época. 
PM - O que acho melhor hoje é que há uma qualidade técnica indiscutível entre os melhores músicos brasileiros de blues.  Tem gaitistas que eu nem conheço que tocam maravilhosamente bem. Há músicos brasileiros tocando blues nos Estados Unidos e no mundo todo, como o Igor Prado, Artur Menezes, Celso Salim, a gaitista Sarah Messias, além de André Christovam, Big Gilson e Nuno Mindelis que já tocam fora do Brasil há muito tempo. E existe uma nova geração que tem excepcional domínio técnico de seus  instrumentos e isso é muito bom. Creio que o pior hoje, comparando com a década de 90, é que não existe mais uma geração de fãs de blues. Eu era um deles que levavam seu amor por esse estilo de música a um nível quase místico. Para essas pessoas o blues era sagrado e cada show de blues era uma celebração, na qual o som do blues era o que nos unia.
O que havia de pior antigamente na cena do blues? Havia para as bandas a enorme dificuldade de registrar o trabalho musical, com imagens boas e nítidas e som de boa qualidade. Era difícil conseguir equipamento profissional e o que existia de equipamento amador era muito ruim nas apresentações ao vivo. E também as demos, que eram as fitas cassete,  produzidas e usadas pelas bandas para tentar tocar em lugares melhores, que tinham que ser entregues "em mãos", eram uma desgraça. A sonoridade da minha banda Expresso 2222 só pode ser conhecida nas duas faixas do CD Blue Night Collection, da Gravadora Roadrunner, porque foram produzidas em estúdio. Quase todo o material daqueles anos ficou registrado em fitas cassete que não existem mais ou em apresentações em programas de TV que eram de boa qualidade, mas ficavam ficavam uma desgraça quando gravadas nos de vídeo-cassete daquela época. Isso nos anos 90, antes ainda, nas décadas de 70 e 80, nada sobrou de registro do som que a gente fazia na época. 
E o que havia de melhor naquela época? A atmosfera de loucura e empolgação nos shows de blues em bares como o Pour Quois Pas, Blue Note, Café Piu-Piu e nos shows maiores para nós, o Centro Cultural São Paulo, por exemplo. Alguns deles em ruas e praças, feiras culturais como as da Vila Madalena e da Pompéia. E outros que para nós eram sempre megaeventos, hoje os shows são eventualmente maiores ainda, mas eu considero o público de hoje um tanto frio, se for para comparar com a loucura dos eventos do anos 90 e do Festival Internacional de Blues de Ribeirão Preto em 1989.
Outra coisa que aconteceu em 1985 foi o show do Buddy Guy e do Junior Wells no 150 Nightclub do hotel Maksoud Plaza. Quem trouxe foi o Cesar Castanho e foi isso que o possibilitou fazer os festivais de blues. Fui a esse show do Buddy Guy com minha mulher que estava grávida de nove meses, nosso primeiro filho nasceu dois dias depois - ficamos na mesa do meu amigo jornalista Luiz Fernando Vitral, que se empolgou bastante e resolveu fazer um programa de blues na Rádio Brasil 2000. Esse programa foi muito importante para a cena do blues em São Paulo, no final dos anos 80, começo da década de 90. Meu amigo adotou o nome de Brother Bill para fazer o programa de rádio e todo mundo que gostava de blues ouvia o programa do Brother Bill. Foi através da amizade com o Brother Bill que fiquei sabendo da existência do bar Jazz & Blues em Santo André, onde o André Cristovam já tocava há algum tempo com a sua banda, a Fickle Pickle. Creio que foi nesse bar que a cena do blues começou pra valer, no final dos anos 80. Fui lá com o Brother Bill e vi o show do André Cristovam, o Brother Bill me apresentou ao André e toquei gaita em uma música. Fui ficando cada vez com mais vontade de tocar blues pra valer. O que aconteceu logo a seguir quando conheci, também através do meu amigo Brother Bill, o Nuno Mindelis e toquei com ele como gaitista em alguns shows, meus primeiros como músico profissional. E logo a seguir, isso em 1990/91, comecei a tocar blues com a minha banda, a Expresso 2222.



EM - Você é fã de Bob Dylan, um dos compositores norte americanos mais respeitados do mundo. Aqui no Brasil existe um achincalhamento do Chico Buarque, Caetano e outros, como um artista mais experiente que passou pela ditadura vê isso?
PM - Essa é a pergunta mais instigante e inteligente que poderia ser feita a um grande fã de Bob Dylan que também acompanhou a carreira musical de Chico Buarque e Caetano Veloso, durante a ditadura militar e no tempo da redemocratização. Eu traço claros paralelos entre as carreiras de Bob Dylan e Chico Buarque e de Bob Dylan e Caetano Veloso, coisa que faço há décadas e vou tentar fazer de maneira sucinta na resposta a esta pergunta que tem uma imensa profundidade de significados. Tal como Bob Dylan, que veio antes em ambos os casos, Chico Buarque é um fantástico contador de histórias: “Para ver a banda passar cantando coisas de amor" tem imagens claras e líricas invocadas e reproduzidas no inconsciente de cada um que ouve a música Mr. Tambourine Man do Dylan) e Mr. Bojangles  - que não é de Dylan. Dylan também é mais claro ainda que Chico Buarque na “defesa dos fracos e oprimidos e na denúncia da opressão e dos opressores", quando conta as histórias do índio bêbado Ira Hayes e do boxeador negro Hurricane, injustamente condenado à prisão. E também quando escreve e canta a música Masters of War, que é a maior denúncia que pode existir do sistema que nos mastiga, tritura e cospe fora. Engole e defeca continuamente nossas almas e nossas vidas. Blowin' In The Wind virou um hino contra todas as guerras como nenhuma outra música produzida no século 20. E, da mesma forma que Bob Dylan faz, Chico Buarque usa e abusa das poéticas e sublimes expressões idiomáticas que estão na boca do povo: "o que será que será?", "the times, they are a-changin' ". Já entre Caetano e Dylan existe o incrível paralelo da ruptura na carreira que o uso da guitarra elétrica trouxe: o que aconteceu com Dylan no Festival Folk de Newport em 1965, onde Bob Dylan foi hostilizado e vaiado por boa parte do público, por ter tocado plugado, eletrificado e ALTO, com a Butterfield Blues Band. A aconteceu o mesmo com o Caetano quando ele apresentou Alegria, Alegria no Festival de Música da TV Record, em 1967, com a guitarra elétrica de Tony Osanah. Tanto Caetano como Dylan tinham o status de "representantes da esquerda" no cenário musical. Caetano fazia musicas que a “juventude tradicional anti-ditadura" que gostava do CPC, aprovava. E de repente passa a usar guitarra elétrica, símbolo do imperialismo cultural ianque. Bob Dylan era considerado um cantor e compositor de músicas de protesto cultuadas por pessoas politizadas de uma geração em tempos difíceis e, subitamente, se vendeu à guitarra elétrica, identificada como ligada a interesses comerciais. Na minha carreira musical pessoal, sempre contei a história do blues que veio dos escravos negros no sul dos Estados Unidos e utilizou instrumentos da música européia, violão, piano, instrumentos de sopro, e também criou a "blue note" que é uma justaposição das escalas musicais africana e ocidental. Imagino que se eu for contar hoje a história do blues como sempre fiz, dando crédito aos escravos negros no sul dos EUA, é possível que ouça gritos de "B... 2018! Ou apropriação cultural. Considero isso uma desgraça, eu achava que o blues era uma forma de superar preconceitos raciais e culturais, pois pessoas de qualquer raça amavam e  amam ainda hoje o blues. Mas nestes tempos de divisão e radicalismo tudo mudou, recentemente já fui até acusado de entoar hinos imperialistas por cantar músicas dos Rolling Stones ou sei lá de quem mais, quando tudo o que eu queria era paz e amor e superação de preconceitos de qualquer espécie. Os tempos seguem sendo cada vez mais difíceis, e eu sigo sendo cada vez mais um admirador da arte de Caetano Veloso e de Chico Buarque e principalmente Bob Dylan, e também sigo sendo cada vez mais fiel na minha admiração pelo autêntico blues em todas as suas múltiplas formas, inclusive no Brasil. The blues is alright.