sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Cláudio Celso reúne banda de jovens virtuoses e apresenta seu PopFunkJazzFusionBrasil no Sesc Santos


Celso é acompanhado por André Willian (teclado), Marco Buru (violão), Elizeu Custódio (contrabaixo) e Anderson Willian (bateria). Produção: Mannish Blog.


Dos incontáveis guitarristas e músicos que existem hoje, muitos se inspiraram em seus heróis underground dos anos setenta.  
Nem sempre conhecidos pelo grande público, verdadeiros ícones secretos e referências para milhares de guitarristas, essas lendas encontram-se em extinção, a maioria já morreu, ou abandonou o palco para se tornarem produtores, professores, etc.
Existe um ''avis rara'', um sobrevivente que nunca fez outra coisa a não ser compor constantemente e tocar guitarra profissionalmente desde 1972.
Seu nome é Claudio Celso, reverenciado pela crítica especializada do Brasil e dos EUA, onde viveu durante 31 anos, imortalizado pela enciclopédia dos músicos do Brasil, considerado entre os 100 melhores do mundo pela respeitada revista Guitar Player, e ídolo de jovens guitarristas que frequentam suas oficinas. 
Claudio leva 40 anos de estrada na bagagem, tocando com os maiores nomes do jazz e conceituados artistas da música internacional, possuindo um currículo que impressiona a todos.
Durante sua permanência nos Estados Unidos em 2010, lançou dois CDs: “The Music of Claudio Celso” e “Surf Life”, e também formou parceria com o tecladista e arranjador brasileiro Eumir Deodato, liderando a banda “The Alpha Solaris Project”, que conta com músicos de renome mundial como o baterista Gerry Brown (Stanley Clark, Stevie Wonder, Diana Ross), percussionista Frank Colón (Manhattan Transfer, Aretha Franklin, Milton Nascimento), baixista Pepe Aparicio (Mongo Santamaria, Jimi Hendrix), tecladista Felix Gomez (Arturo Sandoval) e trumpetista Stuart King (K.C. and the Sunshine Band).
Seus CDs anteriores “Brazilian Jazz by Claudio Celso” e “Swell – A Brazilian Cool Jazz Experience” são executados nas rádios de jazz em todo o mundo, e, em dezembro de 2007, por ocasião do lançamento de “Swell ”, Claudio foi entrevistado no “Programa do Jô” com uma audiência de mais de 4 milhões de expectadores.  
Sua folha corrida inclui os festivais de jazz de Newport e Cool Jazz em Nova York, Monterey em San Francisco, Riverwalk em Fort Lauderdale, Hollywood, Naples, Jupiter e Fort Myers na Flórida, além de ter se apresentado em inúmeros concertos e festivais de jazz no Brasil.
Em Los Angeles, California, Claudio gravou com o pianista Guilherme Vergueiro o CD “The Music of Mike Stoller” com o famoso Mike Stoller, compositor de canções renomadas como “Stand By Me” e “Jail House Rock”. Também se apresentou no Art Flower Gallery, African Festival of Los Angeles, World Stage de Billy Higgins e no renomado bar de jazz “The Baked Potato”, com sua banda formada por Gerry Brown (Stanley Clark, Stevie Wonder, Diana Ross), Munyungo Jackson (Miles Davis, Stevie Wonder, Sting), Mark Stevens (Stanley Clark, Seal) e Keith Jones. Claudio também participou do famoso programa de world music “Global Village” na rádio KPFK, onde tocou algumas de suas composições ao vivo e concedeu extensa entrevista. 
Claudio Celso cria e produz vários jingles e trilhas, tais como Coca-Cola, Texaco, Amil, Bob’s, etc. Compôs o tema musical da cerimônia da abertura da ECO 92.
Realiza clínicas e workshops de guitarra e escreve artigos para a revista Guitar Player. Foi responsável pela oficina musical do Joinville Jazz Festival de 2005 e participou do 1º. Congresso da Música Instrumental realizado no Sesc Vila Mariana em São Paulo em 2003. Junto com o baterista Magrus Borges (Bebel Gilberto), Claudio ministrou vários workshops sobre música instrumental brasileira no circuito de bibliotecas públicas e museus de Miami, Flórida. Ministrou aulas e workshops no IGT e no CLAM.
também trabalhou com os produtores: Teo Macero, Creed Taylor and Roy Cicala em Nova York, participando dos discos:
Tocou com os melhores músicos de jazz do mundo, entre eles, Jaco Pastorius, Eddie Gomez, Randy Brecker, Chet Baker, Roberta Flack, Kenny Kirkland (Sting e “The Tonight Show”),  Jorge Dalto (George Benson),  Delmar Brown (Sting), Larry Willis (Blood, Sweat and Tears), Cecil McBee, Frank Colon (Manhattan Transfer), Naná Vasconcellos,  Bebel Gilberto, Marisa Monte, Ion Muniz, Guilherme Vergueiro, Edison Machado, Steve Slager, Lincoln Goines, Alex Blake, Philip Wilson, Guilherme Franco, Sergio Dias (Mutantes), Richie Morales (Spyro Gyra), Elza Soares, Manolo Badrena (Weather Report), Will Lee (David Letterman), Tim Capello (Tina Turner), Steve Thorton (Miles Davis), Pete Chavez, Payton Crossley, Ted Bass (Charlie Parker), Haroldo Mauro Júnior, Alfredo Cardin, Ed Palermo, Michael Formanek, Dennis Irwin (Art Blakey and the Jazz Messengers),  Wayne Dockery (John Coltrane), Portinho, Steve Kroon, Aloísio Aguiar,  Nico Assumpção, Zimbo Trio, Nelson Ayres, Raul de Souza, Steve Sachs, Tex Allen, Shunzo Ono, Terumasa Hino, Lester Chambers (Chambers Brothers), Calvin Hill, Buddy Williams, Paquito d’Rivera,  Clifford Adams (Cool and the Gang), Laudir de Oliveira (Chicago), Doum Romão (Sérgio Mendes and Brazil 66), Gerry Brown (Stanley Clark, Stevie Wonder),  Munyungo Jackson (Miles Davis, Stevie Wonder, Sting),  Mark Stevens (Stanley Clark, Seal).

Serviço
Show: Cláudio Celso Quinteto
Data: 26 de setembro
Horário: 19h00
Local: Comedoria
Grátis

Workshop: 
Data: 25 de setembro
Horário: 19h00
Local: auditório
Grátis

Produção: Mannish Blog
Confira entrevista exclusiva: 

Obs: o workshop é destinado a músicos, estudantes de música e interessados em geral, o guitarrista conversará com o público sobre sua carreira e demostrará técnicas aplicadas ao instrumento no auditório do Sesc. Para participar é só ligar na central de atendimento do Sesc. Tel: 3278-9800. Endereço: rua Conselheiro Ribas, 136.

sábado, 1 de setembro de 2012

Pagode é o caralho, meu nome é samba do morro


Ensaiei uma semana: “Quem falou que a boca é tua, neguinho?” e “Dadinho é o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno. E tu vai cair filho da puta”, para soltar quando encontrasse o Paulo Lins.
Por fim, o encontro se deu e eu nem percebi quem era. O cara à vontade, de chinelo e bermuda na porta da Estação do Valongo, em Santos. Fumando e bebendo uma cachacinha.
E eu que ia sacanear acabei sacaneado: “Opa Eugênio, tudo bem? Eu vim a Santos pra inaugurar uma escola de futebol”. Perae mermão, carioca não ensina santista a jogar bola. Pode ensinar a fazer samba, mas jogar bola não meu chapa? Lins caiu na gargalhada.
Fomos almoçar lá por conta da 4° Tarrafa Literária. Eu como produtor e Paulo como participante.
A voracidade com que atacamos a cachaça do local só foi superada pela vontade de falar: política, futebol e Desde que o Samba é Samba, seu recente trabalho.
Sou fã de Cidade de Deus, obra literária máxima escrita em 1997 que nasceu como estudo antropológico, mas que só ganhou visibilidade com o filme de 2002.
Esperei com ansiedade – ansiedade não, porque quem tem ansiedade não é homem sério – curiosidade é a palavra certa, Desde que o Samba é Samba que, segundo o autor, é mais histórico que Cidade de Deus, cujas informações foram tiradas dos jornais da época. O segundo envolveu um trabalho de pesquisa. Toda a bibliografia está no livro.
O primeiro foi escrito com base onde Lins cresceu, a favela Cidade de Deus. O segundo, onde nasceu, o berço do samba, o mítico Morro do Estácio, lugar de bambas. Nas palavras do autor: “O Estácio era o despontar do mundo novo. O Estácio é Macunaíma. Que naquela época vem dar em música, em rádio. Aquela vida sem internet. Esse mundo em que chegamos. Antes da cultura de massa. Antes da indústria do disco”.
Lugar onde toda movimentação do negro era proibida. Onde havia muita prostituição. Mas onde se formou toda a música brasileira. “Várias mulheres européias. A zona aumentou. A cultura foi a forma do negro se posicionar melhor dentro da sociedade. Já tinha se tentado inserir o negro no trabalho, mas a relação entre senhor e escravo continuava como patrão e empregado”. Brasil, formação torta.
Desde que o Samba é Samba mostra como a identidade negra despontou com o novo ritmo. Arma de resistência contra a discriminação racial. Contra a violência policial. Mas todos estavam se divertindo e fazendo a revolução ao mesmo tempo. Simultânea à semana de arte moderna de São Paulo. Mais sisuda. Porém, os paulistas Manoel Bandeira e Mario de Andrade andavam lá. “Tem uma impressão de festa, mas tem um trabalho por traz muito forte. Dentro dessa ficção é a arte e a religião. Isso não muda dentro da gente. São Jorge não vai substituir ogum. Oxalá não vai substituir Jesus Cristo”.
A discriminação abordada em Desde que o Samba é Samba continua de outras formas. Na própria ausência de afro-brasileiros na ficção que, apesar de ser a maioria da população, parecem invisíveis. Lins sustenta que nos anos 90, com o Rappa, Cidade Negra, Marcelo D2 e depois com os filmes Cidade de Deus, Dois Irmãos, houve uma manifestação dos negros na cultura popular. “Marcelo D2 Mano Brown gostam mais de Bezerra da Silva do que Chico Buarque. Porém, quem sofre mais na sociedade é a mulher negra e a índia, depois vem o homem negro. Essa população nordestina que mora na periferia dura, que mora longe, violenta tem buscado seu espaço na arte. O negro do Rio está consolidado dentro de uma tradição familiar. Há 400 anos. A tia, a avó, a sociedade. São Paulo não tem isso. Você morar em Capão Redondo, você está longe. Se você mora na Mangueira, você é reconhecido”.
Brancura era um malandro que existiu. Ismael Silva, Baiaco, Bide e seu irmão Rubem Barcelos também. Por causa desses caras temos uma identidade musical. O samba dos bambas. Do Rio de Janeiro que o resto do Brasil reverencia. Da pequena África, terra de tia Siata. “O samba nasceu com a umbanda e as mães de santo tinham influência política. Então, como as pessoas não sabiam o que era samba, capoeira e umbanda tudo acabava no terreiro”. Pagode é o caralho, meu nome é samba do morro.