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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

A lendária Cro-Mags volta ao Brasil para show único

 

Foto: Divugação

Pilar do movimento que fundiu o hardcore punk com o thrash metal e que hoje sustenta o status de lenda da música, a banda nova-iorquina Cro-Mags está de volta ao Brasil em outubro com show único, dia 8/10, em São Paulo, no Burning House. 
Fundada na efervescente Nova Iorque (EUA) do início dos anos 1980, Cro-Mags marcou para sempre a cena hardcore com o seu álbum de estreia, The Age of Quarrel (1986), uma obra-prima e divisor de águas do gênero.
A sonoridade crua, agressiva e energética, aliada a letras contundentes, tanto apenas consolidou a banda como referência como ajudou a moldar o que seria conhecido como o crossover entre hardcore e thrash metal.
Ao longo das décadas, o impacto do Cro-Mags foi sentido muito além do underground, influenciando grupos que redefiniriam a música pesada em diferentes estilos, entre eles Metallica, Sepultura, Biohazard, Green Day, Madball e Hatebreed.
Nos últimos anos, Cro-Mags reafirmou sua relevância com o lançamento de álbuns como In the Beginning (2020), que mostrou ao público mundial que a energia original permanece intacta. A atual formação, liderada pelo icônico Harley Flanagan, mantém a essência da banda.
Em 2024, Harley Flanagan ganhou um documentário sobre sua vida, Harley Flanagan: Wired for Chaos. O registro é um retrato intenso da trajetória do fundador do Cro-Mags e muito bem recebido pela crítica. O filme conta com depoimentos de figuras icônicas, tanto do universo punk quanto de outras esferas culturais e artísticas, como Flea (Red Hot Chili Peppers), Henry Rollins, Ice-T, Glenn Danzig (Misfits), Scott Ian (Anthrax), Ian Mackaye (Minor Threat, Fugazi), Keith Morris, Darryl Jenifer (Bad Brains), Kate Schellenbach (Beastie Boys), entre outros.
Antes do show em São Paulo, o Cro-Mags realizará uma extensa turnê em setembro pelos Estados Unidos. Um destaque é a apresentação que encerra o giro, dia 27/09, no CBGB Fest, evento em memória à lendária casa de shows CBGB, que foi o berço do punk rock e da new wave em Nova Iorque.
A realização é da Xaninho Discos em parceria com a Caveira Velha e Solid Music Ent.

Serviço:
Show: Cro-Mags
Data: 08 de outubro de 2025
Local: Burning House
Endereço: Av. Santa Marina, 247 - Água Branca, São Paulo/SP
Venda online: https://101tickets.com.br/events/details/Cro-Mags-em-Sao-Paulo

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Diário de Rio das Ostras 2021 - segunda-feira, dia 15 - 4º dia

 

O bom e velho blues de Alamo Leal

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Nada está tão bom que não possa melhorar. O quarto e último dia do festival foi demais. 
Agendei e cumpri o compromisso de entrevistar o Roosevelt Collier, slider da pesada que toca um instrumento estranho, a lap steel. Collier é um cara muito gentil e espiritualizado, quase um hippie. Logo publico a entrevista no blog.
Mas antes de ele descer fiquei ali no jardim da pousada conversando com o caras da banda do Hamilton de Holanda que estavam esperando a van para levá-los ao palco Iriry. E “os caras”, eram Thiago Espírito Santos, Daniel Santiago e Edu Ribeiro. OS CARAS!
Finalizada a entrevista, bora para Iriry ver a passagem dos malandros mais responsas do jazz brasileiro. O palco é aberto e quem estava de fora já conseguia ver e ouvir de boa a banda tocar os temas do show.
De acordo com os protocolos de segurança adotados pelo festival, as pessoas deveriam retirar ingressos por meio de uma plataforma específica e acabavam rápido porque o número era bem limitado. Por isso a direção do festival começou a levar porrada de montão nas redes sociais. Mas veja só como brasileiro não é mole. Algumas pessoas que retiraram os ingressos não foram aos shows, deixando as cadeiras vazias enquanto um monte de gente ficou de fora, atrás dos gradis. 
O show começou e a plateia em frente ao palco ficou vazia, impressão péssima, pra quem toca e para as pessoas que estavam lá sentadas. A direção então tomou uma decisão mais que acertada, liberou a entrada das pessoas a partir da terceira música.
O show foi basicamente o mesmo da noite anterior, com Tá (parceria de Hamilton com Thiago da Serrinha), a genial Tamanduá, Samba Blues e finalizando com Chega de Saudade. Esse palco Iriry deixa todo mundo próximo e os caras estavam na febre de tocar. Essa é a mesma banda que gravou o Harmonize, CD de 2019.
O publico ama o Hamilton de Holanda. A banda do Eric Gales chegou bem no hora de o show começar, o Eric sentou na plateia com sua esposa LaDonna até ser descoberto e ter de sair por causa do assédio.
Seu baterista ficou olhando o Edu Ribeiro tocar todos aqueles sambas e o baixista ficava olhando o Thiago marcando o tempo com o pés aquela batucada surreal para os gringos. 
Legal saber que a nossa música tem essa moral. A nossa cara, o nosso DNA. Valeu Hamilton e banda vocês são um patrimônio nacional.

Jefferson e Otavio

Ugo Perrota

Acabando o primeiro show, as pessoas deveriam saír para que as outras que retiraram ingresso para o segundo show entrassem. 
Então, quando o Eric Gales ia começar o show soltou essa: “Eu gostaria de saber porque os lugares estão vazios? Eu só vou começar a tocar quando abrirem os portões”, e mandou OPEN THE GATES. Tinha uma galera na frente do palco que começou a gritar de onda OPEN THE GATES, OPEN THE GATES. Eric foi avisado que iriam liberar a plateia a partir da segunda música e se acalmou. 
O show começou com o Eric imitando um berimbau naquela guitarra invocada dele. O público veio abaixo. 
Aí aquela batida virou um riff de guitarra "paracendo" um berimbau distorcido e muito alto e já engatou a segunda música na primeira. Com cinco minutos de jogo, Eric Gales 1X0.
Terminado o começo: “OPEN THE GATES, OPEN THE GATES, OPEN THE GATES”. Aí não teve jeito, o lugar ficou entupido. 
O show também foi basicamente o mesmo de sábado. Só que com a participação do Roosevelt Collier que já o havia convidado Eric para o seu show. Uma quebradeira só. 
Em determinado momento Eric fez a seguinte afirmação: “Em meu país as pessoas brancas não gostam das pessoas negras. Aqui no Brasil isso não existe”. E soltou um grito no microfone para mostrar felicidade. 
Nesse momento, adivinha: “FORA BOLSONARO, FORA BOLSONARO. Não sei qual o motivo, mas nesse ano todas as vezes que o grito contra o genocida apareceu foi quando Eric Gales estava no palco.
Com relação à observação do guitarrista nortte-americano, se eu fosse alguém perto do Eric levaria uma ideia com o cara para dizer pra ele que não é bem assim. Que ele estava sendo tratado desse jeito porque ele é uma estrela. Que aqui no Brasil há o racismo estrutural que mata muito mais do que o racismo do país dele. Mata os negros no berço. E que isso faz parte da formação do Brasil e que hoje isso está sendo contestado pela parte mais afetada da população, enquanto a outra faz de tudo para manter o status quo vigente. Que a polícia do Brasil, instituição criada e mantida para proteger o patrimônio, é que mais mata no mundo, principalmente a população negra e periférica. 
Você que está lendo isso agora deve estar pensando, “o que isso tem a ver com música?” Eu digo: “TUDO”. Tem a ver com o blues que você escuta. E se você se incomoda com esse tipo de colocação, ou nunca foi afetado pelo problema, ou faz parte dele.

Daniel Santiago e Chris Potter

O show acabou e eu tinha um tempo para comer decentemente e com calma pela primeira vez. Fui ao restaurante e pedi filé mignon com arroz com alho e ervas.
Perdi o show do Segundo Set e não fiz questão de ver o da garotinha Sofia Farah.
O penúltimo show do Rio das Ostras Jazz e Blues com o guitarrista carioca Alamo Leal com a Blues Groovers, banda formada por Ugo Perrota (baixo), Beto Werther (bataria) e Otavio Rocha (guitarra). Os dois últimos também formam na Blues Etílicos. Alamo e banda fizeram um show de blues clássico. O Alamo é um veterano no blues que morou no Reino Unido por décadas e conhece como poucos os segredos do blues. Encantou com seu fraseado elegante os heróis da resistência que estavam na platea. O show teve ainda a participação do gaitista Jefferson Gonçalves, sempre brilhante. 
A Moving Waters é uma banda idealizada pelo guitarrista Lancaster e conta com 09 elementos em cima do palco, o que garante um show cheio de nuances. Lancaster é um criador de bandas, foi os responsável pelas montagens da Blues Beatles e Serial Funkers. E não me pergunte o motivo de o cara sair dos grupos quando eles começam a tocar por aí e ganhar grana. Pois bem, um dia antes do show, o Lancaster sofreu um mal subito e teve de ser internado. Ele não pode estar no show da Moving Waters, mas a banda cumpriu seu papel apresentando músicas autorais: Sweet Invasion, Love is My Protection, Free Thinking People, Tell Me, In The Land of Thunder, Thought You Were Here, Turn on the Power e The Last One to Know. Finalizando em alto astral com um bailão Bob Marley, Three Little Birds, I Shot The Sheriff e Get Up Stand Up.    

Desafios de 2022 - Pelo que sei o festival do ano que vem já está programado para acontecer em sua data tradicional, o feriado de Corpus Cristi. Vai ser pedreira organizar um festival desse porte em  oito meses. 
Mas a equipe do Rio das Ostras Jazz e Blues acaba de superar o desafio de montar o festival com uma pandemia em andamento. Claro que ainda há alguns ajustes a se fazer para o ano que vem, por isso esse foi um evento teste. E o público tem de fazer sua parte, fazer sua própria segurança usando a máscaras de proteção.
O evento não teria acontecido sem o comprometimento da equipe do Stênio Mattos, a Andrea (logística), Márcia (comunicação), Bill (gerente palco), Jerubal (técnico responsável pelo som), Ugo Perrota (um salve pro Ugo que aguentou firme no show do Alamo após ter passado mal na mesma tarde), Jefferson Gonçalves e Kleber Dias (passagem de som das bandas) e pela equipe do Cezar Fernandes, que cobre o festival como fortógrafo desde o começo e esse ano deu um show nas mídias sociais, com entrevistas, resumos em vídeo, fotos, imagens de drone e várias câmeras. Muito mais pessoas estiveram envolvidas, mas essas foram as que eu tive mais contato ao longo desses anos.

Dica de ouro – Se você adora piscina com criança gritando o dia inteiro e bicando a tua porta, dormir ao lado da caixa de som tocando Barões da Pisadinha o dia inteiro, ficar sem internet e não é chegado em banho, recomendo a pousada Maresias. Implore pelo quarto 2. Gostaria de agradecer as pessoas que me colocarem lá. Que Deus as elimine. 

Conclusão – Após cinco dias perambulando pelo Rio de Janeiro em busca do bom e velho blues, do show perfeito, peguei estrada de volta pra casa. Dez horas de viagem ao volante, com direito a usufruir do engarrafamento mais chic do mundo, com vistas ao meu lado esquerdo para a Urca e o Corcovado, o da Ponte Rio Niterói. Como diria Buika ao final, jodido pero contento. Que venha 2022.

O público ama essa banda, Hamilton de Holanda Quarteto com Chris Potter

Onde está o Eric?

Rapunzeric refazendo as tranças e Smoke Face fazendo... smoke

Esse sabe o que é blues, Alamo Leal

Otavio "Blues Etílicos" Rocha

A ala feminina da Moving Waters 

Moving Waters

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Diário de Rio das ostras 2021 – Domingo, 14 de novembro – 3º dia

 

Roosevelt Collier no palco Costazul

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Passei a manhã brigando com a internet da pousada. E perdi. 
Deixei de postar um monte de fotos legais porque elas simplesmente não carregavam. 
Vou tentar fazer isso hoje.
Fiquei sentado numa mesa lá fora escrevendo o diário e aproveitando o sinal do wi-fi
O sol compareceu em Rio das Ostras e a galera se ouriçou para ir a praia. Todo mundo que passava, mandava: Eae Eugênio, não vai a praia?” E eu sacaneando os cariocas: “Sou santixta, cumpadi. Vejo praia todo dia.” 
Na tarde do dia 14 o palco Iriry recebeu a dobradinha da noite anterior. O primeiro show na Lagoa foi o Delvon Lamaar. E aquele som dele cheio de riffs, tecladeira e porrada caiu bem lá. Apesar de palco e plateia menores, o que proporciona muito mais contato com as bandas, Iriry tem seu charme. Jimmy James estava voando baixo para delírio geral e Lamarr e Dan Weiss groovando a lot. Ótimo show pra uma tarde ensolarada de domingo.
Quando o Jon Creary e sua banda subiram ao palco o clima esquentou mais ainda. O show, um pouco diferente por incluir um ou dois clássicos da big easy, dessa vez, Those Lonely Nights entrou no repertório. 
Mas entre porradas dançantes, When You Get Back e blues lentos com Frenchmen Street Blues Jon Cleary confirmou o que eu já esperava, que esse seria um dos melhores shows do festival e que terminou com todo mundo rebolando a jaca com com o funk Mo’ Hippa. Inesquecível.

Jimmy James

Pousada, cochilo e show. Perdi a cantora local Cida Garcia. Cheguei quando Hamilton de Holanda  Quarteto e Chris Potter já faziam Todo dia Um Recomeço, em um dos shows mais esperados (por mim). A primeira vez que assisti o Hamilton de Holanda foi no Rio das Ostras Jazz e Blues em 2007. Com aquele quinteto maravilhoso que incluia, Márcio Bahia (bateria), Gabriel Grossi (harmônica cromática), Daniel Santiago (guitarra) e André Vasconcelos (baixo). No show de ontem, o André foi substituido com a mesma competência pelo Thiago Espírito Santo e o Márcio Bahia pelo Edu Ribeiro. Ou seja, em termos de qualidade, nada mudou. Essa é uma das melhores formações do Brasil, um dos países que mais exporta cultura no mundo. E Hamilton de Holanda está no topo dessa história. Ou como diriam os jovens, ele é TOP!
O show incluiu a genial Tamanduá, Afro Choros, Chama, Ponts de Areia (só com o Hamilton e Potter), Samba Blues. E o penalti aos 45 do segundo tempo, Chega de Saudade. Hamilton de Holanda 7X1 na Alemanha.
Havia perdido o show do Roosevel Collier na lagoa e estava curioso pra ver o cara da lap steel no palco. O show demorou um pouco pra começar e fui na ala vip comer umas paradas de grã-fino. Fechei a cara, coloquei a câmera na frente pra ninguém chegar perto e furei a parada. Rango bom, pasteizinhos, caldos, pães especiais, cerveja (não bebi), sucos (bebi), e um negócio lá que eles pegavam com uma colher gigante e colocavam numa cumbuca que nem me atrevi. Mas devia ser bom, o tacho já estava pela metade. Ouvi dizer que a secretária de cultura do Rio de Janeiro estava lá. Passei álcool na mão e saí fora.
Roosevelt entrou e... barulheira da pooooorra! Os caras tocam muuuito alto. Pra arrebentar mesmo, a lap steel tem um som metálico (steel) e o baterista era um magrelo, mas baixava o braço sem dó no kit. Roosevel é um cara simples, conversa com o público como se estivesse falando na sala de casa. Um negão fortão, mas um cara super gentil que atente  e trata a todos com muita educação. Mas no palco, amigo, o cara senta aço. 
Mas o que já estava alto poderia ficar ainda mais. Dá metade do show em diante Eric Gales entraria em cena, convidado por Collier, os dois iriam duelar o resto da noite sem nenhuma dó do meu tímpano, despejando potência em Costazul. Confesso que saí meio atordoado. A gente fica tirando fotos ali do lado dos subs e recebe tudo na cara. Tremenda sessão de descarrego.
Restava à Black Rio fazer a sua parte. A banda veterana dispensa comentários, é uma instituição da música brasileira. Transformou o fim da noite em um bailão, uma discoteca a céu aberto, mas não uma domingueira qualquer, com a grife Black Rio. Sim, claro que eles tocaram Maria Fumaça e Mr Funk Samba, entre outras.

Palco Iriry/show de Delvon Lamaar

Chris Potter

Hamilton de Holanda

Daniel Santiago

Jon Cleary

Show Roosevelt Collier

Roosevelt Collier convida Eric Gales
Banda Black Rio

Banda Black Rio

domingo, 14 de novembro de 2021

Diário de Rio das Ostras 2021 – Sábado, 13 de novembro – 2º dia

 

Eric Gales indo pra galera (Foto: Eugênio Martins Jr)

Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Eugênio e Cezar Fernandes

Quando comecei a cobrir esse festival, em 2007, todos os envolvidos ficavam no mesmo lugar, o Hotel Vilarejo. Músicos, produção e jornalistas se trombavam nos corredores, no café da manhã e na piscina. Era fácil conseguir as entrevistas. “Olha ali o Mike Stern”. Pô, vou cercar o Maurício Einhorn depois do café”. “Cara, o Duke Robillard tá tomando um solzinho”. 
Com o fechamento do hotel todo mundo ficou espalhado pela cidade e as entrevistas individuais ficaram muito mais difíceis de se conseguir. Você tem de correr atrás e muitas vezes abdicar de algum show.
Ontem o plano era conversar com o Eric Gales. A passagem de som no palco Costazul era as 13h30, na mesma hora do show do Roosevelt Collier no palco da Lagoa. Então sentei lá e fiquei esperando a passagem de som que atrasou por problemas técnicos. Quando finalmente consegui ficar cara a cara com o malandro ele dispara: “Ten minutes”. Isso porque eu o presenteei com fotos ampliadas de um show que fizemos em Santos há 15 anos. Mas, fazer o quê? Artista é assim. 
Mas já havia dado sorte de manhã, Alex Malheiros, baixista do Azymuth, estava hospedado na mesma pousada que eu e consegui falar com ele após o café da manhã. 
Saí da entrevista com o Eric e fui direto para a Lagoa do Iriry, onde aconteceria a apresentação dos irmãos Simi com o Keith Dunn. Foi a mesma coisa da noite anterior, blues tradicional na veia, só que agora mais perto do público. Junto com a cozinha da banda, Pedro Leo (bateria) e Wellington Paganno (baixo), Dunn fez a plateia dançar de verdade.
Saí dali e na volta pra casa resolvi passar no palco da Costazul e ver a passagem de som do Jon Cleary. 
Por mim, um dos shows mais esperados desse festival. Assisti o finalzinho da passagem e na hora que ele estava descendo do palco pedi uma entrevista pra depois e ele manda: “Right now, no problem”. Saquei o gravador e fizemos ali na hora. Aprende Eric Gales.

Com Jon Cleary

Nada mal, em um dia fiz três entrevistas. Em breve posto todas aqui no Mannish Blog.
A gripe me pegou. Achei que não ia conseguir levantar da cama pra ver os shows da noite. Mas os deuses do blues me pegaram pela mão e me levaram. Eles nunca falham, nas piores horas o blues vai ser o teu suporte. Pode acreditar.
Cheguei na metade pro fim do show do Nico Rezende Jazz Quinteto – Tributo a Chet Baker. Um show competentíssimo com Nico recriando ao piano os temas do ícone maldito do cool jazz. Let’s Get Lost, My Funny Valentine constavam. Não consegui identificar o último tema, porque estava com a cabeça zoada. Quase vomitei. Tive de sentar, tomar uma água e ficar quieto um tempo.
Quando Delvon Lamarr subiu ao palco eu ainda estava estranho. A cabeça girava e doia. Talvez por isso o show que tanto esperava não aconteceu. Pra mim foi muita punheta em cima do palco. Uma banda com apenas três caras mandando ver nos instrumentos não me empolgou tanto quanto a banda que ouvi no fone de ouvido nos últimos meses. Ok, podem me chamar de mané. Ou talvez tivesse elevado a minha espectativa. Vejam bem, os caras levantaram a galera que pulou do começo ao fim. Quando tocaram as famosinhas Move On Up e Jimmy’s Groove o crowd enlouqueceu.

Jimmy James (Foto: Cezar Fernandes)

Delvon Lamaar (Foto: Cezar Fernandes)

O público estava feliz, a direção do festival estava feliz. Então, quem sou eu pra despejar o meu azedume nas intenções da galera. Delvon Lamarr é super carísmatico e o guitarrista Jimmy James nem se fala. E apesar de ter um metro e meio e pesar 12 quilos o baterista Dan Weiss bate bem. Então foi um show que assisti meia hora e fui me sentar.
Os próximos seriam os shows que eu realmente fui pra ver: Jon Cleary e Eric Gales. 
Jon subiu ao palco despretenciosamente. Um cara que nasceu na Inglaterra e foi morar sozinho em New Orleans com apenas 17 anos e se tornou um dos principais pianistas na cidade dos pianistas. 
Bastou apenas três caras, Cleary (piano e teclado), Derwin “Big D” Perkins (baixo) e AJ Hall (bateria) para fazer aquele som massa de New Orleans, com todos aqueles molhos e sabores que a cidade oferece. Um show extremamente dançante e ao mesmo tempo instrutivo. Explico. Em apenas uma hora Cleary contou histórias de amores pessoais, amores desfeitos e, principalmente, amor à cidade que escolheu para morar nos últimos 40 anos. Histórias de amor e glória. De perdas e reconquistas da cidade mais bacana dos Estados Unidos. Mais negra, mais francesa e mais índia. Centrado em Dyna-Mite, seu mais recente disco, foi um show pra lavar a alma. A dor de cabeça passou.
Quando o Eric subiu ao palco ainda estava meio puto por causa daquela história dos “ten minutes”. Porra!
Mas quando o guiatarrista de Memphis atacou a sua Magneto Eric Gales Signature dourada, vestido com um paletó dourado, cheio de colares dourados, a noite virou ouro. 
Produzi um show do Eric Gales em Santos há 15 anos que foi sensacional. Quem estava naquela noite lembra dele até hoje. Mas posso garantir, aquele show não chegou a uma pequena fração do que foi o de ontem. 
Foi um choque, no bom sentido, poder ver que o Eric se transformou nesse grande artista. Um nível superior no mundo da música, ao lado de BB King, Buddy Guy, Carlos Santana, Jimi Hendrix e tantos outros ícones da guitarra mundial. 
O show foi todo baseado em seu mais recente trabalho, o excelente The Bookends. E ainda tocou o single lançado há três semanas, I Want My Crown
O que eu vi ontem foi um artista preocupado com todos os detalhes de uma apresentação. Dominou completamente a platéia desde o primeiro instante que pisou no terreiro. Não sei porque me veio a imagem de Ogum, o Deus da guerra e do fogo.
Provocando o público a toda hora. Seus arranjos nunca vão pelo caminho mais fácil. Com aquela técnica não podia ser diferente. A banda vai na fé junto com ele, Smoke Face (baixo), Benjamin (teclado), Nick (bateria) e LaDonna Gales (percussão).
É importante dizer que LaDonna é também responsável por resgatar Eric Gales de um porão onde ele mesmo se trancou e jogou a chave fora por anos. Ele faz questão de dizer isso por onde passa. Se hoje Gales se tornou um dos maiores artistas do mundo, pesou a mão de LaDonna. E no final rolou até Um FORA BOLSONARO expontâneo na plateia.
Amanhã tem mais Eric Gales na Lagoa do Iriry. Também espero mais um FORA BOLSONARO!

Jon Cleary (Cezar Fernandes)

Nico Rezende em show show em homegame a Chet Baker (Foto: Eugênio)

Guilherme Dias Gomes fazendo a vez de Chet Baker

Keith Dunn na lagoa (Foto: Eugênio)

The Simi Brothers (Foto: Eugênio)

Smoke Face e Eric Gales (Foto: Eugênio)

Eric Gales

sábado, 13 de novembro de 2021

Diário de Rio das Ostras 2021 - Sexta-feira, dia 12 de novembro - 1º dia

 

Palco Costazul

Texto e fotos: Eugênio Martins Jùnior

Começou ontem a 17ª edição do maior festival do gênero no Brasil, o Rio das Ostras Jazz e Blues. 
Nem é preciso lembrar que essa edição é especial, a primeira após as restrições impostas pela Covid-19, a pandemia que já matou mais de 5 milhões de pessoas ao redor do mundo e 610 mil pessoas só no Brasil. E antes que eu esqueça, FORA BOLSONARO e sua política genocida.  
Segundo a direção do festival, esse evento está sendo oficialmente testado pelas autoridades sanitárias do estado do Rio de Janeiro. 
Constatei que várias medidas de segurança foram tomadas, o que diminui muito a audiência no primeiro dia do festival no palco principal, o Costazul. Mas também constatei que, apesar disso, muita gente ainda insiste em não usar a porra da máscara em lugares públicos.

Ivan "Mamão" Conti

Antes de entrar em Rio das Ostras vou falar sobre a passagem pelo Clube do Blues no Rio de Janeiro. 
Passei a quinta-feira, dia 11, revendo amigos na cidade maravilhosa, uma noitada de blues lá no Misissippi Delta Blues Bar, na Gamboa. A noite era com o Maurício Sahady (guitarra), Rabicó (bateria) e Pedro Leão (baixo). E, como é de costume no Clube do Blues, os convidados da noite foram Caru de Souza (voz), Murilo Brugger (guitarra) e o dono da Casa, o Toyo (gaita). A música rolou até as 2h30 da manhã com todos aqueles solos de Morris Slim (Sahady) escorrendo pelas paredes no boteco. 
Pena que pouca gente escutou aquelas notas. Às vezes tinha mais pessoas no palco do que na platéia. Não sei, vou creditar isso a essa retomada nas ações culturais em todo o Brasil e também no Rio e ao lugar de pouca circilação onde fica o bar temático. Mas a galera do Rio que fique em alerta. O Blues da cidade maravilhosa tem dado sinais de revitalização com novos nomes surgindo, mas o público também tem de ir onde o artista está. Depois que fechar a casa não adianta reclamar: “Ahh como era legal aquele bar!”

Keith Dunn: Óia o tem!

Voltando ao que interessa. Primeira noite do maior festival de jazz do Brasil. Perdi o primeiro show, a Onda de Sopro Big Band. Pois é, cansadão da noite anterior e por horas dirigindo na chuva pra chegar aqui, capitulei ao sono. 
Cheguei no começo do show da banda Macahiba Jazz, da cidade de Macaé, aqui do lado. Os caras fizeram um tributo a Artur Maia,  um dos grandes baixistas de jazz do Brasil.
Super competente e com um baixista que foi aluno do Artur, o Macahiba Jazz fez mais de uma hora de show. Extendendo um pouquinho mais do que o normal para a chegada do Azymuth. 
É de impressionar a empatia que o Azymuth provoca no público jovem. Os caras têm mais de 50 anos de estrada e ainda conseguem ser atuais, na forma e no conteúdo. Dessa vez o show foi com a participação do DJ Nuts pilotando as pick ups e enchendo a noite de efeitos. 
Aí mora um perigo, se por um lado unir uma banda com um DJ coloca uma pimenta no groove, por outro, quando a quebradeira rola solta a gente percebe que o DJ fica um pouco deslocado, sem ter muito o que fazer quando Kiko Continentino, Ivan Conti e Alex Malheiros entram em rota de colisão. Alías, o melhor a se fazer é sair da frente. 
Mas foi um grande show, a galera pulou e dançou com a porrada que os coroas cometem. Existe um verdadeiro culto em volta do Ivan “Mamão” Conti. Tive o Prazer de fazer dois shows com ele em Santos como baterista do Stanley Jordan e perceber isso. Hoje pude entrevistar o Alex Malheiros que estava de bobeira ali no café da manhã. Inclusive tive que parar de escrever esse texto pra fazer isso.
Fim de noite, friozinho em Costazul. Quando os show do Azymuth acabou percebi uma debandada da galera com cabelo colorido e roupas descoladas.

Keith Dunn e os irmãos Simi

Chegou a galera de preto pra curtir os blues tradicionais de Keith Dunn, ladeado pelos irmãos Simi (guitarras), Pedro Leo (bateria e carate) e Wellington Paganno (de bonito).
Dunn é um cara que toca a harmônica diatônica da maneira clássica. Tanto no microfone bullet quando a gaita natural. 
Um cara que se orgulha de pertencer a tradição, como ele mesmo fala no shows, de ser o discípulo de Muddy Waters. Fizeram um show sem erros. Bastante dançante e com muita gaita e todas aquelas firulas vocais e caretas que os negões do blues adoram. Um verdadeiro showman. Não faltou nem o “trem” executado na gaita, fazendo o Stênio, o diretor do festival rir igual criança na frente do palco. O set list incluiu The Other Side Shuffle, Wish You Would, Sugar Sweet, The Hucklebuck, Rainny In My Heart, Shake Your Hips, aquele solo do tem de Keith Dunn, Tip On In, Close To You, Limbo e Hate to See You Go. O primeiro dia tava pago. Hoje tem mais.

Versão: Stênio paz e amor

O sempre competente Jerubal, o Matusalém dos consoles digitais 

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Domingo, 23 de junho - Diário de Rio das Ostras

Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Cezar Fernandes

Lucky Peterson

Domingão, copão de breja na mão, solzão e sonzão. O melhor blues do mundo fechou a edição de 2018 do Rio das Ostras Jazz e Blues (ROJB).
Não vi o show do Segundo Set Instrumental no palco São Pedro. Como regra, fiquei escrevendo a matéria do dia anterior e recuperando meus corajosos rins e fígado.

Segundo Set Instrumental

O show do Lucky Peterson que seria no palco da Praia da Tartaruga foi transferido para o da Lagoa do Iriry, mais aconchegante e com uma vibe maravilhosa. 
Roy Rogers entrou primeiro e fez o mesmo set da noite anterior, só que ali pertinho. Revelando todos os truques para quem se habilitar a tocar slide guitar. É, sem dúvida, um dos maiores do mundo nessa técnica. Em todos os anos de festival, nunca vi a platéia da concha acústica de Iriry tão vibrante.
Rogers esquentou o público para o timão que veio depois. Lucky Peterson e seu crew composto por três brasileiros, Fred Barley (bateria), Bruno Falcão (baixo) e Flávio Naves (teclado), mais o canadense Shawn Kellerman (guitarra) e a norte-americana Tamara Tramell (voz).
Alternando entre a guitarra e o órgão Hammond B3, Peterson mostrou porque é um dos maiores guardiões da tradição do blues. Quando foi para a guitarra, Naves assumiu o Hammond e botaram fogo no recinto.

Roy Rogers

Um dos truques que os blueseiros têm é descer e tocar no meio da galera. E os brasileiros adoram. Ok, é mesmo muito legal. Mas a galera tem de entender que não pode atrapalhar o músico. Ele está ali tocando e você não pode puxá-lo pelo braço, pelo pescoço, colocar a mão no instrumento e até, subir no palco. Galera, vamos ter um pouco mais de educação. Não deixa a cachaça tomar conta, não. Não sabe beber, não beba tanto. O palco é território do artista. Só ele pode estar ali. Não seja um idiota. Pense, se você está filmando, alguém também pode estar te filmando ou fotografando. Enfie o seu telefone celular no bolso e curta o show. E mostre um pouco de respeito por uma lenda do blues.  

 
Mulheres invadem palco para tirar fotos no meio do show
(foto: Eugênio Martins Jr)

É assuntando aqui e ali que a gente vai coletando as informações. Com motoristas de um aplicativo apurei que muitos vieram de outras cidades – Campos, Cabo Frio e até Rio de Janeiro - para trabalhar no feriadão de Corpus Cristi no Rio das Ostras Jazz e Blues (ROJB). Muitos começavam às 18h e iam até às 6h do dia seguinte. 
A dona da pousada me disse que 85% dos leitos da cidade estavam ocupados. Mas que já houve dias melhores, chegaram a ficar completamente lotados e que, quando isso acontece, os moradores ainda podem alugar quartos para os turistas. 
Um político local me disse que os prefeitos podem mexer em tudo o que quiserem, menos no festival de jazz e blues.
Com 18 anos de idade, o ROJB atingiu a maioridade com todos os percalços que isso gera. No começo, falta de patrocínio e público. Ao longo dos anos, mudanças de prefeito e até tentativa de ingerência. Atualmente, uma crise econômica que atingiu em cheio o setor cultural. A queda de arrecadação com royalties do petróleo na região e, novamente, o fantasma da falta de patrocínio. 
Também o pouco apreço do Governo Federal atual e de seus apoiadores pela cultura levaram à difamação descabida aos programas de incentivo fiscal, entre eles, a Lei Rouanet. Parece que os culpados por todos os problemas do país são os artistas.
“A crise já bateu forte em 2016 e eu paguei do meu bolso. Sabia que se o festival parasse ia acabar. Foi uma resistência mesmo, conta o produtor Stênio Mattos, criador do ROJB. Sentindo o momento difícil, mas também a importância da continuidade do evento que dá vitrine à música instrumental, as atrações nacionais abriram mão dos seus cachês para que o ROJB acontecesse.
Em 2017 a cidade sentiu na pele o que é ficar sem o festival. Reagiu. Incentivou-o a continuar em 2018, ainda que menor. 
É só olhar a grandiosidade do festival e o que ele entrega, para perceber que ali está um filão que pode ser explorado econômica e turisticamente por qualquer prefeitura do Brasil.

Palco Iriry

A cultura gera inúmeros retornos. Para se ter uma ideia, a senha do wi-fi da pousada onde fiquei hospedado era “cidadedojazz”, prova de que o festival já foi agregado ao dia a dia local. Por causa desse festival, fundou-se um curso de produção cultural que já rende frutos maduros na cidade. 
“O Ministério da Cultura tem de ter seus recursos, está na Constituição. O controle desse dinheiro é o fundamental e isso não ocorre. Esse festival cumpre o que a lei manda, gratuidade total, projetos sociais, ativa a economia local. Outra coisa, o festival é apolítico. Talvez por isso, a longevidade”, conta Stênio.
Em parceria com o festival, a Fundação Getúlio Vargas informa que o ROJB injeta 11 milhões na cidade em apenas cinco dias. “Esses números provam que a cultura dá retorno, sim”, diz Stênio. 
O resumo é que o festival que começou com pequenos palcos espalhados pela cidade, hoje é o maior do país. Já foram cinco dias de festa, recebendo os melhores artistas de jazz e blues do mundo e do Brasil. Com orçamento que já chegou a 6 milhões de reais gastos. 
Hoje são quatro dias de shows. O ROJB voltou melhor do que as últimas três anos. Também foi assuntando que eu soube que a edição de 2020 já está quase fechada. Que venha melhor e mais forte que todas. E eu estarei lá pra contar tudo de novo. VIVA A MÚSICA.

 Roy Rogers no Iriry


Lucky Peterson foi pra galera

Segundo Set Instrumental em São Pedro

domingo, 23 de junho de 2019

Sábado, 22 de junho - Diário de Rio das Ostras

Texto: Eugênio Martins Jr
Foto: Cezar Fernandes
Roy Rogers

Passei a manhã de o sábado apurando e escrevendo e não vi a Sonja no palco São Pedro. Depois do almoço saí à caça das minhas entrevistas. Em breve estarão no Mannish Blog. 
Me propus vir ao festival e sair com quatro. Consegui duas. E marquei mais duas. 
Vocês devem estar pensando se falei com Dianne Reeves. Não, ela estava entre as que não fiz. O produtor brasileiro não facilitou. Fiquei sabendo que também estava cuidando do Bob Franceschini e nem passei o desgaste de pedir.
Consegui falar com Lucky Peterson e o Shawn Kellerman o que me custou dois shows, Vox Sambou e do próprio Bob Franceschini na Lagoa do Iriry. Ouvi dizer que o show do Sambou foi arrasador.

Vox Sambou

Terceira noite na palco Costazul e a minha expectativa total era o Roy Rogers. Sou suspeito pra falar sobre blues, mas quem conhece o cara sabe que não é exagero. Já assisti cinco shows dele e todos, sem exceção, foram surpreendentes. 
Os jovens da The Mo’zar Jazz Band abriram a noite trazendo ternura ao lugar. Como disse no primeiro dia, a banda é mantida por uma ONG das Ilhas Maurício e bancada com doações e a apresentação deles por aqui foi custeada pelo governo local. Todos estavam muito empolgados por tocar no palco de um grande festival. O Rio das Ostras Jazz e Blues (ROJB) sempre teve essa função social. Todos os anos abre o palco para jovens músicos em formação. A cidade até ganhou uma faculdade de produção cultural após a chegada do evento.

The Mo'zar Jazz Band

O carioca Jonathan Ferr deu as caras no palco Costazul. Apresentando seu mais recente trabalho, Trilogia do Amor e uma homenagem a A Love Supreme de John Coltrane, Ferr misturou jazz tradicional com brasileiro, fusão cada vez mais frequente em tempos de “afrofuturismo”.

Jonathan Feer

Chegou a hora. Roy Rogers e The Delta Rhythm Kings, Steve Ehrmann e Kevin Hayes, subiram ao palco umas 22h30 e mostraram de onde vem a porra do rock and roll. 
Esses caras tocaram com todo mundo importante da música norte-americana dos últimos 50 anos: BB King, Miles Davis, John Lee Hooker, Etta James, Van Morrison, Allein Toussaint, Hubert Sumlin, Robert Cray, Ray Manzarek, Steve Miller, Carlos Santana, Charlie Musselwhite, Elvin Bishop, Coco Montoya, Katie Webster, só para citar alguns.
Num show com quase uma hora e meia Rogers foi com a sua slide teletransporte do Texas a New Orleans, de Memphis a Chicago. Temas memoráveis como Down in New Orleans (Dr John), Baby Please Don’t Go (Muddy Waters), Shake Your Money Maker (Elmore James) Terraplane Blues e Ramblin’ On My Mind (Robert Johnson). Assim como o bacon, slide é vida e aquele devia ter sido o show de encerramento do sábado. Roy Rogers, Elmore James e Robert Johnson no mesmo palco. 

Rodney Holmes (batera do Bob Franceschini)
 e Stênio Mattos (produtor do ROJB)

The Jig chegou com a meia noite. Como já havia dito antes, o caras tocam bem e fazem a galera dançar. Olha só, há uma moda de bandas grandes com vários metais, baixo, bateria, tecladeira e percussão pra fazer a galera pular no festivais. É legal pra trazer a garotada aos eventos, eu chamo de jazz crossfit. Você escuta e pula a primeira meia hora, depois não aguenta mais. Mas vá lá. O público tem de ser renovado e isso acaba sendo legal. O ROJB sempre apostou na juventude misturada com a velharada. Que não dê ouvidos aos chatos e rabugentos como eu e continue assim.

 The Jig

 Bob Franceschini

Vox Sambou