domingo, 23 de junho de 2019

Sábado, 22 de junho - Diário de Rio das Ostras

Texto: Eugênio Martins Jr
Foto: Cezar Fernandes
Roy Rogers

Passei a manhã de o sábado apurando e escrevendo e não vi a Sonja no palco São Pedro. Depois do almoço saí à caça das minhas entrevistas. Em breve estarão no Mannish Blog. 
Me propus vir ao festival e sair com quatro. Consegui duas. E marquei mais duas. 
Vocês devem estar pensando se falei com Dianne Reeves. Não, ela estava entre as que não fiz. O produtor brasileiro não facilitou. Fiquei sabendo que também estava cuidando do Bob Franceschini e nem passei o desgaste de pedir.
Consegui falar com Lucky Peterson e o Shawn Kellerman o que me custou dois shows, Vox Sambou e do próprio Bob Franceschini na Lagoa do Iriry. Ouvi dizer que o show do Sambou foi arrasador.

Vox Sambou

Terceira noite na palco Costazul e a minha expectativa total era o Roy Rogers. Sou suspeito pra falar sobre blues, mas quem conhece o cara sabe que não é exagero. Já assisti cinco shows dele e todos, sem exceção, foram surpreendentes. 
Os jovens da The Mo’zar Jazz Band abriram a noite trazendo ternura ao lugar. Como disse no primeiro dia, a banda é mantida por uma ONG das Ilhas Maurício e bancada com doações e a apresentação deles por aqui foi custeada pelo governo local. Todos estavam muito empolgados por tocar no palco de um grande festival. O Rio das Ostras Jazz e Blues (ROJB) sempre teve essa função social. Todos os anos abre o palco para jovens músicos em formação. A cidade até ganhou uma faculdade de produção cultural após a chegada do evento.

The Mo'zar Jazz Band

O carioca Jonathan Ferr deu as caras no palco Costazul. Apresentando seu mais recente trabalho, Trilogia do Amor e uma homenagem a A Love Supreme de John Coltrane, Ferr misturou jazz tradicional com brasileiro, fusão cada vez mais frequente em tempos de “afrofuturismo”.

Jonathan Feer

Chegou a hora. Roy Rogers e The Delta Rhythm Kings, Steve Ehrmann e Kevin Hayes, subiram ao palco umas 22h30 e mostraram de onde vem a porra do rock and roll. 
Esses caras tocaram com todo mundo importante da música norte-americana dos últimos 50 anos: BB King, Miles Davis, John Lee Hooker, Etta James, Van Morrison, Allein Toussaint, Hubert Sumlin, Robert Cray, Ray Manzarek, Steve Miller, Carlos Santana, Charlie Musselwhite, Elvin Bishop, Coco Montoya, Katie Webster, só para citar alguns.
Num show com quase uma hora e meia Rogers foi com a sua slide teletransporte do Texas a New Orleans, de Memphis a Chicago. Temas memoráveis como Down in New Orleans (Dr John), Baby Please Don’t Go (Muddy Waters), Shake Your Money Maker (Elmore James) Terraplane Blues e Ramblin’ On My Mind (Robert Johnson). Assim como o bacon, slide é vida e aquele devia ter sido o show de encerramento do sábado. Roy Rogers, Elmore James e Robert Johnson no mesmo palco. 

Rodney Holmes (batera do Bob Franceschini)
 e Stênio Mattos (produtor do ROJB)

The Jig chegou com a meia noite. Como já havia dito antes, o caras tocam bem e fazem a galera dançar. Olha só, há uma moda de bandas grandes com vários metais, baixo, bateria, tecladeira e percussão pra fazer a galera pular no festivais. É legal pra trazer a garotada aos eventos, eu chamo de jazz crossfit. Você escuta e pula a primeira meia hora, depois não aguenta mais. Mas vá lá. O público tem de ser renovado e isso acaba sendo legal. O ROJB sempre apostou na juventude misturada com a velharada. Que não dê ouvidos aos chatos e rabugentos como eu e continue assim.

 The Jig

 Bob Franceschini

Vox Sambou

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