Palco Costazul
Texto e fotos: Eugênio Martins Jùnior
Começou ontem a 17ª edição do maior festival do gênero no Brasil, o Rio das Ostras Jazz e Blues.
Nem é preciso lembrar que essa edição é especial, a primeira após as restrições impostas pela Covid-19, a pandemia que já matou mais de 5 milhões de pessoas ao redor do mundo e 610 mil pessoas só no Brasil. E antes que eu esqueça, FORA BOLSONARO e sua política genocida.
Segundo a direção do festival, esse evento está sendo oficialmente testado pelas autoridades sanitárias do estado do Rio de Janeiro.
Constatei que várias medidas de segurança foram tomadas, o que diminui muito a audiência no primeiro dia do festival no palco principal, o Costazul. Mas também constatei que, apesar disso, muita gente ainda insiste em não usar a porra da máscara em lugares públicos.
Ivan "Mamão" Conti
Antes de entrar em Rio das Ostras vou falar sobre a passagem pelo Clube do Blues no Rio de Janeiro.
Passei a quinta-feira, dia 11, revendo amigos na cidade maravilhosa, uma noitada de blues lá no Misissippi Delta Blues Bar, na Gamboa. A noite era com o Maurício Sahady (guitarra), Rabicó (bateria) e Pedro Leão (baixo). E, como é de costume no Clube do Blues, os convidados da noite foram Caru de Souza (voz), Murilo Brugger (guitarra) e o dono da Casa, o Toyo (gaita). A música rolou até as 2h30 da manhã com todos aqueles solos de Morris Slim (Sahady) escorrendo pelas paredes no boteco.
Pena que pouca gente escutou aquelas notas. Às vezes tinha mais pessoas no palco do que na platéia. Não sei, vou creditar isso a essa retomada nas ações culturais em todo o Brasil e também no Rio e ao lugar de pouca circilação onde fica o bar temático. Mas a galera do Rio que fique em alerta. O Blues da cidade maravilhosa tem dado sinais de revitalização com novos nomes surgindo, mas o público também tem de ir onde o artista está. Depois que fechar a casa não adianta reclamar: “Ahh como era legal aquele bar!”
Keith Dunn: Óia o tem!
Voltando ao que interessa. Primeira noite do maior festival de jazz do Brasil. Perdi o primeiro show, a Onda de Sopro Big Band. Pois é, cansadão da noite anterior e por horas dirigindo na chuva pra chegar aqui, capitulei ao sono.
Cheguei no começo do show da banda Macahiba Jazz, da cidade de Macaé, aqui do lado. Os caras fizeram um tributo a Artur Maia, um dos grandes baixistas de jazz do Brasil.
Super competente e com um baixista que foi aluno do Artur, o Macahiba Jazz fez mais de uma hora de show. Extendendo um pouquinho mais do que o normal para a chegada do Azymuth.
É de impressionar a empatia que o Azymuth provoca no público jovem. Os caras têm mais de 50 anos de estrada e ainda conseguem ser atuais, na forma e no conteúdo. Dessa vez o show foi com a participação do DJ Nuts pilotando as pick ups e enchendo a noite de efeitos.
Aí mora um perigo, se por um lado unir uma banda com um DJ coloca uma pimenta no groove, por outro, quando a quebradeira rola solta a gente percebe que o DJ fica um pouco deslocado, sem ter muito o que fazer quando Kiko Continentino, Ivan Conti e Alex Malheiros entram em rota de colisão. Alías, o melhor a se fazer é sair da frente.
Mas foi um grande show, a galera pulou e dançou com a porrada que os coroas cometem. Existe um verdadeiro culto em volta do Ivan “Mamão” Conti. Tive o Prazer de fazer dois shows com ele em Santos como baterista do Stanley Jordan e perceber isso. Hoje pude entrevistar o Alex Malheiros que estava de bobeira ali no café da manhã. Inclusive tive que parar de escrever esse texto pra fazer isso.
Fim de noite, friozinho em Costazul. Quando os show do Azymuth acabou percebi uma debandada da galera com cabelo colorido e roupas descoladas.
Keith Dunn e os irmãos Simi
Chegou a galera de preto pra curtir os blues tradicionais de Keith Dunn, ladeado pelos irmãos Simi (guitarras), Pedro Leo (bateria e carate) e Wellington Paganno (de bonito).
Dunn é um cara que toca a harmônica diatônica da maneira clássica. Tanto no microfone bullet quando a gaita natural.
Um cara que se orgulha de pertencer a tradição, como ele mesmo fala no shows, de ser o discípulo de Muddy Waters. Fizeram um show sem erros. Bastante dançante e com muita gaita e todas aquelas firulas vocais e caretas que os negões do blues adoram. Um verdadeiro showman. Não faltou nem o “trem” executado na gaita, fazendo o Stênio, o diretor do festival rir igual criança na frente do palco. O set list incluiu The Other Side Shuffle, Wish You Would, Sugar Sweet, The Hucklebuck, Rainny In My Heart, Shake Your Hips, aquele solo do tem de Keith Dunn, Tip On In, Close To You, Limbo e Hate to See You Go. O primeiro dia tava pago. Hoje tem mais.
Pô, Eugênio, seus comentários só aumentaram a minha vontade de estar aí, curtindo mais uma vez o festival de Rio das Ostras!
ResponderExcluirParabéns pela cobertura! Espero que a gente volte a se encontrar em 2022!