Por Eugênio Martins Júnior
Branco, forte e valentão,
Navalhada estivador
Temido e respeitado
E bom atirador
Pau de fogo na cintura
Curto de pavio
Traição e malícia
Espreitam no porão do navio
O outro não ficava atrás
Conhecido por Simião
Moreno e parrudo
E com disposição
Qualquer dia o destino
Os colocaria frente a frente
No costado do CAIS santista
Tava sobrando valente
Como a arenga começou
Na estiva ninguém sabe ao certo
O trabalho era escolhido na fé
E Navalhada era metido a esperto
Simião era boxeador
Dizem, estava com a verdade
Mas sabia que mexer com o Navalha
Era irresponsabilidade
Não valia facilitar
Havia sido avisado
Passou a andar armado
E olhando para os lados
Foi no armazém quinze
Onde o encontro aconteceu
O tiroteio começou
Quando o dia amanheceu
Navalhada trairagem
Baleou o Simião
Acertou ele na perna
Derrubando o valente no chão
Quando se aproximou
Pro tiro de misericórdia
Foi pego de surpresa
E Simião matou a discórdia
Acertou Toninho na barriga
Que virou pra correr
Levou mais uma nas costas
E sentiu que ia morrer
Simião não foi em cana
Não tinha culpa nenhuma
E no CAIS ninguém sabe de nada
Muita gente e pouca testemunha
Valentão é valentão
Todos têm a sua história
Mas aqui no cais do porto
Também têm a sua hora
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