segunda-feira, 30 de julho de 2012

Clube do Blues traz a Santos Lurrie Bell e Big Chico

Um dos maiores nomes do blues da atualidade, Lurrie Bell, filho do não menos lendário Carey Bell, abre a turnê brasileira em Santos. É na terça-feira, dia 07 de agosto, às 20h30, no Studio Rock Café. A produção é do Mannish Blog


Lurrie Bell - Lurrie é um dos maiores nomes do blues mundial. É filho do lendário gaitista Carey Bell, sidemam de Muddy Waters. 
Discípulo do grande compositor Willie Dixon, formou nos anos 70 a super banda Sons of Blues, com Billy Branch e Freddie Dixon. Ganharam destaque nas conceituadíssimas Alligator Records e Delmark Records. Depois disso, Lurrie tocou com várias lendas de Chicago como Koko Taylor, Jimmy Dawkins, Tail Dragger, Bob Stroger, Buddy Guy. 
Recentemente foi indicado ao Grammy, juntamente com os ícones do blues Billy Boy Arnold, John Primer e Billy Branch, no CD/DVD Chicago Blues – A Living History.
Big Chico - Ele faz parte da segunda geração do blues nacional e, assim como Igor Prado e Ivan Márcio, vem realizando vôos bem sucedidos fora do Brasil. Excursionando e gravando CDs. 
Ao mesno tempo em que lança seu primeiro DVD, Big Chico toca ao lado de seu ídolo em turnê brasileira. Em Santos ele promete um show acústico com o melhor do blues mundial. Estados Unidos e Brasil.
Nasce o Clube do Blues – Ele não tem diretoria. Ele não tem carteirinha. Mas tem música da pesada. E os associados são todas as pessoas que curtem o bom e velho blues. 
Inspirado no Clube do Blues do Rio de Janeiro, a Mannish Boy Produções, com apoio do Studio Rock Café, criou o Clube do Blues de Santos. O Studio Rock Café é o melhor clube rock and roll da Baixada Santista.
A proposta é a mesma da edição da cidade maravilhosa, juntar músicos de blues brasileiros para tocar clássicos do gênero e consolidar um lugar como ponto de encontro entre as pessoas que curtem esse gênero musical.
O Clube do Blues do Rio de Janeiro foi criado pela cozinha etílica, Cláudio Bedran (baixo) e Pedro Strasser (bateria). Conta ainda com Maurício Sahady (guitarra) no time fixo e recebe convidados para jam-sessions. 
O mesmo vai acontecer no Clube do Blues de Santos, o time principal será João Augusto (guitarra e voz), Filippe Dias (guitarra e voz), Jeferson Rodrigues (bateria) e Álvaro Alves (baixo). Mas a intenção é convidar os músicos de blues de São Paulo, Rio de Janeiro e os de outros estados que passarem pela cidade e até internacionais. 
As diferenças são poucas. Lá na cidade maravilhosa as apresentações acontecem às segundas-feiras, a partir das 20h. Em Santos, as reuniões acontecem às terças-feiras, no mesmo horário, a cada 15 dias. 
As jams acontecem cedo para que as pessoas possam voltar cedo pra casa. O clube de Santos foi criado após uma visita ao Clube do Blues Original no Rio de Janeiro. O Maurício Sahady esteve em Santos e me convidou para ir ao Bar do B, onde os músicos de blues cariocas se reúnem. Então fui ao Rio ouvir os caras e vi que o clima do lugar era muito legal, em plena segunda-feira chuvosa o lugar estava cheio. Deu vontade de fazer em Santos na hora. É uma alternativa aos gêneros musicais que imperam na cidade. 
O valor do couvert é simbólico, R$ 12 reais, e os músicos vão fazer duas entradas de 40 minutos. Atrações internacionais o valor do couvert sofrerá alteração.
A Mannish Boy Produções já trouxe a Santos alguns dos maiores nomes do blues e do jazz nacionais e internacionais, como Magic Slim, Peter Madcat, Eric Gales, Lynwood Slim, James Wheeler, Shirley King, John Pizzarelli, Freedie Cole, Bad Plus, Stanley Jordan, Kenny Brown, Big Joe Manfra, Blue Jeans, Igor Prado Blues Band, Róbson Fernandes, Maurício Sahady, Ivan Márcio, Giba Byblos, Caviars Blues Band, Big Chico e Big Gilson.   

Produção: 
Mannish Boy Produções Artísticas www.mannishblog.blogspot.com e Studio Rock Café www.studiorockcafe.com.br
Apoios: Agência Urbana e Executiva Contabilidade.

Serviço:
Clube do Blues de Santos
Próxima atração: Lurrie Bell e Big Chico
Data: Terça-feira, dia 07 de agosto
Horário: 20h30
Local: Studio Rock Café
Endereço: Av. Marechal Deodoro, 110 – Gonzaga - Santos
Preço: R$ 30,00 (couvert)

Próximas datas até o final do ano: 07 de agosto (Lurrie Bell e Big Chico); 21 de agosto (Baby Labarba e Fabio Brum); 04 de setembro (banda Clube do Blues); 18 de setembro (Mauro Hector Trio); 02 de outubro (banda Clube do Blues); 16 de outubro (Cláudio Celso e Banda); 30 de outubro; 13 de novembro; 27 de novembro e 11 dezembro.

sábado, 28 de julho de 2012

Bagagem Código Blues é o novo disco de Carlos Café


Texto: Eugênio Martins Júnior
Fotos: arquivo de Carlos Café

Como um bom uísque que precisa de alguns anos para chegar a sua forma ideal, o músico de blues também precisa maturar seu estilo ao longo do tempo. E nesse gênero musical, podem ter certeza, juventude é o que menos conta.
Dezenas de viagens, palcos, parcerias e as lições que a vida ensina dão a devida bagagem ao artista. E não sou eu quem está falando. Quem ensina é Carlos Café, guitarrista veterano do Rio de Janeiro que, em seu mais recente trabalho, Bagagem Código Blues, mostra que é curtido na estrada, no bom e no ruim que ela proporciona.
Segundo Café, Bagagem Código Blues é um painel de todas as suas vivências. São oito composições próprias e três releituras com letras que falam de vivências, de personagens, de idéias e observações pessoais. Letras simples e diretas. Em suas palavras, “a maturidade traz a simplicidade”.
Onze faixas do álbum soam como blues das melhores referências, mas salpicadas de novos temperos – alguns até improváveis. Se ouvirmos com atenção, há pitadas de rock, climas menos tradicionais, fusion e até um arranjo inesperado para um clássico da MPB, no caso, Faltando um Pedaço, de Djavan. Variados sotaques de uma mesma língua.
Para dar vida a esses sons, Carlos Café contou com a competência e a colaboração de feras no assunto. Participaram do disco o baterista Guto Goffi (do Barão Vermelho), o guitarrista Mimi Lessa (do Bicho da Seda), o guitarrista Renato Rocha e o baterista Fábio Brasil (do Detonautas Roque Clube), os baixistas Pedro Peres e Pedro Leão, o baterista Gil Eduardo (um dos fundadores do Blues Etílicos), Fafá e Luciano Lopes completam a lista nos teclados.

Seguem contatos para shows e outras informações: www.carloscafeblues.com.br
carloscafeblues.blogspot.com.br




Eugênio Martins Júnior – Explica o nome Bagagem Código Blues.
Carlos Café – O nome vem das vivências musicais e pessoais que eu acumulei em forma de Bagagem. O Código Blues seria a linguagem principal como essa bagagem é traduzida. Como exemplo, temos a música Faltando um Pedaço, de Djavan, que ganhou um arranjo instrumental e a melodia e solo foram tocados com guitarra slide.

EM – Você diz que a maturidade traz a simplicidade. É isso que você buscou nesse álbum?
CC - Exatamente. Trabalhei numa linha bem reta, nada rebuscada. Usei melodias e harmonias simples com letras claras e diretas. Eu antigamente, por inexperiência, precisava fazer músicas complexas, só para dar mais consistência ao trabalho. Acho que é um comportamento bem comum em quem está começando.

EM – A tua música tem um pouco de rock dos anos 80. Lembrei muito do Cazuza e do Celso Blues Boy, o que pra mim é legal porque era o que prestava naquela época. Concorda ou não?  
CC - Sim e não. Eu explico. Acho que meu estilo tem mais elementos da música que me formou como músico e pessoa, a dos anos 60/70. A música dos anos 80 tem uma sonoridade pós-punk/ new wave que eu acho que não tenho. Os dois artistas que você citou são meus contemporâneos, eles também ouviram e tocaram coisas parecidas comigo, bebemos nas mesmas fontes. Acho que vem daí a semelhança.

EM – Fale um pouco sobre o time. Tem alguns veteranos no disco.
CC – O primeiro que eu gostaria de citar é o Renato Rocha, guitarrista do Detonautas. Ótimo músico e pessoa generosíssima. Me ajudou muito nos meus dois projetos. Conheci o Guto Goffi através do Renato. Ele participou do meu primeiro CD em todas as faixas e ficamos amigos desde então. Hoje temos um projeto conjunto de rock instrumental, chamado Guto Goffi Quinteto. O Gil Eduardo foi o baterista que fez parte da primeira formação do Blues Etílicos. Domina essa linguagem como poucos. Tem muito estilo e personalidade, grande vibe nos shows. Gravou três faixas do disco.
Pedro Peres é meu amigo há muito tempo. Ótimo baixista e pessoa. Participou de várias faixas dos dois CDs. Ele é membro integrante de minha banda, o Expresso Blues. Mimi Lessa é guitarrista das antigas, da banda Bicho da Seda. Ele toca comigo no Quinteto e o convidei para a gravação de uma das músicas de minha autoria que tocamos lá também, o Happy Blues. Fabio Brasil trabalha com o Renato nos Detonautas. Tem pegada forte e precisa. Gravou várias das bateras do disco. Pedro Leão é também um amigo antigo. Tocamos juntos num projeto de música contemporânea no início dos anos 80. Ótimo baixista. Participou de várias músicas do disco. Luciano Lopes também toca comigo no Quinteto. Toca órgão como poucos no Brasil. Fafá toca teclado em várias faixas e também faz parte do Expresso Blues. Tenho que deixar registrado o meu mais sincero agradecimento a todos esses músicos.


EM – Você viveu o aparecimento do blues no Brasil e ele passa pelo Rio de Janeiro com Celso Blues Boy e Blues Etílicos. Fale um pouco sobre aquela época.
CC – Nessa época eu tive mais contato com o trabalho do Celso. Era meu vizinho aqui de Copacabana e vi vários de seus shows. Na época eu estava começando e, sem dúvida, ele foi uma pessoa importante para eu ter coragem de tocar esse estilo. Para mim, ele foi o precursor da guitarra blues aqui no Brasil.
Era mais fácil produzir shows naquela época. Tinham várias bandas começando e mostrando seu trabalho em teatros aqui no Rio. A cena musical era riquíssima.

EM – Como e qual foi o teu primeiro contato com o blues?
CC – Foi vendo Johnny Winter, Jimi Hendrix e Rory Gallagher em programas de televisão.  A música era pura e direta, me pegou logo de cara. Eu tinha uns 13 ou 14 anos de idade. E depois, tentar levar isso para guitarra foi completamente natural.

EM – O blues e a língua portuguesa são amigos?
CC – Eu acho que sim. Tem gente que discorda e diz que blues tem que ser em inglês. Para mim o universo do blues é comum a todas as culturas e de fácil identificação. O único gargalo seria a falta de conhecimento da língua para poder traduzir bem esse universo.

EM – Como você vê a evolução do blues no Brasil desde que você começou até hoje? Você acompanha a cena do blues nacional?
CC – Meu contato com o blues se deu em diferentes fases de minha vida, não foi constante. Mas o que vejo hoje é que o blues está se consolidando como um estilo respeitado e a ganhar espaços importantes. Já há vários festivais de blues pelo Brasil, coisa que, há uns 20 anos, era impensável. Há também ótimos instrumentistas e o público fiel está cada vez maior. Estou otimista.


EM – Você diz que a mídia não dá espaço para a boa música, mas hoje nós temos a internet que ajuda muito, não é verdade? Trata-se de um canal alternativo que está virando o oficial para os artistas.  
CC – A internet é, sem sombra de dúvida, um canal alternativo importantíssimo e que ajuda bastante na divulgação. Acho que o problema é que todos recorrem a esse canal, artistas iniciantes e veteranos. E esse excesso de oferta e fluxo dificulta um pouco a chegada até seu público. Mas, seja como for, não dá para ficar de fora.

EM – Porque demorou tanto tempo pra gravar seu primeiro CD solo, o Carlos Café e os Mestres do Blues, lançado em 2009? A dificuldade é por ser um disco de blues?
CC – Não, não foi por ser de blues. Foi o meu caminho de vida mesmo. Iniciei minha vida musical tocando blues, mas senti que faltava mais conhecimento e experiência. É um traço meu, eu preciso ir fundo em tudo que faço. Senti que precisava experimentar outras linguagens. Toquei música instrumental algum tempo, depois voltei para o rock e, aos poucos, fui, naturalmente, voltando “para minha casa”. Agora conheço bem harmonia, arranjo, enfim, todo o vocabulário que preciso para desenvolver minha música plenamente.

EM – Que equipamento que você usa (palco e estúdio)?
CC – O equipamento é quase o mesmo no estúdio e no palco. Tenho várias guitarras, cada uma com sua sonoridade e características distintas. A maioria com captadores single-coil, que foi uma mudança que aconteceu nos últimos 8 anos. Prefiro slides de latão bem pesados. Eles dão um ótimo sustain e um timbre bem equilibrado. Os amplificadores são todos valvulados. Para a gravação usei um Peavey Classic 30, um Fender Hot Rod Deluxe e um Pedrone 5F4 vintage. Esse último é uma encomenda que fiz ao Pedrone de um projeto da Fender, chamado Super Amp, com algumas modificações importantes. Ao vivo estou usando agora um Pedrone Café Blues Special. Um modelo exclusivo feito por minha encomenda. Os falantes são Jensen e Weber. Os pedais overdrive/distortion são: Fulldrive II, Fulltone OCD, Fulltone Catalyst e Fulltone GT 500. Uso um delay Destination Delay X2, da Option 5. Compressores MXR Custom Comp e Barber Tone Press, Pedal de Volume Morley e reverb Digitech Hardwire RV7. O microfone para gravar guitarra é o Shure SM57 e para a voz o M-Audio Nova. Ao vivo uso o Shure Beta 57 para a voz. Uma nota importante: todas as guitarras foram gravadas com amp/falante/microfone. Nada de simuladores!



quinta-feira, 26 de julho de 2012

Musa do blues texano, Cricket Taylor, volta ao Brasil em outubro de 2012

A guitarrista e cantora será acompanhada pelo selvagem da guitarra slide, o brasileiro Big Gilson e seu grupo, o Blues Dynamite.


Cricket Taylor vem se juntar ao seu amigo de longa data, o guitarrista carioca Big Gilson e sua banda, a Blues Dynamite, para mostrar o lado selvagem do blues.
Eles se conheceram na gravação do CD Cab Driver Blues, de Big Gilson, gravado em Dallas, no Texas, ocasião em que Cricket foi uma das cantoras de apoio e fez uma canção como voz principal.
A Blues Dynamite é composta por Gil Eduardo (bateria), que além de filho do tremendão Erasmo Carlos, foi co-fundador do Blues Etílicos, gravando os cinco primeiros álbuns. Cesar Lago segura a pulsação desta banda tocando baixo. Muito conhecido no cenário carioca, é com certeza um dos melhores do Brasil.
O repertório inclui Tropical Feeling Blues, Jamming in Big D, Dancing on Hot Bricks, It`s Hard To Say Goodbye, Start It Over, Sentenced To Living, Way Down in Hastings (Big Gilson); I Just Wanna Make Love to You (Willie Dixon), Hoochie Coochie Man (Muddy Waters).
No coração do blues – Se Cricket Taylor tivesse escolhido sua própria terra natal, ela não poderia ter feito uma escolha melhor. Nascida no coração do Mississippi, ela foi alimentada desde a infância com os sons ricos do Delta Blues.
Suas primeiras lembranças incluem canções de ninar de bluesmen como Muddy Waters, hound dog Taylor e R.L. Burnside tocadas na vitrola da família. Mais tarde, quando Taylor se mudou para o Texas com sua mãe, continuou a sua educação musical, descobrindo os ritmos da guitarra ardentes do Texas que ficariam entranhados em seu próprio repertório.
Com presença de palco formidável, compartilhou o palco com grandes nomes do blues, como Etta James, Stevie Ray Vaughan, Jerry Lee Lewis, Los Lonely Boys, e B.B. King.
Após graduar-se da Escola de Artes de Dallas, Taylor rapidamente fez seu nome na cena do blues local, ganhando o premio "Best Blues Band" durante seu primeiro ano na cena. Taylor passou os próximos anos polindo seu som e estilo, viajando por toda a Europa e experimentar uma variedade de sons antes de retornar ao seu primeiro amor - o blues.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Giba Byblos é o primeiro convidado do Clube do Blues de Santos

O guitarrista é o convidado da banda oficial do Clube do Blues: Filippe Dias (guitarra), Alvaro Alves (baixo) e Jeferson Rodrigues (bateria). Com criação e produção do Mannish Blog



A experiência de anos tocando blues como sideman do gaitista Ivan Márcio deu régua e compasso para o guitarrista Gilberto Moufarrege. Ele se tornou o personagem Giba Byblos, amante de sapatos de duas cores e sapatos de couro de cobra. Às vezes calças e paletós vermelhos. Sempre, guitarras vermelhas. Na aparência, um gangster do blues.
Mas tudo isso faz parte de uma estética engendrada para entreter a audiência. Tudo faz parte do show. Característica do blues relegada ao segundo plano, mas que os mestres B.B. King e Buddy Guy nunca deixaram de lado. 
Hoje o blues é apresentado nas grandes cidades e casas noturnas e quem vai a um show desses quer se divertir e dançar. Música boa para os ouvidos e para os quadris. Esqueçam as plantações e as chain gangs.
Seu disco se chama My Duty e o show se chama Talking ‘Bout Chicago (Falando Sobre Chicago). Um projeto criado por Giba que reúne todo o mise em scéne do blues da cidade conhecida como a capital do blues mundial: figurino, linguagem, guitarra tocada no meio da platéia, guitarra tocada nas costas como T Bone Walker. “Falar sobre Chicago é falar sobre entretenimento”, segundo Giba.
Além do show cheio de bom humor e malícia, Giba lançou no final de 2011, um dos melhores discos de blues lançados no Brasil.  
My Duty, cuja produção de Ivan Márcio reforça a parceria com seu mais antigo colaborador, traz novas perspectivas ao gênero no Brasil. Até então, o blues feito na terra de Pixinguinha era sisudo, salvo algumas exceções: André Christovam e Blues Etílicos. 
O tema My Duty começa com uma introdução chic, um blues nervoso composto pelo próprio e vem com uma letra sacana. Junior Bought Me a Jim é uma grande sacada. Conta uma passagem mais do que inusitada de envolvendo Giba, Sugar Blue e a lenda Junior Wells - confira toda história nessa entrevista - No mais, Giba recria temas clássicos sob sua ótica.

Clube do Blues de Santos - convidado Giba Byblos
Data: Terça-feira alternadas a partir de 26 de junho
Horário: 20h30
Local: Studio Rock Café
Endereço: Av. Marechal Deodoro, 110 – Gonzaga - Santos
Couvert: R$ 12,00

Próximas datas até o final do ano: 07 de agosto (Lurrie Bell e Big Chico); 21 de agosto; 04 de setembro; 18 de setembro; 02 de outubro; 16 de outubro; 30 de outubro; 13 de novembro; 27 de novembro e 11 dezembro.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Guitar hero brasileiro lança Por Um Monte de Cerveja: Aumenta que isso aí é Celso Blues Boy


Texto: Eugênio Martins Júnior
Fotos: Eugênio Martins Júnior e Cezar Fernandes

Celso Blues Boy começou a coisa toda. Incorporou o blues no nome no início dos anos 80 e atualmente é considerado uma lenda do blues e do rock nacional. É autor de músicas clássicas do rock nacional cantadas até hoje, muita zoação e protesto, como o rock deve ser. São elas: Aumenta Que Isso Aí é Rock and Roll, Blues Motel, Marginal, Fumando no Escuro.  
Todas cantadas em uníssono em duas apresentações recentes e antológicas no Festival Rio das Ostras Jazz e Blues. Uma no palco principal, na Praia de Costazul; a outra, mais perto do público na Lagoa do Iriry, onde o público enlouqueceu e Celso quase teve de sair escoltado, tamanha a sanha assassina dos fãs.
Passaram-se doze anos entre o lançamento de Nuvens Negras Choram e seu mais recente trabalho, Por Um Monte de Cerveja. O novo álbum tem a mesma pegada dos anteriores e com letras que vão direto ao ponto, como a faixa título. “Não bebo tequila, nem uísque também, não quero rum, nem vem que não tem. Eu não tô a fim, dessa garrafa de gim. Não sei qual é a graça, de um porre de cachaça. Vou procurar, de vela acesa, qualquer lugar, onde esteja, um monte de cerveja. Invadindo a minha mesa. Jorrando como fonte, ahhh, um monte de cerveja”. Pura poesia bukowskiana. O disco tem ainda a participação dos Detonautas, que tocam em Odeio Rock, n, Roll. 
Atualmente Celso luta contra uma doença grave. Começou a entrevista com muita dificuldade na fala. Entre uma xícara de café e um cigarro e à medida que o papo foi engrenando sua voz foi saindo e ele se soltando. Em cima do palco o cara continua o mesmo. A irônica e emblemática A Vida Faz Mal à Saúde explica tudo isso. 
Essa entrevista é a primeira de uma série realizada no festival Rio das Ostras Jazz e Blues 2012. Pra mim, foi emocionante estar ao lado “do Cara”.
No final do encontro Celso me perguntou de onde eu sou e respondi que sou de Santos. Celso contou que o motivo dele ter parado de tocar slide foi por ter sofrido um acidente em um show em Santos. Uma escada mal colocada o fez tropeçar e quebrar alguns ossos da mão. Pela descrição do local, acho que foi na danceteria Heavy Metal. O fato é que Santos teve o privilégio de ter sido a última cidade a ver Celso tocando slide. E isso é bom. Mas também foi culpada por ele nunca mais ter tocado slide. E isso é ruim.
Sem mais conversa fiada, o maior guitarrista de blues do Brasil, o cara que só foge do diabo e de uísque paraguaio, Celso Blues Boy.



Eugênio Martins Júnior - Vários artistas que tocavam no Circo Voador nos anos 80 foram convidados para tocar no Rock In Rio, mas você que já tinha uma estrada e era um cara que todos gostavam, não. Como você se sentiu ficando de fora daquele megaevento?
Celso Blues Boy - Acontece. A Rita Lee desistiu e eu fui chamado pra fazer. Mas ela voltou atrás e pelo que eu ouvi dizer, parece que havia dinheiro de gravadora, não sei. Disseram que o refrão mais cantado durante todos os dias do Rock In Rio era Aumenta que Isso Aí é Rock And Roll. Isso obviamente me deixou feliz.

EM - Quando foi que a guitarra entrou na tua vida?
CBB - Toco desde pequeno, desde os quatro anos. Ganhei da minha avó.

EM – Desde então não fez outra coisa na vida?
CBB –
Nem poderia. Se guitarra eu já não sei, imagina o resto (risos).

EM - Antes de se bandear para o blues, você havia trabalhado com o Raul Seixas e Renato e seus Blue Caps. Já era ligado na cena roqueira. Morar no Rio é muito mais fácil, não é verdade?
CBB –
Sou carioca, mas morava em Blumenau. Eu tocava e gostava de escutar. Depois vim para o Rio e o Sá e o Guarabira me chamaram. Fazia baile antes e estava tocando no conjunto Legião Estrangeira, 72, 73, por aí.

EM – Quem te deu o apelido de Celso Blues Boy foi o Sá. Porque, você atazanava a vidas dos caras ouvindo blues o dia inteiro?
CBB –
O Sá e o Guarabira foram verdadeiros pais pra mim. Um dia o Sá falou: “Pô, se você for fazer um xote vai ficar parecido com blues” (risos).

Palco Lagoa do Iriry com Jefferson Gonçalves

EM – Já tinha uma pegada blueseira?
CBB –
Já, eu conhecia sem saber. Porque um tio avô que não tinha filhos mandava uns discos pra mim dos Estados Unidos. Eu escutava o dia inteiro, mas não sabia nada, não conhecia nada. Quando retornei ao Rio muitos anos depois, não me lembro com que idade, acho que 16, tinha um pessoal que tinha voltado de morar nos Estados Unidos e me chamaram pra uma festa na casa deles. Então tinha bateria, contrabaixo, aquelas festas dos anos 70. Aí eles me mandaram tocar. Comecei a tocar, o outro também e um outro disse: “Ué, vocês do Brasil já conhecem blues?”. Eu disse que não conhecia e ele me disse que o que eu estava tocando era blues. Eu disse que era de um disco que tinha lá em casa. Um dia eu mostrei o disco para um dos caras e ele disse: “Isso é B.B. King, rapaz”.

EM – Você viajou muito para o exterior pra tocar?
CBB –
Sim, mas faz muito tempo que não vou. Parei porque não pode fumar no avião.

EM – Então você está nessa de blues antes do Aero Blues?
CBB –
No meio dos anos 70 abriu o primeiro pub de blues, era o Appaloosa. Aí eu fiz o Aero Blues que tinha um monte de música minha e que depois até cheguei a lançar na carreira solo. A gente tocava lá de terça a domingo com a banda residente que era o Aero Blues. A gente tinha um público muito grande e nos finais de semana fazíamos três, quatro shows. O Brilho da Noite já era uma música muito cantada, mesmo antes de ser gravada era muito conhecida. Começou a chegar gente de fora, os músicos queriam tocar com a gente, o Azimuth, o Sérgio Batista... Foi uma época boa porque juntava muita gente. Justamente pela novidade do blues.

EM – Havia uma demanda reprimida ali e foi só alguém chutar a porta?
CBB –
E a gente nem sabia o que estava acontecendo.



EM – Fale sobre a emoção de dividir o palco com o mestre B.B. King.
CBB –
Toquei em vários shows com ele durante muito tempo. Aqui no Brasil e fora. Na verdade ele queria que eu fizesse uma carreira fora que ele bancaria. Só que eu estava em meu segundo LP, fazendo muito sucesso e não tinha como. Mas ficamos amigos. Ele veio gravar no meu disco, é uma pessoa muito generosa.

EM – Você acompanha a cena brasileira de blues?
CBB –
Eu moro em uma chacarazinha há 16 anos. Só saio de casa para o aeroporto, vou tocar e volto pra casa.

EM – E em casa, você toca?
CBB –
Todos os dias. Mas eu toco no Brasil inteiro. Vou faço o show e volto. Pouco acompanho. Só os caras que eu já conhecia.

EM – Como é a história do convite da banda Commitments?
CBB –
Era o último show do guitarrista deles. E o Cezar Castanho estava fazendo esse evento. Os caras não entenderam nada. Eu fui me encontrar com o B.B. King no salão do hotel onde estava hospedado, mas sem ele saber. Os caras estavam lá e eu vi o empresário do B.B. King conversando com eles. Nessa passa o próprio B.B. King e o lobby do hotel era grande, ele olhou para o lado, me viu e veio me abraçar. Foi aí que os caras não entenderam nada: “Pô, quem é esse cara que o B.B. King para no meio do caminho e vai abraçar”. Aí o empresário falou para eles que a gente já se conhecia há muito tempo. Os caras me convidaram para tocar com eles no dia seguinte. Aí eu fui, toquei e eles me convidaram pra entrar na banda. Eu disse que não tinha condições porque tinha uma carreira sólida.

Momento relax com a cantora Lica Cecato

EM – Você ganhou dinheiro tocando o blues no Brasil?
CBB –
Na realidade eu nunca fiz parte do cenário do blues. Eu apareci no rock Brasil (nos anos 80) com Aumenta Que Isso Aí é Rock and Roll, e porque no meu repertório tem rock e blues, a grande massa começou a conhecer o blues. Qual é mesmo a tua pergunta?

EM – Se você ganhou dinheiro com o Blues?
CBB –
Saí de casa aos 16 anos e tudo o que eu tenho, e sempre tive uma vida boa, quem me deu foi a música. Pra tirar teve muita gente, mas para dar só mesmo a música (risos).

EM – 1989 foi um ano chave. Houve um grande festival de blues em Ribeirão Preto e dois lançamentos importantes, um do Blues Etílicos e outro do André Christovam, ambos cantados em português. Naquela época você estava no auge. Como você se sentiu quando viu tudo isso? Como se tivesse comprido bem sua tarefa?
CBB –
O filho do Erasmo tocava nessa banda (um dos fundadores do Blues Etílicos foi o baterista Gil Eduardo), e o Erasmo e a Narinha me encontraram e pediram pra eu dar uma força. Aí eu levei pra televisão, pra jornal, aparecia pra dar muita canja. Foi isso.

CBB – Você é de onde, Eugênio?
EM –
Sou de Santos, cidade com cena roqueira forte, mas não de blues ou blues rock.

CBB – É verdade, mas eu nunca mais voltei lá. Quem sabe alguém lendo o teu blog não me convida pra tocar lá. Quero ver se eu vejo um jogo do Neymar. 




terça-feira, 10 de julho de 2012

Clube do Choro de Santos promove espetáculo celebrando a música de Jacob Do Bandolim


Na sexta-feira, dia 03 de agosto, às 20h30, no Teatro Guarany, o Clube do Choro de Santos promove o espetáculo Noites Cariocas – Evocação a Jacob. O bandolinista e compositor é um dos maiores nomes do Gênero.
O evento vai contar com os músicos convidados Luizinho 7 Cordas e Mauro (violão), Miltinho (cavaco), Carlinhos (pandeiro), Agnaldo Luz, Monteiro, Jean e Lopes (bandolim), Arnaldinho e Osvaldinho do cavaco (cavaco) e Júlia Alves (flauta).
O repertório inclui Doce de Coco, Evocação a Jacob, Horas Vagas, Reminiscência, Dolente, Nosso Romance, Falta-me Você, Vibrações, A Ginga do Mané, Santa Morena, Benzinho, Mágoas, Entre Mil, Você e, claro, Noites Cariocas.

Jacob Pick Bittencourt - Nasceu em 14 de fevereiro de 1918 no Rio de Janeiro. Era filho do farmacêutico Francisco Gomes Bittencourt e da dona de casa Raquel Pick Bittencourt, de quem ganhou um violino, mas não se adaptou ao instrumento.
Ironicamente, uma amiga de sua mãe o presenteou com um bandolim e, gênio que era, começou a tocar de ouvido aos 15 anos.
Apresentou-se pela primeira vez na Rádio Guanabara, mas exerceu diversas atividades fora da música, entre elas, prático de farmácia, corretor de seguros e vendedor. Era contador formado, mas nunca exerceu a profissão.
Na década de 40 foi nomeado escrevente juramentado chegando, tempos depois, ao cargo de Escrivão da 11° Vara Criminal da comarca do Rio de Janeiro, o que lhe permitiu certa estabilidade financeira, pois, como ele mesmo dizia aos músicos: "Tenham sempre uma profissão paralela, viver de música no Brasil é um perigo".
O primeiro choro que Jacob aprendeu a tocar foi É do que Há, de Luis Americano. Em 1966 vem à luz o lendário conjunto Época de Ouro, criado por Jacob e, além dele, integrado pelo seu grande amigo e parceiro Cesar Faria (violão 6 cordas), Carlinhos Leite (violão 7 cordas), Jonas (cavaquinho) e Gilberto D'Ávila (pandeiro).
Além de grande músico e compositor, Jacob era também pesquisador e um incansável caçador de partituras, seu acervo, atualmente sob a guarda do MIS do Rio de Janeiro reúne algumas pérolas da Música Popular Brasileira.
Realizava grandes encontros em sua casa de Jacarepaguá grandes encontros musicais, onde sempre rolava um churrasco e, apesar do seu temperamento forte e de alguma intolerância, muita gente importante frequentou esses inesquecíveis saraus.
Em uma ocasião, o jornalista Lúcio Rangel, amigo particular de Jacob, foi ao sarau e deu-lhe vontade de ir ao banheiro que ficava ao lado da sala onde se executavam os choros. Lúcio ficou numa dúvida cruel, pois se utilizasse o sanitário teria que puxar a descarga e faria barulho, coisa que Jacob não admitia em hipótese alguma. Conclusão, resolveu fazer o "serviço" no quintal, só que Jacob viu. Rangel foi suspenso pelo sisudo mestre do bandolim por trinta dias.
Em 1968, Jacob protagonizou ao lado de Elisete Cardoso, o Época de Ouro e o Zimbo Trio um espetáculo inesquecível realizado no Teatro João Caetano, gravado a princípio, em dois LPs. Depois de muitos anos foi lançado um terceiro, e, por fim, o lançamento em CD, só que fora do Brasil. Seu lançamento aqui aconteceu recentemente e integra uma coletânea de Elisete intitulada A faxineira das canções.
Jacob, que era magro, alto, voz grossa, 1,90 metro de altura e fumava perto de cinco maços de cigarro por dia, faleceu em 13 de agosto de 1969 vítima de infarto, no portão de sua casa, quando retornava da casa de Pixinguinha após um encontro musical.