Fotos: Divulgação
Por trinta anos o guitarrista John Cephas e o gaitista Phil Wiggins tocaram juntos o mais tradicional e profundo blues. Vinte e cinco anos mais velho que o parceiro, Cephas encontrou Wiggins quando ambos se apresentavam na área de Washington DC, acompanhando Big Chief Ellis. Nunca mais se separaram até a morte do guitarrista em 2009.
Tocavam o estilo Piedmont, uma espécie de blues tradicional nascido no sudeste dos Estados Unidos, nos estados da Geórgia, Carolinas (norte e sul) e Virgínia, muito em voga no começo do século passado.
O Piedmont style, que era o concorrente direto do blues do Delta, talvez a forma de música acústica norte-americana mais conhecida até hoje, possuía adeptos de peso como Blind Blake, Brownie McGhee, Blind Boy Fuller, Barbecue Bob, Blind Willie McTell e Reverend Gary Davis.
Cephas e Wiggins estrearam em disco em 1984, com Sweet Bitter Blues. Gravaram excelentes álbuns que ainda podem ser encontrados com facilidade: Shoulder To Shoulder, Somebody Told Me Truth, Homemade, Cool Down. Todos lançados pela Alligator Records.
Em 1986 ganharam o prêmio mais importante do blues, o WC Handy Award, com Dog Days of August. Vieram outros ao vivo que captam energia e atmosfera do som da dupla, entre eles, Walkin' Blues e Flip, Flop & Fly.
Phil Wiggins segue tocando com virtuose sua harmônica pura, sem nenhum recurso tecnológico acoplado a não ser o microfone.
Seu parceiro mais recorrente é o grande guitarrista e cantor Corey Harris, mas também atua com os guitarristas Rick Franklin, Nat Reese e John Wilkins.
Eugênio Martins Júnior – Você costumava ir à igreja com sua avó nas tardes de terça -feira ouvir as pessoas cantar e rezar. Foi a primeira vez que ouviu o blues?
Phil Wiggins – Quando jovem passei muitos verões em Tutsville, no Alabama, onde meus pais nasceram. Costumávamos ficar na casa da minha avó na mesma rua da igreja. Ela costumava me levar aos encontros nas tardes de terça. A mulher mais idosa da igreja costumava rezar e cantar. As músicas eram profundas e cheias de emoção e soavam como o mais puro blues, mesmo que as palavras tivessem conotação religiosa.
EM – Foi nessa época que sentiu a vontade de seguir por esse caminho? Quero dizer, tocar o blues tradicional.
PW – Sim.
EM – Havia alguma diferença entre a cena de Washington, onde você vivia, e a cena de blues do Alabama. Você sentiu um choque cultural? Ou isso não aconteceu?
PW – Em Washington DC conheci John Jaxon, John Cephas and Archie Edwards, guitarristas que tocavam no estilo de Piedmont. Esse era um estilo regional praticado nos arredores de Washington. Consiste em retirar a melodia das cordas médias enquanto os modelos graves são tocados com o dedão. No Alabama eu costumava ouvir mais o estilo do Delta.
EM – Em 1976 você se juntou a Big Chief Ellis, John Cephas and James Bellamy. Deve ter sido uma grande época, fale um pouco sobre isso.
PW – Nos conhecemos no The Smithsonian Folk Life Festival. Foi muito bom porque havia grandes músicos lá: Johnny Shines, Sunnyland Slim, Henry Townsand... costumavamos fazer jams no festival durante o dia e no Childe Herald a noite. Uma das melhores coisas em viajar e tocar em festivais com “Chiefe” (Ellis) era poder conhecer e tocar com grandes músicos por todo o sul.
EM – Sua parceria com John Cephas vem daí. Como é possível preservar uma parceria por todo esse tempo de estrada e tantos discos gravados?
PW – John e eu tocamos por 30 anos e viajamos por todos os continentes, exceto a Antártica. Ele é simplesmente o melhor músico que já conheci. Após tocar juntos por tantos anos, era como se pudéssemos ler a mente um do outro. Não sei se teria tempo em minha vida para aprender a tocar com outra pessoa como tocávamos juntos.
EM – E seu tempo com Flora Morton?
PW – Considero essa época como minha primeira experiência séria como músico. Era uma mulher pequena com uma inspiração gigante. Ela era cega que enxergava as coisas mais claras do que a maioria das pessoas. Era difícil de acompanhar e me ensinou ser um bom ouvinte.
EM – Eventualmente você toca com Corey Harris e acho que vocês são dois grandes nomes do blues atual. Está vindo algum disco por aí, como Shoulder To Sholder? Seria bem legal.
PW – Estamos nos preparando para gravar. Sairá alguma coisa em breve.
EM – Aqui no Brasil nós amamos nossas raízes culturais. Temos tantos ritmos musicais como nos Estados Unidos. Para você, qual é a importância do blues para a cultura americana?
PW – Acredito que o blues é a raiz de toda a música popular americana. E tenho sido testemunha que ele tem influenciado a música no mundo inteiro.
EM – Você conhece algum gaitista de blues brasileiro?
PW – Não conhecço por nome, mas tenho ouvido alguns grandes gaitistas brasileiros. A maioria gaitistas de jazz que usam a cromática. Amo a música brasileira e é um sonho visitar o país algum dia.
EM – Qual equipamento você usa no palco e nos discos?
PW – Toco harmônica de maneira acústica. Uso harmônicas Marine Bands e microfones (Shure) SM 57 ou 58.
Interview with Phil Wiggins
Eugênio Martins Júnior – You said that on thursday evenings you go to church with your grandma and heard then sings and prayer. That was the first time you met the blues?
Phil Wiggins – When I was growing up I spent many of my summers in Titusville Alabama where my mother and father were born. We would stay at my Grand Mother's house just down the street from her church. On Thursday eavenings they would hold prayer meeting. The elder women of the church would sing prayers and praises. The singing was very deep and soulful and the sound was pure blues even if the words were religious. Hearing this as a child, I fell in love with the sound of the Blues.
EM – It was that time you deicide follow that current? I mean, play the traditional blues?
PW – Yes
EM – How different was the Washington blues scene to Alabama in that time. How was this collision of cultures to young guy? Could you feel that? Or did not happens?
PW – In the D.C. area I met John Jaxon, John Cephas and Archie Edwards. All Piedmont style guitar players. This is the regional style that is closest to the D.C. area. It's a style of playing the guitar where a melody is picked out on the treble strings while an alternating bass pattern is picked with the thumb. In Alabama you would hear more of a Delta Style.
EM - In 1976 you joined to Big Chief Ellis, John Cephas and James Bellamy. Must be amazing times. Tell me about it.
PW - We met at the Smithsonian Folk Life Festival. It was great because there wwere so many great musicians there. Johnny Shines, Sunnyland Slim, Henry Townsand... We would jam at the Fest. all day and play at the Childe Herald nights. That was one of the best things about traveling and playing festivals with Chiefe. Meeting and jamming with great musicians from all over the south.
EM – Your partnership with John Cephas remains ever since. How it is possible to preserve that all this time, after so many records and gigs on the road.
PH - John and I played together for over 30 years and traveled to every contanent except Antarctica.
He is simpley the best musician I have ever known. After playing together for so many years, it was as if we could read each other's mind.I don't know if there is enough time left in my life to learn to play with someone els as well as we played together. I think this covers question 6 as well.
EM – And was your time with great Flora Molton?
PW – I consider playimg with Flora as my first seriouse experiance as a musician. She was alittle woman with a gigantic spirate. She was a blind woman who saw thing clearer than most people. She was hard to accompany and that taught me to be a good listener.
EM – Today you play in duo with Corey Harris. You are two great names of actual blues scene to me. There’s a record come? I mean like Shoulder to Shoulder? Will be great.
PW – Right now we are rehearsing in preperation for a new recording. Soon come!
EM – We are very enthusiast with roots culture here in Brasil. We got so many musical rhythms like USA. For you, how important is the blues to american culture?
PW - I believe that the blues is at the roots of all popular American music. And I have been a witnes to the fact that it has inflenced music all over the world.
EM – Do you know brasilian harp players? We have so many of then.
PW – I don't know them by name, but I have listened to several great Brasilian harmonica players. Mostly jazz played on the Chromatic. I love Brasilian music! It is a dream of mine to visit some day.
EM – Witch equipment do you use on stage and records?
PW – I play acoustic style harmonica. I play Marine Bands usually through an sm57 or 58 on a stand.
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