Foto: Adam Bettcher/Getty Images
Sempre fui um cara cheio de teorias. Uma delas é a de que o blues criou a soul music, como fez com muitas outras vertentes da música norte-americana, para a soul music influenciar o blues.
Explico. O blues é a matriz de todos os afroritmos, sejam eles religiosos, festeiros, sensuais ou contestadores. Nesse último caso, a soul music. Outro dia estava conversando sobre isso com o Igor Prado, guitarrista aqui do brasa que manja do assunto.
Os anos 60 foram o máximo para contracultura e para a construção das encruzilhadas musicais. E da consolidação de gravadoras pretas importantes como Motown, Stax, Atlantic Records.
Os casts desses empreendimentos continham tudo o que nós amávamos. E ainda amamos. Se liga só:
Motown: Marvin Gaye, Jackson 5, Stevie Wonder, Diana Ross, The Supremes, Lionel Richie, The Temptations, Martha and the Vandellas.
Stax: Staple Singers, The Bar Keys, Booker T. & the MG’s, Lou Marini, Donald Duck Dunn, Stevie Crooper e todos aqueles feras de estúdio.
E a Atlantic Records, comprada pela Warner e, cujo catálogo possuía Ray Charles, La Vern Baker, Ben E. King, Solomon Burke, Otis Reding, Doris Troy, Rufus Thomas, Don Covay, Esther Philips, Wilson Pickett, Percy Sledge, Sam Cooke e... Sam e Dave.
Sam & Dave
A dupla lendária ecoa até hoje como as vozes mais importantes e emblemáticas da soul music. Sam & Dave está para a cultura estadunidense como Tonico e Tinoco está para a cultura brasileira.
Em 1968, após o assassinato do reverendo Martins Luther King foram os artistas convidados a se apresentar em seu memorial devido à importância das suas presenças.
São os artistas que todos se inspiraram. De Os Irmãos Cara de Pau a The Commitments, que nós brancos passamos a conhecer por aqui, Sam Moore e Dave Prater (que morreu em 1988) são os caras que nos deram Soul Man, Hold On, I’m Comin’, Soothe Me, Come On, Come Over e a maravilhosa versão de We Can Work It Out e muitos mais hits.
Tudo isso pra dizer que morreu a lenda Sam Moore na última sexta-feira, dia 10 de janeiro, aos 89 anos em Coral Gables, na Florida.
Se hoje você ouve Bruce Springsteen, Michael Jackson e Al Green, e acha que eles são gênios, e são mesmo, é graças ao velho e grande Sam. Não aquele que costumam chamar de Tio.
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