sábado, 6 de maio de 2023

De Samara a Joy a Kraftwerk, primeira edição do C6 Fest reúne músicos de muitas vertentes em São Paulo e Rio de Janeiro

 O C6 Fest estreia no calendário cultural do país oferecendo ao público uma programação lembra muito o finado Heineken Concerts no queisto diversidade. O evento acontece entre os dias 18 e 20 de maio, com mais de duas dezenas de atrações, algumas delas, inéditas em palcos brasileiros.

Samara Joy

Fruto de uma parceria entre o C6 Bank e a Dueto Produções, que, se não me falha a memória foi a mesma produtora do citado Heineken, o novo festival reunirá nomes consagrados e revelações da música mundial, provenientes de dez países e quatro continentes, em gêneros que vão do jazz ao rock, do soul à música eletrônica, da MPB à world music. Tudo em quatro espaços e instalações distribuídos dentro do Parque Ibirapuera, palco de vários festivais na capital paulista. O Rio de Janeiro receberá uma versão compacta do festival entre 18 e 20 de maio, no Vivo Rio.

Kraftwerk

O line-up elenco traz vencedores de inúmeros prêmios Grammy nos últimos anos, como a banda The War on Drugs, o cantor, compositor e instrumentista norte-americano Jon Batiste, que levou cinco troféus em 2022, e sua conterrânea Samara Joy, eleita a cantora revelação e melhor voz de jazz na cerimônia deste ano. Também são destaques  Arlo Parks, Black Country New Road, Blick Bassy, Caetano Veloso, Christine and the Queens, Dry Cleaning, Kraftwerk, Underworld, Weyes Blood e Xênia França, entre muitos outros, bem como shows temáticos criados especialmente para o evento.
“Procurei a Dueto com a ideia de criar um festival que resgatasse o legado do Free Jazz, evento que sempre fez parte da minha memória afetiva. Conseguimos reunir artistas consagrados e novos nomes da cena mundial no C6 Fest, que também deve entrar para a história dos festivais de música. Vamos oferecer aos nossos clientes vantagens exclusivas para assistir a shows imperdíveis", disse Alexandra Pain, head de marketing do C6 Bank.
O elenco foi escolhido minuciosamente por alguns dos mais antenados especialistas e pesquisadores do país, atentos ao que há de mais instigante na cena da música contemporânea. A Dueto manteve a espinha dorsal do time de curadores dos festivais predecessores, com Hermano Vianna, José Nogueira, Pedro Albuquerque e Ronaldo Lemos, além de promover a estreia de Felipe Hirsch no grupo. Zuza Homem de Mello, que esteve à frente da curadoria desde a primeira edição do Free Jazz, terá um show em homenagem à sua memória no C6 Fest.
“O festival insiste em renascer e isso é maravilhoso, gratificante. Sentíamos falta de algo na linha do que havíamos criado lá atrás, com programações especificas em ambientes também distintos”, explica Monique Gardenberg, diretora e fundadora da Dueto. “O festival sempre possuiu na sua concepção original, em 1985, a ideia de unir um ou dois nomes consagrados a talentos novos, inéditos, que despontavam no panorama da música mundial. É quase um festival de formação musical, para nós e para o público. Tudo tem a ver também com a sensibilidade de quem patrocina e topa esse formato, como o C6 Bank”, continua Monique.
Para hermano Vianna, o que prevaleceu foi o ecletismo do time de curadores. "Gostamos de misturas surpreendentes. É um trabalho também um tanto mediúnico: não fazemos o festival para nos agradar, tentamos adivinhar o que o que o público quer ver e muitas vezes nem sabe que quer ver. É criação coletiva o tempo todo”, conta Hermano Vianna. “O mundo mudou muito do Free Jazz para cá. Antes a circulação das informações era mais centralizada pelas gravadoras, que influenciavam todo o panorama musical global. Hoje está tudo bem fragmentado, com muitas bolhas diferentes com sucessos e novidades distintas. Adoramos furar bolhas e colocar mundos diversos em contatos imediatos. Não há mais fronteiras claras entre o que antes se chamava de mainstream e de underground”.

Nomade Orquestra

As atrações
Expoentes da música africana, o camaronês Blick Bassy traz a sonoridade moldada pela fusão da cultura bassa com referências de soul e blues, e o nigerense Mdou Moctar, conhecido como o “Hendrix do Saara”, apresenta o gênero batizado de “blues do deserto”, que promove a interseção entre a cultura tuaregue e o pop contemporâneo.

O novo indie é representado no C6 Fest pelas incensadas bandas britânicas Black Country, New Road e Dry Cleaning, ambas adeptas do canto falado; pela musa da cena contemporânea, Weyes Blood, com sua música experimental e psicodélica; e pelo rock norte-americano do já renomado The War on Drugs. Comandado pelo cantor transsexual Chris, o grupo francês Christine and the Queens apresenta no festival o som que faz a ponte entre o indie e o pop. 

A programação traz três pioneiros da música eletrônica. Formada em 1970, a banda alemã Kraftwerk, nome mais influente do gênero, faz a estreia mundial de sua nova turnê no C6 Fest; os galeses do Underworld, revolucionários da cena britânica no final dos anos 1980, tocam suas composições atmosféricas e progressivas; e o Model 500, capitaneado pelo norte-americano Juan Atkins, mostra no festival o som que deu origem ao “techno”, termo criado por ele.

Na mesma linha dos festivais anteriores produzidos pela Dueto, o jazz e suas diversas vertentes ocupam uma fatia considerável do lineup. O programa é encabeçado pela jovem cantora nova-iorquina Samara Joy. Com 23 anos e já considerada uma das grandes vozes do gênero, conquistou dois prêmios na última edição do Grammy, nas categorias revelação e álbum de jazz vocal.

O trio inglês The Comet is Coming, liderado pelo saxofonista Shabaka Hutchings, leva ao palco sua fusão de jazz, funk e eletrônica, enquanto a sua conterrânea Nubya Garcia, também no sax, apresenta a sua versão do estilo que mistura influências de Sonny Rollins e John Coltrane com o dub e ritmos latino-americanos. 

Sensação da internet, o jovem duo Domi & JD Beck, tecladista francesa e baterista americano, respectivamente, ratifica no festival por que são hoje considerados dois prodígios do jazz rock progressivo.  Evidência de que a música atravessa qualquer fronteira, o pianista armênio Tigran Hamasyan promove com o seu trio um diálogo entre a tradição e folclore do leste europeu com sonoridades contemporâneas, do jazz ao heavy metal. Improvisador nato e conhecido pela coragem de misturar estilos, tempos, tonalidades e texturas que transitam entre o jazz, a música clássica e o pop, o guitarrista californiano Julian Lage completa a programação dedicada ao gênero.

Os shows temáticos, uma das marcas da primeira edição do C6 Fest, foram criados pela curadoria exclusivamente para a homenagear a música brasileira no festival. No tributo a Zuza Homem de Mello, a Orquestra Ouro Negro convidará ao palco Fabiana Cozza, Gabriel Grossi e Mônica Salmaso para um repertório de canções de Moacir Santos, um dos compositores mais admirados pelo musicólogo, reconhecido ao longo da vida como um dos mais relevantes jornalistas do gênero no país.

O ano de 1973 foi histórico para a produção fonográfica brasileira, vide os álbuns Araçá Azul, de Caetano Veloso, Todos os Olhos, de Tom Zé, Nervos de Aço, de Paulinho da Viola, e Pérola Negra, de Luiz Melodia, Krig Ha Bandolo, de Raul Seixas, e o álbum de estreia do Secos & Molhados, entre outros. Para celebrar o cinquentenário dos lançamentos, o festival montou um projeto liderado por Kiko Dinucci e Juçara Marçal, que convidam ao palco Arnaldo Antunes, Tulipa Ruiz, Linn da Quebrada, Jadsa e Giovani Cidreira para interpretarem um roteiro que amarra conceitualmente todos esses trabalhos.

Compositor e vocalista da banda O Terno, o multi-instrumentista Tim Bernardes homenageia a trajetória de Gal Costa com um show dedicado inteiramente ao seu repertório. O paulistano participou do último disco lançado por ela (Nenhuma Dor), na faixa Baby, e também de sua última apresentação, em setembro de 2022, dois meses antes da morte da cantora.

Na vanguarda da música brasileira, a cantora e compositora baiana Xênia França faz um tributo aos sons da diáspora negra, numa fusão de soul, jazz, samba e R&B, e o grupo Terno Rei apresenta no Rio de Janeiro a turnê de seu disco mais recente, Gêmeos, de 2022, que teve ótima repercussão da crítica especializada.

O cantor Russo Passapusso (Baiana System) e a Big Band Nômade Orquestra, projeto criado no ABC paulista há mais de dez anos, convidam o cantor BNegão (Planet Hemp e Seletores de Frequência) e a cantora Kaê Guajajara para um repertório que mistura jazz, funk e rock, a marca registrada do som do grupo.

A programação nacional se consolida na voz de um dos mais importantes cantores e compositores da história da MPB. Aos 80 anos e com quase 60 de carreira, o sempre relevante Caetano Veloso leva ao festival o show de Meu Coco, seu último álbum, o 30º de estúdio de sua trajetória.

O C6 Fest resgata também o espaço comum a todos os palcos, o histórico Village, e celebra uma parceria inédita com o Grupo Tokyo, que assina uma curadoria de Djs para o festival: Disco Tehran, Gop Tun Djs, Pista Quente, Festa Luna, Feminine Hi-Fi, Selvagem, Deekapz e Cremosa Vinil.

A programação
A programação paulistana do C6 Fest ocupará as plateias interna e externa do Auditório Ibirapuera; uma grande tenda instalada no parque; e o prédio modernista Pacubra – Pavilhão das Culturas Brasileiras, que abrigará a seleção de DJs e parte da área de convivência do público.

Tulipa Ruiz

Os espaços

Tenda Heineken - Com capacidade para 5 mil pessoas, a tenda sediará de sexta a domingo 11 shows de atrações que representam os mais variados gêneros musicais, nove dos quais pela primeira vez no país.

Auditório Ibirapuera - Com capacidade para 800 pessoas e programação somente na sexta e no domingo, a plateia interna do Auditório Ibirapuera será o palco de sete espetáculos. O teatro concebido nos anos 1950 por Oscar Niemeyer, mas somente erguido em 2005, receberá apresentações com caráter mais intimista, encabeçadas por alguns dos nomes mais representativos do jazz contemporâneo.

Plateia Externa do Auditório Ibirapuera - O palco reversível localizado no fundo do Auditório Ibirapuera e de frente para um enorme gramado do parque comporta até 10 mil pessoas. O espaço com maior capacidade de público do festival receberá no sábado atrações renomadas da música eletrônica e no domingo dois shows temáticos com grandes nomes da música brasileira, além do espetáculo mais recente de Caetano Veloso. 

Pacruba – Pavilhão das Culturas Brasileiras - Com capacidade para 2 mil pessoas, o Pacubra é o prédio modernista assinado por Oscar Niemeyer e vizinho ao edifício mais famoso projetado pelo arquiteto no parque, o da Bienal. Enquanto o subsolo hospedará um lineup de badalados DJs de todo o mundo, o térreo – intitulado Village – será o ponto de encontro do público, com praça de alimentação, experiências e ativações.

Serviço

Ingressos São Paulo
Passaporte para os três palcos nos três dias de evento: R$ 3.500,00 (inteira) / R$ 1.750 (meia)
Combo Tenda Heineken (dá acesso aos três dias de shows na tenda): R$ 1.460,00 (inteira) / R$ 730,00 (meia)
Combo Jazz (dá acesso aos dois dias de shows na plateia interna do Auditório Ibirapuera): R$ 1.000,00 (inteira) / R$ 500,00 (meia)
Combo Plateia Externa (dá acesso aos dois dias de shows na plateia externa do Auditório Ibirapuera): R$ 960,00 (inteira) / R$ 480,00 (meia)

Preços por palco (por dia, com direito a acesso ao Pacubra/Village):

Tenda Heineken – R$ 540,00 (inteira) / R$ 270,00 (meia)
Auditório Ibirapuera (plateia interna) – R$ 560,00 / R$ 280,00 (meia)
Auditório Ibirapuera (plateia externa, sábado, dia 20/05) – R$ 680,00 (inteira) / R$ 340,00 (meia)
Auditório Ibirapuera (plateia externa, domingo, dia 21/05) – R$ 380,00 (inteira) / R$ 190,00 (meia)
Pacubra / Village (área de convivência e subsolo com Djs) R$ 180,00 (inteira) / R$ 90,00 (meia)
C6 Fest - Programação por dia no Vivo Rio
Quinta, 18 de maio

21h00 - Kraftwerk
22h30 - Underworld
Sexta, 19 de maio

20h00 - Domi & JD Beck
21h10 - Samara Joy
22h25 - Jon Batiste
Sábado, 20 de maio

19h00 - Terno Rei
20h15 – Black Country, New Road
21h45 – The War on Drugs
Ingressos Rio
Combo Rio (acesso de pista aos três dias de show): R$ 1.400,00 (inteira) / R$ 700,00 (meia)

Preços por Dia:

Pista – 520,00 (inteira) /260,00 (meia)
Camarote A (sentado) – R$ 620,00 (inteira) / R$ 310,00 (meia)
Camarote B (sentado) – R$ 580,00 (inteira) / R$ 290,00 (meia)
Balcão (sentado) – R$ 520,00 (inteira) / 260,00 (meia)
Frisa (sentado) – R$ 500,00 (inteira) / 250,00 (meia)

Programação por dia no Vivo Rio
Quinta, 18 de maio

21h00 - Kraftwerk
22h30 - Underworld
Sexta, 19 de maio

20h00 - Domi & JD Beck
21h10 - Samara Joy
22h25 - Jon Batiste
Sábado, 20 de maio

19h00 - Terno Rei
20h15 – Black Country, New Road
21h45 – The War on Drugs
Ingressos Rio
Combo Rio (acesso de pista aos três dias de show): R$ 1.400,00 (inteira) / R$ 700,00 (meia)

Preços por Dia:

Pista – 520,00 (inteira) /260,00 (meia)
Camarote A (sentado) – R$ 620,00 (inteira) / R$ 310,00 (meia)
Camarote B (sentado) – R$ 580,00 (inteira) / R$ 290,00 (meia)
Balcão (sentado) – R$ 520,00 (inteira) / 260,00 (meia)
Frisa (sentado) – R$ 500,00 (inteira) / 250,00 (meia)

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