quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Crescemos assistindo Alan Parker

Parker e Rourke no set de Angel Heart (1987)

Na manhã da sexta-feira, 31 de julho de 2020, as redes sociais bombaram a notícia sobre a morte do diretor Alan Parker. A comoção toda mostra o quanto o diretor britânico era popular. Na faixa etária dos 50, todos crescemos assistindo Alan Parker. 
E a minha primeira experiência nos cinemas de Santos com o diretor foi o proibido Midnight Express (1978). Drama pesado sobre drogas e cadeia com Brad Davis, Bo Hoskins, John Hurt e roteiro de Oliver Stone. Exibido no Brasil cheio de ressalvas por causa da ditaduta. Devo ter feito alguma falcatrua pra conseguir entrar no filme essa época. Fiz váaaaarias.
Meu segundo Alan Parker foi Fame (1980), filme muito mais leve, mostrava as desventuras de jovens pretendentes à carreira artística com uma trilha sonora bem legal. A cena do intervalo na cantina, com aquela malandro com as baquetas, fica na nossa memória pra sempre.
O estrondoso The Wall (1982), todo mundo lembra, foi baseado no disco conceitual da banda Pink Floyd, uma das mais populares do mundo. É um musical que mostra a tragédia da guerra e a opressão do sistema de ensino britânico. Bob Geldof é o protagonista.
Birdy (1984), com Matthew Modine e Nicolas Cage (com atuação impecável de Cage, antes de se transformar num daqueles justiceiros das telas que os americanos adoram), conta a história de dois amigos suburbanos – quase white trash – enviados ao Vietnan para lutar por valores que eles não usufruem. Filme com atmosfera triste e perturbadora acentuada pela música de Peter Gabriel.
Meu preferido, Angel Heart (1987), mostra a procura do cantor Johnny Favorite pelo detetive Harry Angel. Contratado por Louis Cyphre (Lúcifer?), Angel mergulha no perigoso mundo das artes ocultas e da sua prórpia degradação. O pano de fundo é uma New Orleans que pouco conhecíamos até então, uma cidade com subúrbios sombrios e pobres, onde a prática do vodú suplanta seu lado musical e festivo. Super elenco com Mickey Rourke, Robert De Niro, Charlotte Rampling e a jovem Lisa Bonet. O filme traz ainda nomes do blues como Brownie McGhee, Sugar Blues, Pinetop Perkins e Lillian Boutté. A trilha sonora é de Trevor Jones, que também responde por Mississippi Burning.
Em Mississippi Burning (1988), Parker volta ao sul dos Estados Unidos pra mostrar o lado racista daquela sociedade doente. Gene Hackman e Willen Dafoe seguem o rastro de quatro ativistas de direitos civis “desaparecidos” no cafundós de um dos estados mais racistas da América.
“Os Irlandeses são os negros da Europa e os dublinenses são os negros da Irlanda”. Com essa premissa, Parker conta a história de um grupo de jovens que se reúnem para levar avante sua paixão, a música, montando uma banda de soul music em plena Irlanda. The Commitments (1991) é sobre uma viagem ao universo de Wilson Pickett, Otis Redding, Sam Cooke e outros baluartes da soul music reinam na trilha. 
Parker fez outros filmes, mas nem vi. Evita, dizem, é ruim. Prefiro ficar com os legais.

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