terça-feira, 29 de outubro de 2019

O novo jazz da capitania de Pernambuco, Amaro Freitas Trio

Hugo Medeiros, Amaro Freitas e Jean Elton (foto: divulgação)

Textos e fotos: Eugênio Martins Júnior

A primeira vez que ouvi o nome do Amaro Freitas foi com o lançamento do Racif, em 2018. Como o sangue negro derramado todos os dias nas perifas aqui no brasa, Sangue Negro, seu primeiro trabalho, também foi ignorado pela mídia gorda.
Foi mesmo quando Racif ganhou as páginas das revistas da gringa que o Brasil começou a se ligar nessa galera nova que vem lá da capitania de Pernambuco: Amaro Freitas (piano), Jean Elton (baixo acústico) e Hugo Medeiros (bateria).
Racif, Arracif, Arrecife, Recife - cidade estuário, como a descreveu Fred Zero Quarto, do Mundo Livre S/A - com porto, canais, chapada de periferias e com todas os problemas de uma capital.
E Amaro, Elton e Hugo fizeram a trilha sonora para esse filme. Uma música forte, cheia de polirritmias, atitude e genialidade.
Amaro fugiu da sanfona bucólica e do samba jazz saltitante pra contar, batucando nas teclas do piano, a sua própria história.
O primeiro álbum, Sangue Negro, é um chute na cara da preguiça. Todas as músicas são autorais, mas ainda fincadas nas raízes culturais de sua Recife. Encruzilhada abre o disco e a gente logo saca que tem veneno ali naquele frevo.
Sangue Negro colocou Amaro Freitas Trio no mapa. Subindo o Morro começa quebrada como uma viela, mas logo chega o tema e ali o trio mostra que também sabe ser introspectivo quando quer. Sangue Negro fecha o álbum e é impossível não ver ali a cizânia racial em que estamos metidos. Ouça você mesmo e depois me fale.
Como a cidade estuário, Racif, como já foi dito, já veio aberto para o mundo. O jazz livre come solto ao longo das nove faixas lançadas pelo selo inglês Far Out: Dona Eni, Trupé, Paço, Rasif, Mantra, Aurora, Vitrais, Plenilúnio e Afrocatu.
Fiz essa entrevista com o Amaro em setembro de 2019, por ocasião de um show do trio aqui em Santos. Cidade estuário, cheia de canais, com porto, chapada de periferias escondidas atrás dos morros e com muitos problemas ignorados há décadas.


Na mesma semana, o Sesc Santos inaugurou a exposição Pret Atitude, com curadoria do arquiteto Claudinei Roberto da Silva. Demos um rolê e expliquei que aqueles eram artistas brasileiros que usam a exclusão racial/social como tema de seus trabalhos. Amaro identificou a arte urbana de Aline Motta, Marcelo D’Salete, Peter de Brito, No Martins, Rosana Paulino, todos na mostra, com a sua. E pirou.



Eugênio Martins Junior – Me conte, como é que foi que você fugiu da sanfona?
Amaro Freitas – (risos) A sanfona é o instrumento que representa Pernambuco e o nordeste. E eu toco piano. E esse tocar piano não é no formato que as pessoas estão acostumadas, erudito ou popular. Toco como se fosse uma percussão. Que também é uma característica muito forte do nordeste. Tem algumas coisas que eu poderia dizer que são fundamentais na minha música. O lirismo, por conta da minha formação dentro da igreja. Igreja de periferia, canela de fogo, aquelas pentecostais. Meus pais são evangélicos. Tive contato muito forte com o ritmo e quando percebi que poderia fazer isso no piano foi uma coisa que me seduziu. Estudo muito isso, clave, ritmo negativo, polifonia. Harmonia também é uma das coisas que me apaixona. Me formei em harmonia tradicional, em produção fonográfica na Universidade AESO e criei uma ligação com piano de um trabalho inteligente, dez a doze horas de estudo. Tentando chegar nesse caminho. Claro, sendo influenciado por várias coisas locais de de fora. Mas tentando encontrar uma originalidade que é minha.

EM – Fala um pouco sobre a tua infância.
AF – Minha vida toda foi uma ralação. Vim de uma periferia chamada Nova Descoberta, que é na zona norte do Recife, e lá na minha escadaria, que ligava o Córrego do Eucalipto ao Alto do Progresso, só eu e um outro cara tínhamos pai. A maioria dos moleques e das meninas não tinham pai nesse lugar. E isso influencia na probabilidade do que será o futuro daquela criança. As mães saiam para trabalhar e não sabiam como ficariam os filhos. Tive pais que fizeram tudo por mim. Da escola particular até a quarta série e só me deixaram trabalhar depois dos 19 anos. Muita coisa fiz por minha conta. Meu pai não conseguia fazer tudo. Mas entendi isso aos 15 anos, quando entrei no conservatório e ele não podia pagar. Então me sinto como uma pessoa que quer fazer algo pelas periferias. Onde as informações não chegam. As vezes as pessoas não sabem o que é um piano. Talvez não saibam o que é uma sanfona. Talvez não saibam o que é música popular e música erudita. E isso é um problema muito sério. Não quero ser uma exceção. “Ahh você teve mérito e conseguiu”. Porra nenhuma. Não existe isso. Tive oportunidade, uma base familiar, como todos deveriam ter. E isso está totalmente ligado ao tipo de construção social que a gente tem no Brasil.


EM – Desde o império que Pernambuco é um dos estados mais importantes do Brasil. Em todos os sentidos, político inclusive. E também é um lugar onde músico bom cai de árvore. Como você sente isso? Quero dizer: “cara eu faço parte disso”. Ou: “pô, é pesadão representar essa tradição”. Ou é: “não, eu tô aqui justamente por causa disso”. 
AF – Sim. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro são três lugares fundamentais para a nossa formação cultural. E de uma forma natural, eu diria, sempre surge alguma coisa. Não há uma galera em Pernambuco que está tomando conta da cultura e que está procurando novos caminhos e etc. Isso não existe. É uma coisa que aflora e vem dos lugares que você menos imagina. Da minha formação no piano na Nova Descoberta ao Moacir Santos, Alceu Valença, Lenine, Cordel de Fogo Encantado, Spok Frevo, Maestro Forró e Orquestra da Bomba do Hemetério. A coisa nasce. A gente tem lá a dificuldade de viver da música. Moro em Pernambuco, mas circulo muito mais fora. A maioria das pessoas têm de descer para São Paulo. Mas eu consigo morar lá, estou nessa linha do tempo, o que surgiu foi o Zé Manoel, o Vitor Araújo, a Sofia Freire, uma nova geração de pianistas. Fora a cena brega de Pernambuco que está bombando. O rap também, o slam das minas é uma coisa que também é muito forte. E de repente nasce uma geração de quatro pianistas. Cada um com um jeito de tocar. Coisa que nunca aconteceu. Ninguém planejou. Somos consequência dessa vastidão cultural que é Pernambuco.

EM – Fazendo uma analogia Recife pode ser comparada a New Orleans, onde um vizinho toca um instrumento e o outro toca outro. E os dois ouvem o ensaio um do outro, e o cara que passa na rua está procurando dois músicos e ouve aquilo. É uma cidade cultural ao extremo. 
AF – (risos) Isso que você está falando é muito doido porque o Wynton Marsalis esteve lá e fizemos um comparativo temporal entre o frevo e o jazz. As agremiações, as manifestações nas ruas. Cara, estava acontecendo no mesmo momento em New Orleans e em Recife. Como acontece hoje. A conexão é muito forte. Poderíamos dizer que o centro da minha música é o ritmo, a polirritmia. O mesmo está acontecendo com uma galera em Israel, Europa, Estados Unidos, África, Oriente. Temos o Bad Plus, Avishai Cohen, usando a matriz do país deles. Fizemos umas turnês pela Europa e Estados Unidos e percebi que estamos na mesma sintonia, estamos nos comunicando.


EM  –  Estava vendo a passagem de som e lembrei que você começou a tocar na igreja evangélica. Entrevisto muitos blueseiros e alguns deles também começaram a carreira na igreja, ou têm a influência dela. Pra você o palco é uma igreja? Tu ali tocando com os outros músicos é uma celebração? Como John Coltrane, Santana, John McLaughlin. Ou, cara não viaja. Não tem nada a ver?
AF – Acho que a música é um portal pra se conectar através da espiritualidade, como muitas coisas. Depende da tua sensibilidade. Eu entendi que o palco era meu lugar sagrado. Sabe aquela pessoa que trabalhou o mês inteiro e não tem dinheiro para pagar as contas e está aperreada? Aí ela chega na igreja e naquelas duas horas se joga, chora, canta, grita e sai renovada. Pronto, pra mim esse é o palco. Pra mim a música é totalmente diferente do que é o padrão do mercado. Gosto do laboratório, mas de tentar levar alegria às pessoas. E receber a boa energia delas. E o palco também é o espelho do público. É incrível, quando comecei a pensar assim as coisas começaram a acontecer. Observo isso de uma forma muito séria. 

EM – Como se deu a parceria com o selo inglês que lançou Racif?
AF – Eles trabalham com música brasileira, já tem uma galera, Marcos Valle, Joyce Moreno, Hermeto Pascoal, Azymuth. E meu empresário é um cara altamente antenado. Conseguiu entrar em contato com a Far Out e começamos a negociar um disco. Essa parceria tem um objetivo e com isso tenho conseguido mais espaço, com uma agenda de shows, turnês internacionais. A parceria surgiu por causa da sonoridade do trio, mas com o profissionalismo que ganhamos com a chegada da 78 Rotações, que é a empresa que nos representa. 

EM  –  Estou reunindo entrevistas para um livro que pretendo lançar um dia, sei lá quando, e que vai se chamar Do Samba ao Jazz. Se esse livro tiver 300 páginas e levando em conta que o samba está na página 01 e o jazz na página 300, onde fica a música de Amaro Freitas. Pesa mais pra que lado?
AF – Acho que o Amaro fica pós samba jazz. O jazz do Brasil é muito conhecido lá fora pelo samba jazz. O nosso trabalho está cada vez mais virando uma música livre. A gente traz outras questões, como também a cara do Brasil. Está inclusive virando uma bússola para as pessoas da nova geração que percebe que é possível tocar assim. Sem ser só o samba jazz. Fazer uma outra música, um repertório alternativo. “E se eu quiser fazer um afrocatu jazz? Ou um frevo jazz?”. Com esse formato de piano, baixo e bateria. É curioso isso que você está perguntando , porque saiu uma matéria numa revista da Itália chamada Música Jazz, e na revista Down Beat com os 50 melhores discos de 2018 e o Racif, meu segundo disco entrou. Todas as revistas falavam sobre isso. Que Amaro Freitas não é a música que estamos acostumados a ouvir, o samba jazz e a bossa nova. Que está preocupado com outras matrizes, o Racif que é uma palavra árabe. O Trupé, que é uma modalidade de coco que nasce na cidade de Arcoverde e é tocado com uma sandália de madeira em cima de um tablado de madeira. Então acho que Amaro Freitas poderia ser a última página do livro. (risos).


EM – Quando escuto Sangue Negro tenho a impressão que vocês começam ali conversando através dos instrumentos e  depois passam a discutir e a brigar. É muito louco. Nessa música você está falando sobre a tua herança genética e cultural. Ou do sangue negro derramado todos os dias no Brasil? Ou os dois?
AF – A música é uma representatividade muito forte. Primeiro a gente troca um afro jazz, depois um be bop, um subgênero do jazz desenvolvido pelos negros. O John Coltrane é uma das principais figuras. A gente tem um momento de agonia mesmo. Começa com tam tam tam e eu entro com a clave afro. Caramba. É negro mesmo. Depois vem a confusão, porque de repente o mundo resolveu esculachar com os negros. É a parte da confusão que vocês falou. Cada um vai para um lado. A vida bagunçou, velho. O negro é escravizado e perde a sua identidade. E pensar que em alguns países da África tem a Sankofa, um pássaro, um símbolo da ancestralidade, mas que tem dois olhos. Ele olha para o futuro. E quando você tira as pessoas do lugar, elas já não tem mais a ligação com a sua cultura. A música traz essa agonia e sofrimento mesmo. Quando a gente termina está literalmente com o sangue quente, pulsante. Mostrando na pele o quanto é difícil ser negro nesse mundo. O quanto, por ser negro, você já está dez a menos do que um branco. Ou que você tem de ser dez vezes mais. Perfeito, preparado, elegante... 

EM – Mantra, do Racif, me chamou a atenção por causa do jeito freefrevojazz. É realmente muito diferente. Aí você pensou, “nesse disco vou mesmo é tocar o terror no free jazz.
AF – É um outro tipo de mantra.  A gente tem o mantra como uma música calma. Que você fica ali ouvindo pra entrar em algum transe. Só que esse é um mantra urbano. É o cara que mora ali perto do viaduto, o cara que mora do lado da pista. A nossa vida urbana é aquela realidade. Mantra é uma música livre, ela não tem um rótulo. Como assim? Ela nem é samba e nem é frevo. Linhas de baixo, de piano e eu vou improvisando em cima de estruturas matemáticas e ritmicas, o que é um outro conceito de improvisação, não dentro do campo harmônico, melodias cantáveis e tal. É um outro conceito o mantra. Paço é um frevo que entra no disco que é cheio de isorritmia e polirritmia. A gente leva o frevo pra outro lugar. Na hora do improviso ele vira um jazz classudo. Dá uma virada de chave que ninguém espera. Acho que essas músicas estão totalmente relacionadas ao tempo que a gente vive. Na minha cabeça a música é atemporal quando ela tem dois episódios. Quando é muito original e quando demarca seu tempo. Quando você escuta Beethoven, Villa Lobos, Moacir Santos, Naná Vasconcelos, Johnny Alf a música te leva pra um tempo e um espaço. E você consegue ser transportado. Mas ao mesmo tempo não tem como pensar em Beethoven nos dias de hoje. O que acontece na nossa música é que existe um trabalho de pesquisa muito grande, uma dedicação ao trabalho autoral. E a gente consegue perceber essa diferença gigante entre Sangue Negro e Racif. Vivemos em dois anos realidades distintas. Essa música representa um novo ar, um novo Brasil, pra uma coisa que já tá sendo feito. No samba, no maracatu, no frevo. Só que com outro olhar.



EM –  Resolveu peitar com jazz autoral essas gravadoras e TVs que despejam os “produtos” delas todos os dias nos meios de comunicação?    
AF – Aos 15 anos ganhei o CD do Chick Corea. Até então só tinha tido contato com a música da igreja. Quando escutei aquilo disse: “Minha Nossa Senhora, como alguém pode tocar assim?”. Só ouvia: “Ó óóóó, glória. Glória a Deus nas alturas!”. Aquilo foi uma facada no meu coração. Chick Corea foi o autor que me impulsionou a querer viver de música.

EM – Um dia tu vai contar isso pra ele.
AF – Já falei no Montreux Jazz Festival. Retomando, tive um professor que disse que talvez eu não conseguisse fazer logo o estava querendo. Disse que o importante é que eu entrasse no mercado. Para depois selecionar o que queria. Foi o que fiz. Toquei em banda autoral, banda de brega, em restaurante, mas aí você fica experiente. Até com relação a grana, com o próprio negócio. Quando encontrei esses caras foi um casamento, porque eles estavam para a música autoral. O que é legal que não tem nada de surfar na onda do outro. De pegar um grande nome. É uma coisa honesta. Nos encontramos todas as semanas para ensaiar e aí passa os trechos e aí fala da mãe, da esposa, do cachorro. Volta ao ensaio. E a gente conseguiu colocar a unidade de grupo no trabalho. As pessoas comentam isso com a gente. Há grupos excelentes, mas que não soam como se fosse uma unidade. Po que todo mundo toca com todo mundo. A gente precisa de tempo para fazer a música que queremos fazer. É possível viajar e voltar pra Recife. Na mesma semana eu toquei no Montreux, o Sesc Instrumental, no Consolação, e o This is Club, no Lincoln Center. Sabe a importância de voltar pra Recife? Quantas pessoas perdem essa referência. “Pô, o cara tá tocando em Nova Iorque. Nunca mais vou ver”. Estamos fazendo uma música que o mundo está ouvindo. É possível. A ideia do “é possível”, se perdeu. Às vezes o músico toca com o grande artista e esse é o trabalho sério. E aí grava um álbum instrumental por diversão. Não, velho. Posso ser o protagonista e só fazer meu trabalho e torná-lo sustentável. Então vou estudar muito. Vou fazer o novo. Não que seja ruim gravar os standards, Tom Jobim, etc. Mas a vida é só ida. Não podemos passar tanto tempo tocando a mesma coisa. Por que às vezes nem é mais desse tempo. O tempo já está necessitando de “outra” coisa que seja coerente com ele.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Novembro chega com música em Ilhabela

Muito soul, jazz, blues e MPB em dois finais de semana na ilha mais legal do litoral norte

 
Cesar Camargo Mariano

Na primeira semana de novemnbro, Ilhabela recebe em 10 dias várias atrações no Bourbon Festival Ilhabela.
O Palco Vila e os demais, espalhados pelas praias da cidade, vão receber artistas do jazz, blues, soul, R&B, folk e música brasileira, em dois finais de semana, com shows gratuitos e ao ar livre. 
Serão mais de 20 shows de 10 artistas. Um dos grandes destaques desta 1ª. edição é o pianista, radicado nos Estados Unidos, Cesar Camargo Mariano, que traz seu talento, acompanhado de septeto, e assina a parte jazzística do festival. Outros grandes nomes completam o line up: Zeca Baleiro, em companhia de Roberta Campos, representam dois estilos: o folk e a música brasileira, com repertório criado para o evento. Ed Motta se junta a Serial Funkers e dão um banho de balanço, apresentando o melhor do soul e a black music. O blues e o r&b entram no repertório do Blues Beatles, banda de carreira internacional, que acompanha o mais recente vencedor do The Voice Brasil da Tv Globo: Tony Gordon.
O festival ainda conta com Buskers, performances e shows das bandas Orleans Street Jazz Band e Folk it All, que levam música também para outros pontos da Ilha, e encerram o festival no último domingo, no Palco da Vila.
O Bourbon Festival Ilhabela é uma realização da Prefeitura de Ilhabela através de sua Secretaria Municipal de Turismo.

Programação:  

01/11 - Sexta-feira
Diversos Locais
14h - Orleans Street Jazz Band 
Palco Vila
19h30 - Banda Local
21h - Cesar Camargo Mariano

02/11 - Sábado
Diversos Locais
11h - Orleans Street Jazz Band
Palco Vila
19h30 - Banda Local
21h – Zeca Baleiro com Roberta Campos em Baile do Baleiro

03/11 - Domingo
Diversos Locais
11h - Orleans Street Jazz Band
Palco Vila
19h - Banda Local
20h30 – Serial Funkers com Ed Motta

08/11 - Sexta-feira
Diversos Locais
14h – Folk it All
Palco Vila
19h30 - Banda Local
21h – Blues Beatles & Tony Gordon

09/11 - Sábado
Diversos Locais
11h – Folk it All
Palco Vila
19h30 - Banda Local
21h – Atração a ser confirmada

10/11 - Domingo
Diversos Locais
11h – Folk it All
Palco Vila
19h - Banda Local
20h30 – Folk it All

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Orquestra Tom Jobim fecha 2019 com Guinga e Clube da Esquina

Sob as batutas de Nelson Ayres e Tiago Costa, a Orquestra Jovem Tom Jobim encerra a temporada 2019 com programas dedicados ao compositor e violonista brasileiro Guinga e ao Clube da Esquina (com participação de Leila Pinheiro)

Foto: Adriana Elias

No começo de novembro, o grupo apresenta Tom Jobim visita Guinga no Theatro São Pedro, no dia 8 de novembro, e no Sesc Guarulhos, dia 10. Participam das apresentações o compositor e violonista Guinga e o clarinetista Nailor Proveta (Banda Mantiqueira). 
Os maestros Nelson Ayres e Tiago Costa se revezam nas batutas e nos arranjos criados por eles e também por Paulo Aragão, Nailor Proveta e Luca Raele.
Fechando a programação, nos dias 22 e 23, a orquestra apresenta o programa Tom Jobim visita Clube da Esquina, com a participação da cantora Leila Pinheiro. 
Trata-se de uma releitura do antológico disco duplo lançado em 1972 e que é considerado até hoje um dos melhores da MPB, com arranjos elaborados por grandes compositores, especialmente para essa apresentação, como Fernando Corrêa, Felipe Senna, Luca Raele, Nelson Ayres, Ruriá Duprat e Tiago Costa.
A Orquestra Jovem Tom Jobim é formada por bolsistas, alunos e alunas da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP Tom Jobim), e é um dos grupos artísticos de difusão e formação musical da escola, gerida pela Santa Marcelina Cultura. O grupo é ligado à EMESP Tom Jobim – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Programa 1
Orquestra Tom Jobim visita Guinga
Nelson Ayres e Tiago Costa, regência
Guinga, voz e violão
Nailor Proveta participação

Choro Pro Zé - Guinga e Aldir Blanc (Arr. Nelson Ayres)
Jogo De Compadre - Guinga (arr. Paulo Aragão)
Baião De Lacan - Guinga e Aldir Blanc (Arr. Nailor Proveta)
Di Menor- Guinga e Celso Viáfora (Arr. Tiago Costa)
Geraldo No Leme - Guinga  (Arr. Nailor Proveta)
Meu Pai - Guinga  (Arr. Tiago Costa)
Pucciniana - Guinga  (Arr. Luca Raele)
Chapliniana - Guinga  (Arr. Tiago Costa)
Contenda - Guinga e Thiago Amud (arr. Luca Raele)
Bolero De Satã - Guinga e Paulo C. Pinheiro (arr. Nelson Ayres)
Par Constante- Guinga  (arr. Nelson Ayres)
Chá De Panela - Guinga e Aldir Blnac (arr. Nelson Ayres)

Serviços:
Data: 8 de novembro
Horário: sexta, 20h
Local: Theatro São Pedro
Endereço: Rua Barra Funda, 161 – Barra Funda, São Paulo/SP
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Vendas: bilheteria e internet theatrosaopedro.byinti.com
Formas de pagamento: Dinheiro e Cartões de Débito e Crédito
Classificação indicativa: livre

Data: 10 de novembro
Horário: domingo, 18h
Local: Sesc Guarulhos
Endereço: Rua Guilherme Lino dos Santos, 1200 – Jardim Flor do Campo, Guarulhos/SP
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia) e R$9 (Credencial plena)
Classificação indicativa: livre

Programa 2
Orquestra Tom Jobim visita Clube da Esquina 
Nelson Ayres e Tiago Costa, regência
Leila Pinheiro, voz

Suíte Milagre dos Peixes - Milton Nascimento (Arr. Nelson Ayres)
Vera Cruz - Milton Nascimento e Márcio Borges (Arr. Nelson Ayres)
Cravo e Canela - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos (Arr. Nelson Ayres)
Lilia - Milton Nascimento (Arr. Fernando Corrêa)
Mistérios - Joyce e Maurício Maestro (Arr. Felipe Senna)
Saídas e Bandeiras nº 1 - Milton Nascimento e fernando Brant (Arr. Tiago Costa)
Tudo Que Você Podia Ser - Lô Borges e Márcio Borges (Arr. Ruriá Duprat)
Nuvem Cigana - Lô Borges e Ronaldo Bastos (Arr. Ruriá Duprat)
Um Girassol da Cor do seu Cabelo - Lô Borges e Márcio Borges (Arr. Tiago Costa)
Clube da Esquina nº 2 - Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges (Arr. Fernando Corrêa)
Canção Amiga - Milton Nascimento e Carlos Drummond de Andrade (Arr. Luca Raele)
Credo - Milton Nascimento e Fernando Brant (Arr. Luca Raele)
Cais - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos
Arr. Nelson Ayres
Nada Será Como Antes - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos (Arr. Nelson Ayres)
Fé Cega - Milton Nascimento e Ronaldo Bastos (Arr. Nelson Ayres)

Serviços:

São Paulo
Dia: 22 de novembro, sexta-feira
Horário: 20h 
Local: Theatro São Pedro
Endereço: Rua Barra Funda, 161 – São Paulo
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia)
Vendas: bilheteria e internet theatrosaopedro.byinti.com
Formas de pagamento: Dinheiro e Cartões de Débito e Crédito
Capacidade: 636 lugares

Jundiaí
Dia: 23 de novembro, sábado
Horário: 20h30 
Local: Teatro Polytheama
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia)  
Endereço: R. Barão de Jundiaí, 176 – Centro, Jundiaí
Capacidade: 1.124lugares

domingo, 20 de outubro de 2019

Jazz brasileiro fecha outubro no Bourbon Street

Banda Mantiqueira

Cesar Camargo Mariano - Na última semana de outubro o Bourbon Street Music Clube, a tradicional casa de jazz e blues situada na rua dos Chanés, em Moema, recebe dois grandes nomes do jazz feito no Brasil. 
Cesar Camargo Mariano e Banda Matiqueira se apresentam no projeto Jazz.br.
Sempre inventando, Cesar Camargo Mariano, que já atuou solo, em duo, trio e quarteto, formações maiores como big bands e orquestras sinfônicas, dessa vez om um septeto com Josué dos Santos (sax e flautas), Daniel D’Alcantara (trumpete), Marcelo Mariano (baixo), Cuca Teixeira (bateria), Peter Farrel (violão e guitarra) e Danilo Santana (teclados).
No repertório, composições próprias e de compositores como Marcus Miller, Djavan, Clifford Brown, João Bosco, entre outros. Seus arranjos originais exploram as variedades de timbres desta formação, mesclando instrumentos eletrônicos e acústicos, ritmos universais e harmonias brasileiras.

Banda Mantiqueira - Convidada do projeto Jazz.Br- o jazz no domínio brasileiro, criado pelo Bourbon Street há seis anos, a Banda Mantiqueira entra “na roda” mostrando temas dos seus 18 anos de estrada.
A banda formada por músicos de renome e qualidade indiscutíveis, tenedo à frente Nailor Azevedo, o Proveta, conta com Ubaldo Versolato (sax barítono, flauta e píccolo), Josué dos Santos (sax tenor e flauta), Cássio Ferreira (sax tenor, soprano e flauta), François de Lima (trombone de válvulas), Valdir Ferreira (trombone de vara), Nahor Gomes, Walmir Gil e Odésio Jericó (trompete e flugelhorn), Jarbas Barbosa (guitarra elétrica), Edson José Alves (contrabaixo elétrico), Celso de Almeida (bateria), Fred Prince e Cléber Almeida (percussão).
Com ênfase no naipe de sopros e na percussão, com forte sotaque brasileiro, a Mantiqueira também conquistou seu lugar na cena da música instrumental dançante, notadamente em São Paulo, com repertório que inclui principalmente gafieiras, sambas, choros e bossa nova.
No repertório do Bourbon Street, Cartola, Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Dorival Caymmi, João Bosco e composições próprias.

O projeto Jazz.Br – o jazz no domínio brasileiro foi criado pelo Bourbon Street pensado em atender o público que curte o jazz e seus derivados, feito por músicos do brasa. Também passeia pela boa música brasileira, trazendo não só grandes nomes, mas também os novos destaques da cena instrumental sempre no formato “na roda”, já consagrado.
Já participaram do projeto Hermeto Pascoal, Naná Vasconcelos, Raul de Souza, André Mehmari, Pau Brasil, Michel Freidensen, Bocato, Filó Machado, Nuno Mindelis, Hamilton de Holanda, Carlos Malta Trio, Mestrinho e Nicolas Krassik, César Camargo Mariano, a própria Banda Mantiqueira, entre outros.

Serviço

Show: Cesar Camargo Mariano
Data : 27/10/2019 – domingo
Horário: 20h
Abertura da casa: 18h
Duração: 80 min. aproximadamente
Couvert Artístico: **1º Lote: R$ 135,00 (Mesa Premium)/R$ 95,00 (Mesa Classic) /R$ 75,00 (bar em pé)** 2º lote: R$ 150,00 (Mesa Premium)/R$ 115,00 (Mesa Classic) /R$ 85,00 (bar em pé)

Show: Banda Mantiqueira
Data : 29/10/2019 – 3ª.feira
Horário: 21h30
Abertura da casa: 20h
Duração: 80 min. aproximadamente
Couvert Artístico : R$ 40,00

Local: Bourbon Street | Rua Dos Chanés, 127 – Moema – SP
Bilheteria Bourbon Street: Rua dos Chanés 194 – de 2ªf.a 6ª.f das 9h às 20h, sábado e feriado das 14h às 20h
Fone para reserva: (11) 5095-6100 (Seg. a sexta) das 10h às 18h - sem taxa de conveniência

domingo, 13 de outubro de 2019

Brasileiro Rodrigo Mantovani entre os melhores do blues de Chicago


Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Alex Cruz

Alguns figurões da primeira fase do blues que é feito no Brasil ainda circulam por aí, uns mais ativos que outros é certo, cantando tocando e gravando. A banda Blues Etílicos lança um álbum sempre que pode. Nuno Mindelis também, gravando aqui e nos Estados Unidos. André Christovam está meio paradão no quesito gravações. Até onde sei, morando na Escócia?! Recentemente retornou ao Brasil para comemorar o aniversário de 30 anos do disco Mandinga. Celso Blues Boy já partiu dessa, deixando saudades. Como o norte americano JJ Jackson, artista do Arkansas que chegou no Brasil no começo dos anos 80, e o baiano Alvaro Assmar, que também estão fazendo jam com os grandes bluesman no lado de lá.
Mas o blues ainda vai bem por aqui. Alguns nomes surgiram recentemente dando um gás na cena. Da Baixada Santista, Filippe Dias, Pedro Bara e Dog Joe. Simi Brothers e Bidu Souls vêm do Vale do Paraíba. O guitarrista Tiago Guy e o gaitista Enéias Ribeiro de São Paulo e tantos outros espalhados pelo Brasil.
Entre esses dois extremos, a galera que podemos chamar de segunda geração, está fazendo história, investindo suas carreiras na cena internacional: Igor Prado (tocando em vários festivais nos EUA e Europa), Celso Salim (Los Angeles), Cristiano Crochemore (Houston), Artur Menezes (Los Angeles) e, mais recentemente, o baixista paulistano Rodrigo Mantovani (Chicago).
Por anos viajando com a Igor Prado Band, Mantovani rodou o mundo tocando e transformando-se em um dos maiores especialistas no Brasil de todas as linguagens que o blues apresenta. Dividiu o palco com grandes nomes da cena atual, Lynwood Slim e James Wheeler (também já se foram), Raphael Wressnig, Omar Coleman, Mitch Kashmar, Tia Carrol, Jr Watson e tantos outros. 
Além, claro, das gravações com a Igor Prado Band e as dezenas de participações em discos de artistas nacionais, Mantovani lançou dois discos de blues básico, baixo e guitarra, um com Celso Salim, Diggin’ the Blues e First Born, com o dinamarquês Big Creek Slim. Ambos com versões de temas clássicos e composições próprias.
Em 2018 Mantovani recebeu o convite irrecusável para integrar a banda de Nick Moss, guitarrista norte americano considerado um dos grandes nomes da atualidade e foi. A super banda conta com Dennis Gruenling (harmônica), Patrick Seals (bateria) e Taylor Streiff (piano e orgão).
Entre um show e outro, Mantovani respondeu algumas perguntas enviadas via email para os Estados Unidos.


Eugênio Martins Júnior  – Como você foi pra música e como o blues foi parar na tua vida? Já estava no teu radar desde o princípio?
Rodrigo Mantovani - Fui parar na música pelo acaso. Ganhei um violão que pertencia a uma tia que faleceu quando eu tinha uns 10 anos de idade e desde então comecei a aprender algumas músicas com amigos que moravam no meu prédio. O detalhe é que um desses amigos era baixista e me ensinou algumas linhas de baixo no violão, mesmo sem eu saber o que era um baixo, então quando eu mostrava para as pessoas o que havia aprendido elas falavam que essa era a parte do baixo. Como tinha sido difícil aprender aquelas músicas (que eram no máximo duas), decidi então que tocaria baixo a partir dali. Comecei tocando rock e conhecer e começar a tocar blues foi uma consequência natural após ingressar na minha primeira banda de blues aos 14 anos.  

EM – Você passou anos na banda do Igor Prado e por causa disso viajou para vários lugares fora do Brasil. O que essa esperiência acrescentou na tua forma de ver o blues?
RM - Com certeza um grande diferencial foi a convivência com tantos artistas internacionais que tivemos a felicidade de tocar, conviver e receber tanta informação diretamente.
A participação em shows e festivais internacionais foi igualmente importante, pois quando você participa de festivais cheio de artistas que você é fã, na minha opinião, absorve a linguagem de uma forma mais natural além de ser extremamente estimulante para o desenvolvimento. Estar ali fazendo parte do line up juntamente com seus ídolos faz você querer se superar cada vez mais.

EM – E talvez por causa disso você está hoje em uma banda de blues americana. Gostaria que falasse sobre isso.
RM - Como disse, as viagens possibilitaram o contato com muitos artistas e bandas que éramos fãs e sempre ouvíamos, além de termos acompanhado diversos artistas internacionais dentro e fora do Brasil. Acho também que além do convívio e contato, sempre fizemos um ótimo trabalho acompanhando esses artistas e fomos cada vez se especializando mais tanto no blues quanto em suas vertentes, o que sempre abriu portas aqui nos EUA.

EM – Quando você conheceu o Nick Moss e quando e como se deu o convite pra integrar sua banda?
RM - Conheci o Nick pessoalmente na Espanha quando fomos tocar com a Igor Prado Band no festival Rock'n'River.
O Nick estava participando do mesmo festival com sua banda além de ter o Kirk Fletcher de convidado especial.
Depois disso fui algumas vezes para Chicago e fiquei em sua casa, além de fazer alguns shows com a sua banda. Em 2018 ele fez o convite pela internet para eu entrar na banda e desde então nos falamos diversas vezes para acertar a parte burocrática. Acabei vindo no final de 2018 para gravar o seu novo disco, Lucky Guy, e em 2019 me mudei de vez para Chicago.


EM – Tenho uma curiosidade. Como os norte-americanos veêm o blues tocado no Brasil? Como uma coisa exótica, apenas uma forma de arrumar trabalho e uns dólares a mais ou de forma séria?
RM - Acho que tudo é relativo e é difícil generalizar dessa forma tanto da parte dos artistas americanos quanto da parte das bandas brasileiras. Existem todas as situações possíveis, acredito. Tanto os que veêm como uma forma de ganhar uns dólares quanto os que enxergam de forma séria. Na minha opinião, independente de como eles enxergam, todo trabalho sério se basta e se sobressai de maneira natural, o resto é consequência.

EM – Sobre a tua carreira solo. Você gravou um CD acústico com o Celso Salim e depois gravou com o Big Creek Slim. Gostaria que comentasse esses dois trabalhos.
RM - Sim, são dois trabalhos que apesar de parecerem semelhantes por serem álbuns em duos, são totalmente diferentes na essência. O trabalho com o Celso têm uma sonoridade mais moderna além de ter arranjos mais particulares tanto para versões de blues quanto para as músicas próprias. O álbum com o Big Creek é praticamente tocado ao vivo com a sonoridade baseada nos álbuns antigos de Blues.

EM – Como você conheceu o Big Creek Slim e como surgiu a ideia de gravar esse excelente CD? Parece que o trabalho foi premiado.
RM - Já tinha ouvido falar muito bem do Big Creek e o conheci em um festival em Caxias do Sul, o Mississippi Delta Blues Festival. Desde então conversamos mais algumas vezes e ele veio para São Paulo para fazermos uma turnê e em nossa 2ª turnê decidimos gravar o álbum. Nessa época ele ainda estava morando aqui no Brasil. Tivemos a honra de ter esse trabalho eleito como o melhor álbum de blues acústico de 2018 pela Blues Junction Productions, uma plataforma formada por diversos críticos especializados em blues aqui dos EUA, além de ter recebido o prêmio de melhor disco de blues do ano na premiação da Dinamarca DMA (Danish Music Awards).

EM – Trata-se de um disco de blues tradicional, com composições dele e de figurões como Charlie Patton, Barbcue Bob, Blind Willie Johnson, Roosevelt Sykes. Como foi a escolha desse repertório?
RM - O repertório foi escolhido por nós dois. Mesclamos algumas composições próprias dele e que achou que caberiam no álbum. Escolhemos as outras baseadas no que mais eram similares ao formato do disco e com a voz dele.


EM - Como está sendo essa adaptação, tanto em termos musicais quanto a parte de viver o dia a dia nos EUA?
RM - Morar nos Estados Unidos é uma experiência completamente diferente de vir para cá em turnês. Eu já tinha vindo para turnês grandes aqui, com cerca de dois meses, mesmo assim a diferença é enorme. Você tem que se adaptar em tudo, desde as menores coisas como seus hábitos alimentares até a maneira de lidar com temperaturas e climas que não está acostumado. Falar outro idioma 24 horas por dia, etc. Além de, paralelamente, ter que se adaptar a dinâmica da banda que é muito puxada e tenho certeza que hoje em dia Nick Moss Band é uma das bandas que mais trabalha aqui nos Estados Unidos. Nós viajamos de van pelos Estados Unidos. Levamos todo nosso equipamento para todo lado, baixo acústico, teclados, bateria, amplis etc. A parte musical é a menos complicada de se adaptar uma vez que temos diversas influências similares.

EM – Você chegou aí em abril de 2019. Gostaria que falasse sobre a cena dos festivais, bares, etc. Quantas gigs você faz por semana? O blues paga bem por aí? (risos)
RM – A média é de 20 shows por mês, contando festivais e shows menores. Aqui a dinâmica é outra e geralmente viajamos para uma sequência de shows em torno de duas a três semanas direto, daí voltamos por uns dias e já saímos novamente. Viajo bem mais aqui nos EUA do que viajava no Brasil. E têm casos de saírmos direto de um show para outro, coisa que raramente acontecia por aí também. Aqui têm muito mais espaço e festivais para se apresentar, além de ainda ter muitas bandas de blues ao redor, e é super legal ter essa possibilidade de trocar idéia e encontrar direto os músicos que fazem parte da cena blues por aqui. Quanto ao pagamento, blues é blues em qualquer lugar.