segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Parceria entre Baccará Backstage e Mannish Boy Produções traz a Santos o melhor da música em 2016

Soul music, jazz, blues, funk, bossa nova e MPB são alguns dos estilos musicais que visitam a cidade nesse começo de ano. Em março, comemorando o mês das mulheres, Divazz e Izzy Gordon


Koko Jean Davis (04/02/15) - Nascida e criada em Maputo, Moçambique (continente africano), Koko Jean Davis é a cantora da mais bem sucedida banda de Soul Européia, The Excitements. 
Atualmente morando em Barcelona, ela agora investe em sua carreia solo. Desde o lançamento do meteórico primeiro álbum Penniman, de 2010, que a levou aos quatro cantos do planeta, Davis praticamente não descansou, encantando platéias com sua voz e beleza estonteante.
Sua música é baseada no som das divas da Soul Music dos anos sessenta, principalmente na sonoridade do selo Stax.
Koko é dona de um carisma sem igual, sua atitude é Rock n Roll e seus movimentos hipnotizantes. Sua performance de alta octanagem é comparada a Tina Turner na época de Ike Turner e The Ikettes.
“Sensual e atrevida” como descreveu o jornal a Gazeta de Paris irá arrancar arrepios da plateia com seu Rhythm & Blues!
A banda conta com Koko Jean Davis (voz), Igor Prado (guitarra e voz), Yuri Prado (bateria), Rodrigo Mantovani (baixo elétrico e voz), Raphael Wressnig (hammond B3).


Bira e Osmar Barutti – Sala de Estar – (18/02/15) - O carismático Bira não toca baixo, conta histórias. Cada uma referente à música que será apresentada a seguir.
O maestro Osmar Barutti comanda o quinteto composto por Marcos Hasselmann (voz), Marcos Pedro (guitarra), Sidney Filho (baixo acústico), Sérgio Reze (bateria), Reniton Carlos (saxofone).
E a alternância entre os temas de bossa nova, jazz e standards da música norte-americana seguem surpreendendo o público.
Trata-se de um passeio pela grande música do século 20, narrado por quem está na cena durante décadas e tem muitas histórias pra contar.
O jovem Bira, aos 81 anos, é exatamente a pessoa que estamos acostumados a ver todas as noites no programa de Jô Soares: inteligente e irreverente.
O formato do show é cuidado por Osmar e Bira, músicos conhecidos na noite paulistana e integrantes do sexteto do programa de Jô Soares.
Só que nesse caso, Bira comanda o show, contando os detalhes de gravações, falando sobre os músicos e revelando, entre um tema e outro, histórias dos bastidores.
O repertório arranjado e escolhido minuciosamente pelo maestro Osmar, é composto por pedras preciosas da música mundial, entre elas, Chega de Saudade (Vinicius de Moraes e Tom Jobim), Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), A Paz e Lugar Comum (João Donato e Gilberto Gil), Copacabana (João de Barro e Alberto Ribeiro), Brisa do Mar (João Donato e Abel Silva) Georgia On My Mind (Hoagy Carmichael e Stuart Gorrell), Black Coffee, Feel Like Making Love, Beaultiful Love, Lugar Comum, Morning.


Divazz – (10/03/15) – Neste projeto as duas vocalistas do Programa Altas Horas e Corina Sabbas (do Programa Sexo e as Negas) apresentam um show vibrante e surpreendente.
Inspiradas pelos Girls Groups norte-americanos das décadas de 60 e 70, como The Supremes e The Marvelettes e aproveitando os diferentes timbres de voz de cada uma, as cantoras Graça Cunha, Nanny Soul e Corina, alternam-se entre solos, duetos e novos arranjos vocais, apresentando ao público um show para lá de dançante.
No repertório, o melhor da Soul, Disco e Pop nacional e internacional: Love Never Felt so Good (Michael Jackson/Justin Timberlake), Get Lucky (Pharrel), We are Family (Sister Sledge), Le Freak (Chic) e temas com o suingue bem brasileiro de Tim Maia, Jorge Ben Jor, Frenéticas, Paralamas do Sucesso, Jota Quest, Skank, Rita Lee e outros.


Izzy Gordon – (24/10/15) - De Bono Vox, Quincy Jones, Paul McCartney e Deep Purple, a Tim Maia, Rita Lee, Wilson Simonal, passando por Emicida, Fernanda Abreu, Banda Black Rio e por aí vai. Assim começamos a apresentar um pouco desta tragetória de vinte e poucos anos da carreira de Izzy Gordon, dona de um timbre de voz marcante e presença de palco única.
Izzy Gordon é dona de três álbuns que rodaram o país e o mundo, um deles, Aos Mestres com Carinho, dedicado inteiramente a sua tia Dolores Duran, recebeu indicações para o Grammy Latino.
Filha mais velha do cantor Dave Gordon, desde pequena conviveu com a presença de grandes ícones da música brasileira, como Jair Rodrigues, Tim Maia, César Camargo Mariano, Rita Lee, Wilson Simonal e outros.
Entre as canjas nas casas noturnas onde Dave Gordon trabalhava, foi no musical “Emoções Baratas”, do diretor José Possi Neto, que Izzy confirmou seu talento como cantora protagonista e caiu na estrada em sua primeira turnê pelo Brasil.
Sua versatilidade e ecletismo a levaram para outros palcos. Fez backing vocal para o Deep Purple e Jorge Ben Jor, participou de shows com Emicida, Margareth Menezes, Elba Ramalho, Paula Lima, Sandra de Sá, Fernanda Abreu, Banda Black Rio, Max de Castro, Gerson King Combo, Zizi Possi, Fernanda Porto, Ed Motta, Léo Maia, Rappin’ Hood, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Oswaldinho da Cuíca e muitos outros.
Uma passagem interessante da sua carreira foi receber o convite para dois realizar dois shows exclusivos para a banda irlandesa U2, em São Paulo. O convite veio da própria produção de Bono, que escutou o então recém lançado primeiro CD “Aos Mestres com Carinho” – homenagem a Dolores Duran. Bono Vox deu até uma
canja em “I´ve Got You Under My Skin” e de quebra, Izzy recebeu elogios de ninguém menos que Quincy Jones, que acompanhava o U2 na ocasião.
No final de 2010, a cantora recebeu convite para se apresentar no aniversário da namorada de Paul McCartney. O sucesso da apresentação foi tão grande, que o ex Beatle cantou com ela “É com esse que eu vou”. Além da canja especial, Paul recebeu carinhosamente o CD da cantora e ainda pediu autógrafo.
Em 2013, ano em que a diva completou 20 anos de estrada, rodou o Brasil com o show Baile do Bem em homenagem a Jorge Ben.

Serviços:

Show: Koko Jean Davis e Igor Prado Band
Data: 04 de fevereiro (quinta-feira)

Show: Bira e Osmar Barutti – Sala de Estar
Data: 18 de fevereiro (quinta-feira)

Show: Divazz
Data: 10 de março (quinta-feira)

Show: Izzy Gordon
Data: 24 de março (quinta-feira)

Local: Baccará Backstage (Rua Oswaldo Cocrhane, 64 - Embaré - Santos/SP)
Horário: a partir das 23h
Ingressos: R$ 40,00 (R$ 50,00 no dia do show).

Realização: Baccará Backstage
Produção: Mannish Boy Produções Artísticas

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Meu primeiro contato com a música de Gilberto Mendes

Ultimo contato com o maestro Gilberto Mendes,
 dezembro de 2015 

Meu primeiro contato com a arte de Gilberto Mendes foi no 33° Festival Música Nova, em Santos. Até então, só havia ouvido falar ou lera sobre o maestro, seu festival e aquela música esquisita em um jornal local.
Até ouvir a reprodução de Ulysses em Copacabana Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour pelo coletivo belga Het Spectra Ensemble, pra mim, música atonal era Sex Pistols.
Aquela noite de domingo, 17 de agosto de 1997, mudou minha vida. Cursando o segundo ano do curso de Comunicação Social em Santos, me senti na obrigação de sair de casa debaixo de chuva para tentar aprender o que era a tal da “Neue Musik”, que já não era tão nova assim.
Nunca tive curiosidade para outras coisas que não música e literatura. Aprendo tudo o que posso com os recursos que tenho a mão. E foi naquela noite memorável que percebi que estava perdendo um tempo precioso.
Não que a música dita popular que curtia na época e curto até hoje seja ruim, nada disso. O que percebi, foi que havia perdido muito tempo justamente por não ter curtido a maravilhosa música erudita executada pelo Het Spectra Ensemble e, por extensão, todos os outros artistas que haviam estado naquele festival gratuito e que acontecia há anos na minha cidade.
Porra, como isso pode acontecer? Como um cara como eu, malaco em tudo o que acontecia no mundo da música, não sabia o que se passava todos os anos, volto a repetir, na minha própria cidade? Ainda mais em um país onde tudo o que é relativo a cultura não passava da quinta edição, o Música Nova já havia completado mais de trinta invernos!
Vi o maestro pessoalmente pela primeira vez naquela noite. Ainda sob o impacto do concerto do Spectra, fui chegando perto da roda de conversa em que se encontrava Gilberto e fiquei por ali. Na primeira oportunidade dei o bote. Não lembro qual foi o teor da conversa, nem me importa, devo ter falado alguma merda. Queria mesmo era conhecer o tiozinho responsável por aquilo tudo e sair dali com uma entrevista agendada. A impressão que ficou foi das melhores. Ele tratou muito bem o aluno de comunicação desconhecido, como depois fui descobrir, tratava todas as pessoas.
Gilberto era de um cavalheirismo impar. Mesmo quando partia para a crítica contra os políticos santistas da época, mantinha a linha. Sempre no campo das ideias.
E não foram poucas as críticas, na mesma proporção em que o festival aparecia na mídia nacional e internacional por suas qualidades, aparecia também pelas suas incertezas. Se já era difícil ao artista Gilberto ter de lidar com as encrencas da produção, tornara-se insuportável ter de passar o chapéu entre as empresas e lidar com as mentiras do poder público.
Passei a escutar a música erudita e eletro acústica com atenção, por influencia do Música Nova e de traz pra frente. John Cage, Guerra Peixe, Claudio Santoro, Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez e Edgar Varese (os dois últimos também por influencia de Frank Zappa), passaram a freqüentar a minha vitrola.  
Com o tempo outros encontros com Gilberto aconteceram. Certa vez tive uma ideia louca. Apareci do nada em seu apartamento com um monte de discos embaixo do braço para ele ouvir e comentar. E ele topou na hora! Ouvimos Buddy Guy, Billie Holiday, Frank Zappa, João Gilberto, Beatles, Fernanda Porto, Lenine, Wynton Marsalis, Paco de Lucia, Van Morrison, Paulinho da Viola e outros. Depois bebemos café preparado pro sua esposa Eliane, sempre presente. Ainda convenci um editor a publicar isso.
Em 2008, a pedido de José Luiz Tahan, da Realejo Livros e edições, comecei uma série de entrevistas com Gilberto. A ideia era reunir informação suficiente para editar um livro sobre suas experiências, não só na música, mas também em outras duas paixões, o cinema e a literatura.
Mesmo conhecendo a generosidade de Gilberto, mais uma vez o velho maestro me surpreendeu. Em sua casa há algumas prateleiras com mais de 20 pastas reunindo todos os seus artigos escritos para diversos veículos de comunicação desde os anos 60, uma verdadeira coletânea sobre seus pensamentos. Sem titubear, Gilberto disse que eu poderia levar todas elas pra minha casa e selecionar o que achava relevante. Uhauuu! Todo seu arquivo pessoal a minha disposição. Obvio, fiz a limpa. Levei tudo pra casa, abri uma por uma e copiei os artigos que me interessavam sobre música erudita, popular, bossa nova, cinema, Santos.
Lá pela terceira entrevista levei um banho de água fria do mar, o maestro me contou que ele próprio estava escrevendo suas experiências (o que ficou comprovado com o lançamento do livro Viver Sua Música – Com Stravinsky em meus Ouvidos, Rumo a Avenida Nevskiy, editado pela Edusp em parceria com quem? Claro, Realejo Livros, que não perde o tempo nem a viagem).
O que eu poderia contar sobre Gilberto Mendes que ele próprio não contaria cem vezes melhor? Se é que há consolo, fiquei com todos os artigos guardados que havia copiado meses antes e, sempre que posso, viajo pelo seu mundo.
Passei a respeitá-lo mais quando soube que havia sido militante do Partido Comunista Brasileiro. Em uma época em que não se escondia o rosto atrás de mascaras e atrás de perfis falsos na internet, não foi pouca coisa.
Nasceu e morreu em Santos, e entre os dois atos, viveu e exaltou as particularidades e as belezas da cidade.
Denunciou suas feiúras. Entre elas, a política cultural do município. Quando certo prefeito extinguiu a Secretaria de Cultura do Município, foi uma das vozes que se levantou contra.
Certa vez um funcionário da prefeitura sabendo que havia estado recentemente com Gilberto me perguntou se “ele havia batido muito na prefeitura”. A minha resposta foi: “Muito”.
Talvez por isso, seu evento tenha sido preterido ao dos outros. Talvez por isso, ninguém na esfera política santista tenha dado muita bola a sua música atonal e seu pensamento atonal.
Talvez por isso, as verbas tenham ido aos afagadores do poder. Talvez por isso, o Música Nova não tenha sido conhecido e freqüentado pelos santistas.
Por tudo isso, perdemos o festival para Ribeirão Preto.  
Porra, como isso pode acontecer? Como um cara como eu, malaco em tudo o que acontecia no mundo da música, não sabia o que se passava todos os anos, volto a repetir, na minha própria cidade?

(Texto escrito a pedido da jornalista Márcia Costa para ser publicado na Revista Pausa especial sobre Gilberto Mendes: http://revistapausa.blogspot.com.br/)