terça-feira, 15 de maio de 2012

Suicidal Tendencies, Popa Chubby, Gilberto Gil, bêbados e mijo: o melhor e o pior da (minha) Virada Cultural


Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Tenho interesse por todos os gêneros musicais, por isso, é muito difícil escolher as atrações na Virada Cultural. Gostaria muito de ter visto os shows de McCoy Tyner Quartet e Raul de Souza e Zimbo Trio no palco República. Ou Bixiga 70 no palco da Júlio Prestes. Ou Man Or Astroman no palco da Barão de Limeira.
Mas morar longe faz a diferença, então, levei em conta o "custo benefício" de sair de Santos com aquele frio, pegar estrada e ficar horas em pé e sem colocar alguma coisa decente no esômago por horas. Me contentei em ir no domingo para os shows do Suicidal Tendencies, às 9h30, no palco da São João, Toots and the Maytals, The Abyssinians, Popa Chubby e Gilberto Gil.
Com o Suicidal, local lotado. Como uma banda de heavy metal (ou crossover, speed ou sei lá o que) que fez história nos anos 80 merece. Foi realmente emocionante ouvir os caras tocarem ao vivo seus clássicos: Possessed To Skate, War Inside My Head, Institutionalized. Por parte da banda foi um showzaço, mas  com um som bem meia boca. De longe dava para ouvir mais ou menos. Podia estar melhor. É imporessionante como os jovens brasileiros estão mais mau educados e consumindo muita bebida alcóolica. Acho que as duas coisa têm alguma relação.
A polícia ficou de fora, o que porporcionou liberdade aos vandalos que foram arrumar confusão a toa. Vi muitas brigas arranjadas por um mesmo grupo de jovens. Um deles puxava briga e os outros chegavam por trás já batendo. Muita covardia. Como diria o Bezerra da Silva: sozinhos andam rebolando e até mudam de voz.
Saí do show do Suicidal Tendencies em direção ao palco da praça Júlio Prestes para assistir ao show da lendária banda jamaicana, Toots and the Maytals, às 13h. No caminho uma cena de horror. Em uma das travessas que ligam os dois palcos mais de duzentos dependentes de crack amontoados como zumbis. A polícia ao largo, só observava. Enquanto milhares de pessoas se ocupavam em se divertir, outras tantas se ocupavam em morrer. Uma cena triste que vai marcar para o resto da vida.
Já era duas da tarde quando o José Manuel subiu ao palco para avisar que a Toots and the Maytals não faria seu show. A essa altura, o sol estava a pino desde 11 da manhã. Centenas de rastafaris já haviam se posicionado em frente ao palco para se deleitar com a banda jamaicana. A organização do evento mandou um zé mané dar o recado que a banda havia ficado na Jamaica, "onde eu gostaria de estar"disse, e que havia cancelado o show na sexta-feira. Espera aí! Se a banda havia cancelado na sexta, dia 4, porque então só resolveram avisar que não tocariam com uma hora de atraso no domingo? Que história mal contada. Se a organização sabia que o show não ia rolar, deveria comunicar a audiência sempre ao final de cada show daquele palco. Não é porque os shows são gratuitos que não deva haver respeito pela popuplação. Com essa espera, perdi o show dos Titãs no palco da São João que, do palco Júlio Prestes é só cinco minutos andando.
Enquanto não dava a hora do Popa Chubby, assisti um pedaço do show da banda argentina La Renga, um hard rock competente, mas nada demais, e da banda/brincadeira Brothers of Brazil (com Z, será que o Supla quer ganhar o mercado internacional?). Sempre é legal ouvir Garota de Berlim... e só.


Ted Horowitz subiu ao palco dentro do horário, às 16 horas no palco da Barão de Limeira. O cara mostrou porque é considerado um dos principais nomes da atual cena blues de Nova Iorque. O visual tradicional, uma bandana na cabeça um colete preto e sua Fender Stratocaster detonada que ele, por pouco, só não faz falar. A primeira vez que pisou em um palco brasileiro foi com um power trio. Entre os temas apresentados, Hey Joe, The fight is On, Right On, e uma versão matadora de Somewhere Over the Rainbown que registri em vídeo e em breve disponibilizo aqui no Mannish Blog.
Finalmente, o show do Gilberto Gil fechando a maratona. O que dizer do cara que coloca em uma mesma apresentação as músicas Realce, Palco, A Paz, Drão, A Novidade, No Woman No Cry, Is This Love (ambas de Bob Marley), Toda Menina Baiana, Vamos Fugir, Nos Barracos da Cidade e tantas outras maravilhas. Gente saindo pelo ladrão e se divertindo a valer.
Esse ano parace que a produção da Virada Cultural desaprendeu a fazer ou fez nas coxas. Digo isso porque andei por vários palcos e vi muita coisa errada. Começou com a divulgação das atrações em cima da hora. Nos dias do evento, o  cheiro de urina perto dos banheiros químicos estava tão forte que chegava a incomodar de longe. A limpeza desses banheiros devem ser feitas com maior periodicidade. Pelo que vi, a Polícia Militar agiu direito em alguma situações, mas ficou ausente nas aglomerações, dando espaço aos briguentos e aos ladrões de carteira que fizeram a festa impunemente. O lance do show do Toots and the Maytals foi surreal. Nunca vi isso acontecer.
Vi muitos jovens jogados no chão por causa de bebida e um deles saiu de ambulância com coma alcóolico. A maconha que essa rapaziada fuma hoje em dia é muito fedida, química pura. O Sr prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, desmentiu que os jovens se embebedaram mais nessa Virada Cultural, mas eu não o vi em nenhum show. Acho que ele devia estar mais presente nos eventos ou instruir os seus assessores a elaborar melhor suas declarações. Assim não passaria esse ridículo. Mas acho que isso não o incomoda. Vai um recado para o dignissimo e à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo: planejamento é tudo.

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