Acabo de ver no Jornal da Tribuna - retransmissora da Rede Globo na Baixada Santista - em sua primeira edição, uma matéria sobre as salas de cinemas lotadas por conta da estréia do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2, uma matéria mostrando o sucesso de sua estréia.
Um dos apresentadores adjetivou Potter como um "bruxinho simpático" ídolo da juventude. A referida matéria mostrou jovens de todas as idades vestidos como os personagens e exaltando valores como amizade, solidariedade e lealdade passados pelo último capítulo da saga.
Mas o que a matéria não conta é que, para lotar sessões em maior número de salas de exibição possível, o Cinemark cancelou outras sessões, como a de Meia Noite em Paris, o mais recente filme de Woody Allen. Quem se abalou de casa para assistir a película (até os anos 80, quando o cinema ainda não era totalmente produzido no formato digital a gente chamava de película), se deu mal.
Eu fui um desses trouxas. Após enfrentar fila pra comprar um ingresso das 20h55 fui informado que a sessão fora cancelada. Mas o pior está por vir. Ao requisitar a presença da gerente ela simplesmente mandou o funcionário me mostrar a seguinte mensagem no site do Cinemark: " A Cinemark reserva o direito de alterar a programação sem previo aviso". O grifo é do próprio site.
Olha, nasci e cresci em Santos em uma época em que a cidade tinha mais de 30 cinemas e até pouco tempo atrás anotei em um caderno os filmes que assisti na vida. Parei quando chegou em cinco mil. Depois disso assisti ainda algumas centenas de filmes e NUNCA, repito, NUNCA, uma sessão de cinema havia sido cancelada para que a empresa exibidora pudesse ganhar mais dinheiro em cima do consumidor incauto, que é o que se pode dizer dos jovens que compareceram ontem naquela estréia.
Não tenho nada contra o filme e nem contra os jovens, muito ao contrário, o ato de ir ao cinema é saudável pra caramba e eu cultivo desde os 11 anos. O blockbusters da minha época foram Tubarão, Guerra nas Estrelas, Superman, Caçadores da Arca Perdida e outros. Também formavam-se filas enormes nas portas dos cinemas Iporangas, Roxy, Alhambra, Atlânticos Indáia e Indaiá Arte, Caiçara, Cinema 1, Itajuba, Ouro Verde, Avenida, Praia Palace, Independência e outros que não me lembro mais.
Mas, além dos blockbusters, que nem tinham esse nome, assistíamos (e curtíamos de montão) filmes de Woody Allen, Martin Scorsese, Stanley Kubrick, Federico Felini, Akira Kurosawa e uma porrada de coisa boa. O fato é que, NUNCA, uma sessão foi cancelada. Isso é exclusividade do Cinemark.
Tenho quarenta e cinco anos e é a primeira vez que vejo isso acontecer em um cinema em Santos. Mas não é a primeira vez que tenho uma história escabrosa com o Cinemark. Um dia desses, de tarde, não faz muito tempo, no filme Guerra dos Mundos - A Batalha de Los Angeles, os funcionários esqueceram de começar a sessão. Havia umas trinta pessoas na sala, ar condicionado desligado, e mais de meia hora depois do que deveria ser o início da sessão, eu e mais dois ficamos incomodados com a situação e fomos reclamar com a gerência. Para nossa surpresa, os funcionários haviam "esquecido" de ligar o equipamento e começar o filme. Diante das reclamações, a gerente, que deve ser a mesma de ontem, queria nos devolver o dinheiro e cancelar a sessão. Depois de longa discussão, o filme iniciou com quarenta minutos de atraso.
É assim a forma que o Cinemark, empresa norte americana de "fast filme", trata seus consumidores. Esse texto é um protesto, já que não tive nem a chance de falar com a gerente do cinema ontem.
Por tudo isso, NUNCA MAIS PISO EM UMA SALA DO CINEMARK.
Aproveito aqui e manifesto todo respeito ao dono do Cine Roxy que aumentou o número de salas, mas não perdeu a dignidade. Sabemos quem é o dono do Cine Roxy, uma empresa santista que tem compromisso com a cidade e com sua audiência. Abaixo o Cinemark.
Nenhum comentário:
Postar um comentário