Foto: Cezar Fernandes
É impossível ignorar: John Paul Hammond, o músico, é filho de John Hammond Jr, um dos maiores produtores e caçadores de talentos da música norte-americana. Começo a entrevista perguntando sobre esse fato e percebo que acabo de dar uma mancada daquelas. Marla, a inseparável esposa e empresária de Hammond, me olha torto e balança a cabeça em reprovação. Parece que o relacionamento entre pai e filho não era dos melhores.
Hammond filho me diz que John pai era uma pessoa estranha e ausente e corta o assunto. Paro por aí e me atenho à sua vida artística. Ambos ficam mais à vontade. Com a voz calma, um dos maiores intérpretes do blues de todos os tempos, o homem que teve Jimi Hendrix em sua banda, gosta de falar sobre música, especialmente o blues, sua paixão.
Dono de um estilo único, Hammond filho, canta, geme, se contorce, toca sua guitarra e fica ruim dentro da roupa em cima de um palco. Uma explosão de feeling e interpretação. Quem assistiu suas apresentações no festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras pôde ver um artista do primeiro time do blues, coisa rara nesses dias.
Foram dois shows, um no palco principal e o outro em um palco menor montado na Lagoa do Iriry, uma espécie de concha acústica de lá. John estava acompanhado por excelentes músicos, mas o destaque ficou mesmo para o tecladista Bruce Katz e seu órgão Hammond B-3.
É impossível ignorar: John Paul Hammond, o músico, é filho de John Hammond Jr, um dos maiores produtores e caçadores de talentos da música norte-americana. Começo a entrevista perguntando sobre esse fato e percebo que acabo de dar uma mancada daquelas. Marla, a inseparável esposa e empresária de Hammond, me olha torto e balança a cabeça em reprovação. Parece que o relacionamento entre pai e filho não era dos melhores.
Hammond filho me diz que John pai era uma pessoa estranha e ausente e corta o assunto. Paro por aí e me atenho à sua vida artística. Ambos ficam mais à vontade. Com a voz calma, um dos maiores intérpretes do blues de todos os tempos, o homem que teve Jimi Hendrix em sua banda, gosta de falar sobre música, especialmente o blues, sua paixão.
Dono de um estilo único, Hammond filho, canta, geme, se contorce, toca sua guitarra e fica ruim dentro da roupa em cima de um palco. Uma explosão de feeling e interpretação. Quem assistiu suas apresentações no festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras pôde ver um artista do primeiro time do blues, coisa rara nesses dias.
Foram dois shows, um no palco principal e o outro em um palco menor montado na Lagoa do Iriry, uma espécie de concha acústica de lá. John estava acompanhado por excelentes músicos, mas o destaque ficou mesmo para o tecladista Bruce Katz e seu órgão Hammond B-3.
EM: Você é filho de um dos produtores mais importantes da música norte-americana. Isso ajudou ou atrapalhou quando você começou a tocar? Como era esse relacionamento?
JH: Meu pai era muito ausente, tinha um comportamento estranho, sempre voltado ao seu trabalho. Foram poucos os anos de convivência. Eu amadureci o meu estilo sozinho, escutando os clássicos do blues. Cai na estrada quando me senti capaz. Ele nunca tentou me desencorajar a fazer isso, porque ele realmente não poderia.
JH: Meu pai era muito ausente, tinha um comportamento estranho, sempre voltado ao seu trabalho. Foram poucos os anos de convivência. Eu amadureci o meu estilo sozinho, escutando os clássicos do blues. Cai na estrada quando me senti capaz. Ele nunca tentou me desencorajar a fazer isso, porque ele realmente não poderia.
EM: Quando você começou sua carreira fonográfica, nos anos 60, Muddy Waters, Mississipi John Hurt, Willie Dixon ainda estavam vivos e eram verdadeiras lendas do Blues. Atualmente você é considerado um dos principais remanescentes do verdadeiro blues. Como lida com essa responsabilidade?
JH: Adoro tocar. Essa é minha vida e minha paixão. Sou afortunado por ter conhecido tantos bons músicos e ter colaborado com eles. Saio em turnê doze meses ao ano, todos os anos desde que comecei.
EM: Você sente alguma espécie de reverência dos músicos mais jovens com relação ao seu trabalho?
JH: Sim, mas isso é o que eu faço pra viver. Encaro de maneira profissional. Se eu puder comunicar o quanto eu amo essa música, espalhar o entusiasmo para essa música que eu acho ser tão importante e apaixonante para os outros quanto é pra mim, ligar as pessoas à essa música, serei uma pessoa muito feliz.
EM: Mais do que técnica, nesse gênero musical o mais importante é o sentimento envolvido.
JH: Sim, é o mais importante. A técnica vem com experiência. Quanto mais você tocar melhor fica. Ainda acho que não sou capaz de tocar do mesmo jeito que ouço dentro da minha cabeça, mas estou sempre buscando (risos).
EM: Você gravou dezenas de clássicos em mais de trinta álbuns, um verdadeiro tributo ao blues. Parece ter feito tudo o que queria na carreira artística. O que motiva um artista com a sua bagagem? Viajar pelo mundo tocando em festivais como esse, por exemplo?
JH: Quando comecei a tocar profissionalmente, encontrei pessoas que gostavam muito do que eu fazia e elas me encorajaram a continuar e eu fiz o melhor pra continuar crescendo como artista. Fui a todos os lugares, pois é muito importante viajar. Quando se é popular em apenas um lugar é difícil sustentar uma carreira no blues. Então, pelo tanto que viajei, pelo tanto que toquei, acabei ficando mais forte.
EM: Atualmente há muitos músicos que misturam o blues com rock and roll, funk, soul music e até o rap, qual a sua visão sobre isso?
JH: Cada um tem o seu gosto. Eu gosto do estilo clássico e tradicional. É difícil articular, por em palavras esse sentimento. Para mim, estou impelido a fazer o melhor possível o que eu escuto em minha cabeça. O jeito que eu ouço os artistas que eu admiro, alguns ainda estão por aí tocando.
EM: Por outro lado, não sei se chega a ser um movimento, mas muitos artistas, como Corey Harris, Keb Mo, por exemplo, estão voltando à forma acústica de se fazer blues? É uma espécie de volta às raízes.
JH: De tempos em tempos isso acontece e é ótimo os jovens descobrirem as raízes da música americana. Eu comecei tocando blues acústico. Quando comecei a formar meu gosto pelo blues, todos os artistas que eu admirava eram todos vindos do country blues, então eu quis continuar essa tradição. Mesmo quando eu toco com a banda ainda tento captar aquela qualidade que eu ouvia em músicos como Howlin’ Wolf, Muddy Waters, Little Walter e todos aqueles caras que vieram do country blues. A maioria dos meus shows são solo e acústicos. Não deixo de gostar de jazz, rock and roll, depende do momento (risos).
EM: Qual músico de blues você recomendaria hoje?
JH: Bem, talvez ele já esteja aí por algum tempo, mas para mim ele é novidade, é o Alvin “Younblood” Heart. Outro é o jovem produtor de hip hop, G Love, que produziu o meu álbum Push Comes to Shove. Também Ruthie Foster, ela é fantástica, uma grande cantora.
EM: Em todas essas vezes que você veio ao Brasil, teve conato com a nossa música?
JH: Sim, tive contato com bons músicos... (nesse momento, Marla, que folheava a Revista ao Vivo mostra a matéria sobre os 20 anos do blues no Brasil com a foto do André Christovam). Sim, eu o conheço, é um cara fantástico, fomos à casa dele. Marla responde: “Conhecemos a Rita Lee”.
EM: Você gosta da Rita Lee?
JH: Sim, fomos ao show dela. Vocês possuem grandes músicos, o Brasil é um país musical, tem a ver com o sentimento das pessoas.
EM: Fale sobre os músicos que o acompanham nesses shows.
JH: Adoro tocar. Essa é minha vida e minha paixão. Sou afortunado por ter conhecido tantos bons músicos e ter colaborado com eles. Saio em turnê doze meses ao ano, todos os anos desde que comecei.
EM: Você sente alguma espécie de reverência dos músicos mais jovens com relação ao seu trabalho?
JH: Sim, mas isso é o que eu faço pra viver. Encaro de maneira profissional. Se eu puder comunicar o quanto eu amo essa música, espalhar o entusiasmo para essa música que eu acho ser tão importante e apaixonante para os outros quanto é pra mim, ligar as pessoas à essa música, serei uma pessoa muito feliz.
EM: Mais do que técnica, nesse gênero musical o mais importante é o sentimento envolvido.
JH: Sim, é o mais importante. A técnica vem com experiência. Quanto mais você tocar melhor fica. Ainda acho que não sou capaz de tocar do mesmo jeito que ouço dentro da minha cabeça, mas estou sempre buscando (risos).
EM: Você gravou dezenas de clássicos em mais de trinta álbuns, um verdadeiro tributo ao blues. Parece ter feito tudo o que queria na carreira artística. O que motiva um artista com a sua bagagem? Viajar pelo mundo tocando em festivais como esse, por exemplo?
JH: Quando comecei a tocar profissionalmente, encontrei pessoas que gostavam muito do que eu fazia e elas me encorajaram a continuar e eu fiz o melhor pra continuar crescendo como artista. Fui a todos os lugares, pois é muito importante viajar. Quando se é popular em apenas um lugar é difícil sustentar uma carreira no blues. Então, pelo tanto que viajei, pelo tanto que toquei, acabei ficando mais forte.
EM: Atualmente há muitos músicos que misturam o blues com rock and roll, funk, soul music e até o rap, qual a sua visão sobre isso?
JH: Cada um tem o seu gosto. Eu gosto do estilo clássico e tradicional. É difícil articular, por em palavras esse sentimento. Para mim, estou impelido a fazer o melhor possível o que eu escuto em minha cabeça. O jeito que eu ouço os artistas que eu admiro, alguns ainda estão por aí tocando.
EM: Por outro lado, não sei se chega a ser um movimento, mas muitos artistas, como Corey Harris, Keb Mo, por exemplo, estão voltando à forma acústica de se fazer blues? É uma espécie de volta às raízes.
JH: De tempos em tempos isso acontece e é ótimo os jovens descobrirem as raízes da música americana. Eu comecei tocando blues acústico. Quando comecei a formar meu gosto pelo blues, todos os artistas que eu admirava eram todos vindos do country blues, então eu quis continuar essa tradição. Mesmo quando eu toco com a banda ainda tento captar aquela qualidade que eu ouvia em músicos como Howlin’ Wolf, Muddy Waters, Little Walter e todos aqueles caras que vieram do country blues. A maioria dos meus shows são solo e acústicos. Não deixo de gostar de jazz, rock and roll, depende do momento (risos).
EM: Qual músico de blues você recomendaria hoje?
JH: Bem, talvez ele já esteja aí por algum tempo, mas para mim ele é novidade, é o Alvin “Younblood” Heart. Outro é o jovem produtor de hip hop, G Love, que produziu o meu álbum Push Comes to Shove. Também Ruthie Foster, ela é fantástica, uma grande cantora.
EM: Em todas essas vezes que você veio ao Brasil, teve conato com a nossa música?
JH: Sim, tive contato com bons músicos... (nesse momento, Marla, que folheava a Revista ao Vivo mostra a matéria sobre os 20 anos do blues no Brasil com a foto do André Christovam). Sim, eu o conheço, é um cara fantástico, fomos à casa dele. Marla responde: “Conhecemos a Rita Lee”.
EM: Você gosta da Rita Lee?
JH: Sim, fomos ao show dela. Vocês possuem grandes músicos, o Brasil é um país musical, tem a ver com o sentimento das pessoas.
EM: Fale sobre os músicos que o acompanham nesses shows.
JH: Tive muita sorte de encontrar essa banda, são musicos fenomenais, Bruce Katz toca teclados, Marty Ballou, baixo e Neil Couvin, bateria. Tocamos em dez ou doze shows juntos nos últimos dois anos. Conheço Marty Ballou há 25 anos, é um baixista fenomenal. Ele me apresentou ao Neil e Bruce Katz conheci em uma noite em que ele estava tocando com o Duke Robillard, fiquei louco ouvindo-o tocar. Há três anos chamei-os pra gravar Push Comes to Shove. Costumava chamar o baterista Stephen Hodges, mas ele estava gravando com Mavis Staples e não estava disponível. Estou muito feliz com esses caras na banda.
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