Foto: Cezar Fernandes
O guitarrista Coco Montoya entra no palco e sem falar nada ataca Dirty Deal, tema de seu mais recente CD homônimo. No solo, ele faz um bend gigante enquanto olha no relógio. A provocação bastou para o guitarrista californiano incendiar a platéia que lota o espaço em frente ao palco Costazul, em Rio das Ostras.
Além de ser um cara com talento, o guitarrista Coco Montoya tem muita sorte. Sua história prova isso. Por duas vezes o músico estava no lugar certo, na hora certa, como poderemos ver na entrevista abaixo.
Seu primeiro trabalho sério como músico foi na banda do grande blueseiro de Chicago, Albert Collins. O segundo foi com os Bluesbrakers, banda de um dos maiores nomes do blues inglês, John Mayall, ocupando o lugar que um dia foi de Mick Taylor, Peter Green e Eric Clapton. Hoje Montoya toca uma crescente carreira solo.
Montoya é também um cara boa praça, atende a todos, fãs e jornalistas, com um grande sorriso e se mistura com a platéia quando algum artista que lhe interessa está no palco. Após alguns desencontros, essa entrevista exclusiva para a Revista Ao Vivo foi realizada aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, à beira da piscina do hotel, quando Coco Montoya se preparava para ir embora de Rio das Ostras.
O guitarrista Coco Montoya entra no palco e sem falar nada ataca Dirty Deal, tema de seu mais recente CD homônimo. No solo, ele faz um bend gigante enquanto olha no relógio. A provocação bastou para o guitarrista californiano incendiar a platéia que lota o espaço em frente ao palco Costazul, em Rio das Ostras.
Além de ser um cara com talento, o guitarrista Coco Montoya tem muita sorte. Sua história prova isso. Por duas vezes o músico estava no lugar certo, na hora certa, como poderemos ver na entrevista abaixo.
Seu primeiro trabalho sério como músico foi na banda do grande blueseiro de Chicago, Albert Collins. O segundo foi com os Bluesbrakers, banda de um dos maiores nomes do blues inglês, John Mayall, ocupando o lugar que um dia foi de Mick Taylor, Peter Green e Eric Clapton. Hoje Montoya toca uma crescente carreira solo.
Montoya é também um cara boa praça, atende a todos, fãs e jornalistas, com um grande sorriso e se mistura com a platéia quando algum artista que lhe interessa está no palco. Após alguns desencontros, essa entrevista exclusiva para a Revista Ao Vivo foi realizada aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, à beira da piscina do hotel, quando Coco Montoya se preparava para ir embora de Rio das Ostras.
EM: O que achou do festival? Gostou dos shows?
Coco Montoya: Adorei, foram maravilhosos passei bons momentos nos shows no Brasil, bom público e bom som. Achei um festival maravilhoso, com pessoas maravilhosas de se trabalhar. Você conhece as pessoas que trabalham aqui e sabe como elas são ótimas.
EM: Qual palco você mais gostou?
CM: É difícil dizer. Nos dois casos as pessoas estavam se divertindo e eu estou agradecido de poder tocar. Não importa o palco, o pessoal do som é muito bom.
EM: Você chegou a ver os shows de John Hammond?
CM: Sim, John Hammond é uma instituição, uma lenda, eu escutei a música de John Hammond por muitos anos. Sempre apreciei sua maneira de se expressar, cheia de alma. Ele realmente coloca muito sentimento na sua música, sempre fui um grande fã e agora somos amigos, ele e sua mulher são pessoas muito boas.
EM: Ele sempre fez uma mistura de blues acústico e elétrico com muita propriedade.
CM: Sim e faz muito bem, sua experiência permite essa diversidade, todos esses tipos de blues. É isso que eu amo em John, é muita informação, ele sabe tudo sobre o blues e é difícil acompanhar John Hammond.
EM: Você se lembra quando foi a primeira vez que ouviu blues?
CM: Bem, acredito que ouvi blues toda a minha vida. Sou de Los Angeles, onde se podia ver e ouvir blues o tempo inteiro. Em 1969 assisti pela primeira vez a um show de Albert King e foi uma revelação. Albert king era incrível. Costumava ouvir suas músicas com Eric Clapton, Cream e John Mayall e eram muito boas, sempre gostei, mas quando vi Albert King era a coisa original, meu Deus!
EM: Então essa foi a primeira vez que o blues bateu de verdade?
CM: Sim, essa foi a primeira vez que eu senti o que era o blues. Eu senti realmente. Quando conheci Albert Collins foi outra revelação. Uma música incrível.
EM: Conte um pouco sobre sua temporada tocando com a banda de Albert Collins? Qual foi a coisa mais importante que você aprendeu com ele com relação à música?
CM: A coisa mais importante que eu aprendi com Albert foi que eu devia achar a minha própria identidade como músico. Naquela época eu tocava bateria e ele costumava me dizer: “Não importa qual instrumento você toque, ache sua própria identidade”. Ele tinha uma força que levava sempre para o palco, era incrível, nada o perturbava e uma vez no palco ele tocava como se não pudesse tocar daquela forma novamente.
EM: Como se deu essa troca de instrumentos? Você era baterista na banda de Albert Collins e depois mudou para a guitarra e hoje tem uma sólida carreira com esse instrumento.
CM: Sempre toquei guitarra como segundo instrumento. Ganhei minha primeira guitarra aos 14 anos, mas nunca havia levado a sério.
EM: Tocava guitarra só por diversão?
CM: Só por diversão. Quando saí da banda de Albert Collins, em 1975 ou 76, não me lembro, trabalhei fora da música e voltei a tocar guitarra só por diversão. Eram trabalhos comuns, durante o dia.
EM: Quais trabalhos?
CM: Bartender, armazéns de materiais elétricos, essas coisas. Não esperava ser músico nunca mais, tocava guitarra nos finais de semana. Precisava trabalhar em empregos comuns para ganhar o meu dinheiro. Como músico eu nunca havia ganhado dinheiro. (risos)
EM: Se a música era só uma atividade secundária, quando e como você voltou a levá-la a sério?
CM: Sim, a música pra mim era só diversão, como se eu fosse jogar boliche nos finais de semana (risos). No começo de 1984, John Mayall me viu tocando em um clube, fazendo uma jam session. Acho que foi na mesma época que o Mick Taylor saiu dos Bluesbreakers para tocar com o Bob Dylan. Ele me perguntou se eu estava interessado a voltar ao negócio e me tornar um Bluesbreaker.
EM: É muita sorte!
CM: Sim, foi assim que John Mayall me trouxe de volta ao mundo da música.
EM: Você era o cara certo, no lugar certo, na hora certa.
CM: Sim, duas vezes. Sou abençoado. Alguém está olhando por mim lá em cima, porque eu nunca tentei encontrar o Albert Collins e nunca esperava estar fazendo uma audição para John Mayall naquele clube. Eles simplesmente foram até mim. Quando John Mayall me ligou estava trabalhando como bartender, e quando o Albert Collins me ligou estava em casa com meus amigos, tomando uma cerveja e planejando ir à praia. Minha mãe atendeu e disse que o Albert Collins estava ao telefone. Peguei o telefone e ele me disse que precisava de um baterista e se eu queria o posto. Eu sabia que não haveria retorno. Eu disse: “Acho que sim”. Três horas depois estava na van. Foi assim que aconteceu.
EM: Quais as diferenças entre Albert Collins e John Mayall como bandleaders?
CM: Albert Collins era muito mais tranqüilo. Dizia que sairíamos às 9h30 da manhã, mas não saíamos antes da 13h30. Já John Mayall era sempre pontual, marcava para estarmos no lobby de um hotel às 10 horas e era mesmo. Era muito rígido, sempre ligado em tudo, cuidava dos negócios. É assim que John Mayall é, mas eu gostava de trabalhar com ele assim.
EM: Como você encarou a tarefa de substituir Eric Clapton, Peter Green, Mick Taylor nos bluesbreakers?
CM: A primeira coisa que eu pensei foi: “Oh, meu Deus, vou ser um Bluesbrakers”. Depois fiquei muito feliz e excitado, não podia acreditar, era um sonho que estava se realizando, mas também era muito difícil. Era como entrar para os Beatles. Para mim, tinha a mesma importância. Eric Clapton foi uma das primeiras pessoas que eu ouvi. É um dos maiores guitarristas que já existiram, então, na minha cabeça eu ia representar essa tradição. Mick Taylor era outro que eu gostava muito, Peter Green, Harvey Mandel, Kal David, oh, meu Deus!
Passei um ano tocando com Kal David nos Bluesbreakers. Quando ele saiu, entrou o Walter Trout. Tocamos juntos por cinco anos, então, foi muito difícil, muita pressão, mas eu aprendi muita coisa, especialmente com o Walter.
EM: Você teve a sorte de ter as suas portas abertas por grandes músicos. Costuma fazer a mesma coisa com os músicos mais jovens?
CM: Sim e me inspiro com isso. Gosto de ver os jovens tocando. Quando olho nos olhos deles posso ver a fome de aprender. Eles amam a música e eu gosto de proporcionar isso a eles, assim como fizeram comigo.
EM: Los Angeles tem uma forte cena de blues chamada West Coast, Albert Collins é um legítimo representante de blues de Chicago e John Mayall do blues inglês. Você passou por tudo isso, qual é o som do Coco Montoya?
CM: Não sei exatamente. Eu transito por todos eles. Tento aprender. Tive o privilégio de subir ao palco com Big Joe Turner, Lowell Fulson, Geórgia “Harmonica” Smith, Pee Wee Crayton, Albert Collins, Albert King, Jimmie Vaughan e todos são grandes músicos que eu adoro, fazem uma música original, e eu não sei a qual estilo a minha música pertence. Não toco apenas blues. Pra mim todos os estilos têm o blues como fundamento. Minhas influências são o rock and roll dos anos 50, doo woop, soul music, country.
EM: Assim como o Brasil, os Estados Unidos têm muito ritmos para se explorar e muitas vezes eles podem ser misturados, não é verdade?
CM: Absolutamente. Você deve lembrar que quando eu comecei a tocar tive influencia do blues britânico de Eric Clapton, Peter Green, John Mayall, George Fame. No começo, eles vieram para a América e trouxeram um sabor diferente para o blues e isso é muito bom, é maravilhoso.
EM: O que mudou entre Got Mind to Travel e Dirty Deal?
CM: Estou sempre tentando amadurecer. Tentando experimentar, tocando coisas que sempre quis tocar. O mais importante para o artista é o amadurecimento. Fazer as coisas que têm vontade. Não pode passar a vida dizendo: “Gostaria de ter tentado isso, gostaria de ter tentado aquilo. Gostaria de ter feito esse solo, gostaria de ter tocado com aquela pessoa”. Você tem de fazer, tem de ter aquela experiência.
EM: Então, nos seus discos, você não faz muitos planos do tipo: “Quero gravar isso ou aquilo”. As coisas simplesmente acontecem?
CM: Eu faço alguns planos, mas não muitos. Penso em algumas coisas que estamos querendo fazer no álbum que estou gravando agora. O produtor é o Keb Mo, que é um grande músico, e Jack Paris também.
EM: O Keb Mo tem uma voz de trovão e também é da Califórnia.
CM: Ohh, é maravilhosa! Kevin tem muito talento e está me ensinando muitas coisas. Ele me tira do lugar que eu costumo estar seguro. Tenho de escutar e prestar atenção. È um trabalho duro, mas é bom. Crescer não é fácil. Tenho passado muito tempo com Kevin e tenho muita sorte de tê-lo como amigo. Tenho muita sorte de poder estar em estúdio com ele e com Jack Paris.
EM: Que equipamentos você usa no palco?
CM: Minha (Fender) Stratocaster foi feita por um luthier de Los Angeles chamado Toru Ettono, que constrói ótimos instrumentos. Os amplificadores que venho usando nos últimos seis anos foram construídos por Stevie Carr, da Carolina do Norte, é um trabalho maravilhoso. Uso pedais full tone e full drive em algumas circunstâncias e um outro pedal chamado “Hoochie Mama”, são pedais que dão um ótimo som.
EM: Fale um pouco sobre os músicos que estão te acompanhando no festival.
CM: O tecladista que me acompanha há alguns anos se chama Brant Leeper, já tocou com W.C. Clark e Hamilton Lumis. O baixista entrou na banda esse ano, Nathan Brown, é um músico incrível e estou muito satisfeito, ele tocou com os Bone Shakers. O baterista, Randy Hayes, toca comigo há nove anos, também já tocou com um monte de gente.
CM: É difícil dizer. Nos dois casos as pessoas estavam se divertindo e eu estou agradecido de poder tocar. Não importa o palco, o pessoal do som é muito bom.
EM: Você chegou a ver os shows de John Hammond?
CM: Sim, John Hammond é uma instituição, uma lenda, eu escutei a música de John Hammond por muitos anos. Sempre apreciei sua maneira de se expressar, cheia de alma. Ele realmente coloca muito sentimento na sua música, sempre fui um grande fã e agora somos amigos, ele e sua mulher são pessoas muito boas.
EM: Ele sempre fez uma mistura de blues acústico e elétrico com muita propriedade.
CM: Sim e faz muito bem, sua experiência permite essa diversidade, todos esses tipos de blues. É isso que eu amo em John, é muita informação, ele sabe tudo sobre o blues e é difícil acompanhar John Hammond.
EM: Você se lembra quando foi a primeira vez que ouviu blues?
CM: Bem, acredito que ouvi blues toda a minha vida. Sou de Los Angeles, onde se podia ver e ouvir blues o tempo inteiro. Em 1969 assisti pela primeira vez a um show de Albert King e foi uma revelação. Albert king era incrível. Costumava ouvir suas músicas com Eric Clapton, Cream e John Mayall e eram muito boas, sempre gostei, mas quando vi Albert King era a coisa original, meu Deus!
EM: Então essa foi a primeira vez que o blues bateu de verdade?
CM: Sim, essa foi a primeira vez que eu senti o que era o blues. Eu senti realmente. Quando conheci Albert Collins foi outra revelação. Uma música incrível.
EM: Conte um pouco sobre sua temporada tocando com a banda de Albert Collins? Qual foi a coisa mais importante que você aprendeu com ele com relação à música?
CM: A coisa mais importante que eu aprendi com Albert foi que eu devia achar a minha própria identidade como músico. Naquela época eu tocava bateria e ele costumava me dizer: “Não importa qual instrumento você toque, ache sua própria identidade”. Ele tinha uma força que levava sempre para o palco, era incrível, nada o perturbava e uma vez no palco ele tocava como se não pudesse tocar daquela forma novamente.
EM: Como se deu essa troca de instrumentos? Você era baterista na banda de Albert Collins e depois mudou para a guitarra e hoje tem uma sólida carreira com esse instrumento.
CM: Sempre toquei guitarra como segundo instrumento. Ganhei minha primeira guitarra aos 14 anos, mas nunca havia levado a sério.
EM: Tocava guitarra só por diversão?
CM: Só por diversão. Quando saí da banda de Albert Collins, em 1975 ou 76, não me lembro, trabalhei fora da música e voltei a tocar guitarra só por diversão. Eram trabalhos comuns, durante o dia.
EM: Quais trabalhos?
CM: Bartender, armazéns de materiais elétricos, essas coisas. Não esperava ser músico nunca mais, tocava guitarra nos finais de semana. Precisava trabalhar em empregos comuns para ganhar o meu dinheiro. Como músico eu nunca havia ganhado dinheiro. (risos)
EM: Se a música era só uma atividade secundária, quando e como você voltou a levá-la a sério?
CM: Sim, a música pra mim era só diversão, como se eu fosse jogar boliche nos finais de semana (risos). No começo de 1984, John Mayall me viu tocando em um clube, fazendo uma jam session. Acho que foi na mesma época que o Mick Taylor saiu dos Bluesbreakers para tocar com o Bob Dylan. Ele me perguntou se eu estava interessado a voltar ao negócio e me tornar um Bluesbreaker.
EM: É muita sorte!
CM: Sim, foi assim que John Mayall me trouxe de volta ao mundo da música.
EM: Você era o cara certo, no lugar certo, na hora certa.
CM: Sim, duas vezes. Sou abençoado. Alguém está olhando por mim lá em cima, porque eu nunca tentei encontrar o Albert Collins e nunca esperava estar fazendo uma audição para John Mayall naquele clube. Eles simplesmente foram até mim. Quando John Mayall me ligou estava trabalhando como bartender, e quando o Albert Collins me ligou estava em casa com meus amigos, tomando uma cerveja e planejando ir à praia. Minha mãe atendeu e disse que o Albert Collins estava ao telefone. Peguei o telefone e ele me disse que precisava de um baterista e se eu queria o posto. Eu sabia que não haveria retorno. Eu disse: “Acho que sim”. Três horas depois estava na van. Foi assim que aconteceu.
EM: Quais as diferenças entre Albert Collins e John Mayall como bandleaders?
CM: Albert Collins era muito mais tranqüilo. Dizia que sairíamos às 9h30 da manhã, mas não saíamos antes da 13h30. Já John Mayall era sempre pontual, marcava para estarmos no lobby de um hotel às 10 horas e era mesmo. Era muito rígido, sempre ligado em tudo, cuidava dos negócios. É assim que John Mayall é, mas eu gostava de trabalhar com ele assim.
EM: Como você encarou a tarefa de substituir Eric Clapton, Peter Green, Mick Taylor nos bluesbreakers?
CM: A primeira coisa que eu pensei foi: “Oh, meu Deus, vou ser um Bluesbrakers”. Depois fiquei muito feliz e excitado, não podia acreditar, era um sonho que estava se realizando, mas também era muito difícil. Era como entrar para os Beatles. Para mim, tinha a mesma importância. Eric Clapton foi uma das primeiras pessoas que eu ouvi. É um dos maiores guitarristas que já existiram, então, na minha cabeça eu ia representar essa tradição. Mick Taylor era outro que eu gostava muito, Peter Green, Harvey Mandel, Kal David, oh, meu Deus!
Passei um ano tocando com Kal David nos Bluesbreakers. Quando ele saiu, entrou o Walter Trout. Tocamos juntos por cinco anos, então, foi muito difícil, muita pressão, mas eu aprendi muita coisa, especialmente com o Walter.
EM: Você teve a sorte de ter as suas portas abertas por grandes músicos. Costuma fazer a mesma coisa com os músicos mais jovens?
CM: Sim e me inspiro com isso. Gosto de ver os jovens tocando. Quando olho nos olhos deles posso ver a fome de aprender. Eles amam a música e eu gosto de proporcionar isso a eles, assim como fizeram comigo.
EM: Los Angeles tem uma forte cena de blues chamada West Coast, Albert Collins é um legítimo representante de blues de Chicago e John Mayall do blues inglês. Você passou por tudo isso, qual é o som do Coco Montoya?
CM: Não sei exatamente. Eu transito por todos eles. Tento aprender. Tive o privilégio de subir ao palco com Big Joe Turner, Lowell Fulson, Geórgia “Harmonica” Smith, Pee Wee Crayton, Albert Collins, Albert King, Jimmie Vaughan e todos são grandes músicos que eu adoro, fazem uma música original, e eu não sei a qual estilo a minha música pertence. Não toco apenas blues. Pra mim todos os estilos têm o blues como fundamento. Minhas influências são o rock and roll dos anos 50, doo woop, soul music, country.
EM: Assim como o Brasil, os Estados Unidos têm muito ritmos para se explorar e muitas vezes eles podem ser misturados, não é verdade?
CM: Absolutamente. Você deve lembrar que quando eu comecei a tocar tive influencia do blues britânico de Eric Clapton, Peter Green, John Mayall, George Fame. No começo, eles vieram para a América e trouxeram um sabor diferente para o blues e isso é muito bom, é maravilhoso.
EM: O que mudou entre Got Mind to Travel e Dirty Deal?
CM: Estou sempre tentando amadurecer. Tentando experimentar, tocando coisas que sempre quis tocar. O mais importante para o artista é o amadurecimento. Fazer as coisas que têm vontade. Não pode passar a vida dizendo: “Gostaria de ter tentado isso, gostaria de ter tentado aquilo. Gostaria de ter feito esse solo, gostaria de ter tocado com aquela pessoa”. Você tem de fazer, tem de ter aquela experiência.
EM: Então, nos seus discos, você não faz muitos planos do tipo: “Quero gravar isso ou aquilo”. As coisas simplesmente acontecem?
CM: Eu faço alguns planos, mas não muitos. Penso em algumas coisas que estamos querendo fazer no álbum que estou gravando agora. O produtor é o Keb Mo, que é um grande músico, e Jack Paris também.
EM: O Keb Mo tem uma voz de trovão e também é da Califórnia.
CM: Ohh, é maravilhosa! Kevin tem muito talento e está me ensinando muitas coisas. Ele me tira do lugar que eu costumo estar seguro. Tenho de escutar e prestar atenção. È um trabalho duro, mas é bom. Crescer não é fácil. Tenho passado muito tempo com Kevin e tenho muita sorte de tê-lo como amigo. Tenho muita sorte de poder estar em estúdio com ele e com Jack Paris.
EM: Que equipamentos você usa no palco?
CM: Minha (Fender) Stratocaster foi feita por um luthier de Los Angeles chamado Toru Ettono, que constrói ótimos instrumentos. Os amplificadores que venho usando nos últimos seis anos foram construídos por Stevie Carr, da Carolina do Norte, é um trabalho maravilhoso. Uso pedais full tone e full drive em algumas circunstâncias e um outro pedal chamado “Hoochie Mama”, são pedais que dão um ótimo som.
EM: Fale um pouco sobre os músicos que estão te acompanhando no festival.
CM: O tecladista que me acompanha há alguns anos se chama Brant Leeper, já tocou com W.C. Clark e Hamilton Lumis. O baixista entrou na banda esse ano, Nathan Brown, é um músico incrível e estou muito satisfeito, ele tocou com os Bone Shakers. O baterista, Randy Hayes, toca comigo há nove anos, também já tocou com um monte de gente.