quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Bourbon Street Fest acontece entre 24 e 31 de agosto Em São Paulo

O festival promete transformar São Paulo na sucursal de Nova Orleans, com apresentações de artistas brasileiros e estrangeiros. Tem muita coisa grátis

Ivan Neville

Criado em 2003, o Bourbon Street Fest precisou ser paralisado durante os dois anos de pandemia, como os eventos culturais em geral, retornando às atividades em 2022. Por isso, em 2025, será celebrada a 20ª edição do festival mais esperado do ano.
A abertura, no palco do Parque Villa-Lobos, com entrada gratuita, no dia 24 de agosto, a partir das 13h, terá DJ apresentando sons de New Orleans. Às 14h, o guitarrista Ari Teitel, criado em Detroit e radicado em Nova Orleans, faz sua primeira apresentação no festival. 
Cofundador da banda The Rumble, referência no estilo Mardi Gras Indian Funk, Ari traz uma fusão única de influências como R&B, funk, gospel, jazz, hip-hop, blues e rock psicodélico – um verdadeiro "gumbo" musical, típico da riqueza cultural de Nova Orleans.

Tom Worrell e Luciano Leães

Ao lado do pianista brasileiro Luciano Leães, o virtuoso pianista norte-americano Tom Worrell, também fazendo sua estreia no Bourbon Street Fest, se apresenta às 16h com o projeto The Piano Twins & The Oak Street Troublemakers. 
Outro grande destaque do festival é a banda The Rumble, que marcou presença neste ano no New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos mais importantes e tradicionais festivais de música dos Estados Unidos. Indicada duas vezes ao Grammy, The Rumble sobe ao palco às 17h30 com Aurélien Barnes (trompete/percussão), José Maize Jr. (trombone), TJ Norris (baixo), Ari Teitel (guitarra), Andriu Yanovski (teclados) e Trenton O’Neal (bateria). The Rumble entrega uma sonoridade poderosa, moldada por influências que vão do funk ao hip hop, passando por brass band, gospel, jazz e até música clássica.
No intervalo dos shows principais, a Orleans Street Jazz Band contagia a plateia com seu estilo irreverente e contagiante, inspirados nas lendárias street bands de New Orleans, símbolos da cidade.
No Parque Villa-Lobos, a programação do dia se encerra com a apresentação do The Rumble, mas continua no Bourbon Street Music Club. Ainda no domingo, dia 24, às 19h, a abertura da noite fica por conta da Orleans Street Jazz Band, que prepara o terreno para, às 20h, o palco ser tomado pela poderosa Keeshea Pratt, diretamente do Mississippi. 
No palco, Pratt estará muito bem acompanhada pela Prado Brothers Band, liderada pelos irmãos Igor e Yuri Prado, reconhecidos mundialmente como uma das bandas mais influentes do cenário.

The Rumble

Ao lado do pianista brasileiro Luciano Leães, o virtuoso pianista norte-americano Tom Worrell, também fazendo sua estreia no Bourbon Street Fest, se apresenta às 16h com o projeto The Piano Twins & The Oak Street Troublemakers. 
Outro grande destaque do festival é a banda The Rumble, que marcou presença neste ano no New Orleans Jazz & Heritage Festival, um dos mais importantes e tradicionais festivais de música dos Estados Unidos. Indicada duas vezes ao Grammy, The Rumble sobe ao palco às 17h30 com Aurélien Barnes (trompete/percussão), José Maize Jr. (trombone), TJ Norris (baixo), Ari Teitel (guitarra), Andriu Yanovski (teclados) e Trenton O’Neal (bateria). The Rumble entrega uma sonoridade poderosa, moldada por influências que vão do funk ao hip hop, passando por brass band, gospel, jazz e até música clássica.
No intervalo dos shows principais, a Orleans Street Jazz Band contagia a plateia com seu estilo irreverente e contagiante, inspirados nas lendárias street bands de New Orleans, símbolos da cidade.
No Parque Villa-Lobos, a programação do dia se encerra com a apresentação do The Rumble, mas continua no Bourbon Street Music Club. Ainda no domingo, dia 24, às 19h, a abertura da noite fica por conta da Orleans Street Jazz Band, que prepara o terreno para, às 20h, o palco ser tomado pela poderosa Keeshea Pratt, diretamente do Mississippi. 
No palco, Pratt estará muito bem acompanhada pela Prado Brothers Band, liderada pelos irmãos Igor e Yuri Prado, reconhecidos mundialmente como uma das bandas mais influentes do cenário.

Keeshea Pratt e Prado Brothers

A Orleans Street Jazz Band volta a abrir os trabalhos entre os dias 26 e 29, a partir das 19h, no Bourbon Street Music Club; já no dia 30, é a vez da Torres Jazz Band. 
Na terça-feira, dia 26, às 20h30, o destaque é o Dennis Chambers Trio, liderado por um dos bateristas mais respeitados do mundo. Chambers construiu uma carreira brilhante tocando com lendas como Santana, Parliament/Funkadelic, John Scofield e Brecker Brothers. Às 22h, a banda The Rumble retorna ao festival, para encerrar a noite. 
A atração da quarta-feira, dia 27, às 20h30, é o Danny Abel Hammond Quartet, que faz seu début no festival. O guitarrista Danny Abel, indicado ao Grammy com o grupo Tank and The Bangas, é um nome consolidado na cena de Nova Orleans, onde lidera projetos autorais em clubes e festivais, com uma sonoridade que transita com naturalidade entre funk, jazz tradicional, gospel e R&B.
Às 22h, o público terá chance de ver – ou rever – o projeto The Piano Twins & The Oak Street Troublemakers, encontro visceral dos pianos de Tom Worrell e Luciano Leães, reverenciando New Orleans. 

Tony Hall

Na quinta-feira, dia 28, às 20h30, a trilha da noite é conduzida pelo DJ New Orleans. Em seguida, às 22h, o Playing For Change, coletivo musical global aclamado internacionalmente, retorna aos palcos pela primeira vez desde 2019, em um show exclusivo. 
O line-up de sexta-feira, dia 29, traz duas atrações inéditas nesta 20ª edição do festival. Às 21h, a indicada ao Grammy Shannon McNally, que também integrou o seleto grupo de artistas do prestigiado New Orleans Jazz & Heritage Festival, mostra um repertório que abrange outros aspectos da música norte-americana, o folk, o country, passando pelo blues e o rock. 
Na sequência, às 23h, é a vez de Tony Hall, um dos grandes mestres do funk de Nova Orleans e veterano no Bourbon Fest, assumir o palco. Multi-instrumentista e vocalista, Hall é membro fundador da banda Dumpstaphunk e coleciona colaborações com nomes como Harry Connick Jr., Emmylou Harris, Dave Matthews & Friends.

Shannon McNally

No sábado, dia 30, às 21h, o New Orleans All-Stars — grupo formado por grandes nomes da cena musical de New Orleans — recebe no palco a cantora Shannon McNally para um feat especial. 
Em seguida, às 23h, o grupo retorna com a presença de Ivan Neville, multi-instrumentista, cantor e compositor reconhecido como um dos maiores representantes da música de Nova Orleans. 
Membro da lendária família Neville, Ivan já tocou com seu tio Cyril Neville no icônico Neville Brothers, integra a renomada banda Dumpstaphunk e está atualmente em turnê pelos Estados Unidos ao lado de Trombone Shorty — uma das maiores estrelas do New Orleans Jazz & Heritage Festival e símbolo vivo da musicalidade da cidade. 
O Bourbon Street Fest – 20 Anos chega ao seu último dia de celebração no domingo, 31, com entrada gratuita, assim como foi na abertura. A programação começa às 15h com DJ Léo Lucas e abrindo os trabalhos, New Orleans Experience com o maestro Marcelo Torres. 
Uma das gratas surpresas do 15º Bourbon Festival Paraty, em junho de 2025, a cantora americana J.J. Thames volta ao Brasil e se apresenta às 16h30. Nascida na Motowniana Detroit, "The Hurricane", como é conhecida, traz um show poderoso que combina blues, rock e soul, mantendo a crueza do blues tradicional, mas com um tempero moderno que agrada também ao público mais pop. Inspirada por lendas como Etta James e Koko Taylor, J.J. promete uma performance intensa e cheia de alma.
Às 18h, Ivan Neville Neville e os New Orleans All-Stars retornam ao palco, desta vez com a participação especial de Shannon McNally, em um encontro que promete sintetizar a alma e a diversidade musical de Nova Orleans. 
Na sequência, o Playing For Change recebe novamente os holofotes com um super show de encerramento, relembrando o espírito vibrante das grandes festas que o festival já realizou em frente à sede do Bourbon Street na Rua dos Chanés. 
O Playing For Change é um coletivo aclamado internacionalmente e conhecido por reunir músicos de diversas partes do mundo como República Democrática do Congo, Holanda, Israel, África do Sul, Japão, Brasil e Estados Unidos para promover mensagens de união e paz.

Maffuletta especial


Gastronomia - Além da música, a 20.ª edição do Bourbon Street Fest celebra a cultura gastronômica da Louisiana com um cardápio seguindo a inspiração dos sabores de New Orleans em drinks e pratos típicos da culinária cajun e créole.
O famoso Jambalaya – em versões adaptadas - e o retorno de um clássico, o sanduíche Muffuletta, tradicionalíssimo em New Orleans com seu pão redondo e bastante recheado com frios diversos, queijos e uma pasta especial de azeitonas. Entre os drinks especiais, destaque para o Shot Copa Sazerac: a base de cognac, peychaud’s bitters e absinto, vem acompanhado de crispy de copa especial. Uma experiência aromática e cheia de personalidade.

Serviços:
Festival - Bourbon Street Fest - 24 a 31 de Agosto

Line UP - Dj Crizz (New Orleans Sounds); Ari Teitel (Jazz Funk Fusion); Tom Worrell & Luciano Leães (Piano New Orleans); 
The Rumble (Funk Soul New Orleans)

Data: 24 de agosto
Horário: 13h às 19h
Local: Parque Villa Lobos - Avenida Professor Fonseca Rodrigues, 2001
Alto dos Pinheiros - São Paulo - SP 
Classificação indicativa: livre
Ingressos: Gratís

Bourbon Street Music Club – 24 a 31 de Agosto
24/7 - Domingo às 20h - Keesha Pratt & Prado Brothers Band
26/7 - Terça-feira, 20h30 - Dannis Chambers Trio visits New Orleans e The Rumble (Funk Soul New Orleans)
27/7 - Quarta-feira, 21h - Danny Abel Hammond Quartet; Tom Worrell & Luciano Leães (Piano New Orleans)
28/7 - Quinta-feira, 22h - Playing For Change
29/7 - Sexta-feira, 22h - Shannon McNally (Folk Rock) e Tony Hall (R&B Soul Funk)
30/7 - Sábado, 22h - Torres Jazz Band (Traditional Jazz); Nola All Stars Band feat Shannon McNally (R&B Soul Funk); Ivan Neville & Nola All Stars Band (New Orleans Funk)

Local: Bourbon Street | Rua Dos Chanés, 127 – Moema – SP
Couvert  Artístico: R$ 50 a R$ 95 (2 shows por noite)
Vendas online: www.sympla.com.br
Classificação indicativa: 18 anos e 16 anos acompanhado de responsável 
Reservas na casa: Rua dos Chanés 194 – de  segunda a sábado das 10h às 18h e domingos das 12h às 16h – sem taxa de conveniência 

Encerramento gratuito na rua dos Chanés  Data: 31 de agosto
Line up - Dj Léo Lucas; J.J. Thames (Blues); Ivan Neville & Nola All Stars Band feat Shannon McNally (New Orleans Funk); Playing For Change

Local: Bourbon Street | Rua Dos Chanés, 127 – Moema – SP
Horário: 15h às 21h
Gratuito

Gustavo Figueiredo toca em Santos em projeto solo

 Considerado um dos grandes pianistas de jazz do Brasil, o mineiro faz única apresentação na cidade em show grátis no Sesc

Gustavo Figueiredo

Neste sábado, dia 23 de setembro, às 20h, o pianista mineiro Gustavo Figueiredo participado de um projeto piano solo no Sesc Santos.
O repertório inclui releituras de compositores brasileiros, jazz e temas autorais, entre eles, Alegre Menina (Dori Caymmi), Samba Dobrado (Djavan), Lamento Sertanejo (Dominguinhos e Gilberto Gil), Clube da Esquina 1 (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges), Anjo (Gustavo Figueiredo), Eu e a Brisa (Johnny Alf), Thelonious Groove (Gustavo Figueiredo), Bala com Bala (João Bosco), Waltz for Debby (Bill Evans) e Palco (Gilberto Gil).
Com o intuito de envolver ainda mais a plateia, além de tocar, o pianista e compositor
Gustavo Figueiredo fala uma pouco sobre cada obra e seus compositores, dando algumas referências de gravações e um pouco da histórica de cada um deles.

Gustavo Figueiredo - É pianista, compositor e arranjador, trabalhou com importantes músicos pelo país, como: Vander Lee, Beto Guedes, Nivaldo Ornelas, Marku Ribas, Leila Pinheiro, Ceu, Paula Lima, Toninho Horta    e    outros.    Ganhador    do    Prêmio    BDMG    Instrumental    em   2007.
Com seu trabalho próprio vem tocando em diversos festivais e shows pelo país. Em 2014 lançou o CD intitulado “Trio” e em 2015 gravou um DVD ao vivo. No final de 2018 estreou um novo trabalho interpretando importantes compositores da música brasileira, com novos arranjos e uma linguagem contemporânea. Em 2019 estreou sua carreira na Europa com shows em Lisboa e Cascais (Portugal). Em 2020 lançou dois singles autorais “na mente” e “viva.” Em outubro/2021 lançou seu novo álbum, “Antes do fim”, que além do seu trio, conta com a participação de Kadu Vianna e Marcelo Dai nos vocais. É curador do “Tudo é Jazz”, um dos maiores festivais de jazz do país, assina a produção musical e arranjos do projeto “Nossa Batida, projeto “Taí, Carmem Miranda por Sônia Andrade”, arranjador do show “Beatles da Esquina”, com Daniel Lima, Flávio Venturini e Roberta Campos, além de idealizador, arranjador e diretor musical do projeto “Nossa Batida”. 

Serviço:
Show: Gustavo Figueiredo
Data: 23 de agosto
Horário: 20h
Local: Sesc Santos
Endereço: Rua Conselheiro Ribas, 136
Ingressos: Grátis
Classificação: Livre

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Napalm Death vem ao Brasil para show único em São Paulo

A banda icônica Napalm Death fará show único no Brasil dentro da turnê latino americana. A abertura será com Ratos de Porão, completando a noite histórica. Os shows acontecem no dia 05 de dezembro de 2025, no Hangar 110 

Napalm Death

Napalm Death surgiu em 1981, no vilarejo de Meriden, próximo a Birmingham (Inglaterra), e atravessa décadas como uma das formações mais influentes do mundo com sua sonoridade pesada e contestadora. Guitarras distorcidas, blast beats frenéticos, vocais guturais e letras com forte viés sociopolítico são a verve da banda. Até o momento, já lançou 16 álbuns de estúdio.
O álbum mais recente do Napalm Death é o trabalho colaborativo com os Melvins, intitulado Savage Imperial Death March, lançado em fevereiro de 2025. O último trabalho próprio foi o EP Resentment Is Always Seismic – A Final Throw of Throes, em 2022.
Ao vivo, o Napalm Death é historicamente avassalador. Mark ‘Barney’ Greenway (vocais) John Cooke (guitarra), Shane Embury (baixo) e Danny Herrera (bateria) tomam conta do palco com força e peso, combinando clássicos como “Prison Without Walls” e “You Suffer” com faixas mais recentes, comprovando sua evolução sem perder a essência grindcore.
Com razão, as apresentações da banda inglesa são descritas por fãs e crítica especializada como "um ataque sensorial" pesado, direto e intenso.
Em uma recente entrevista ao site espanhol Rafa Basa, Barney falou do repertório do Napalm Death ao vivo, que busca trazer novidades aos fãs:
“Sempre tentamos fazer um repertório diferente. Eu me canso de ver bandas tocando a mesma coisa ano após ano, então nos limitamos às músicas que as pessoas querem ouvir, os clássicos, se você quiser chamá-los assim, e também tentamos introduzir coisas diferentes. Basicamente é sempre um repertório diferente.”

Ratos de Porão


Ratos de Porão - O Ratos de Porão é uma banda brasileira de punk crossover formada em novembro de 1981, durante a explosão do movimento punk paulista. Seu primeiro disco, Crucificados pelo Sistema, saiu em 1984 e tinha músicas que se tornaram hits instantâneos como a própria Crucificados, Agressão Repressão e Morrer.
São conhecidos internacionalmente, tendo feito turnês pela América Latina, Europa e América do Norte. Atualmente estão se apresentando ao vivo com sua turnê de 40 anos, que marca também o lançamento do álbum Necropolítica, feito durante a pandemia
A produção é da Xaninho Discos e Caveira Velha Produções.

Serviço:
Show: Napalm Death + Rato de Porão em São Paulo
Data: 6 de dezembro de 2025
Horário: 18h (abertura da casa)
Local: Hangar 110 (rua Rodolfo Miranda, 110, Bom Retiro - São Paulo/SP)
Ingressos: https://101tickets.com.br/events/details/Napalm-Death-e-Ratos-de-Porao-em-Sao-Paulo

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Orquestra de Heliópolis recebe e homenageia Alaíde Costa no Sesc Bom Retiro

A apresentação faz parte da série de concertos "Heliópolis & Simoninha Convidam", espetáculo que reúne a Orquestra Juvenil Heliópolis, sob regência do maestro Edilson Ventureli e Wilson Simoninha, em uma celebração da diversidade e sofisticação

Alaíde Costa

A Orquestra Juvenil Heliópolis realiza amanhã, dia 1º de agosto, às 20h, no Sesc Bom Retiro, uma edição da série “Heliópolis & Simoninha Convidam”, trazendo ao palco Wilson Simoninha e Alaíde Costa, ícone da música brasileira, que celebra o lançamento de Uma Estrela para Dalva, tributo a Dalva de Oliveira que inaugura as comemorações de seus 90 anos. 
Sob regência do maestro Edilson Ventureli, o concerto destaca o diálogo entre gerações, com repertório que percorre sambas-canção, bossa nova e clássicos da MPB, entre eles, “Balanço Zona Sul”, “Travessia” e “Dindi”, além do dueto “Me Deixa em Paz”.
Parte da renda obtida com os ingressos (de R$ 12 a R$ 40) será destinada à conclusão do Teatro Baccarelli – primeira sala de concertos de padrão internacional implantada em território periférico na cidade de São Paulo, atualmente em fase de finalização e mobilizando a sociedade civil para tornar-se realidade.
A iniciativa integra excelência artística e responsabilidade social, marca do Instituto Baccarelli, referência nacional em formação musical para crianças e jovens da favela de Heliópolis. O projeto já transformou trajetórias de milhares de jovens, unindo cidadania, oportunidades e cultura de forma inovadora.
Alaíde Costa, celebrada recentemente pelo público e crítica pelo novo álbum e pela trajetória de resistência artística ressalta: “Preferia músicas calmas e mais elaboradas. Ficava encantada com as canções mais sofisticadas. Não sei de onde isso vem. De outras vidas talvez. Com Dalva de Oliveira aprendi a me emocionar! Em casa só tinha rádio, todo meu contato com a música vinha dali. Obrigada, não estou à venda!”

Serviço:
Show: Heliópolis & Simoninha Convidam: Alaíde Costa
Local: Sesc Bom Retiro
Endereço: Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos - SP
Quando: Sexta-feira, 1º de agosto
Ingressos: entre R$ 12,00 e R$ 40,00

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Marisa Monte reúne orquestra sinfônica para seis concertos

A orquestra, que terá a regência de André Bachur, conta com 55 componentes escolhidos especialente para a turnê que incluirá seis capitais 

Marisa Monte (foto: Leo Aversa)

Phonica, é o nome do novo espetáculo e turnê inédita que a cantora fará, passando por seis capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
A turnê começa em 18/10 em BH e termina em 6/12 em POA.
Marisa Monte é uma das artistas mais importantes da música brasileira e que vem atravessando gerações com a mesma força, sensibilidade e relevância. "Produzir seus shows ao lado de uma orquestra, em parques e lugares que carregam memória e beleza, é mais do que realizar um espetáculo: é construir experiências que tocam profundamente quem assiste e quem faz, conta Maitê Quartucci, produtora da T4F, responsável pela produção. 
Não é a primeira vez que a cantora se apresenta com um orquestra, no Brasil e no exterior e ela afirma que a interação entre os músicos no palco, a complexidade dos arranjos e a combinação de técnica com a emoção sempre fizeram desses concertos experiências verdadeiramente mágicas. "Para a série especial de seis shows da Phonica, em parceria com o maestro André Bachur, que me acompanhou no concerto de comemoração dos 90 anos da USP, selecionamos músicos virtuosos das melhores orquestras do país. Junto com minha banda, unimos o popular ao erudito para interpretar clássicos, criando mais uma experiência transcendental, revela." 
O maestro André Bachur afirma que os concertos oferecerão experiência marcantee, tanto para quem estiver no palco quanto para quem estiver na plateia. "Levar esse espetáculo tão especial a diferentes cidades do Brasil é um verdadeiro privilégio. Acredito que cada apresentação será única, emocionante e inesquecível para todos nós, afirma o maestro que já esteve à frente da Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP), Orquestra do Theatro São Pedro (ORTHESP), Orquestra Moderna, Ensemble Brasil, Orquestra do Festival de Prados (MG), EOS-USP e Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba. Foi regente assistente da Orquestra de Câmara da ECA/USP (OCAM) entre 2011 e 2014.
A banda de Marisa é composta por Dadi Carvalho (violão e guitarra), Pupillo (bateria), Alberto Continentino (baixo) e Pedrinho da Serrinha (cavaquinho e percussão).

Serviços:

Belo Horizonte 
Data: 18/10/2025 (sábado) 
Local: Parque Ecológico da Pampulha - Av. Otacílio Negrão de Lima, 6061, 120 - Pampulha 

Rio de Janeiro 
Data: 01/11/2025 (sábado) 
Local: Brava Arena Jockey - Jockey Club Brasileiro - Praça Santos Dumont, 31 – Gávea, Rio de Janeiro 

São Paulo
Data: 08/11/2025 (sábado) 
Local: Parque Ibirapuera - Auditório Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, 0 - Ibirapuera, SP 

Curitiba 
Data: 15/11/2025 (sábado) 
Local: Pedreira Paulo Leminski - R. João Gava, 970 - Abranches, Curitiba - PR, 82130-010 

Brasília 
Data: 29/11/2025 (sábado) 
Local: Gramado do Eixo Cultural Ibero-Americano – Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural Lote 02, entre o Clube do Choro e a Torre de TV, em Brasília, DF, CEP: 70740-610 

Porto Alegre 
Data: 06/12/2025 (sábado) 
Local: Parque Harmonia - Av. Lourenço da Silva, 255, Praia de Belas, 90050-240
 

domingo, 27 de julho de 2025

Dolores Duran e Ella Fitzgerald são homenageadas na 23ª edição do festival Tudo é Jazz

O Festival Tudo é Jazz é um evento artístico-cultural de música que, até a pandemia, acontecia anualmente, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Desde 2022, quando completou 20 anos, expandiu sua programação para Belo Horizonte e outros municípios do interior mineiro.

Izzy Gordon, sobrinha de Dolores Duran (foto: Gabriel Wickbold)

Entre 07 a 10 de agosto, quinta a domingo, Ouro Preto recebe a 23ª edição do Festival Tudo é Jazz que, em 2025 contará com shows de Nando Reis, Izzy Gordon, Juarez Moreira, The Velvet Kings, Cliver Honorato, Dixieland, Willian Evans Trio e muito mais.  De lá, o evento acontece de 15 a 17 de agosto em Itabirito; 23 e 24 de agosto em Congonhas; 13 e 14 de setembro em Ouro Branco; e de 19 a 21 de setembro em Grão Mogol. O projeto tem entrada 100% gratuita e já levou aos palcos mais de 1.700 músicos do Brasil e do mundo.
Essa edição homenageia as cantoras Ella Fitzgerald e Dolores Duran. "É uma grande honra homenagear essas duas mulheres fortes e marcantes para a história do jazz, e estar de volta a Ouro Preto celebrando os 23 anos de trajetória do primeiro festival de jazz de Minas Gerais. É um privilégio estar à frente desse projeto e proporcionar ao nosso público uma programação 100% gratuita e democrática”, explica o diretor geral Rud Carvalho. A curadoria é do pianista, compositor e arranjador Gustavo Figueiredo.

Exposição - Parte importante da programação será a exposição “Ella & Dolores”, um encontro imaginário entre duas gigantes da música de dores e amores e encantamento: Dolores Duran e Ella Fitzgerald. Fica em cartaz na Casa de Gonzaga de 7 a 10 de agosto, também com entrada gratuita. Com direção criativa de Ronaldo Fraga, o fotógrafo Rodrigo Januário assina o ensaio que imagina encontros possíveis entre as divas nos bastidores da vida: mesas de botequim, salões de beleza, igrejas e quartos de solidão sonora. 
A cenografia é assinada pelos arquitetos Clarissa Neves e Paulo Waisberg.  “Meu coração sempre pulsou mais forte fazendo a direção gráfica e criativa do Tudo é Jazz, mas, nesta edição, além do coração, minha alma está cantando com Ella e Dolores! O desafio vai ser transportar o público para ambientes do tempo delas através de suas vozes e composições”, explica.

Nando Reis (foto: Felipe Maior)

Tudo é jazz - O Festival Tudo é Jazz é um festival de música que, até a pandemia, acontecia anualmente, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Desde 2022, quando completou 20 anos, expandiu sua programação para Belo Horizonte e outros municípios do interior mineiro. Promove intercâmbio entre os mais variados estilos de jazz do Brasil e do mundo, já trouxe mais de 1.700 músicos que se apresentaram em teatros, praças públicas, cortejos, workshops e pocket shows. Reúne a tradição e a inovação, conectando artistas de gerações e nacionalidades distintas, levando ao público o que há de mais relevante na música produzida atualmente, não apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo. Considerado um dos 10 melhores eventos de jazz do mundo pela renomada revista Down Beat, completa 23 anos em 2025. Ao longo dos anos, promoveu diversas oficinas culturais, cortejos pelas ruas das cidades e apresentações musicais em teatros e praças públicas.
O Tudo é Jazz é viabilizado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Federal de incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Governo de Minas Gerais, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. Realizado pela New View Entretenimento e Comunicação, apresentado pela Gerdau, patrocinado pela Vivo e tem apoio da Prefeitura de Ouro Preto e da Rede Minas.

Serviço:
Festival Tudo é Jazz
Programação completa no site: www.tudoejazz.com 
Instagram: @tudoejazz

O Tudo é Jazz acontece em Ouro Preto em 07 a 10 de agosto; Itabirito em 15 a 17 de agosto; Congonhas em 23 e 24 de agosto; Ouro Branco em 13 e 14 de setembro e em Grão Mogol em 19 a 21 de setembro.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Do funk americano ao jazz brasileiro o som de Randy Brecker não tem fronteiras

 

Randy Brecker no Bourbon Street Music Club

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Nas minhas andanças tenho procurado assistir aos shows dos ídolos do jazz da juventude. O trompetista Randy Brecker é mais um de uma extensa lista que inclui Nina Simone, Wayne Shorter, Herbie Hancock, George Benson, Al Jarreau, Marcus Miller, Billy Cobham, Jean Luc Ponty, Mike Stern, Wynton Marsalis e Stanley Jordan. A lista de shows é extensa, entre blues e jazz internacional, assisti mais de 200.
Tive o privilégio de assistir o Randy em duas ocasiões, no Rio das Ostras Jazz e Blues, em 2014, e recentemente no Bourbon Street Music Club, em junho de 2025, onde essa entrevista foi realizada. 
Sem exagerar, a carreira jazzística de Randy Brecker é uma das mais prolíficas e marcantes dos últimos 50 anos. Com seu irmão, o saxofonista Michael Brecker, fundou grupos importantes e inovadores, Dreams e The Brecker Brothers.
Os álbuns do Dreams, que trazem a mistura de soul, jazz e rock com cara da época, começo dos anos 70, são disputados a tapa pelos colecionadores. 
Como Brecker Brothers expandiram as margens do fusion em direção ao funk com o disco homônimo de 1974, estourando os tímpanos da molecada com Some Skunk Funk, Squids, If Wanna Boogie, Slick Stuff, a lista é longa. 
Após dez anos tocando ideias e composições Randy e Michael chegaram a uma bifurcação artística e tomaram rumos distintos. 
E mais uma vez a criatividades de ambos se mostrou prolífica. Enquanto Michael tocou e gravou com Frank Zappa, Lou Reed, Parliament Funkadelic, Aerosmith, Steely Dan, Bruce Springsteen, Randy destruía em gravações de Horace Silver, Jaco Pastorius, Billy Cobham, Charles Mingus, Blood Sweet and Tears. 
Randy casou-se com Eliane Elias, pianista de jazz paulistana radicada em New York e tornou-se fã da música brasileira, gravando e tocando por aqui por anos. Seu disco Into the Sun (1997) recebeu um Grammy na categoria de Melhor Performance de Jazz Contemporâneo. Já Randy in Brazil (2008), gravado em São Paulo, com Teco Cardoso, André Mehmari, Ricardo Silveira e Robertinho Silva e produção de Ruriá Duprat, venceu na categoria de Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo.
Em 2023 gravou Randy Brecker Live in Amazonas com a Amazonas Band regida pelo maestro Rui Carvalho mais convidados: Aldenor Honorato (guitarra), Jonilson “La Bamba” Reis (piano), Sérvio Túlio Guimarães (baixo), Airton Silva (bateria) e Knison Ribeiro (percussão).   
O show de São Paulo teve ainda uma atração extra, a participação de saxofonista Ada Rovatti, companheira de Randy nos discos e na vida, pela primeira vez tocando no Brasil, e o Leo Susi Trio com o próprio na bateria, Adriano Magoo (teclados), Carlinhos Noronha (contrabaixo) e o convidado Marco Bosco na percussão. 
Na hora e meia de show no Bourbon Street a banda esculachou com Asa, composição do Leo Susi, com direito a solo monstrão do Marco Bosco. Do Randy, First Tune of the Set, Some Skunk Funk, Ghost Stories, Shanghigh e The Dipshit, devidamente dedicada a Donald Tramp. (sim, você leu Tramp).

Randy e Ada Rovatti

Eugênio Martins Júnior – Como foi a tua infância musical?
Randy Brecker – Havia muita música na minha família. Meu pai era pianista e meu avô era cantor de valdeville. Meu tio era diretor artístico de um grande e famoso ginásio de shows chamado Roseland. Um primo de minha mãe foi produtor musical de muitos filmes famosos. E minha mãe por sua vez era artista plástica, ela pintava. E hoje uma de minhas filhas toca saxofone e a outra canta.   

EM - Você e seu irmão tocaram juntos por muito tempo e depois se separaram. O que aconteceu? 
RB – Tocamos juntos por 10 anos. E especialmente Mike não tocou com mais ninguém. Nosso contrato de gravação havia acabado e resolvemos dar um tempo. Investimos em nosso trabalho solo até recebermos o convite da gravadora GRP para nos juntarmos novamente. 

EM – Vocês vêm de um local importante para o jazz. De lá saíram John Coltrane, McCoy Tyner, Stanley Clarke, Benny Golson, Lee Morgan e outros. O quanto o ambiente influenciou os irmãos Brecker. Ou isso não existiu?
RB – Com certeza. Como disse, meu pai era advogado, mas também era músico e ele me levou em todos os clubes onde esses músicos estavam tocando.  Ele me colocou no céu. Assisti Dizzy Gillespie, muita gente. Lembro do Dizzy porque era o maior de todos. Realmente havia muitos clubes com grandes músicos. Quando comecei a dirigir fui atrás de aulas de música e comecei a fazer shows com meus ídolos Jimmy Heath. Conheci todos os irmãos Heath*. Cresci cercado de jazz. Tive aulas com o mesmo professor que havia ensinado o grande Lee Morgan.


EM - O jazz já completou 100 anos. Você fez a fusão com o funk. Hoje os músicos estão fazendo a fusão com o rap. Você acompanha esse movimento?
RB – Gosto dos ritmos do hip hop, mas não das letras. Mas entendo os significados delas. Muita gente gosta, mas para mim é difícil. Gosto de ver músicos se apresentando ao vivo e não máquinas.

EM – Você tem uma ligação com a música brasileira. Gravando e tocando em festivais. Gravou recentemente o Live in Amazonas. Gostaria que falasse sobre isso. 
RB – A primeira vez que ouvi falar em música brasileira estava no ensino médio. Ouvi no rádio uma entrevista do Herbie Mann que havia acabado de voltar do Brasil. Ele dizia que a música era espetacular. Logo depois disso tive contato com o famoso disco de Stan Getz, e achei que ali havia grandes temas e me apaixonei na hora. A primeira vez que vim ao Brasil foi em 1999 com a Mingus Dinasty, mas fiquei no Rio duas semanas extas após as apresentações. Conheci o Márcio Montarroyos e Ricardo Silveira. Foi quando ouvi Elis Regina e a achei incrível. Fui casado por um tempo com a brasileira Eliane Elias e adorava vira aqui para tocar. Ganhei dois prêmios Grammy com discos com as minhas impressões sobre a música brasileira. Um se chama Into The Sun, de 1997, e o outro Randy in Brasil, de 1990, quando conheci o Marco Bosco. Esse disco fez muito sucesso.

Randy, Ada, Marco Bosco e Leo Susi Trio

EM – Depois de todo esse tempo conhecendo o Brasil, o que mais te encanta e o que mais te desencanta no país?
RB – (risos) Acho que o trânsito. Mas eu gosto de tudo, da comida, da música, das pessoas. As pessoas são espertas, bonitas. E todos gostam da música brasileira. 

EM – Quarta-feira e sábado são dias de feijoada e eu comi uma hoje. Você gosta de feijoada?
RB – Sim, claro. Quem não gosta? Houve uma época em que era viciado, mas a idade não permite mais. 

* The Heath Brothers: Uma instituição musical da Filadélfia, composta pelos irmãos Jimmy Heath (saxofone tenor), Percy Heath (baixo) e Albert "Tootie" Heath (bateria). Eles foram incrivelmente influentes e colaboraram com muitos grandes nomes do jazz. 




quarta-feira, 25 de junho de 2025

A batida brasileira de Leo Susi na China

 


Texto e fotos de Eugênio Martins Júnior

Além de boas conversas, essa minha busca por entrevistas gera bons encontros. Conheci o Leo Susi por intermédio do Herbert Lucas, diretor artístico do Bourbon Street Music Club, que me indicou o baterista como melhor pessoa para chegar ao lendário trompetista Randy Brecker. 
Acabei conhecendo a trajetória – ou saga? – do Leo pela Ásia, especificamente pela China, e fiquei pasmo e admirado com a história. Também conheci o percussionista Marco Bosco, mas desse encontro falo depois. Em outra entrevista.
Conhecendo o caminho percorrido por muitos músicos, não me são estranhas as histórias de artistas que concretizam o sonho de estar perto da música que praticam, o jazz. Nesses casos específicos, os destinos são Estados Unidos e Europa.
Leo Susi tomou outra rota, a do oriente. E se estabeleceu em Xangai, vibrante centro cultural com 26 milhões de habitantes, mas que atrai músicos de todos os cantos do planeta, transformando-a um palco global para artistas que buscam novas inspirações e oportunidades.
Leo conta que os 15 anos de residência na grande metrópole chinesa foram fundamentais para seu desenvolvimento como artista. Tocou em inúmeros programas da TV local, tocou jazz, música pop, inclusive “acompanhando o Fábio Júnior de lá”. E, por fim, fez o que foi para fazer, tocar música brasileira. 
Leo também se enturmou na Alemanha com o Andreas Günther Quartet, com quem excursionou por 12 cidades esse ano, entre elas Berlim, Hamburgo e Colonia. Com eles gravou dois discos, um que ainda está para ser lançado, o Hemisfério Sul.
E, com saudade de dar aquela groovada em português – depois que inventaram deletar, startar, precificar, por quê groovar não pode virar verbo? - Leo Susi ainda arrumou tempo para gravar e lançar em 2022 um disco há muito planejado, BraGilidade, com temas do Gilberto Gil, com a participação do próprio. 
O show do Randy Brecker, Ada Rovatti e o Leo Susi Trio no Bourbon Street, numa noite fria de junho, quando essa entrevista foi realizada, contou ainda com o Marco Bosco (percussão), Adriano Magoo (teclados) e Carlinhos Noronha (contrabaixo).

Ada Rovatti e Leo Susi no camarim do Bourbon Street

Eugênio Martins Júnior – Como foi a tua infância musical?
Leo Susi – Sou de Brotas, interior de São Paulo. E havia muitas festas na casa de meus pais. As pessoas iam tocar violão, cantar, tocar percussão.  Me interessei pela música e fui tocar na fanfarra da cidade e depois roda de samba. Daí me interessei por essa parte percussiva da música e aos 15 anos comecei a estudar bateria. Foi em Piracicaba, com um professor e depois de três anos fui para Tatuí. Mas a influência maior foi da família. Minha mãe cantava e meu avô tocava cavaquinho.

EM – A casa dos teus pais era um local de encontro do pessoal da música da cidade?
LS – Sim, quase todos os dias. Cidade do interior não tinha muito o que fazer (risos). Bastante gente frequentava a minha casa naquela época. Tenho três irmãs. Uma cantava, mas parou, virou farmacêutica. Mas minhas sobrinhas gêmeas cantam e tocam percussão e violão.

EM - Você estudou com o Paulo Braga, Nelson Faria e Hermeto Pascoal. Gente da pesada. Aprendeu lições importantes?
LS – Em Tatuí esses grandes nomes da música davam aulas nos cursos de verão e a gente frequentava. Mas tínhamos as aulas fixas, harmonia, execução, grupo, bateria. Uma aula que mudou a minha visão de palco foi a do Nelson Ayres. Como um músico deve se comportar em cima do palco. 

EM – E como é que se comporta?
LS – Respeito com os outros músicos. Sempre escutando. Evitar de ficar pegando o celular. Por ser baterista eu não mexo, mas vejo as pessoas usando. Respeitar enquanto o outro está falando.

Leo Susi e Marco Bosco

EM – Você viveu muitos anos fora do Brasil. Como se deu a ida para o exterior? 
LS – Eu dava aula em uma escola de música em Brotas e o pessoal de uma de uma banda de São Carlos em convidou para ir para a China, cumprir seis meses de contrato em uma casa de shows. Eu aceitei, mas foi época da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), em março de 2003, e a turnê foi cancelada. Em maio estourou a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque. Acabei indo para a China só em agosto de 2003. E fiquei até 2017. 

EM – Foi para ficar seis meses e ficou de vez?
LS – Sim. Fiquei quase 15 anos. E depois, em 2019, antes da Covid voltei à China em turnê novamente.   

EM – Que lugar da China?
LS – Sempre em Xangai.  

EM – Tocando Jazz?
LS – No começo fui contratado para tocar música brasileira com uma banda brasileira. Depois fiquei free lancer, fazendo de tudo e foi a maior escola da minha vida. A China estava abrindo para o mundo, músicos do mundo inteiro estavam em Xangai. E foi aí que aconteceu a troca de informações, de musicalidade. Tocava hoje com uma big band, amanhã com um grupo de salsa, depois com um trio de jazz, música pop. Fui crescendo cada vez mais até chegar nos popstars da China. Trabalhei no The Voice de lá e em vários outros. 

Randy Brecker e Ada Rovatti

EM – Fora a música popular deles, qual era a cena musical mais forte lá?
LS – O jazz é muito bem aceito. Me gerou muito trabalho, muitas oportunidades. Mas o ápice da minha carreira foram os programas de televisão, trabalhei no Ídolos, como disse, as turnês com os popstars da China. Conheço mais a China do que o Brasil. Rodei mais por lá.

EM - Como começou essa parceria com o Randy?
LS – Ainda morava na China, mas tinha um grupo com o percussionista Marco Bosco, o Balaio. O Marco me apresentou o Randy. E nós o chamamos para uma turnê em 2016, na China e na Europa. Fizemos 16 shows, passando por vários festivais em Xangai. Tocamos no Ronnie Scott, em Londres; Blue Note, em Milão; Roterdam e Amsterdam. Depois fizemos outra turnê pela China e Taiwan. E agora estamos trazendo para tocar com a gente aqui no Brasil. 

EM – Como nasceu o BraGilidade, disco em homenagem ao Gilberto Gil?
LS – Essa ideia surgiu em Xangai, em 2006. Quando o Gil ainda era ministro da cultura e foi em uma missão à China, em uma caravana do Lula. O consulado do Brasil ofereceu um almoço a ele e o vice-cônsul me convidou, mas com a recomendação que levasse meu pandeiro, porque ele iria levar o violão. Nós tocamos umas três músicas e depois conversei muito tempo com o Gil. Daí surgiu a vontade de fazer um disco com músicas instrumentais do Gil, o que nunca tinha acontecido.  Mas só lancei o disco em 2021. O Gil tocou violão em uma faixa. É um disco bem lado B. Percebi que se colocasse um G ali no meio ficava BraGilidade. Uma verdadeira homenagem ao Gil.  Esse ano volto para a China e levo esse trabalho na bagagem.

EM – Vai voltar e ficar?
LS – Não, vou para uma turnê de 20 dias. Fiz muitos contatos por lá. E tenho um grupo na Alemanha também. Tocamos muito por lá. Mas não morei. Sempre vou para ficar 20/30 dias e volto. Tenho disco gravado com várias composições minhas e do pianista, o Andreas Günther. Vamos lançar novo trabalho.

Adriano Magoo

Carlinhos Noronha 


terça-feira, 13 de maio de 2025

Houve as Nossas Canções conta as histórias de José Simonian

 

O camisa 10, José Simonian (ensaio Gilberto Mendes 100 Anos)

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

A música instrumental é uma arte abstrata. Mas não é porque não possuem letras ou poesias elaboradas que os temas instrumentais não contam histórias. 
Deve ser difícil cambiar sentimentos em notas. Transformar frases musicais que narram cenas ou ideias. Porque ainda há ainda a possibilidade de o receptor ter uma interpretação totalmente diferente do transmissor. 
Entrar na sala de trabalho do José Simonian é conhecer um pouco de sua história. 
Na parede recheada de fotos, uma espécie de wall of fame pessoal, com dezenas de imagens coloridas e descoloridas, o visitante se encontra com o Luizinho 7 cordas, Roberto Sion, Teco Cardoso, Guinga, Antonio Eduardo, e outros parceiros de tantas viagens.
José Simonian é multi-instrumentista, compositor, arranjador, professor e músico ecumênico aqui de Santos 
Ouvi Ouvi do Brasileiro, seu primeiro trabalho, na época do lançamento, final dos anos 90. Aqui em Santos a galera da música instrumental sempre lançou muitos discos.
Também conheci – o som e pessoalmente – o seu parceiro acidental e amigo, o maestro Gilberto Mendes um pouco antes, por ocasião do Festival Música Nova, edição 1996. 
Três décadas depois, por ocasião do centenário de Giberto Mendes, produzi os quatro concertos em homenagem ao maestro com a participação do Simonian em todas as apresentações. Algumas das fotos dessa matéria são desses concertos. 
Na presente entrevista, Simonian conta suas histórias com Gilberto e com o amigo comum, o pianista Antonio Eduardo, com quem gravou um disco muito bacana, Amor Antigo, em 2015.
Olhando para o trabalho mais recente de Simonian, contempla-se uma paisagem de ritmos e estilos que revelam seu ecletismo. Em determinado momento da entrevista eu pergunto como ele soluciona o problema de todo saxofonista brasileiro: estar no meio do caminho entre a influência de Pixinguinha e John Coltrane. A resposta? Confere aí.


Eugênio Martins Júnior – Como foi a tua infância musical?
José Simonian – Minha primeira lembrança é do Guarujá. Passou uma fanfarra na minha rua e eu saí atrás tocando um bumbo. Tem até uma foto disso. A outra é a que cantei uma música no dia das mães. Mas lembrança afetiva mesmo foi quando descobri Dorival Caymmi aos dez anos. Algum personagem do Carlos Vereza apareceu assoviando O Mar. Lembrei que meus pais tinham uma enciclopédia da música popular com alguma coisa relacionada a isso. Comecei a escutar e a primeira coisa que me chamou a atenção musicalmente foi essa coisa do cancioneiro brasileiro. Lembro que tinha Ary Barroso, Caetano Veloso, Jorge Ben (jor). Cada fascículo era um personagem. 

EM – Como foi o caminho para se tornar músico e quando os sopros entraram na tua vida?
JS – A música fez parte da minha adolescência, mas nada com pretensões profissionais. Estudei no Tarquínio (Silva – escola secundária de Santos) e havia exatas, humanas e biomédicas. Optei por exatas e acabei fazendo um ano e meio de Engenharia. Foi quando ganhei uma flauta do meu pai e comecei a tocar sozinho. Procurar as coisas. E começou a sair som. Parei com a faculdade e comecei a estudar música seriamente. Já tarde, com 17 anos. Primeiro flauta doce e depois, a partir dos 20, segui na flauta transversal. 

EM – É um instrumento muito versátil. Aproveitando o gancho, percebi que nesse teu disco mais recente, Houve as Nossas Canções, você gravou ritmos variados e com muito convidados. 
JS – Sim, esse trabalho tem essa profusão de estilos e de formações instrumentais, tem até o Coral Municipal de Santos em Rosário, uma música minha com o Paulo Maymone, encomendada pelo maestro Roberto Martins quando ele fez 70 anos. Ele convidou compositores de Santos para fazer músicas para o coral e essa foi a minha. Gravamos com uma orquestra sinfônica inteira. Tem duos com músicos conceituados da música instrumental, como Cuca Teixeira e Michel Leme. Talentos de Santos, todos os músicos da Orquestra Sinfônica da cidade. Duo com a pianista Rosana Civile. Tem o Antonio Eduardo tocando uma adaptação que fizemos para uma música do Gilberto Mendes. Colocamos uma bateria no baião Urubuqueçaba. Inauguramos o espaço Gilberto Mendes no Emissário (espaço esportivo e cultural de Santos), foi um arranjo para um regional de choro.

EM – É muita influência, né Simonian? Imagino que um músico de mente aberta sofre influência tanto do Pixinguinha quanto do John Coltrane.
JS – É uma misturada danada. É difícil abordar esse assunto. É mais você sentir mesmo. Quando vou fazer música não sei o que vai acontecer com todas essas influências.

Simonian e Denise Yamaoka

EM - Você gravou um disco com o Antonio Eduardo, o Amor Antigo. É um disco muito bonito. Gostaria que falasse sobre essa parceria.
JS – O Antonio é um personagem. É o principal pianista do Gilberto Mendes. E a gente fez muita bagunça em cima disso. Tínhamos bastante intimidade com ele e houve vários fatos pitorescos nesse disco. Em 2010 o Gilberto me encomendou um concerto para flauta para orquestra sinfônica. Daí fiz uma transposição para o piano e flauta e nós gravamos. E o Gilberto tem uma música chamada A Mulher e o Dragão que é lindíssima. E a gente meteu um jazz no meio. Ligamos para o Gilberto e perguntamos o que ele achava e ele disse: “Esse baixinho está virando um pianista de bar. Mas ficou bom, pode gravar”. Outro compositor que gravamos foi o Michel Lysight, um belga amigo do Antonio. É um cara muito bom. E o Gilberto com ciúme. “Esse baixinho aí é o único pianista no hemisfério sul que grava esse cara”. O Gilberto e o Antonio eram como pai e filho. Tem ainda a Adriana Bernardes cantando Entrelinhas, parceria minha com a Glorinha Veloso. Choro dos Meninos que foi feita para big band, mas que ganhou um arranjo para sax e piano. Saudades da Minha Voz, uma de minhas músicas mais antigas, de 1984. Esse disco tem bastante dessa mistura eu a gente estava falando. 

EM - Como foi participar dos concertos em homenagem aos 100 anos do maestro Gilberto Mendes?
JS – O Sesc, com sua estrutura, consegue mostrar esse lado não popular para as pessoas. De uma música mais elaborada, vamos colocar assim. Mostrando esse lado dele que é a música de câmara e coral. Participei dos recitais. E o Gilberto é um personagem de Santos. Vou muito ao cinema de arte ali no Gonzaga e em uma dessas ocasiões falei o nome dele e as pessoas que trabalhavam lá me contaram que Mendes era um a frequentador assíduo. Ele também ia ao baile da praia dançar. Um personagem atuante na cena cultural em vários sentidos e passou isso tudo para a música, Santos Futebol Music, que você já citou, Urubuqueçaba e outras. Era conhecido mundialmente por isso.  

EM – Já que você falou isso. De que forma a cidade de Santos interfere na tua música? Digo interfere porque percebo a influência que o mar, por exemplo, exerce na criação dos artistas daqui é muito impositiva. O mar de Santos se mete em tudo, na escrita, na música, na fotografia, nas artes plásticas. 
JS – Sim, fiz uma sinfonia para o Orquidário de Santos. Foi tocada no ano passado, no Teatro Municipal. Fiz um baião para o bonde turístico e quando inauguraram a nova linha me convidaram para tocar lá onde ficam os bondes. Com o projeto Tocando na Cidade me apresentei na Casa da Frontaria Azulejada, na Alfândega, na Pinacoteca Benedicto Calixto. Sem dúvida essa relação com a cidade é motivadora. 

EM – Inclusive você fez uma música para o teatro Coliseu, que nos anos 80 era um puteiro. O teu tema Noites de Coliseu é sobre essas noites?
JS – (gargalha). Nunca tive essa concepção. Mas é verdade, antigamente era mesmo, podia ter uma parte alusiva a essa época. O meu disco mais recente, cujas fotos do encarte foram feitas todas no Coliseu, foi lançado ano passado, ano do centenário do teatro. Até cogitamos lançar o disco lá, mas não deu certo porque o Coliseu está em reforma.

Antonio Eduardo

EM – O teatro Coliseu passa mais tempo em reforma do que funcionando. Em todas as administrações municipais nos últimos 30 anos. É uma vergonha.
JS – É, as obras não foram concluídas e acabamos não fazendo. Mas o tema era sobre as noites musicais. Lá ouvi muita orquestra sinfônica e fiz alguns shows. Com o show Mil Motivos homenageamos os chorões aqui de Santos, Zé Roberto, Orlando do Pandeiro. E Noites no Coliseu é um choro com flauta em sol e piano que fiz para essas noites memoráveis. Nunca tinha pensado pelo teu viés. (risos).

EM – Nesse teu show mais recente de jazz e bossa você falou sobre bastante sobre a viagem à Alemanha. Como se deu isso?
JS – O Marcos Fregnani, um dos meus primeiros professores de flauta, isso há quarenta anos, de vez em quando vem ao Brasil. Ele é músico erudito, toca em orquestra. No ano passado ele veio e disse que na universidade de sua cidade iria ter um festival e perguntou se poderia apresentar meu trabalho. É claro que concordei. Passou um tempo recebo um e-mail da diretora da universidade dizendo que quatro músicas minhas foram selecionadas para serem apresentadas com big bands e com músicos de câmara e que gostaria que eu fosse. Tive que me programar porque tenho a escola de música para administrar, mas acabei indo. Fiquei duas semanas. 

EM – Rodou por lá?
JS - Foi curioso porque cheguei lá numa terça e na quarta já teve ensaio. E na quarta a noite recebi uma ligação de um brasileiro me dizendo que iam tocar uma música minha em Hammelburg, cidade vizinha d a Nuremberg, onde eu estava. E ele me disse que se não quisesse ir não haveria problema porque iriam gravar. “É claro que eu vou, só me diz o que tenho que fazer pra chegar lá?” Pô, viajei 12 horas e estava do lado! 
Fui para a cidade e era uma big band, músicos de vinte e poucos anos tocando muito bem, dinâmica, articulação, afinação, improviso, a primeira parte tocaram Duke Ellington e a segunda música brasileira, João Donato, Guinga, Hermeto Pascoal e minha música. Uma que gravei no primeiro disco, com big band e mixei na própria Alemanha em 1998, quando fiz uma turnê lá. 

EM – Fez algum show?
JS – Sim, depois me levaram para jam sessions. Toquei choro, jazz, bossa, tudo. De Tico Tico no Fubá a jazz. Terça-feira e o bar lotado.

EM – Cheguei aqui na escola e estava rolando um heavy metal. O que vocês mais ensinam? Há um direcionamento para a música brasileira? 
JS – Não, ensinamos tudo. A escola faz trinta anos esse ano. Comecei dando aula nas casas das pessoas. Depois aluguei uma salinha e depois a escola. Foi crescendo. A escola é bem diversa em relação aos estilos musicais. Poderia abrir um conservatório, mas aí teria de restringir. Tem coisas específicas que não são interessantes para a maioria do público. Ficamos na linha popular, embora tenha choro bossa nova, jazz. Nosso programa vai de Bach a AC/DC.