terça-feira, 26 de novembro de 2024

Tyrone Vaughan fala sobre o Texas style de Jimmie e Stevie

Tyrone Vaughan

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Sim, estava chovendo, com neblina e o trânsito estava complicado. Quem está acostumado a ler minhas entrevistas aqui sabe que moro em Santos e subo a serra do mar para trocar essas ideias com os artistas que tocam na capital.
Dessa vez foi com o Tyrone Vaughan, única apresentação do guitarrista e cantor em Sampa, show no Bourbon Street em 23 de outubro de 2024. Nabanda, Gui Cicarelli (guitarra) Marcos Klis (baixo),  
Assim como os sobrenomes Coltrane, Winter, Copeland, Neville, Allman, Marsalis, Burnside e Brooks, o imaginário dos fãs de música já assimilou o gênero musical “blues” ao sobrenome Vaughan como uma coisa só. Eles se completam e se realimentam.  
Tyrone é filho de Jimmie Vaughan e sobrinho do lendário Stevie Ray Vaughan. Se o peso do nome gera comparações, também abre portas. Como dizia Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
E Tyrone usa a vantagem. Em seu show do Bourbon Street ele tocou e cantou Tin Pan Alley, Cold Shot, Little Wing, Voodoo Child, por aí...
Na sua estrada, Tyrone Vaughan participou do Royal Southern Brotherhood, brodagem com Cyril Neville e outros malandros lá de New Orleans e em 2017 gravou o The Milligan Vaughan Project com o cantor Millford Millgan, um petardo com 11 temas. Um bom disco.
Assim como Lurrie Bell e Chris Cain, essa foi mais uma entrevista viabilizada pelo produtor argentino que está sempre trabalhando com blueseiros pelas bandas tupiniquins, Mariano Cardozo.


Eugênio Martins Júnior – Acho que todo mundo deve perguntar isso pra você por motivos óbvios: Como foi sua infância musical?
Tyrone Vaughan – Cresci em Austin, Texas, uma das grandes cidades do blues. Uma cidade musical com inúmeros ritmos, country, R&B, blues, rock and roll. É muito legal crescer em uma cidade assim. Meu pai e meu tio são expoentes da imigração de Dallas para aquela cidade e depois fazendo parte da cena blues da cidade. Muitas pessoas tocavam lá e eu fui a muitos shows, como James Brown, Otis Rush, Bobby Bland, Albert Collins, Muddy Waters. Na coleção de discos dos meus pais tinha muita soul music e blues. Tive um rico contato com o blues desde criança. 

EM – O Texas sempre foi terra de grandes blueseiros, como Johnny Copeland, T Bone Walker, Jimmie e Stevie. E com certeza Austin é uma cidade emblemática. Como está a cena atualmente?
TV – Continua viva. Alguns clubes ainda estão lá The Continental Club, C Boys, Antone’s. Você consegue ver muita música ao vivo. Consegue ver artistas das antigas tocando por lá. 

EM – O Antone’s ainda resiste? A casa é bem antiga. 
TV – Sim, vou tocar lá em dezembro. Então, Austin ainda continua sendo um destino musical para a música ao vivo.

EM – Qual a principal lição aprendida com o teu pai?
TV – Não só tocar guitarra, mas cantar também. Usar a voz. Ele sempre foi uma inspiração fazendo sua própria música. É o que tenho tentado fazer ao longo dos anos.


EM – Com todo o respeito, entre Jimmie e Stevie, onde o estilo de Tyrone se situa?
TV – Você mesmo já disse, em algum lugar “entre”. (risos) Bem no meio. Meu pai é o rei de uma nota só, do groove, do ritmo, ele desenvolve uma história tocando. E Stevie também fazia isso de certa forma. Há alguma similaridade entre ambos. Mas Stevie tinha muito fogo, muita paixão. Ele tocava por horas todos os dias, durante anos. Tocava, tocava, tocava. Cinco, seis horas por dia. Show após show, após show. Meu pai é mais centrado, mais reservado. Stevie era exagerado (over the top), mais agressivo. Então estou entre ambos. Posso tocar igual ao meu pai, posso tocar um pouco como Stevie, mas há a originalidade na música de Tyrone.  

EM – Sim, é outra época também.
TV – Exatamente. Não estamos mais nos anos 70 e 80. Aqueles dias se foram.

EM – E tendo em mente que Jimmie ensinou Stevie.
TV – Sim e me ensinou também.

Gui Cicarelli

EM - Gostaria que falasse sobre a passagem pelo Royal Southern Brotherhood.
TV – Siiiim! Com Cyril Neville, dos Neville Brothers. Ele era o frontman e eu o acompanhava. Fizemos shows na Austrália, Canadá, nos Estados Unidos em 2014. Fiquei por seis anos. Gravamos dois discos. Foi um grande prazer tocar a música baseada em New Orleans. E eu levei meu estilo texano para o som da banda.

EM – Essa banda ainda existe?
TV – Tocamos pouco nos últimos anos, mas ainda está em aberto.  

EM – Me fale sobre The Milligan Vaughan Project, sua parceria com o cantor Malford Milligan. E sobre o ótimo primeiro álbum.
TV – Tocamos cerca de um ano juntos. Milford tem restrições de saúde para viagens longas. Fizemos alguns grandes shows no Texas. Escrevemos boas canções e tivemos uma química muito boa. Fiquei satisfeito com o resultado. Ele é um grande cantor de blues de Austin. 

EM – Há algum projeto à vista?
TV – Estou em meio às gravações de um álbum. Hoje a noite vou tocar algumas canções desse trabalho, Punish My Crime, Let’s Find Out, novas canções de blues. Espero poder lançá-lo até junho de 2025.   

EM - Li que Jimmie e Stevie te deram algumas guitarras. Gostaria que falasse sobre elas.
TV – Quando era criança Stevie me deu duas guitarras. Ele foi ao meu quinto aniversário e me presenteou com uma guitarra. E quando tinha sete me deu outra. E meu pai o ensinou a tocar. Ele foi uma grande influência para Stevie. Na cabeça de Stevie, Tyrone teria que ser guitarrista. Ele próprio me inspirou a tocar. Eu tinha dezessete anos quando Stevie morreu. Quando fiquei mais velho meu pai viu que eu realmente poderia tocar e me deu mais duas guitarras. Minha primeira Strat (Fender Stratocaster) aos dezoito anos. Mais tarde, quando formei uma banda e precisei de um segundo instrumento ele me deu outra. Cheguei pra ele e disse: “Ei, preciso de outra guitarra”. Ele disse que eu estava com sorte e tirou cinco guitarras de suas caixas e colocou uma ao lado da outra. Uma verde, uma branca, uma vermelha, uma branca e uma cor de creme muito especial. Ele me disse que a guitarra creme era muito especial. Meu pai tinha um hot rod da mesma cor e que aquela guitarra dói pintada com a mesma tinta usada no carro. 


EM – Era um instrumento único.
TV – Sim, e não só a pintura. O braço, os trastes os captadores foram escolhidos por Jimmie. Eu disse que queria aquele e ele me disse: “Certo, pode pegar”. (Risos). Cara, que sorte.            

EM - Como tem sido a turnê na América do Sul e especialmente no Brasil?
TV – É minha segunda turnê na América do Sul. Passei bons momentos há uns dois anos e estou agradecido de fazer isso de novo. Toquei em Buenos Aires na Argentina e aqui no Brasil vim para nove shows. Toquei em Maringá, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Cascavel, Porto Alegre e outras. 

EM – E o que vai rolar hoje?
TV – Esse é o ponto alto da turnê. Tocar aqui no velho Bourbon Street, essa casa ao estilo New Orleans, apadrinhada por B.B. King desde 1993 é demais. Você consegue sentir o blues no local. O lugar soa bem, as pessoas são apaixonadas. Vou ser acompanhados por músicos locais que sabem o que fazem. E vou apresentar algumas canções novas hoje. 

EM – Já que você mencionou, teve contato com a cena blues e artistas brasileiros nessas duas incursões? 
TV – Sim, e é interessante porque o blues ETA tão vivo e bem por aqui. Vejo que esses rapazes são apaixonados e estudiosos. Está sendo fácil para mim rodar o país e tocar com esses caras. Me sinto fazendo parte dessa comunidade, e grato por me aceitarem.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Mundo do jazz perde dois be bopers da pesada, Lou Donaldson aos 98, e Roy Haynes, aos 99

 

Lou Donaldson (Foto: Getty Images)

Em um intervalo de três dias o mundo do jazz perdeu dois grandes jazzistas da geração dos grandes be bopers.
O saxofonista Lou Donaldson morreu em 09 de novembro aos 98 anos e o baterista Roy Haynes em 12 de novembro aos 99 anos, apenas quatro meses de completar 100 anos.
Ambos estavam em New York quando a turma de Dizzie Gilespie e Charlie Parker fundou o be bop, elevando o jazz à grande arte. 
Lou Donaldson liderou grupos com os remanescentes do bebop, entre eles, Horace Silver, Art Taylor, Art Blakey, Percy Heath, Kenny Dorham, Clifford Brow e Philly Joe Jones.
Lutou na II Guerra Mundial e também nas fileiras do The Jazz Messengers, prolífico e lendário grupo liderado pelo baterista Art Blakey, participando de um dos primeiros discos do gênero hard bop, A Night at Birdland.
Nos anos 60 deu um gás na carreira gravando bons discos no selo Blues Note. O público fora do jazz percebeu seu nome em 1967, quando gravou Ode To Billy Joe, de Bobbie Gentry, um dos maiores sucessos da época, com o jovem George Benson na guitarra.  Recomendo os álbuns Alligator Bogaloo, "Lou Donaldson at His Best e Wailing With Lou.

Roy Haynes (Foto: Jonathan Chimene)

Roy Haynes nadava com os tubarões da mítica 52 Street: Dizzie, Charlie (Bird) Parker, Miles Davis, Thelonious Monk, Sonny Rollins, Percy Health, Freddie Webster, Roy Eldridge, Max Roach, JJ Johnson e tantos outros caras importantes da época.
Enturmado, era convidado para as sessões dos caras. Participou da primeira sessão de Miles para Prestige, com Sonny Rollins no sax, Bennie Green (trombone), John Lewis (piano) e Percy Heath (baixo acústico) . Época que Miles era viciado em heroína. 
Não parou no tempo e sua versatilidade o conectou aos caras do fusion nos 70 e 80, com Chick Corea e Miroslav Vitous formou o Trio Music que gravou pela ECM alguns álbuns.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Dupla de virtuoses, Alessandro Penezzi e Fábio Peron, lança CD autoral em Santos na sexta, 15 de novembro

Esse grande show faz parte do Choro Patrimônio Santista, evento que o Clube do Choro de Santos promove em novembro e dezembro de 2024. Na quinta, dia 14, tem o Choro da Casa. Tudo na sede da entidade. Tudo Grátis 

Alessandro Penezzi e Fábio Peron

Alessandro Penezzi (violão 7 cordas) e Fábio Peron (bandolim 10 cordas) lançam seu primeiro CD juntos. A apresentação será na sede do Clube do Choro de Santos, no feriado do dia 15 de novembro.
Contemplado pelo Proac/2020, o disco é formado por uma fina seleção de 10 choros e valsas autorais e inéditas. 
O single Chorinho Pra Dominguinhos entrou nas plataformas digitais em 11 de fevereiro. O seguindo single Choro pro Pirajá chegou em 22 de abril. 
No primeiro semestre de 2021, Penezzi e Peron se dedicaram a compor, tocar, definir repertório e o que eles queriam contar com aquelas músicas. Segundo Fábio, isso obedece a uma ordem subjetiva “porque na música instrumental não temos uma letra com um idioma para dizer sobre o que é aquilo. Mas a gente concorda que tem uma história sendo contada com a sequência dessas músicas e sua variedade de ritmos e andamentos”. 
O repertório – totalmente inédito - é formado de choros lentos, sambados, de andamento médio, valsas rápidas e lentas. Muitas delas feitas em homenagem amigos e pessoas que eles admiram. É o caso de Chorinho pra Dominguinhos, dedicado ao lendário sanfoneiro e compositor, Choro do Pirajá (para um amigo luthier) e Mestre Miltinho (um bandolinista e cavaquinista parceiro de ambos). 

Alessandro Penezzi - Multi-instrumentista e compositor, Alessandro Penezzi está entre os principais violonistas de 7 cordas de todos os tempos no Brasil. Além de tocar violão tenor, cavaquinho, bandolim e flauta. Em 2018, venceu o 29º Prêmio da Música Brasileira na categoria melhor álbum instrumental com o disco “Quebranto”, em parceria com Yamandu Costa.
Nascido em Piracicaba (SP), é formado em violão erudito e é bacharel em Música Popular. Integrou o Regional de Carlos Poyares, Trio Quintessência e Grupo Choro Rasgado. Já formou duos com o maestro Laércio de Freitas e os clarinetistas Alexandre Ribeiro e Nailor Proveta. Tocou com Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Beth Carvalho, Sílvio Caldas, Alaíde Costa, D. Ivone Lara e as orquestras Jazz Sinfônica de São Paulo e Sinfônica de Londres.
Apresentou-se nos Estados Unidos, Rússia, Itália, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Argentina, Uruguai, Colômbia, Portugal, entre outros países. Abriu o show de Wayne Shorter, no 30º Skopje Jazz Festival (Macedônia). Compôs a trilha sonora de SOS Fada Manu, animação brasileira (canal Gloob), além de ter obras publicadas internacionalmente.

Fábio Peron - Um dos grandes expoentes da nova geração de músicos. Começou a tocar aos cinco anos de idade. Dedica-se à composição, pesquisa e arranjo de vários períodos e estilos da música do mundo. Tem como instrumento principal o bandolim de 10 cordas, mas também tem fluência em outros instrumentos como o violão de 6 e 7 cordas e cavaquinho.
Em seu currículo, shows e gravações com Paulo Vanzolini, André Mehmari, Amilton Godoy, Arismar do Espírito Santo, Thiago Espírito Santo, Lea Freire, Silvia Goes, Naylor “Proveta” Azevedo, Mestrinho, entre muitos outros. 
Lançou seu primeiro CD em 2011, Fábio Peron em Boa Companhia. 
Em 2013 gravou Roupa Na Corda, com Arismar do Espírito Santo e Léa Freire.No ano seguinte veio Alma de Músico, com Thiago Espírito Santo e Mestrinho do Acordeon. Em 2015, lançou seu segundo trabalho solo “Fábio Peron e a Confraria do Som”, que conta com as participações de Arismar do Espirito Santo, Thiago Espirito Santo, Izaías Bueno de Almeida, Alexandre Ribeiro, Ricardo Herz, Chico Pinheiro e Zé Barbeiro, entre outros. 

Serviço:
Show: Choro da Casa
Data: Quinta-feira, 14 de novembro
Show: Alessandro Penezzi e Fábio Peron
Data: Sexta-feira, 15 de novembro
Local: Clube do Choro de Santos
Endereço: Rua XV de Novembro, 68 – Centro
Horário: 20h (ambos)
Valor: gratuito

sábado, 9 de novembro de 2024

Clube do Choro de Santos realiza grande celebração musical em novembro e dezembro de 2024

O projeto Choro Patrimônio Santista reunirá mais de 40 artistas nas tradicionais rodas de choro, oficinas e shows musicais na sede do clube. Tudo grátis

Choronas

O Projeto Choro Patrimônio Santista irá realizar dezessete ações culturais gratuitas em Santos, sempre com o foco no Choro, entre elas, rodas de Choro, oficinas e shows. 
A realização deste projeto é de extrema relevância tendo-se em vista que o mesmo conflui com as recomendações para salvaguarda do Choro como patrimônio cultural do Brasil (ACAMUFEC, 2023).
Brasileiríssimo e cheio de misturas, o Choro agora é o 53º Patrimônio Cultural Imaterial do país. O pedido foi aprovado recentemente, no dia 29/02/2024, em decisão unânime do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 
Em Santos a história é antiga, e virou manifestação cultural com nosso sotaque. Segundo Bandeira Junior, em Santos desde meados do séc. XIX os conjuntos musicais faziam serestas nas noites de lua cheia. O Diário de Santos saúda essas serestas em 1873.
O Clube do Choro de Santos, organização da sociedade civil de interesse público, teve fundamental importância como um dos principais protagonistas na contribuição do Choro, enquanto manifestação cultural para o registro, junto com o Clube do Choro de Brasília, Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro nas superintendências do Iphan. 
O Clube do Choro de Santos também foi a entidade responsável pela institucionalização do Dia Municipal do Choro, em Santos, do Dia Municipal do Choro, em São Paulo, e do Dia Estadual do Choro, em todo o Estado de São Paulo, iniciativas que homenageiam os patronos Pixinguinha, Antonio D’Áuria e Garoto, encaminhadas aos então parlamentares Genoísio Boquinha Aguiar, Soninha Francine e Paulo Alexandre Barbosa e que viraram Leis nas localidades citadas.

Clube do Choro de Santos - Foi fundado por um grupo de amigos ligados pela causa do choro em 23 de abril de 2002, na data em que se comemora o Dia Nacional do Choro, em homenagem a Pixinguinha.
A inauguração aconteceu nas dependências do bar e lanchonete do Sesc Santos. Marcello Laranja fez uma explanação sobre a história do choro, ao lado do conjunto Cinco Companheiros. De início, a base do clube era os membros Luiz Antonio Pires, Jorge Maciel, Obed Zelinschi e o próprio Marcello. Logo em seguida, outros companheiros vieram a integrar a diretoria, como Ademir Soares, Paulo Renato Alves, Herlinha de Souza e outros.
A primeira sede do Clube ficava nas dependências da Sociedade Humanitária, na Praça José Bonifácio. Era uma única sala que servia para encontros e reuniões. Algum tempo depois, no dia 23 de abril de 2008, foi inaugurada a nova sede no calçadão da Rua XV de Novembro, em pleno Centro Histórico. 
Todo o trabalho realizado foi feito, voluntariamente, pelos próprios companheiros de diretoria, com pouquíssimos recursos.
Lamentavelmente, três ou quatro meses após a inauguração, o Clube do Choro perdeu sua sede, pois o prédio foi vendido. A sede da Rua XV foi muito importante para todos, pois foram registrados momentos inesquecíveis, com inúmeros aniversários, encontros, shows, palestras e workshops.

Atualmente - O Clube é direcionado para admiradores do choro em geral, tanto artistas que tocam chorinho ou para o público que quer conhecer melhor o estilo musical. A idéia sempre foi agregar os conjuntos de choro da região da Baixada Santista, um pouco dispersos, e também para que o público - principalmente o jovem - possa tomar contato com o Choro, que é considerado o primeiro estilo de música popular urbana do Brasil, totalmente alijado desse processo cultural, em razão da comercialização e da banalização da música popular.

Confira a programação:

Novembro

Rodas de Choro
07/11 – Roda de Choro com Aqui tem Choro
14/11 – Choro da Casa
21/11 – Tétrade
28/11 – Caros Amigos
Shows
09/11 – Show Aleh Ferreira Convida (Casa das Culturas)
15/11 – Show com Alessandro Penezzi e Fábio Peron (Clube do Choro)
Aula
21/11 – Aula José Amaral (Oficina Chorando na Garoa)

Dezembro

Rodas de Choro
05/12 – Roda de Choro
12/12 – Choro de Crina
18/12 – Choro de Breque
Show
13/12 – Choronas 
19/12 – Renan Bertho e Choro de Breque
Aulas
06/12 – Aula especial Paulo Baptista (Oficina Metais no Choro)
19/12 – Renan Bertho

Serviço:
Choro Patrimônio Santista: Rodas de Choro, oficinas e shows musicais
Endereços: 
Clube do Choro de Santos - Rua XV de Novembro, 68 – Centro
Museu do Café – Rua XV de Novembro, 95 – Centro
Casa das Culturas de Santos – Rua Sete de Setembro, 49 – Vila Nova 
Datas – Novembro e dezembro
Valor: gratuito

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Morre o prolífico Quincy Jones

 

Uma história que continha todos os elementos para ter acabado mal. A avó havia sido escravizada. A mãe internada em uma instituição para lunáticos quando ele tinha apenas sete anos. Seu pai trabalhava para os gangsteres da favela mais barra pesada de Chicago, o south side
O mesmo bairro onde milhares de homens, mulheres e crianças chegavam para ficar, fugindo da violência praticada contra eles no sul dos Estados Unidos. Também um lugar onde muito blueseiros chegados do Mississippi e da Louisiana acabaram fazendo história, após dois grandes êxodos.   
Portanto, restava ao jovem pobre e ao seu irmão uma vida no crime que, por sinal, já estava encaminhada. Mas uma mudança de cidade e o esbarrão em um velho piano mudaram o curso da história.
A vida nunca foi fácil para o músico, compositor, arranjador, produtor e regente, Quincy Jones. 
Sim, ele mesmo, amigo de Ray Charles, Frank Sinatra e Count Basie. Produtor dos melhores discos de Michael Jackson, Of The Wall e Thriller Jackson. Compositor de trilhas sonoras de dezenas de filmes para Hollywood. Responsável pela gravação de um dos maiores hits da era fonográfica, We Are The World, do projeto USA For Africa, que reuniu a nata da música pop da época: Ray Charles, Bob Dylan, Bruce Springsteen, Dionne Warwick, Diana Ross, Cindy Lauper, Kim Carnes, Daryl Hall e John Oates, Huey Lewis, Henry Belafonte, Stevie Wonder, Lionel Richie, Paul Simon, Al Jarreau, Kenny Loggins, Steve Perry, Kenny Rogers, Tina Turner, Billy Joel, Willie Nelson e o próprio Michael Jackson. Fiz questão de citar todos esses nomes porque só um cara com a moral do Quincy Jones poderia reunir todos com apenas um telefonema. 
Apesar de ter vivido a era de ouro do jazz e tocado com os gênios do estilo, Quincy não queria ser visto “só” como um nome do jazz. Nesse sentido seu temperamento era igual ao seu amigo Miles Davis – aquele outro que mudou os rumos da música mundial umas cinco vezes.
Nadou de braçada no funk nos anos 70 e alguns anos após a consagração em USA For Africa, nos 80, se associou aos rappers do momento para gravar o moderno Back on The Block, com Ice T, Kool Moe Dee, Big Daddy Kane, Siedan Garret, Chaka Khan e seu velho parca, Ray Charles. 
Quincy Jones teve uma vida prolífica, mas doente. Sofreu com vários aneurismas ao longo da vida, o que o obrigou a fazer algumas operações no cérebro, duas delas em apenas dois meses.  
Teve sete filhos de vários casamentos desfeitos, pois era um workaholic, e ainda seis netos e um bisneto.
Teve mais de 2900 músicas gravadas; mais de 300 álbuns gravados; 51 trilhas de filmes e programas de TV; mais de 1000 composições originais; 79 indicações ao Grammy, sendo 27 premiações; é um dos 18 ganhadores do E.G.O.T. (Emmy, Grammy, Oscar e Tony). Thriller foi o álbum mais vendido de todos os tempos, We are the World foi o single mais vendido de todos os tempos. 
Há alguns anos sua saúde vinha dando sinais de enfraquecimento até que aos 91 anos, no domingo, dia 03 de novembro de 2024, faleceu Quincy, em sua casa em Los Angeles.