quarta-feira, 25 de junho de 2014

O produtor Cesar Castanho conta como inaugurou a era dos festivais de jazz e blues no Brasil


Texto: Eugênio Martins Júnior
Foto: arquivo pessoal

Exceto pelo bigode e barba avantajados, o baixista da banda Queens of the Stone Age, Nick Olivieri, subiu ao palco como veio ao mundo na edição do Rock in Rio de 2001.
Assistindo ao show em um camarote, o juiz da 1° Vara da Infância e da Juventude do rio de Janeiro, Ciro Darlan, deu a ordem pelo rádio: “Positivo. É pra prender o guitarrista (sic) em flagrante. Ele está completamente nu." Imediatamente, vinte comissários do Juizado de Menores baseados no festival se encaminharam ao backstage à caça do baixista peladão.
O produtor do Rock In Rio, com anos de experiência, ameaçou o empresário da banda, desligaria a luz do palco do Queens of the Stone Age se Olivieri não colocasse uma roupa. Sem saber, sua atitude salvou o baixista da prisão, porque no momento que ele saia do palco para colocar a roupa, a tropa de Darlan entrava em ação.
Mas o que essa história tem a ver com o blues? O produtor citado era o veterano Cesar Castanho, pioneiro em trazer artistas de blues ao país. Essa é apenas mais uma história, inusitada e engraçada, de sua extensa trajetória.
Castanho foi o responsável pelo Festival de Jazz Internaconal de São Paulo, realizado em 1978, franquia do famoso Montreux Jazz Festival;  por toda a programação do bar 150 Night Club do hotel Maksoud Plaza nos anos 80; pelo lendário festival de Ribeirão Preto, em 1989, que em uma só tacada reuniu Buddy Guy, Etta James, Albert Collins, Magic Slim e os brasileiros André Christovam e Blues Etílicos; cinco edições do Free Jazz Festival e três edições do Nescafé e Blues. Não é pouco.
Castanho tinha 29 anos, em 1971, quando entrou na divisão das casas de espetáculo na Secretaria de Cultura de Sâo Paulo onde, segundo ele mesmo, não havia nada para fazer, pois a cidade não tinha teatros para cuidar.
Sua experiência com cultura não passava das festas que organizava no centro acadêmico da faculdade, onde tocava os sucessos mais recentes da Cashbox – uma espécie de parada de sucessos da época – gravados em fitas de rolo.
Quando entrou na Secretaria de Cultura, sua credencial era ser o genro de Roberto Corte Real – não confundir com seus irmãos, o humorista Renato Corte Real e o também profissional de televisão Armando Corte Real - diretor de uma das principais gravadoras de discos do mundo, a CBS, que acabara de chegar ao Brasil..
Na mentalidade do contratante, sendo parente de quem era, Castanho também deveria entender muito de música, não que entendesse.
Corte Real tinha acesso aos sucessos da Cashbox americana que chegava ao país, via Pan Am, com uma semana de atraso com relação ao país de origem. Todas as sextas-feiras chegavam dez disquinhos que após serem analisados pelo executivo, iam parar nas mãos de seu genro e, por fim, nas festinhas de fim de semana que esse organizava.
Na Secretaria de Cultura Castanho trabalhou em um projeto que marcou época, o Música Nos Parques, com shows no Parque do Morumbi e no Parque da Luz, recebendo artistas brasileiros de renome, entre eles, Egberto Gismonti e Gilberto Gil.
O Festival Internacional de Jazz de São Paulo nasceu em 1978, o primeiro grande evento com Castanho produzindo toda a parte técnica e fazendo a curadoria. O evento estreou com grandes artistas, no jazz Ahmad Jamal, no blues, B.B. King, o primeiro artista de blues a pisar em solo brasileiro. O resto é história.  


EM – O Festival Internacional de São Paulo era um convênio com o Festival de Montreux?
CC –
Havia uma ligação muito forte. A WEA não tinha como colocar seus artistas na Europa, então foi criado o festival de jazz na cidade de Montreux. O Claude Nobs sempre foi o produtor e diretor da WEA na Europa e nos anos 70 começou a convidar artistas brasileiros, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti. A Secretaria de Cultura de São Paulo resolveu criar um festival e nós fomos ao mais famoso do mundo na época que era Montreux. Havia também o festival de San Francisco, eram os mais consistentes na época. O contato foi por intermédio do André Midani, chefe da WEA no Brasil. O acordo foi interessante para eles porque tinham um braço no Brasil e para nós também porque não ficamos ligados apenas aos artistas de uma gravadora.
Isso proporcionou ao Brasil a entrada no mercado internacional. Até então, a presença era pequena, veio o Ray Conniff, Oscar Peterson, Dizzie Gillespie, Ray Charles, mas não havia estrutura, as pessoas não confiavam no Brasil. Não havia como mandar dinheiro, era muito complicado. Esse festival foi o grande divisor de águas. Primeiro porque ficou provado que dava pra fazer grandes eventos, era rentável, o festival se pagou. Eram shows a tarde, mais baratos e a noite, mais caros. A única coisa grátis eram as transmissões da Rede Cultura.
Segundo por abrir o mercado, os artistas ficaram sabendo que aqui havia um país que dava pra vir. Depois fizemos em 80 e houve uma mudança. Saímos do jazz tradicional e abrimos o mercado para outros ritmos, como R&B, blues, reggae, derivados do jazz. Pela primeira, e única vez, o Peter Tosh esteve no Brasil. Em 82 fizemos o Rio Jazz Montreux no Maracananzinho, uma tentativa de continuar um grande festival de jazz. Houve um hiato até 85, quando conseguimos montar o Free jazz com as meninas Gardenberg.

EM – Como surgiram os eventos no 150 Night Club, bar do hotel Maksoud Plaza? Já estava fora da Secretaria de cultura?
CC –
Não, fiquei lá vinte anos. Fui chamado pra fazer o show do Frank Sinatra. Ele havia feito o Maracanã e o doutor Henry Maksoud queria muito fazer o Sinatra na inauguração do hotel. Meu nome foi indicado e fui contratado pelo hotel que ainda não existia, estavam terminando as obras. Me dei muito bem com o Roberto Maksoud, filho do doutor Henry, que dirigiu o hotel por muitos anos. Disse para ele que não havia nenhum clube em São Paulo capaz de receber aquele evento e no finalzinho da obra eles resolveram montar o 150 Night Club. Foi um evento de gala, uma novidade na época, você ganhava uma garrafa de uísque na mesa, um jantar muito refinado, cheio de rococó. O Sinatra fez três shows lá embaixo, todos lotados, um espaço para 1700 pessoas. Um deles transmitido pela televisão. Em seguida comecei trabalhar no 150 Night Club fazendo a programação e a produção. Fiquei até 1996.

EM – Quais foram os artistas de blues que passaram por lá?
CC –
Os primeiros foram Junior Wells e Buddy Guy. Eles tinham um trabalho fantástico juntos. Foram três ou quatro vezes, não lembro, em pequenas temporadas de duas semanas. Depois o Buddy Guy veio sozinho. Fizemos o John Hammond, Steve Ross e Alberta Hunter.


EM – O show da Alberta Hunter foi muito comentado na época. Ela trabalhava como enfermeira e estava afastada da cena há décadas, acho que trinta anos. Vocês conseguiram uma proeza. Conte como foi a vinda dela.
CC -
Fazíamos uma listagem e eu mandava ao Roberto que ia muito aos Estados Unidos por conta do hotel. Ele era um amante de jazz e nos incentivava a fazer as produções. Foi a primeira vez que ela veio ao Brasil, na verdade, na América Latina. Ela não viajava, nós tiramos o passaporte dela. Quando chegou aqui estava com 82 anos, estava com a saúde debilitada porque havia passado por uma cirurgia muito grave do intestino, tivemos todo um cuidado. Minha esposa e eu a tratávamos como se fosse a nossa avó. Eu não dava conta dela sozinho.

EM – Ela veio sozinha?
CC –
Vieram ela e o pianista. Ele tomava conta dela de dia e a noite eu ia buscá-la com uma cadeira de rodas no apartamento, levava até o piano e o show começava. Aí ela ganhava vida. Acendia o refletor ela virava um mulherão. Fez várias temporadas no Maksoud porque era uma artista fora do comum, não existia nada comparável. Sucesso todas as vezes que veio. 

EM – Quanto tempo você ficou no Maksoud?
CC –
Fiquei sete anos. Toda noite tinha show, a maioria internacional. As temporadas de artistas internacionais duravam duas ou três semanas. Os nacionais uma ou duas. Fizemos algumas coisas diferentes, Clara Nunes, que era extremamente popular, mas uma cantora fabulosa. Fizemos também o Cauby.

EM – Existia concorrente para o 150 em São Paulo?
CC –
Havia o Galery aqui na Hadock Lobo e o Papagaios, na Nove de Julho, do Ricardo Amaral. Ele fechava e reabria com outro nome e a gente brincava que cada vez que reabria era periquito, cacatua. Eram tentativas de concorrer com o 150. O Galery trabalhou muito tempo em cima disso. Não tinha condições porque o Galery era uma casa isolada e o 150 tinha facilidade de alimentação, passagens aéreas e hospedagem. Então eu tinha uma ideia, por exemplo, trazer o Joe Pass. Ligava pra ele, fechava e já mandava passagem e mandava dinheiro. Era muito fácil pra fazer. Eu tinha tudo, tinha o quarto que quisesse, a suíte presidencial, tinha dinheiro, assessoria de imprensa sem ter que pagar, as passagens eram permuta, toda a estrutura era do hotel. Não dependia de contratações de fora. Quanto ia gastar não era preocupação. Despesas muito diferentes de uma casa na rua como o Galery que tentou concorrer por algum tempo. Achou que o sucesso era a orquestra e montou uma igual a nossa, roubou meu maestro pagando mais. Não adiantou, nossa casa tinha todo um glamour. Você podia comer em cinco restaurantes com comida dinamarquesa, francesa, um só de carne, o outro funcionando 24 horas, todos premiados. Nos dávamos ao luxo de trazer o artista somente para o Maksoud. Ou vinha ver com a gente ou não via em lugar nenhum. Nosso poder de fogo era muito grande.

EM – E porque você saiu?
CC –
O dono queria fazer coisas mais comerciais e a minha discussão com ele era essa. “Dr Henry, o classe média não passa nem na calçada do seu hotel de medo”. Na época o hotel era mais dom que um cinco estrelas. Tudo lá era do bom e do melhor. O restaurante francês era um dos mais caros de São Paulo. E quando ele forçou a mão para popularizar disse que ele teria de destruir toda a imagem que já havia sido construída. Ele não acreditou e eu saí. Achei que não ia dar certo e não queria levar fracasso para minha casa. Dois ou três produtores seguiram as ordens, mas não chegaram a lugar nenhum. Mesmo hoje não sendo mais “o hotel” ainda carrega certa fama.


EM - Isso tudo foi o embrião para criação do festival de Blues de Ribeirão Preto? Como nasceu o lendário festival?
CC –
Eu fazia algumas coisas em São Paulo, Rio, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Santos e no interior de São Paulo nos Sescs de São Carlos e São José dos Campos, mas tudo dependia da época. Me associei a um grupo que tinha uma agência de viagens e pelos contatos que tinham arrumaram um patrocínio do Banespa que estava inaugurando uma agência em Ribeirão Preto. Mas faltava a ligação, porque o Banespa iria patrocinar um festival de blues. Eu achava que era um evento muito grande pra uma cidade pequena, não em tamanho, Ribeirão é uma das maiores cidades do interior de São Paulo, mas nunca havia recebido um evento desse porte. Fizemos o levantamento de locais e só havia o Ginásio da Cava (do Bosque), que não era ideal porque era côncavo demais, fazia muito eco. Mas a gente conseguiu o apoio do prefeito e uma série de facilidades para fazer o evento. Fechei um hotel só pra nós, fechamos restaurante, fechamos o Chope Pinguim pra fazer uma grande festa lá dentro. Envolvemos a cidade e não tinha porque não fazer.

EM – Foi um sucesso, eu estava lá no dia do Albert Collins.
CC –
Tanto que no primeiro dia nós conseguimos congestionar a Anhanguera, depois fiz uma visita ao comandante da Polícia Rodoviária para pedir desculpa por não ter avisado sobre o evento. Eu nunca havia feito isso na vida. A gente esperava três mil pessoas e estourou. No último dia eu abri os portões do ginásio. Tinha mais de duas mil pessoas sem ingresso do lado de fora e seis mil dentro do ginásio.

EM – Tirando essa superlotação, que acabou sendo um problema bom de resolver, houve mais algum problema no festival?
CC –
Olha, foi muito melhor do que podíamos pensar. Vendemos todos os ingressos com duas semanas de antecedência e tive também muito apoio local. Para ficar perto do artista os estudantes faziam qualquer coisa, eram voluntários para pegá-los de carro no hotel e levar para o local dos shows, para passear, almoçar. Tinha carro a hora que eu quisesse (risos).

EM - De todos aqueles artistas, qual era o mais excêntrico?
CC –
O pessoal do blues sempre anda “calibrado”, vamos dizer assim, mas todos eram muito simples. Gostavam de bourbon e uísque. Não havia cocaína nem nada disso, o negócio deles era birita. De vez em quando sumia um. O hotel ficava na mesma rua do Pingüim, umas quatro quadras acima. Era fácil pra eles chegarem lá e fácil pra gente achar os caras (risos). Na verdade o evento foi muito tranqüilo, é que eu faço uma marcação em cima do meu artista, ele não fica sozinho um minuto.       

EM – Como foi a escolha do cast?
CC –
Sempre fiz essa parte. O festival de blues era meu, era tudo minha responsabilidade. Tenho um grande amigo nos Estados Unidos que funcionou como meu agente. Eu pedia para ele ver quanto custava cada atração e para ver se a data estava livre. Ele achava os caras nos Estados Unidos e depois ia para fechar.

EM – Hoje eu consigo fechar shows falando com os artistas ou agentes pela internet. Naquela época era muito diferente. Gostaria que você falasse um pouco sobre isso.
CC –
Naquela época fazíamos o primeiro contato por telefone. Principalmente para ver as datas. Depois viajávamos aos Estados Unidos para sentar com o agente ou com o artista para acertar os detalhes. Não havia outro caminho, eu ficava trinta dias nos Estados Unidos andando pra todo o lado, Nova York, Chicago, Texas, Los Angeles, atrás dos empresários. Fechava o cast do meu próximo ano e voltava com os contratos na mão. Aí sobrava o problema de mandar o adiantamento e depois pagar o resto aqui. Eu tinha certo nome no mercado e levava só dez por cento do contrato em dinheiro.

EM - Houve uma segunda edição em São Paulo.
CC –
No ano seguinte viemos para o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Fizemos Buddy Guy, Junior Wells, Magic Slim e, em vez da Etta James, fizemos a Big Time Sarah. Foram três dias com quatorze mil pessoas em cada um.


EM – Você também trabalhou no Free Jazz. Conte como foi?
CC –
O Free Jazz começou em 1985 e eu fiquei cinco anos. Quando a Souza Cruz começou a querer escolher os artistas eu saí. Em 1984, a Monique Gardenberg, que era empresária do Djavan e que eu já conhecia por ter contratado para os festivais de verão nas praias. Criei o festival do Guarujá dentro de uma brincadeira. Eu era assessor do secretário de cultura do estado nos anos 80. Ele parou com o festival de jazz e precisava criar outra coisa. Eu disse que tinha uma ideia brilhante, já que eles haviam criado um festival em Campos do Jordão em pleno inverno, em vez de em janeiro, porque não criavam um festival de verão, em janeiro, para acabar com a cidade de vez. Eles acharam uma grande ideia mesmo e perguntaram quanto eu precisaria em dinheiro. Eu disse um valor e eles disseram que conseguiriam aquela quantia e o Festival de Verão teve seis edições. Fazer festival de verão em Guarujá não dava, a cidade ficava travada, depois levamos para Santos, Praia Grande e Vicente de Carvalho. Quer dizer, ficou tão grande que acabamos perdendo a noção do que tínhamos de fazer.
Voltando ao Free Jazz, eu fazia os dois ao mesmo tempo, então a Monique me chamou ao Rio de Janeiro para uma reunião dizendo que tinha uma verba de uma grande companhia para fazer um festival. Mas eles queriam um festival que percorresse as universidades. Eu disse que o homem certo para isso era o Fred Rossi que havia criado o Festival Universitário. Não havia cabimento a gente fazer uma cópia. O festival havia acontecido dez anos antes e nem havia mais os grêmios atuantes como época da ditadura, quando os estudantes estavam unidos. Sugeri montar um festival de jazz porque o de São Paulo havia acabado e o do Rio nem havia começado, teve apenas uma edição. O mercado estava aberto e ela poderia colocar o blues, R&B, reggae, um espectro muito grande de gêneros. Acabei ficando no Rio três dias para montar o esboço do festival e marcar a reunião com a Souza Cruz que eu ainda não sabia que era a empresa. Quando chegamos à reunião ela me disse que eu é que iria apresentar. Naquela época a apresentação era em papel, não havia áudio visual, então botei um papel na frente de cada um dos caras. No meio da reunião notei que todos os funcionários eram obrigados a levar um maço de cigarros no bolso. Um deles me tira um cigarro do bolso chamado Free e eu sugeri colocar o nome do festival de Free Jazz, que era uma das vertentes do jazz e o cigarro que eles tinham para comercializar. Aí vira um cara dizendo que eu não precisava falar mais nada que eles iriam comprar: “Quanto é isso aí? Na época era um caminhão de dinheiro fazer um evento trazendo doze, quatorze nomes dos Estados Unidos. Fechamos um contrato de cinco anos. Fiquei cinco anos como sócio. Havia uma curadoria que era um pessoal da Monique no Rio de Janeiro, eu levei o Zuza Homem de Melo. Sempre fui o diretor executivo em São Paulo e era sócio do evento. Depois desse período de cinco ou seis anos a Souza Cruz começou a dizer que queria contratar os artistas porque no ano anterior não haviam gostado de determinada atração. Eu olhei para o cara e disse: “O que é que você quer, um evento da Souza Cruz ou um evento de sucesso da Souza Cruz?”. Estávamos fazendo um evento com público desde o início. Na primeira edição conseguimos apenas sessenta por cento de lotação no Anhembi, mas eram apenas três nomes. No segundo lotamos e no terceiro fomos para o Palace. O sucesso era estrondoso. E esse mesmo diretor falou que a  gente estava passando a perna na Souza Cruz. Passando a perna como? Nós temos uma verba pra gastar. Você quer retorno da verba? Você quer caixinha por fora? Falei assim mesmo para o cara. Quando saímos da reunião entreguei para a Monique dizendo que não faria mais parte daquilo. No primeiro evento eu coloquei cem mil dólares do meu bolso, a Monique pôs mais dois tantos disso. Pagamos para fazer o primeiro. Erramos nas contas, enfim... A partir daquele ano a Souza Cruz fez isso. A Monique agüentou porque ela tem as razões dela, mas eu não ia fazer pop. Começaram a colocar coisinhas melódicas, tudo bem que o jazz é para tudo, mas...

EM – Foi na época do Digable Planets, Guru e Jazzmatazz, que misturavam jazz com rap, essas coisas?
CC –
Não dá para misturar as coisas. Conflita público, coisa típica de quem não sabe o que está programando artisticamente.

EM – E você saiu do Free Jazz e foi fazer o que?
CC –
Fui para o Nescafé e Blues. Por meio de uma agência consegui vender o patrocínio para a Nestlé, um contrato de cinco anos, mas fizemos três edições.


EM – As edições foram em 94, 95 e 96. Em 97 deu problema.
CC –
Sim, 1997 parou. Aconteceu o seguinte, eu trabalho com muito tempo de antecedência. Mesmo com artistas mais simples como os de blues. Temos de tirar o visto do camarada, muitos não têm passaporte, às vezes você tem de arrumar um despachante pra ele lá nos Estados Unidos. Isso não é trabalho de produtor, mas se não fizer isso o artista não chega. Como o evento estava fazendo sucesso, eu tinha de garantir o show que queria no Brasil no próximo ano. Então eu estava adiantado cento e cinqüenta mil dólares nos Estados Unidos.  Quando virou o ano a Nestlé trocou toda a diretoria e o novo gerente disse que não havia interesse naquilo. Eu falei sobre o adiantamento e ele disse que era problema meu e que ia mandar suspender o contrato. Mas havia uma cláusula que ele não poderia suspender durante os cinco primeiros anos. Uma moça que estava na reunião me disse que se eu quisesse poderia brigar com a Nestlé se eu tivesse condições. Eu disse que iria dar vós àquilo e que a Nestlé não era uma empresa séria. Aí me chamaram depois pra resolver, mas de qualquer forma parou.

EM – E o dinheiro do adiantamento?
CC –
Consegui reaver parte do dinheiro. Os artistas que eu já havia pago consegui colocar no Brasil nos próximos dois anos.

EM – Houve algum tipo de problema com os artistas?
CC –
Não porque eu honrei os meus contratos. Tinha o Buddy Guy adiantado em vinte mil dólares. O que eu fiz? Explicava ao empresário que seriam tantos shows e que eu poderia pagar X. E ele aceitava.

EM – Nessa época o Buddy Guy não tinha o nome que tem hoje?
CC –
Não é isso. Eu contratei o Buddy Guy desde a primeira vez. Sei todos os números dele. Hoje o valor dele é um absurdo porque tem alguns tontos que não sabem o que é produção e colocam um festival internacional de blues num lugar errado, as datas erradas, pagaram o que cada um deles pede num mercado aviltado. Gastaram um milhão de dólares de budget artístico. Sabe quando eles vão recuperar isso? Nunca. Não vendeu ingresso porque o mais barato era quatrocentos reais. Fui convidado, mas não quis colocar meu rosto e as pessoas acharem que eu estava envolvido naquele desastre. No dia os ingressos estavam cento e vinte reais e nem assim vendeu. Teve quarenta por cento do evento vendido. O hotel estava dando ingresso para quem passava no estacionamento.

EM – E depois do Nescafé, você foi fazer o que?
CC –
Nos anos 1997, 98 e 99 fiquei fora do mercado artístico. Voltei para produzir o Rock In Rio em 2000 e 2001. Eu brinquei com o Medina que aquele foi o único evento que deu certo até aquele ano. Ele só foi perdendo, a metade da agência, metade do prédio. Fiz o de Portugal em 2003. Mas em 2002 fui morar nos Estados Unidos e só voltei em 2009.

EM – Trabalhou com produção?
CC –
Sim, produzi o Latin Grammy durante quatro anos. Fiz duas tours dos Mutantes e trouxemos algumas coisas ao Brasil. Trouxe o Zidane a um grande evento, inauguração de uma quadra de futebol de salão em Heliópolis patrocinada pela Adidas. Levei artistas mais populares para fazer tour nos Estados Unidos. Voltei em 2009.

EM – Voltou trabalhando com música?
CC –
De certa forma sim. Fiz a produção do musical Zorro durante um ano. Trabalhei no Clube A por três anos. Era um grupo de sócios do Amaury Júnior, mas acabou ficando só ele e o Rubens Amaral. Ele até tentou no início, mas não conseguia andar. A profissão tem alguns segredos. Todo iniciante, mesmo tendo dinheiro, é iniciante.

EM – Você acompanha os festivais que acontecem no Brasil e a cena de blues atual?
CC –
Não acompanho, mas acho positivo. Tenho de me concentrar na minha área de atuação. Hoje estou focando em duas situações, aqui e nos Estados Unidos. Não estou focado em montar um festival de jazz ou de blues. Já tem muita gente fazendo. Fui o precursor, a primeira pessoa a trazer um artista de blues ao Brasil. Não fico olhando pra trás.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Cast de estrelas na 12° edição do Rio das Ostras Jazz & Blues em agosto

Em 2014 o Rio das Ostras Jazz e Blues, considerado o maior festival do país, acontece no balneário carioca em dois finais de semana de agosto. Serão mais de 60 horas de música em mais de 15 shows gratuitos em quatro palcos espalhados pela cidade. Programe-se para não ficar de fora

Al Jarreau (foto: Jasper De Boer)

Na abertura, dia 8, a partir das 20h, o palco Costazul recebe como todos os anos a Orquestra Kuarup, que reúne alunos do curso técnico profissionalizante de música do Centro de Formação Artística da Fundação Rio das Ostras. Seguida pelas apresentações de Carlos Malta e Pife Muderno, Marcus Miller e Pepeu Gomes. 
No sábado, dia 9, o som começa a rolar às 14h15 no palco bucólico da Lagoa de Iriry com Pepeu Gomes. No palco das pedras, praia da Tartaruga, mais uma vez Marcus Miller mostra porque é considerado um dos maiores baixistas do mundo. E o palco principal, na Praia de Costazul, a fusão Brasil/África dá as caras com o Afro Jazz, seguida do furacão da guitarra Larry McCray, o instrumentista e cantor Raul Mídon e a lenda da harmônica blues, Rick Estrin and the Nightcats.  
No domingão, dia 10, apenas dois palcos recebem show à tarde, Iriry, Rick Estrin e The Nightcats, às 14h15, e Tartaruga, Raul Mídon, às 17h15. Não há show em Costazul.
O segundo final de semana de música começa na sexta-feira, dia 15, a partir das 20h, com a participação do pianista e tecladista Adriano Grineberg e o lançamento de seu CD Blues For Africa. A grande violonista e cantora Badi Assad se encontra com Marco Suzano no Palco Costazul. Em seguida a banda holandesa, The Jig, agita a noite com sua mistura de afrobeat, soul e R&B. Randy Brecker é a atração jazzista da seguida pelo poderoso guitarrista de blues/rock de New York, Popa Chubby.
O sabadão, 16 de agosto, deverá ser um dos melhores dias do festival, a concha acústica de Iriry recebe Popa Chubby às 14h15 e as pedras da Tartaruga amolecem ao som de Randy Brecker às 17h15. A noite reserva surpresas no palco Costazul, a partir das 20h, a cantora carioca Taryn divide o palco com Toninho Horta e a Rio Jazz Orchestra. Segue outra super banda formada Scott Henderson, Jeff Berlin e Dennis Chambers, o HBC Super Trio. O vencedor do prêmio Grammy em sete ocasiões e velho conhecido dos palcos brasileiros, Al Jarreau, encanta a todos com seu talento técnica vocal. Encerrando a noite, o show dançante de Rockin' Dopsie Jr & The Zydeco Twisters direto de New Orleans.
A mesma banda que encerrou o sábado abre o domingo, Rockin’ Dopsie Jr toca em Iriry às 14h15. Encerrando o segundo final de semana e o festival, o Super Trio com Scott Henderson, Jeff Berlin e Dennis Chambers embalam as Tartarugas a partir das 17h15.

Marcus Miller (foto: Erinc Salor)

Marcus Miller - É um dos mais importantes e influentes baixistas elétricos do mundo.
Músico, produtor, compositor e arranjador e multi-instrumentista, participou da gravação de mais de 500 álbuns dos mais variados estilos musicais: rock (Donald Fagen e Eric Clapton); jazz (Miles Davis, George Benson, Al Jarreau, Dizzy Gillespie, Joe Sample, Wayne Shorter e Grover Washington, Jr.); pop (Roberta Flack, Paul Simon e Mariah Carey); R&B (Aretha Franklin e Chaka Khan); hip-hop (Jay-Z e Snoop Dogg); blues (ZZ Hill); new wave (Billy Idol); smooth jazz (Dave Koz) e ópera (Kenn Hicks e a soprano Kathleen Battle).
No cinema gravou a trilha sonora do clássico Siesta em parceria com Miles Davis, Da Butt go-go party e para Spike Lee em School Daze, além de muitos outros filmes. Como produtor, compositor e músico, foi o último grande parceiro de Miles Davis, produziu o álbum Tutu, um dos mais importantes do jazz contemporâneo, além de atuar em outros seis álbuns de Miles. Em 1980, participou do álbum Hideaway, de David Sanborn, e de seu álbum seguinte Voyeur, pelo o qual o gigante do alto sax ganhou um Grammy pela musica All you need is you, de Marcus.
Al Jarreau – Cantos e compositor de estilo versátil com mais de 25 discos lançados. Foi vencedor de sete Grammy's, sendo o único a vencer o prêmio em três categorias distintas, jazz, pop e R&B. Também ganhou uma estrela com seu nome na “Calçada da Fama” em Hollywood.
Em 1975, após uma pequena temporada no Bla Bla Cafe, em Los Angeles, foi descoberto pela Warner que o contratou imediatamente. Seu primeiro álbum lançado, We Got By, foi aclamado, por unanimidade, pelos críticos e alavancou sua fama internacional, chegando a receber seu primeiro Grammy.
Em Rio das Ostras Al Jarreau estará acompanhado por Joe Turano (teclados e saxofone), John Calderon (guitarra), Mark Simmons (bateria), Chris Walker (baixo) e Larry Williams (teclados)

HBC Super Trio - Henderson, Berlin & Chambers

Scott Henderson – Nascido em 1954, Henderson foi influenciado por artistas como Jimmy Page, Jeff Beck, Jimi Hendrix, Ritchie Blackmore, e, seu guitarrista de blues favorito, Albert King. Em 1984 formou com o baixista Gary Willis a Tribal Tech, após 10 álbuns bastante aclamados pela crítica, o último “Tribal Tech X” (2012), provou que é um instrumentista e compositor de classe mundial.
Jeff Berlin - É uma lenda do baixo elétrico ao lado de Jaco Pastorius, Stanley Clarke e Alphonso Johnson.
Jeff é conhecido como um grande inovador por causa de sua forma incisiva de tocar em gravações e performances com os principais nomes do jazz, entre eles, Billy Cobham, John McLaughlin, Jermaine Jackson, Issac Hayes, Bill Bruford, Sim, Allan Holdsworth, Toots Thielemans, Larry Coryell, David Liebman, Arturo Sandoval, Michael e Randy Brecker, Mike Stern e Bill Frisell.
Dennis Chambers - É um baterista cuja musicalidade não se limita a estilos. Com presença muito marcante no mundo do jazz-rock, suas baquetas já estiveram ao lado dos guitarristas John Scofield, Mike Stern e John McLaughlin, nos grupos Funkadelic e Parliament e nos super trios Niacin, CAB e HBC.

Rick Estrin (foto: divulgação)

Rick Estrin & The Nightcats - A banda vem encantando as plateias de todo mundo há mais de três décadas com sua mistura dançante de jump blues, rockabilly e surf rock. Considerado um dos grandes bluesmen de sua geração, Rick Estrin iniciou-se na música em San Francisco nos anos de 1960, aos 18 anos, nas melhores casas de blues da Califórnia. Pouco depois, Rick se mudou para Chicago, começando a tocar e fazendo turnês com os maiores nomes do blues, como Muddy Waters, Buddy Guy e Eddie Taylor.
Suas composições originais foram gravadas por Koko Taylor, John Hammond, Little Milton, Robert Cray e muitos outros.
A banda tem 10 álbuns lançados pela maior gravadora do gênero nos Estados Unidos, a Alligator Records. Com Kid Andersen na guitarra, Lorenzo Farrell no baixo e órgão Hammond e J. Hansen na bateria, eles estão entre as mais ativas e reconhecidas bandas de blues em todo mundo. Nesse ano, Rick Estrin foi premiado no Blues Music Award da Blues Foundation como melhor gaitista em Memphis-Tennessee.

Randy Brecker – Tocando trompete, flugelhor e compondo, Randy Brecker vem influenciando o jazz, o R&B e o rock por mais de quatro décadas. Seu trompete e flugelhorn marcaram centenas de discos de artistas diversos como Frank Sinatra, Jaco Pastorius, Frank Zappa, Bruce Springsteen, Funkadelic e Dire Straits. Fez parte da banda Blood, Sweat & Tears e do quinteto do Horace Silver. Em 1968, gravou seu primeiro disco solo ao lado do seu irmão Michael Brecker, na época, um jovem desconhecido sax tenor de 19 anos.
Participou de alguns dos mais importantes grupos de jazz do mundo. Depois da banda de Horace Silver, Randy se juntou ao Jazz Messengers de Art Blakey. Ao lado do irmão Michael, Barry Rogers, Billy Cobham, e John Abercrombie, formou o grupo Dreams, gravando dois aclamados álbuns: Dreams e Imagine My Surprise, hoje itens de colecionador.
Randy Brecker conquistou cinco Grammy em sua carreira, um deles com o álbum “Randy no Brasil”, gravado em São Paulo com grandes músicos brasileiros e lançado pela Summit Records. O CD foi escolhido um dos 10 melhores CDs de 2008 por AllAboutJazz.com e ganhou o Grammy de "Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo”.

Popa Chubby - O guitarrista novaiorquino Popa Chubby tem a mistura de rock, Hendrix e blues correndo nas suas veias. Além de ser dono de uma energia impressionante no palco, o guitarrista de quase dois metros e mais cento e tantos quilos, leva seu som a lugares inimagináveis dentro do blues rock desde seu CD de estréia, Booty and the Beast (1990).
Após 20 anos Popa Chubby volta ao blues em seu CD Universal Breakdown Blues, desfilando solos incendiários e voltando a suas origens blueseiras, notadamente Muddy Waters.

Raul Midón - Cantor de soul contemporâneo, compositor e guitarrista nascido em Embudo, Novo México, atualmente vivendo em Nova Iorque. Sua técnica ao violão conseguiu tanta atenção quanto sua voz suave.
Seu álbum de estréia por uma grande gravadora, State of Mind, teve participações de Stevie Wonder e Jason Mraz, sendo lançado pela Manhattan Records em 2005.

Larry McCray – É um dos mais talentosos jovens artistas de blues, sua guitarra blues-rock selvagem e vocais soul têm atraído a atenção do público.
Com o CD Ambition (1990), tornou-se o primeiro artista da divisão de blues da Virgin Records, a Pointblank Records. Em seu segundo álbum, Delta Hurricane, gravado em Memphis, teve como convidados os Uptown Horns e Warren Haynes (Allman Brothers).

Rockin’ Dopsie & The Zydeco Twisters – Típica banda que vira a casa do avesso pela energia com que se apresenta. A banda já dividiu o palco com Tina Turner, Bonnie Raitt, B.B. King, The Neville Brothers, Dr. John, Jimmy Buffet, entre outros. Em 1978, sua canção Standing On The Corner foi lançada no álbum Graceland, de Paul Simon, ganhador do Grammy.
A banda é formada por Rockin' Dopsie Jr. (washboard e vocais), Tiger Dopsie (bateria e vocais) e Anthony Dopsie (acordeon) liderando os The Zydeco Twisters.

The Jig - Banda holandesa criadora de um novo funk sound. instrumental com elementos de afrobeat, soul, rhythm'n'blues e atitude rock'n'roll. O amor por heróis como The Meters e Bootsy Collins reuniu esses sete músicos de diversas origens.
The Jig é formada por Joep van Rhijn (trompete), Koen Schouten (sax barítono), Jeroen Van Genuchten (sax tenor), Martijn Smit (guitarra), Bas Grijmans (teclados), Arry Niemantsverdriet (baixo) e Niels Van Groningen (bateria).

Pepeu Gomes (foto: divulgação)

Pepeu Gomes – Um dos ídolos da guitarra no Brasil. Vindo de uma geração autodidata, desenhou uma vertente genuína, calcada em performances de muito feeling. O que hoje conhecemos como guitarra virtuose, este baiano de Salvador já fazia há 40 anos.
Fez história com A Cor do Som e os Novos Baianos e seu trabalho solo, deixando pérolas cravadas na MPB na década de 70. Em 1978 partiu para carreira solo e com seus dois irmãos, Didi e Jorginho Gomes, gravou um disco antológico, Geração do Som.

Carlos Malta e Pife Muderno - Comemorando 20 anos de vida em plena atividade, Carlos Malta e Pife Muderno seguem se apresentando mundo afora. O som do Pife Muderno vem da mistura de flautas de diferentes etnias feitas de bambu: Jaqúi, Vetuiá, Uruá (Alto Xingú); Bansuri (Índia); Di-Zi (China); Pife (nordeste do Brasil). Ainda são tocadas as flautas em dó, em sol e as raras flautas baixo em forma de bengala, o saxofone soprano, com a percussão de pandeiros, zabumba, triângulo, caixa e pratos. As possibilidades sonoras do Pife Muderno são também infinitas, graças ao talento dos artistas envolvidos há mais de 10 anos neste projeto: Carlos Malta (arranjador, compositor, flautista e diretor artístico), Andréa Ernest Dias (flauta), Oscar Bolão (caixa e pratos), Marcos Suzano (pandeiro), Durval Pereira (zabumba) e Bernardo Aguiar (pandeiro).

Adriano Grineberg - Um dos mais expressivos nomes do blues brasileiro contemporâneo, o pianista, cantor e compositor, Adriano Grineberg, parte em busca do elo perdido entre o blues e a música africana em seu segundo álbum solo, Blues for Africa.
Das batidas tribais aos elementos da música eletrônica, do blues do delta ao gospel sul africano, do reggae ao tuaregue do Mali, da música de New Orleans aos cantos em Iorubá, o projeto resgata as origens e expressões do blues e da África e suas extensões, fruto das muitas viagens e pesquisas que músico fez na África em mais de 20 anos.

Badi Assad e Marcos Suzano - A cantora, compositora e violonista Badi Assad têm 20 anos de carreira internacional consolidada e um estilo peculiar de expressão por sua voz e violão, marcas fundamentais de sua música.
Badi têm 11 discos lançados. O mais recente, Amor e outras manias crônicas, totalmente autoral, deu a Badi em 2013, uma premiação no International Songwriting Competition com o tema Pega no Coco.
Marcos Suzano - é percussionista e carioca. Fã de rock até ouvir o seu primeiro bloco de carnaval. Tocou surdo, cuíca, e fixou-se no pandeiro depois de assistir a um programa com Jorginho do Pandeiro, do conjunto Época de Ouro. Fez faculdade de economia ao mesmo tempo em que frequentava a casa de Hermeto Pascoal e Radamés Gnattali. Depois de formado, estudou ritmos africanos ao lado de um grupo com Paulo Moura. Desenvolveu a técnica de tocar o pandeiro "ao contrário", isto é, tomando como tempo forte não a batida do polegar, mas a das pontas dos dedos contra a pele do pandeiro.

Afro Jazz – Banda formada por músicos que pesquisam a fusão entre África e Brasil, criando arranjos inusitados para músicas de diferentes compositores brasileiros e internacionais.
O show do Afro Jazz, marcado com muito jazz, groove, reggae, afrobeat, batuque, rock, tem como evidência a busca pela ancestralidade musical e cultural do continente africano, como também as suas mutações e desdobramentos desde a chegada dos africanos a outros países: do Brasil, Moacir Santos, Tom Jobim, João Donato, Hermeto Pascoal e Edu Lobo, da África, Mulatu Astatke, Mongo Santa Maria, Ghanaba, Guy Warren, Tony Allen e Fela Kuti.

Toninho Horta (foto: Hiroyuki Ito)

Rio Jazz Orquestra e Taryn convidam Toninho Horta – É a big band jazzística mais tradicional e reconhecida do Brasil. Desde sua fundação, há quatro décadas, pelo maestro Marcos Szpilman, a RJO atua nos principais festivais, teatros e projetos musicais no país, apresentando shows temáticos que vão desde os clássicos de jazz à música popular brasileira e latina. Trabalha novos arranjos para obras de Tom Jobim, Ary Barroso, Pixinguinha, Noel Rosa, Luiz Gonzaga, George Gershwin, Cole Porter, Duke Ellington, Charlie Parker, Count Basie, Glenn Miller, Sinatra , Billie Holiday e Stevie Wonder, entre outros.
Participaram dos concertos da RJO ao longo destes 40 anos, artistas como João Donato, Billy Eckstine, Altamiro Carrilho, Milton Nascimento, Leny Andrade, Alcione, Paulo Moura, Elza Soares, Ivan Lins, Marcos Vale, Maurício Einhorn, Marcio Montarroyos, Ângela RoRo, Roberto Menescal, Miele, Victor Biglione, Danilo Caymmi e Léo Gandelman, entre outros. Sob Direção artística de Taryn e Claudio Infante, a Rio Jazz Orchestra trará para o Rio das Ostras Jazz e Blues 2014 o virtuoso e renomado guitarrista e compositor Toninho Horta.
Toninho Horta é músico profissional desde os 16 anos.  Conheceu Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges, cujas parcerias musicais culminaram no movimento que marcou a história da MPB nos anos 70 – o Clube da Esquina. Nos anos seguintes, entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, trabalhou em centenas de gravações, ao lado de muitos artistas consagrados como Gal Costa, Nana Caymmi e Elis Regina.

Orquestra Kuarup - A orquestra Kuarup Sopros & Cordas abre tradicionalmente o palco principal do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival. Programa da Fundação Rio das Ostras de Cultura, a orquestra reúne alunos do curso técnico profissionalizante de música do Centro de Formação Artística. No repertório, o maestro Nando Carneiro, que também é violonista e compositor, faz questão de selecionar o que chama de “clássicos da Música Popular Brasileira”. “Antônio Carlos Jobim está sempre presente em nosso repertório. Na verdade, nos deixamos apadrinhar por ele, que com certeza ficaria feliz com essa homenagem”, explica o maestro. Além de Jobim, o repertório da Kuarup inclui João Donato, Hermeto Paschoal, Dorival Caymmi, Moacir Santos, Sivuca, Milton Nascimento, Dominguinhos, Noel Rosa, entre outros.
Maestro Nando Carneiro - Maestro, instrumentista e compositor, Nando Carneiro foi um dos fundadores do grupo A Barca do Sol, muito atuante na década de 70. Em 1983, iniciou sua carreira solo gravando os álbuns Violão, produzido por Egberto Gismonti, Mantra Brasil e Topázio. Em parceria com John Neschling, compôs a trilha sonora do filme O Beijo da Mulher Aranha, registrada no LP Kiss of the Spider Woman, lançado em 1985. Conquistou o primeiro lugar na Concorrência Fiat, com a peça Os povos da floresta.

  Palco Tartaruga (foto: Cezar Fernandes)

PALCOS

Costazul (shows às 20h)
Palco principal do festival. Abriga uma praça de alimentação com restaurantes e bares, quiosques de produtos artesanais da cidade, venda de CDs, revistas e camisetas e telão que transmite os shows ao vivo, além de uma área especial com acessibilidade. Área para motorhomes e piso especial em caso de chuva.  Ainda em Costazul, há a Casa do Jazz e do Blues com exposições de fotos e biografias dos artistas mais importantes dos gêneros, além da exibição de documentários e shows de bandas locais.

Praia da Tartaruga (shows às 17h15)
A Praia da Tartaruga abriga o palco mais charmoso do festival em uma pequena enseada, situada entre as praias do Abricó e Praia do Bosque. Na Tartaruga o público assiste aos shows sob o pôr-do-sol. O palco é montado sobre uma pedra que, literalmente, invade o mar.

Lagoa de Iriry (shows às 14h15)
No palco da Lagoa de Iriry, o público está lado a lado com o artista em um anfiteatro circundado por vegetação típica de restinga. A Lagoa de Iriry fica no Jardim Bela Vista, em Costazul.

Concha Acústica da Praça de São Pedro (shows às 11h15)
Palco criado para a apresentação de novos talentos do jazz e do blues. Fica no centro de Rio das Ostras, ao ar livre e em frente ao mar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Ficha técnica: Ari Borger e Igor Prado – Lowdown Boogie (2013)


Essa seção surgiu da vontade em divulgar os lançamentos e prestigiar os artistas de blues e jazz brasileiros e estrangeiros que trabalham duro para gravar seu CD, bem como todos os envolvidos.
Nunca antes na história desse país a cena independente foi tão forte. A popularização dos meios de gravação e o advento da internet proporcionaram isso.
Surfando nessa onda, o Mannish Blog continua com sua missão de divulgar o blues no Brasil.

Músicos: Ari Borger (piano acústico e Hmmond B3), Igor Prado (guitarras acústica e elétrica), Yuri Prado (bateria), Rodrigo Mantovani (baixo acústico) e Denilson Martins (saxofones alto, barítono e tenor)
Convidados: Sax Gordon Beadle (saxofone nas músicas 9 e 11), Junior Watson (guitarra nas músicas 1, 2 e 7), Rafael Borger (palmas na música 4).   

Produção executiva: Igor Prado, Ari Borger e Chico Blues
Produção artística: Igor Prado, Ari Borger e Chico Blues
Co-produção: Rodrigo Mantovani e Yuri Prado
Gravação, mixagem e masterização: Igor Prado
Foto de capa: Marcelo Pretto
Arte da capa – Yuri Prado
Duração: 59 minutos

Músicas:
1 – Fat Meat & Greens (com Junior Watson) – Edgar Hayes
2 – Newborn Shuffle (com Junior Watson) – Prado
3 – Joogie Boogie – Lil Armstrong
4 – Lowdown Boogie – Ari Borger
5 – Rocking At the Philarmonic – Chuck Berry
6 – Bee Hive – Lee Allen
7 – Boogie Woogie Barbecue (com Junior Watson) – John Hardee
8 – Blues For Rafa – Ari Borger
9 – Blue Jeans (com Sax Gordon) – Morris Lane
10 – 88’ Swing – Ari Borger
11 – Rock It (com Sax Gordon) – Rocking Brothers

Bonus tracks
Getting Fat - Prado
Yancey Special – J.Yancey

Músicas 1,2,7,9 e 11 – gravadas no estúdio Comep – SP
Músicas 4,8,10 e 13 – gravadas no estúdio Guidon – SP
Músicas 3,5 e 6 – gravadas no estúdio de Ari e Igor – SP
Música 12 ensaio gravada no estúdio de Ari Borger
Todas as músicas foram gravadas em fitas analógicas

domingo, 1 de junho de 2014

Jean Luc Ponty chega dia 07 de junho ao Brasil pra uma série de shows


O grande violinista de jazz fusion Jean Luc Ponty vem ao Brasil para uma séria de shows.
A turnê começa no Rio de Janeiro no Miranda Brasil com show no dia 6 de junho. Dia 7 é a vez do Santa Tereza Jazz Festival, em Vitória, receber a Jean Luc Ponty Band, composta por William Lecomte (teclados), Baron Browne (Baixo), Rayford Griffin (bateria). A turnê encerra no dia 10 com show em uma das melhores casas de blues do Brasil, o Bourbon Street Music Club.   
Jean-Luc Ponty estudou violino clássico profissional no Conservatoire National Supérieur de Musique de Paris, mas desde muito jovem suas maiores influências foram Miles Davis e John Coltrane.
Começou a se destacar mundialmente quando foi integrante da Mahavishnu Orchestra. Também trabalhou com John Mc Laughlin e Frank Zappa nos melhores discos desses artistas. 
Ponty foi pioneiro na utilização de um violino elétrico de 5 cordas, equipado de 1 corda baixa afinada em Dó. Utilizou também um violino elétrico de 6 cordas chamado Violectra.
É um dos músicos mais influentes e o maior expoente no violino do jazz-rock. Tem mais de 28 discos lançados e 5 dos seus álbuns alcançaram o top 5 da Billboard, vendendo milhões de cópias. É um músico extraordinário, que mescla como poucos o jazz e o rock. Seus estilo e sonoridade são inconfundíveis e o fazem um dos mais importantes músicos do mundo.

Serviços:

São Paulo – Bourbon Street
Sessões às 21 e 23 horas
Ponto de Venda Sem Taxa de Conveniência: Bilheteria do Bourbon Street
Endereço: Rua dos Chanés, 127 - Moema, São Paulo - SP
Horário de atendimento: De segunda à sexta das 9h às 20h, sábado, e feriado das 14h às 20h
Capacidade do local: 585 pessoas
Meia Entrada: Não há
www.bourbonstreet.com.br

Rio de Janeiro – Miranda Brasil
Sessões: 20 e 22h30 horas
Endereço: Av. Borges de Medeiros, 1424 - Piso 2. Lagoa – RJ
Bilheteria: De terça a sábado das 12 às 21h; segundas, domingos e feriados de 12 às 18h
Classificação: Menores de 16 anos somente acompanhados do responsável legal
www.mirandabrasil.com.br

Vídeo Atual:


Com John McLaughlin e Mahavishnu:


Com Frank Zappa: