segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Mais de 30 convidados participam do Festival Internacional Tarrafa Literária que começa na quarta-feira, dia 25, com show de Hamilton de Holanda. São 11 mesas com debates que irão discutir as principais tendências em literatura, jornalismo, ciência, história, futebol, entre outros temas

O show de abertura, às 20h, dia 25 de setembro, será de Hamilton de Holanda Trio no Teatro do Sesc Santos. Os ingressos devem ser retirados no dia do show na bilheteria da unidade à partir da 10h

Hamilton de Holanda Trio

Elizabeth Kantor, Gonçalo M. Tavares, Juan Pablo Villalobos, Antônio Prata, Marcelo Rubens Paiva, Antônio Geraldo Figueiredo Ferreira, Guto Lacaz, Francisco Daudt da Veiga e Xico Sá são alguns dos grandes nomes que estarão presentes na 5ª edição do Festival Internacional Tarrafa Literária. O encontro, marcado por debates e pela presença de escritores e leitores, acontece de 25 a 29 de setembro, no Teatro do Sesc Santos na noite de abertura, e no Teatro Guarany, em Santos, litoral de São Paulo (SP). A realização do evento é da Realejo Livros & Edições com a produção da High Up Produções e Mannish Boy Produções Artísticas
Considerado um dos destaques entre os festivais no Estado de São Paulo, a Tarrafa Literária terá 11 mesas de debates que irão discutir temas da atualidade e as principais tendências em literatura, jornalismo, ciência, história, futebol, entre outros assuntos. “A Tarrafa é uma oportunidade única para que os amantes da literatura façam um intercâmbio de histórias, ideias e experiências com grandes escritores nacionais e internacionais”, comenta José Luiz Tahan, idealizador e curador do festival. “A proximidade dos autores com o público e seus fãs é um atrativo à parte do evento que espera receber algo em torno de 5.000 pessoas esse ano”, completa Tahan. 
Com o objetivo de incentivar a leitura também para o público infantil, a programação do festival, assim como em suas outras edições, contará com a Tarrafinha, com atividades lúdicas e encenação de pequenas peças teatrais de clássicos da literatura.  “É um encontro de cultura e lazer para a família inteira”, explica Tahan.
O Festival Internacional Tarrafa Literária é totalmente gratuito. Para participar, é necessário chegar com 30 minutos de antecedência para retirar os ingressos na portaria do Teatro Guarany. O festival conta ainda com o incentivo cultural da Lei Rouanet e Ministério da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo via Proac, correalização Sesc Santos, patrocínio da Sabesp e Petrobrás e apoio de Prefeitura de Santos e do Instituto Moreira Salles. A programação completa está disponível no site: http://www.tarrafaliteraria.com.br


Serviço 
Tarrafa Literária 2013
Data: 26 a 29 de setembro, a partir das 16h.
Local: Teatro Guarany - Praça dos Andradas, 10 - Centro de Santos - SP.
Entrada: Gratuita (os ingressos devem ser retirados com 30 minutos de antecedência na portaria do Teatro Guarany).
Mais informações: (13) 3289-4935 e http://www.tarrafaliteraria.com.br

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O furacão Trombone Shorty passou pelo Brasil e deixou um rastro de arte e alegria. Dia 10 de setembro sai Say That to Say This

Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Eugênio Martins Jr e Trombone Shorty Foundation 

Para quem não sabe, Treme é o lendário bairro de New Orleans de onde saíram grandes músicos. Troy Andrews é um deles. Também conhecido por Trombone Shorty, Andrews e o trompetista Kermit Rufins são, na minha modesta opinião, os grandes talentos que emergiram após a passagem do furacão Katrina por New Orleans, em 2005. 
Além deles, outros artistas locais também ganharam visibilidade mundial após aparecer em Treme, a série de televisão produzida pela HBO que está na quarta temporada, Wanda Rouzan, Donald Harrison, Soul Rebels, John Boutté, Jon Cleary e Steve Riley são alguns.
Andrews está um passo à frente. Juntou uma banda de jovens músicos roqueiros, a The Orleans Avenue - Tim McFatter (Saxofone), Pete Murano (guitarra), Mike Ballard (baixo) e Joey Peebles (bateria) – que mistura Red Hot Chili Peppers com Neville Brothers, Lenny Kravitz com James Brown, e isso faz toda a diferença. O público jovem adora.
Na velocidade de um furacão, Trombone Shorty tomou de assalto a cena da música pop dos Estados Unidos com dois trabalhos avassaladores, For True e Backatown.
É um dos músicos mais requisitados em festivais de jazz e blues por todo o mundo e recentemente esteve no Bourbon Street Fest, cuja 11° edição foi realizada em São Paulo.
Não pra variar, o Mannish Blog estava lá e faturou uma entrevista exclusiva com o astro da música pop do momento, onde ele fala sobre o novo trabalho, Say That To Say This.
Conta também como foi participar da série Treme, um relato ficcional, porém, dos mais fiéis, sobre as pessoas que tiveram de reconstruir suas casas, seu bairro e sua cultura após a passagem dramática do furacão Katrina por uma das cidades mais emblemáticas e folclóricas dos Estados Unidos.
Só para lembrar, em 29 de agosto de 2005 o furacão Katrina – assim chamado porque toda tempestade registrada nos anos ímpares leva nome de mulher – destruiu a costa dos Estados Unidos, atingindo os estados de Mississippi, Alabama, Flórida e Louisiana. Foi um dos mais devastadores a atingir a região do Golfo do México, causando mais de 1800 mortes e bilhões em prejuízos só na Louisiana.
New Orleans foi uma das cidades que mais sofreu com a tempestade. Rodeada por diques que se romperam, ficou 80% submersa e bairros inteiros desapareceram. A administração George Bush demorou reconhecer a tragédia e, quando o fez, o caos já havia se instalado na cidade.
Caso haja interesse sobre o assunto, o documentário em quatro capítulos produzido pela HBO e dirigido por Spike Lee, When The Leeves Broke, é o registro mais cru após a tragédia. Trouble The Water, também é um documentário que retrata o antes e o depois da tempestade.
Essa entrevista não teria sido possível sem a boa vontade da produção do Bourbon Street e Lucas Shows e Eventos. Agradeço a todos.


Eugênio Martins Júnior – Gostaria que você falasse sobre o novo trabalho, Say That to Say This?
Trombone Shorty –
O lançamento mundial é dia 10 de setembro. É um disco divertido, com muito funk, soul, rock R&B e um mix da música de New Orleans. Foi excitante fazê-lo. A produção é de Raphael Saadiq que passou muito tempo trabalhando nas músicas. Estou orgulhoso desse projeto.

EM – Como começou a parceria com Saadiq?
TS –
Eu cresci e frequentei escola aqui em New Orleans com metade de sua banda. Conheci-o há alguns anos por intermédio deles. Então quando estava com algum material pronto pra fazer esse disco achei que seria perfeito submeter o trabalho a ele, já que é um grande produtor e músico. É o tipo de coisa que sempre acontece na música. Esses encontros.


EM – Me parece que o título do novo disco é um jogo, uma brincadeira com as palavras, Say That, To Say This. Você poderia explicar o que significa?
TS –
Sim é verdade. É como se fosse uma forma de encurtar uma longa história. Em New Orlans podemos usar períodos longos para contar as histórias e às vezes parece que poderíamos encurtá-las. Podemos contar o máximo em menos tempo. Você pode usar períodos curtos que causam maior impacto.

EM – Você diz que o álbum novo é uma mistura entre Meters e James Brown. Podemos dizer que foi buscar inspiração da velha escola do funk pra fazer o novo som de New Orleans?
TS –
Sim, sempre amei os Meters. James Brown, Lenny Kravits, Earth, Wind e Fire, Michael Jackson, Stevie Wonder, são definitivamente as minhas inspirações. Minha e de muitos músicos. O rock and roll também.



EM – Você citou funk e rock and roll. E jazz tradicional? Você escuta?
TS –
Sim, em New Orleans (risos). Já toquei na banda de outras pessoas, Louis Armstrong e outros clássicos. Escuto em todos os lugares e é muito familiar pra mim, mas só toco em outras bandas. Tenho 28 anos e sou muito mais influenciado pelo funk, rock e rap, as coisas do meu tempo. Tento ser um músico que faça o jovem gostar da música que incorporamos, mas levando em conta o nosso tempo.   

EM – Treme, a série de televisão, mostra a cidade de New Orleans tentando se reerguer após o furacão Katrina. Como está a cidade hoje, oito anos após sua passagem?
TS –
A cidade está maravilhosa. Como você disse, já se passaram oito anos e a cidade voltou a crescer, os negócios estão indo bem, a cena musical continua vibrante, com jovens talentos e os músico mais velhos ajudando esses jovens. As coisas estão começando a voltar como era antes da passagem do Katrina. Você pode sentir as coisas voltando ao normal. 


EM – Você aparece muito nessa série. Como se a sua ascensão fosse uma analogia com a reconstrução da cidade. Você gostou da série? Ela retrata o que realmente aconteceu?
TS –
Sim, é bem autêntica. O principal objetivo de todos os filmes foi justamente buscar essa autenticidade. Eles foram à cidade e falaram com as pessoas reais. Não eram atores. Os roteiristas falavam com as pessoas nas comunidades. Convidavam as pessoas para ir aos sets de filmagens e ver se tudo estava correndo bem. A cultura da cidade está em todos os lugares em particular. As pessoas que estavam filmando ficavam mais confortáveis quando os nativos estavam por perto tirando as dúvidas. Isso foi uma grande coisa. Muitas pessoas trabalharam e ficaram muito felizes em colocar New Orleans de volta no mapa. Poder mostrar ao mundo que New Orleans não estava morta. Que continua a sua reconstrução.

EM – Sério?! A HBO pegou pessoas da comunidade para trabalhar na série?
TS –
Sim, da rua. Deram responsabilidade às pessoas em Treme, na minha vizinhança. E também em outras mais. Elas davam as instruções para as pessoas que jamais haviam sido filmadas, ou atuado, ou qualquer outra coisa relativa ao cinema. Justamente pra pegar a coisa real. Estou muito orgulhoso de ter feito parte disso.

   
   
EM – Falamos sobre a cidade, mas o que você pode dizer sobre a cena musical em particular?
TS –
A cena musical está legal. Afortunadamente e desafortunadamente eu viajo muito. Então não estou lá o quanto gostaria e costumava estar. Tenho visto as pessoas indo bem. Há o Soul Rebels, que também estão tocando aqui; a New Birth Bras Band. Parece que estão indo bem. O pouco tempo que passo na cidade é com a minha família e amigos e não consigo saber o que se passa na cena. Mas fico feliz de as coisas estarem acontecendo, novos sons estão sendo gerados, você sabe, é mais trabalho para mais pessoas.

EM – Toda essa confusão em New Orleans, a passagem do furacão e o que veio depois afetou sua música de alguma forma?
TS –
Não, nada. Não escrevi nenhuma música triste sobre isso.


EM – O que é a fundação Trombone Shorty?
TS –
É uma coisa que eu criei para ajudar as crianças da cidade através da música. Temos uma parceria com uma universidade para ensiná-los nossa música. É uma forma de poder ajudar a minha comunidade. As crianças me procuravam e procuravam outros músicos, essa é a forma que encontramos de passar algum conhecimento sobre a teoria, o mundo dos negócios, a cultura. Procuramos dar alguma atividade para que não se percam. Eles são interessados, gostam de música, mas ainda podem ser perder nas ruas. Então, queremos resgatar essas vidas através da música. Deixá-los felizes. Mostrar que eles podem ter talento para fazer o que quiser. Caso queiram seguir uma carreira na música ou o que quer que queiram ser.

EM – Você ministra lições a esses jovens?
TS –
Quando estou na cidade sim, dou lições a eles e ajudo como posso. Temos professores que fazem isso, mas tento ajudar. Às vezes são eles que me ensinam.

EM – É uma troca.
TS –
Sim e isso é muito bom. (risos)



quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Editora Sereia Ca(n)tadora lança livros de autores peruanos e reforça intercâmbio cultural


Texto e fotos: Alessandro Atanes

Nessa quinta-feira, dia 5 de setembro, a partir das 19 horas, em solenidade no Teatro Municipal, a editora artesanal Sereia Ca(n)tadora lança mais três obras de seu catálogo de escritores latino-americanos: "Ao nosso pai criador Túpac Amaru", de José María Arguedas, e "Duas Tradições Peruanas", de Ricardo Palma, ambos traduzidos por Ademir Demarchi, e "Espinhos do Porco-Espinho", de Óscar Limache, com tradução de Alessandro Atanes. O evento faz parte da Semana Peruana, que acontece em Santos até o dia 5, com consulado itinerante e irmanamento com a cidade portuária de Callao.
A abertura da noite é com a exposição fotográfica “El Corazón del Puerto”, com 29 fotos expostas de autoria do fotógrafo José Chuquiure (a exposição permanece de 5 a 12 de setembro), seguida por apresentação de músicas e danças peruanas.
Além dos lançamentos, Demarchi e Atanes apresentam os livros que vem sendo traduzidos e publicados desde 2010 quanto teve início um processo de trocas literárias entre Santos e poetas e intelectuais peruanos, entre os quais os lançamentos de autores santistas em agosto durante a Feira Internacional do Livro de Lima, pela editora Amotape, em edições bilíngues de “Passeios na Floresta”, de Demarchi, e "51 mendicantos", de Paulo de Toledo, traduzidos por Limache, e de “Voo de Identidade”, do poeta peruano, traduzido por Atanes.
A noite acaba com o Pisco de Honra: Drinks à base de Pisco e coquetel peruano, um oferecimento do Consulado peruano em SP.

As traduções - O trabalho de Demarchi sobre Ricardo Palma foi premiado pelo Governo do Estado de São Paulo através do ProAc. O peruano Ricardo Palma é um importante autor que reinterpretou a cultura peruana após a colonização espanhola, recontando histórias com um humor refinado que lembra o de Machado de Assis, seu contemporâneo.
A outra tradução de Demarchi é uma reunião de poemas do escritor José María Arguedas, conhecido no Brasil por seus romances que retratam a vida dos índios peruanos e seus embates com o povo espanhol que colonizou o país. Esse conjunto de poemas de Arguedas faz parte de outro projeto que está sendo feito entre brasileiros e peruanos, coordenados por Ademir Demarchi e Óscar Limache, de traduzir 11 brasileiros e 11 peruanos, formando uma seleção poética para ser lançada no ano da Copa do Mundo, ano que vem.
Já os "Espinhos do Porco-espinho" é uma antologia de poemas que fazem parte do livro "Viaje a la lengua del puercoespín", em tradução por Atanes.
História - O projeto de diálogo com os peruanos tem rendido vários livros: o selo Sereia foi inaugurado em 2010 com o livro Voo de Identidade, traduzido por Alessandro Atanes, de autoria do poeta Óscar Limache, que inaugurou a coleção latino-americana da Sereia. Ademir Demarchi, o editor, já publicou também os livros dos peruanos Javier Heraud (Viagem Imaginária & À espera do outono, traduzidos por Alessandro Atanes), Victoria Guerrero (Berlim) e Felipe Mendoza (As Palavras do Rímac), ambos traduzidos por Demarchi. 

Óscar Limache em Santos em 2010

Diplomacia cultural - Joseph Nye, assessor para defesa e diplomacia de Joseph Carter e Bill Clinton, dois governantes dos Estados Unidos (1977-1981 e 1993-2001), vem falando em suas entrevistas sobre uma nova diplomacia, aquela que vem sendo feita também por grupos de interesse e afinidades e pelas próprias populações dos países. Ele disse o seguinte em uma entrevista à um jornal de circulação nacional em 2011: "A diplomacia agora é feita entre governos e populações em diferentes países, ou mesmo entre as populações em si. Isso amplia muito o contexto dentro do qual os países se relacionam. Estamos chegamos a um nível muito mais complexo de diplomacia".
Este episódio das traduções revela que o intercâmbio internacional não ocorre na cidade só em eventos de grande escala, como no próprio irmanamento de cidades, ou Festival Mirada, importantíssimo com a diversidade de espetáculos e discussões sobre o teatro latino-americano, ou, pelo lado do mercado, a Tarrafa Literária e os convidados da temporada editorial.
Ele também é muito fértil quando ocorre no dia-a-dia, diretamente entre as pessoas que criam relações e compartilham ideias, visões de mundo, técnicas criativas e táticas de resistência, exatamente como o pensador françês Michel de Certeau descreve em "A invenção do cotidiano. Volume 1 Artes do Fazer".
Santos cultiva uma tradição cosmopolita (Neruda, Bishop e Kipling, entre outros, escreveram sobre chegar a esta esquina do mundo), e talvez deste cultivo tenha agora a cidade, seus poetas e intelectuais condições de exercer esse papel na nova diplomacia entre os países do mundo.