Assistir Albert Collins, Staple Singers e Bobby Bland em um mesmo festival deve provocar uma revolução na cabeça de qualquer um. Foi o que aconteceu com Kirk Fletcher quando tinha doze anos e dava seus primeiros passos no blues, em 1979.
Angeleno por natureza (é feio eu sei, mas é o nome que se dá para quem nasce em Los Angeles), com certeza foi tocado pelo West Coast Blues, mas não foi esse o caminho seguido por Fletcher. Foram os ventos do meio oeste que chamaram sua atenção e o “Chicago sound” virou marca de gado em sua música.
Lá, a tradição manda que os novatos devem tocar com os cobras até que mudem a pele. Kirk Fletcher correu seu trecho nas mãos de Charlie Musselwhite, Janiva Magness e mais recentemente com o Fabulous Thunderbirds. Também tocou informalmente com James Cotton, Pinetop Perkins, Hubert Sumlin, Robben Ford, Elvin Bishop, Ronnie Earl e outros.
Conheceu Lynwood Slim e Al Blake que se tornaram seus mentores. Depois desse período, juntou-se aos Thunderbirds a convite de Kim Wilson, ganhando musculatura até andar com as próprias pernas.
Atualmente Fletcher vem construindo sua reputação no blues excursionado pelos Estados Unidos e fora de seu país. O artista ESTÁ No Brasil para uma série de shows, um deles será nesta quarta-feira, dia 28, no Tom Jazz, em São Paulo. Kirk será acompanhado pela Igor Prado Band.
Texto: Eugênio Martins Júnior
Foto: Divulgação
Eugênio Martins Júnior - Quando e como foi seu primeiro contato com o blues?
Kirk Fletcher - Meu primeiro contato com o blues foi por causa dos meus pais e irmãos mais velhos que tocavam os discos de B.B. King.
EM - Você tocou com os grandes James Cotton, Pine Top Perkins e Hubert Sumlin. Ninguém passa por isso sem sofrer influências desses caras. Fale sobre isso.
KF - A primeira vez que toquei com os caras foi na casa noturna Antone’s, em Austin, Texas. Kim Wilson e Clifford Antone foram os responsáveis por isso ter acontecido. Também fiz outros shows com eles e sempre foi muito divertido. Aprendi a ser eu mesmo e fazer meu próprio som.
EM - Nos anos 80 e 90 Los Angeles era dominada, e ainda é, por artistas de rap, como era a cena blueseira nos anos 80?
KF - Eu era muito jovem para saber como era a real cena de blues nos anos 80, mas havia uma cena. Caras como a Hollywood Fat's Band, Mighty Flyers, James Harman eram lendas na cidade e nos arredores.
EM - Consta que Al Blake foi seu mentor no começo de carreira. Como foi esse encontro e esse aprendizado?
KF - Al foi muito importante em meu desenvolvimento e aprofundamento no blues, de onde veio o blues e essas coisas. Ele possui um conhecimento impressionante.
EM - Você também tocou com o Lynwood Slim e ele é um cara muito engraçado, com todas aquelas histórias sobre a máfia e tal. Fale um pouco sobre Lynwood. Parece que ele está muito doente.
KF - Lynwood me deu a chance de tocar e aprender como dar suporte à harmônica e me ensinou muito sobre a arte do suingue. Amo Slim e saber que ele não está bem de saúde me entristece. Mantenham suas preces nele.
EM - Fale sobre seu recente trabalho, o CD My Turn. Tem vários convidados.
KF - My Turn é o CD que eu quis fazer depois de sair do Fabulous Thunderbirds. Quis fazer um disco com as coisas que amo com as pessoas que amo. O próximo disco será mais focado em canções de blues cantadas.
EM - Nesse CD você gravou temas completamente diferentes como Found Love de Jimmy Reed e Let Me Have it All, de Sly Stone. Qual é o cuidado que você tem ao pegar temas de outras pessoas e fazer sua versão?
KF - Simplesmente tentei achar canções de outras pessoas uma mensagem que eu pudesse contar e que fosse funky. E então tentei torcer um pouco.
EM - Como surgiu a parceria com o Michael Landau e como foi trabalhar com ele?
KF - Sou seu fã desde criança. Nos tornamos amigos em 2004, tocamos juntos e somos muito chegados. Então, trabalhar com ele foi realmente muito fácil.
EM - Você conhece a cena brasileira de blues?
KF - Não muito, conheço o grande Igor Prado que é um dos melhores cantores/guitarristas e alguns outros.
EM - Essa é para os guitarristas: qual o seu equipamento de palco?
KF - Uso essencialmente uma Fender super reverb, um Morgam AC 20, um amplificador Fender Bogner Prototype. Também uso um novo amplificador Redplate. Por anos eu uso as guitarras Telecaster e Stratocaster da Suhr, com captadores Grinning Dogs e peças vintage Raw. Sempre uso os pedais Love COT 50, The Zendrive, Xotic RC booster, Madprofesser, delay Deep Blue, tremolo e mais algumas coisas. Tudo isso ligado a uma pedalboard da Vertex.
Kirk Fletcher’s interview
EM - When and how was your fist contact with blues?
KF - My first contact with the blues was through hearing about them from my parents and older brothers. And my brother playing B.B King records.
EM - You have played with the great James Cotton, Pine Top Perkins and Hubert Sumlin. Nobody goes through this without been influenced by these guys. Tell us about that.
KF - I first played with all those guys at Antones night club in Austin Texas. Kim Wilson and Clifford Antone where the ones responsible for that happening. I also done other shows with those guys as well. It was always super fun. and I learned to be myself and do my own thing.
EM - In the 80`s and 90`s Los Angeles was dominated, it still is, by Rap artists, how was the Blues scene in LA in the 80`s?
KF - I was a little too young to really know about the scene in the 80's but there was a scene! Guys like the Hollywood Fat's band, Mighty Flyers, James Harman, Legends coming to town and so forth.
EM - I heard that Al Blake was your mentor in the beginning of your carrer. How was this meeting and the learning?
KF - Al was very important in my developing a deeper understanding of Blues and where it came from. He is awesome and I owe him alot!!
EM - You have also played with Lynwood Slim and he is a very funny guy, with all that mafia stories. Tell us a little about Lynwood Slim. It seems that he is health is not well.
KF - Lynwood gave me a chance to play and learn how to back a Harmonica, and he taught me alot about the art of swing! I love Slim
and it sadden me he is not in the best of health. Keep him in your prayers!
EM - Tell us about your recent work, My Turn. There`s a lot of guests.
KF - "My Turn" is a cd I wanted to make after leaving the Fabulous Thunderbirds. I just wanted to make a record of all the things I loved with the people I love. The next record will be more focused on songs and singing and the blues.
EM - On this CD you have recorded completely diferent songs like Found Love from Jimmy Reed and Let Me Have It All from Sly Stone. How carefull you are when you perform your version of other people songs.
KF - I just try and find in other people songs a message I can relate to and is it funky. And then I try and twist it up a bit.
EM - How did began your partnership with Michael Landau and how was working with him?
KF - I have been a fan of Michael's playing since I was a kid. We became friends in about 2004. we hit it off right away and became really close friends. So working with him was really very easy!
EM - Do you know the Brazilian scene of blues?
KF - Not that much, I know of the great Igor Prado who is one of the best singer/guitarist anywhere! and a few others.
EM - This one if for guitarplayers. Whats your stage gear?
KF - I mainly use a Fender super reverb, a morgan ac20, a Bogner Prototype fender style amp. Also waiting on a new redplate amp! Guitars I use and have been for years are Suhr guitars a tele style with a P90 in the neck position. and a strat style. Also Fender strats
and teles with Grinning Dog pickups. As well as Raw vintage parts. Pedal wise I use Love pedal COT 50 all the time, The Zendrive, Xotic RC booster, Madprofesser pedals Deep blue delay and tremolo. and many more. All wired by Vertex pedalboard company.