A família de Richie Havens, um dos grandes cantores de folk norte americano, confirmou que ele morreu hoje de ataque cardíaco em sua residência.
Nascido no Brooklyn, em Nova York, era reconhecido por pregar o pacifismo. Seu maior sucesso foi alcançado em 1971, com uma versão de Here Comes the Sun, de George Harrison.
O cantor e violonista tinha 72 anos e foi uma das sensações do festival de Woodstock em 1969. Havens foi responsável por abrir o festival e suas interpretações de Freedom e I Can’t Make It Anymore estão entre as imagens mais emocionantes do filme gerado nos três dias de música e paz. O artista voltou ao local 40 anos mais tarde, durante o aniversário do evento.
Havens também fez versões de Just Like a Woman, de Bob Dylan, e do velho spiritual Motherless Child, que se tornou Freedom. E também Strawberry Fields, dos Bestles.
Durante sua carreira, Havens teve 13 álbuns listados na Billboard 200, sendo que um deles chegou aos 40 mais vendidos, Alarm Clock, de 1971. O último trabalho de Havens foi o álbum Nobody Left To Crown, de 2008.
Primeiro a boa notícia. O mês de junho começa com três festivais de jazz e blues que acontecem quase simultaneamente.
Agora a má notícia. Os preços dos ingressos estão mais caros que um quilo de tomate. Exceto no Rio das Ostras Jazz e Blues, que é totalmente gratuito.
Enquanto não houver controle efetivo na emissão de carteiras de estudante ou uma política que limite o número desses ingressos com desconto na hora da venda, todos vão pagar uma conta alta.
O já tradicional Rio das Ostras Jazz e Blues, (29/05 a 02/06), acontece no balneário carioca há onze anos. Os outros são o BMW Jazz Festival entre (06 a 09/06) em São Paulo e (08 a 10/06) no Rio de Janeiro. E o Best of Blues Festival (10 a 13/06).
As informações sobre o Rio das Ostras Jazz e Blues estão em outra matéria: http://mannishblog.blogspot.com.br/2013/04/tem-baixaria-na-11-edicao-do-rio-das.html
Há uma semana foi divulgado o cast do Best of Blues causando alvoroço na comunidade blueseira. O festival, que acontece no WTC Golden Hall, criado especialmente para a ocasião, abre dia 10 com nada menos que Shemekia Copeland, filha do guitarrista texano Johnny Copeland, apontada como a nova rainha do blues norte-americano, seguida pelo pianista de New Orleans, Dr John (foto acima), e pelo cantor e guitarrista Taj Mahal.
Dia 11 é a vez de Dr John e Buddy Guy. Dia 12 sobem ao palco Nuno Mindelis, Taj Mahal, Buddy Guy e John Mayall. Encerram o festival, Shemekia Copeland, John Mayall e Chris Cornell.
São nomes conhecidos do público brasileiro, Pat Metheny, Joshua Redman, Egberto Gismonti, Brad Mehldau, Esperanza Spalding e Joe Lovano. As sedes serão HSBC Brasil em Sampa e Vivo Rio na cidade maravilhosa.
Os artistas que já se apresentaram no país trouxeram bandas com novos integrantes. Por exemplo, o guitarrista Pat Metheny (foto acima), que abre o evento, em São Paulo, virá com a Unity Band, com o saxofonista Chris Potter (que tocou aqui, nos últimos anos, com o baixista Dave Holland e com seus grupos Underground e The Overtone Quartet), o baterista Antonio Sanchez e o baixista Ben Williams.
Um dos destaques da primeira edição do BMW Jazz, há dois anos, o saxofonista Joshua Redman retorna ao país como integrante do quarteto James Farm que inclui o pianista Aaron Parks, o baixista Matt Penman e o baterista Eric Harland.
A contrabaixista, vocalista e compositora Esperanza Spalding volta ao país acompanhada pela pequena orquestra que formou para gravar seu álbum mais recente, “Radio Music Society”, com destaque para o sax alto de Tia Fuller.
Egberto Gismonti se apresenta com uma orquestra formada por 21 jovens chamada Corações Futuristas.
Ainda completam o festival o saxofonista Joe Lovano com o trompetista Dave Douglas, cuja parceria remonta desde que dividiam a liderança do San Francisco Jazz Collective e o quinteto Sound Prints. O pianista Brad Mehldau com seu trio composto por Larry Grenadier (baixo) e Jeff Ballard (bateria).
O baterista nova iorquino Johnathan Blake completa o line up do BMW Jazz Festival. Blake apresenta os temas de seu primeiro álbum, The Eleventh Hour, lançado em 2012.
Fora dos festivais, a cantora Shirley King, filha do mestre B.B. King, se apresenta na Virada Cultural em duas cidades, Jundiaí e São João da Boa Vista. A banda de apoio é composta por Giba Byblos (guitarra), Adriano Grineberg (teclado), Ivan Márcio (harmônica), Paulinho Sorriso (bateria) e Fábio Basili (baixo). Os shows acontecem 25 e 26 de maio, respectivamente.
Texto: Eugênio Martins Júnior Fotos: Arquivo Ric Hall
Na manhã de um domingo qualquer, como já fiz algumas vezes, saí de Santos e subi a serra para fazer uma entrevista com Ric Hall, guitarrista de Buddy Guy que estava hospedado com o resto da banda em um hotel na marginal do rio Tietê.
No mesmo hotel, estava o time do Santos Futebol Clube, que ia participar de um jogo decisivo em São Paulo. Não sei qual torneio. Entre xícaras de café e a aparição de um jogador ou outro no lobby, a entrevista rolou. Há um ano.
Pois é, a entrevista estava perdida, desde abril de 2012, ocasião de um show de Buddy Guy em Sampa. O fato é que achei a perdida no mesmo dia em que fiquei sabendo que o Buddy Guy ia tocar, mais uma vez, no Brasil em um grande festival que começa no dia 10 de abril de 2013. É alguma sorte.
Tenho um critério para fazer as entrevistas para o Mannish Blog, o músico tem de ter pelo menos um CD gravado e lançado. A não ser que esse músico participe de uma das grandes bandas de blues da atualidade.
Ric Hall, ou Ric Jaz, como também gosta de ser chamado, faz parte de uma das melhores formações de uma banda de Buddy Guy, com Marty Sammon (teclado), Orlando Wright (baixo) e Tim Austin (bateria).
Escolado no jazz, Ric entrou para a banda por acaso. Tocava blues sem maiores pretensões até ser “descoberto” por Phil Guy, irmão de Buddy.
Com Buddy, dividiu o palco com os maiores guitarristas de todos os tempos, entre eles, B.B. King, Eric Clapton, Carlos Santana, Hubert Sumlin, Nile Rodgers, Robert Cray, Ron Wood e outros.
Ah, só citei o Santos Futebol Clube porque Hall é fanático por basebol e o futebol, o de lá dos states, é claro. Mas eu não poderia deixar de dizer que o melhor time do futebol de todos os tempos foi da minha cidade... mesmo sendo corintiano.
Eugênio Martins Júnior – Quando foi a primeira vez que ouviu o Blues? Ric Hall – Bem, não posso dizer exatamente quando conheci o blues, mas quando comecei a me ligar em música. Foi no começo dos anos 70 por causa da minha mãe. Ouvíamos música o tempo inteiro, todos eram músicos, todos tocavam. Mas nunca pensei que seria músico ou guitarrista. Comecei a tocar por causa das garotas. Elas sempre ficavam admiradas pelos cantores e guitarristas e eu achei que poderia fazer aquilo. Então reuni um grupo de amigos e formei um grupo. Mas eu era cantor, não guitarrista e era fã de Smokey Robinson. Só que aí estava crescendo e minha voz estava mudando e não teve jeito. Quando me formei no ensino médio, minha mãe me deu um violão. Ela tinha um namorado que era ótimo músico, fazia parte de um grupo gospel chamado Original Gospel Soulsters. Ele tocava, cantava e começou a tentar me ensinar, mas eu odiei. Odiei. Ele não estava me ensinando o que eu queria aprender. Todo mundo da minha vizinhança ou era guitarrista ou baixista e havia música em toda a parte. Toda a minha vida ouvi Soul Music e todos aqueles músicos de blues e jazz. Queria tocar como George Benson. Adorava Sam Cooke, The Dells, mas não fazia ideia que depois iria tocar com eles. Também pensava em ser jogador de futebol, jogava no time da escola, mas aí aconteceu um acidente estranho, um deslocamento no quadril e foi o fim do futebol e de todos os esportes. Nessa época tocava um pouco de guitar steel e minha intenção era ser professor de música. Não estava nessa de blues, estudava be bop jazz e cantava em um coral. Albert King apareceu na faculdade procurando alguém para tocar naquele final de semana e me convidou para uma audição. Ele gostou do meu jeito de tocar os acordes de jazz e todos aqueles ritmos e eu peguei o trabalho. Agradeço a ele por isso, não sabia quem era Albert King e nem de sua importância. A primeira gig foi em Mineapolis, em um lugar chamado Cabul’s. Eu e ele duelando e as garotas gritando e eu pensei “Cara, olha isso?”. Depois disso resolvi que seria guitarrista profissional.
EM – Como entrou para a banda do Buddy Guy? RH – Costumava tocar em um clube de Chicago chamado Kingston Mines, mas também tocava em um grupo de rhythm and blues chamado The Dells. Toquei com eles muito tempo e me ensinaram muito sobre show business e o mundo do entretenimento. As aulas que tive com Kirk Stuart na Howard University me ajudaram a ler os difíceis arranjos feitos pra big bands dos Dells. Tenho muito respeito por aqueles caras, me ensinaram muito. Bem, após serem indicados ao Rock and Roll Hall of Fame, eles me chamaram para uma grande turnê e eu cancelei todos os meus outros shows, mas no último minuto a turnê foi cancelada e eu não consegui minhas datas de volta. Fiquei falido. Encontrei o Phil Guy e ele me disse que seu irmão, Buddy Guy, estava procurando um guitarrista...
EM – Que sorte! Inacreditável! RH – Eu tive a mesma reação e disse para o Phil, “Get out of here, man!”, mas ele insistiu e disse que era sério. Caramba, Buddy conhece um monte de guitarristas! Um mês depois em um domingo, estava tocando em um clube quando Buddy Guy entrou, sentou, pediu uma bebida, conversou com o dono do lugar e me ouviu tocar. Antes que eu pudesse falar alguma coisa ele foi embora. E eu com pressa, precisava estar em outro clube no subúrbio a cinqüenta quilômetros de Chicago, no Larry’s. Era um trabalho regular. Aí aconteceu de novo, ele entrou no bar, sentou e pediu uma bebida e eu pensei, “dessa vez vou falar com ele”, mas no intervalo ele já tinha desaparecido (risos). Na terceira semana ele foi de novo, mas dessa vez antes de eu começar a tocar, estava arrumando as minhas coisas, de costa para a platéia e ele caminhou até mim e perguntou se eu queria entrar para sua banda. Me virei dando risada e disse “Get out of here, man!” (risos).
Ele disse que estava falando sério. Eu aceitei é claro, mas disse que tinha uma obrigação com os Dells pelo menos mais duas semanas. Ele disse que então não daria, mas eu achei que estava blefando por que como band leader não faria isso. Nesse meio tempo a minha mãe morreu e pude ver quanto Buddy Guy era um bom sujeito. Ele nem me conhecia direito, mas foi ao seu funeral. Eu não tinha dinheiro para comprar um caixão e nem flores e ele comprou o caixão. No Natal do mesmo ano ele me convidou a ir à sua casa e me apresentou a sua família e amigos.
EM – Como é o sentimento de tocar com um dos maiores nomes do blues de todos os tempos e de estar no palco com essa grande banda? RH – É elétrico. Não é como eu via o blues. Achava que era uma música triste, baixo astral, guitarras chonc, chonc chonc... de verdade. Esses caras têm fogo. Fazem a coisa ficar interessante. Temos que prestar atenção. Buddy diz, olhe para mim, me siga. E tem sido assim pra mim nos últimos oito anos. É muito bom estar no palco com eles.
EM – Tocar na banda de Buddy Guy te deu projeção internacional. Você acha que é a hora de gravar um CD solo? RH – É difícil dizer. Não sei... é difícil dizer.
EM – Você tem as suas composições? RH – Não em blues. Estudei muito jazz e gosto de fusion. Toco blues tradicional, mas gosto de progressivo, rock, esse tipo de coisa.
EM – Penso que tocar com Buddy Guy é como andar o tempo todo em um campo minado. Quero dizer, você tem de estar sempre 100% alerta, porque ele muda toda hora, às vezes duas vezes no mesmo tema. Você concorda? RH – (risos) Como disse antes, Buddy Guy sempre fala pra banda observá-lo. E prestar atenção é a única coisa que você pode fazer. Todos na banda tocaram com diferentes músicos e carregam a experiência de observar a movimentação no palco.
EM – Outra coisa que percebi vendo cinco shows de Buddy Guy é que ele não tem playlist. RH – Certo, ele não tem playlist. Sempre em janeiro de cada ano tocamos no Buddy Guy Legend’s. Esses são nossos ensaios. Aprendemos em janeiro o que vamos tocar o ano todo.
Pela 11° vez a cidade de Rio das Ostras recebe os maiores músicos de jazz e blues mundiais em um dos maiores festivais do gênero do país, o Rio das Ostras Jazz e Blues. São quatro palcos, Concha Acústica da Praça São Pedro, Lagoa do Iriry, Praia da Tartaruga e Costazul.
Esse ano o festival recebe dois integrantes da banda Living Colour. O guitarrista Vernon Reid vem com sua banda paralela, o Masque, e conta com a participação especial da cantora Maya Azucena. O baterista Willian Calhoun se encontra com o saxofionista Donald Harrison, veterano no festival.
Outro encontro que promete sons inimagináveis é o do saxofonista Leo Gandelman com o guitarrista Charlie Hunter. Ainda na área do fusion, o guitarrista Scott Henderson se apresenta com seu trio. Para contra atacar, o guitarrista brasileiro Diego Figueiredo mostra o seu fuison com ritmos nacionais e jazz.
Um dos mais novos e atraentes nomes do jazz tradicional, Christian Scott se apresenta duas vezes, na sexta e no sábado.
Os fãs da baixaria vão ao paraíso nessa edição do festival, Victor Wooten, o brasileiro Arthur Maia e a lenda do jazz fusion Stanley Clarke dão o ar da graça.
Na área do blues também três guitarristas aparecem pra estourar os amplificadores, os norte-americanos Lucky Peterson e o veterano John Primer. Entre os brasileiros, Lancaster de São José dos Campos e o santista Mauro Hector.
Um conjunto chamado de “Tributo Oficial a Celso Blues Boy” formado por Márcio Saraiva (bateria e vocais), Marcos Amorim (guitarra), Roberto Lly (baixista), últimos três músicos da banda de Blues Boy e que, por coincidência, tocaram com ele no aniversário de dez anos do festival em 2012, se apresenta na segunda noite desse ano. O grupo tem como convidados Jefferson Gonçalves (gaita), Big Joe Manfra (guitarra) e Ivo Pessoa (voz).
A big band Byo Synthesis leva a arte de Count Basie, Glenn Miller e Stan Kenton ao balneário carioca fechando a noite do dia 29 e abrindo a noite do dia 30 no palco principal.
Como todos os anos, a Orquestra Kuarup abre o festival e a Orleans Street Jazz Band anima os intervalos entre as apresentações. Veja os horários.
Quarta, dia 29 de maio
Costazul
Orquestra Kuarup
Lancaster
John Primer & The Real Deal Blues Band - Praça José Pereira 17h
BYU Synthesis
Quinta, 30 de maio
Iriry 14h15
John Primer & The Real Deal Blues Band - Tartaruga 17h15
Stanley Clarke Band Costazul 20h
BYU Synthesis
Diego Figueiredo
Léo Gandelman c/ Charlie Hunter
Tributo à Celso Blues Boy
Sexta, 31 de maio
Praça São Pedro 11h15
Mauro Hector Iriry 14h15
Lucky Peterson c/ Tamara Peterson Tartaruga 17h15
Victor Wooten Band Costazul 20h
Arthur Maia
Christian Scott
Vernon Reid & Masque c/ Maya Azucena
Stanley Clarke Band
Sábado, 01 de junho
Praça São Pedro 11h15
Vagner Faria Iriry 14h15
Léo Gandelman c/ Charlie Hunter - Tartaruga 17h15
Christian Scott Costazul 20h
Will Calhoun Ensemble c/ Donald Harrison
Scott Henderson Trio
Victor Wooten Band
Lucky Peterson c/ Tamara Peterson
Domingo, 02 de junho
Praça São Pedro 11h15
Fernando Vidal Trio Iriry 14h15
Scott Henderson Trio Tartaruga 17h15
Vernon Reid & Masque c/ Maya Azucena
Guitarrista santista discípulo de Hedrix, Mauro Hector
Pergunta 1 - Além de ícones do rock, o que é que Jim Morrison, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jimi Hendrix, Brian Jones e Amy Winehouse têm, tinham, ou passaram a ter, em comum? Todos morreram aos 27 anos, no auge de suas vidas e de suas carreiras musicais. Contar essas histórias é o objetivo de uma série de livros da Conrad Editora que sai essa semana em circuito nacional, o Clube dos 27. Pergunta 2 - Mas qual é a novidade, se os roqueiros brasileiros estão cabeludos de saber a história dos seus ídolos? A boa sacada é que o lançamento da Conrad, que já lançou muita coisa legal no mesmo formato, será em livros/quadrinhos. Este clube foi inaugurado por Robert Johnson, nos anos 1930, um dos bluesmen mais influentes da história. Ele teria vendido sua alma ao diabo em troca virtuosidade no violão. Aos 27 anos é a hora de pagar o preço. Essa lenda, que há muito tempo permeia o mundo do rock, ganhou força com outros músicos que também morreram na mesma idade. Quem abre a série é Amy Winehouse, talvez pela proximidade com o público jovem que a editora quer atingir. Amy morreu há menos de dois anos, em 23 de julho de 2011. Trata-se de uma história em quadrinhos que busca o retrato dos principais momentos da vida pessoal e profissional da artista. A voz inconfundível de Amy fez a alegria dos amantes do soul e suas confusões a dos jornalistas de tablóides ingleses. Não faltam os momentos de composição e shows, mas também as brigas conjugais, depressões repetitivas, vício nas drogas, alcoolismo e a reputação explosiva. Depois de um período em baixa e de fraca criação, Amy faz um pacto e esse é o momento da virada na sua carreira. O texto é simples e bastante direto e as ilustrações complementam o que os diálogos não podem dizer. Esse primeiro volume da série é assinado pelos jornalistas especializados em música Christophe Goffette e Patrick Eudeline. O desenho é de Javi Fernandez. A coleção O Clube dos 27 tem origem na França e teve seu primeiro volume lançado por lá no final do ano passado. Os outros volumes da série ainda não estão prontos, mas a programação da editora francesa é que seja lançado uma edição por ano. O Segundo artista retratado na coleção será o vocalista da banda Nirvana. A previsão é que a HQ de Kurt Cobain seja lançada no final deste ano na França, chegando ao Brasil em 2014.
Serviço:
Livro: Amy Winehouse Autores: Christophe Goffette e Patrick Eudeline (roteiro) e Javi Fernandez (desenho) Tradução: Diego de Kerchove Editora: Conrad Páginas: 48 Preço: R$ 39,90
A primeira vez que vi o nome Vasti Jackson (pronuncia-se Vasti Eye) foi em uma matéria na edição comemorativa de 25 anos da revista Living Blues de 1995, a bíblia do blues nos Estados Unidos. Guardo essa edição da revista como relíquia desde a época que ainda sonhava em trabalhar com o blues.
A matéria também apontava Michael Hill, Corey Harris, Little Jimmy King, Larry McCray e Shirley King – filha de B.B. King – como o futuro do blues.
Depois, tive contato com o quase todos pessoalmente. Entrevistei Michael Hill, o guitarrista de New York, na décima edição do festival em Rio das Ostras em 2012. Assisti e conversei com Larry McCray em dois shows que fez no Brasil, mas não tive a oportunidade de entrevistá-lo. Já Shirley, não só entrevistei como virei seu empresário no Brasil. Corey Harris também foi entrevistado em 2011, não pessoalmente, via e-mail. Little Jimmy King morreu em 2002 e nunca o vi, mas produzi um show de seu irmão caçula, o também guitarrista, Eric Gales. Coincidências que a música proporciona.
A entrevista com Vasti Jackson aconteceu no Bourbon Street Fest, também em 2012, quando se apresentou com o lendário pianista de New Orleans Henry Butler, que também foi entrevistado na mesma ocasião.
Além de cantor, produtor, compositor e exímio guitarrista, Jackson é conhecedor da tradição do blues e de outros gêneros dentro da música norte-americana. Temas da soul music viram blues em suas mãos e por ser um guitarrista daqueles que não se acham todos os dias por aí, transforma qualquer solo de guitarra em catarse. Sem exagero.
Natural de McComb, uma das cidades chaves para o som do Mississippi, não escapou dessa influência mesmo crescendo dentro do gospel nas igrejas locais.
Seus três discos No Borders to The Blues, Live in Nashville e Mississppi Burner mostram o vigor desse artista que pode ser considerado um dos grandes inovadores do blues a partir da década de 90.
Henry Butler
http://mannishblog.blogspot.com.br/2013/01/atualmente-henry-butler-e-o-maior.html
Michael Hill
http://mannishblog.blogspot.com.br/2012/10/new-york-state-of-blues-tem-em-michael.html
Shirley King
http://mannishblog.blogspot.com.br/2011/08/shirley-king-filha-do-blues-pela.html
Eugênio Martins Júnior – Sr. Jackson, o blues não tem fronteiras? Acha estar aqui hoje é a prova disso? Vasti Jackson – Absolutamente. Na música norte-americana, ritmos como o jazz, R&B, hip hop e rock emergiram dos africanos, dos gritos dos escravos, das lutas que carregavam o sentimento do blues. Com os shuffle e as blue notes, as micro-tonalidades da África fundiram toda a música norte-americana especialmente a de New Orleans.
EM – Você se lembra quando e como foi a primeira vez que ouviu o blues? VJ – Meu avô era guitarrista, gaitista e cantor, Samuel Jackson, e quando eu era jovem ouvia blues e gospel o dia inteiro.
EM – Como você faz para incorporar a tradição da guitarra acústica do Mississippi para seu som eletrificado? VJ – Trago o mesmo som que Robert Johnson fazia e que foi modificado por Muddy Waters. E claro, nesse caminho temos de passar por Albert King, B.B. King, Jimi Hendrix, Eric Clapton. Faço a mesma coisa, toco guitarra elétrica, mas às vezes volto à acústica fazendo duetos.
EM – Como começou essa parceria com Henry Butler? Foi nas gravações do álbum Homeland? VJ – Sim, nos conhecemos no Chicago Blues Festival e depois nos encontramos em New Orleans. Ele conheceu o meu trabalho e me pediu para produzir Homeland pela a Basin Street Records. Um trabalho que mostra Henry como o maestro e virtuoso não apenas no piano, mas como cantor e arranjador. É sempre interessante e excitante trabalhar com ele. Eu trago o blues e o gospel e ele vem com a tradição de New Orleans e o jazz, os estilistas do piano, você sabe, Jelly Roll Morton, James Booker, Professor Longhair. Ele próprio é uma das lendas vivas do piano de New Orleans.
EM – Você trabalha com gospel e blues. O sagrado e o profano. Considera esses ritmos os dois lados da mesma moeda? VJ – (risos) Sim, são dois lados da mesma moeda. O gospel trata da espiritualidade e o blues é sobre a vida comum. O blues conta as coisas da nossa vida diária, porém, os sentimentos de ambos são muito semelhantes.
EM – Você foi convidado para participar das comemorações do centenário de Robert Johnson. Qual é a importância de sua música para a cultura norte-americana? VJ – Ele é fundamental. Robert Johnson é pai do blues urbano. E hoje o blues de Chicago é uma das músicas mais tocadas no mundo. Dust My Broom, Love in Vain vêm sendo tocadas por todos, Led Zeppelin, Eric Clapton, Rolling Stones, Marron 5, Red Hot Chili Peppers. Tinha um pé no jazz, They’re Red Hot é um ragtime. Suas harmonias eram sofisticadas e os ritmos complexos. Ele podia tocar as raízes do blues porque cresceu no Mississippi, mas não do delta. Ele representa o elo com a música moderna.
EM – Seu primeiro contato com uma banda de jazz foi na escola onde aprendeu ler música. Antes disso você não sabia o que era jazz? VJ – Eu sabia o que era, mas não ouvia. Aprendi a tocar guitarra de ouvido por causa dos músicos da minha família. Meu pai me deu um disco do Wes Montgomery quando eu tinha dezesseis anos e na minha comunidade havia montes de músicos de jazz. Um deles disse que eu tinha de aprender a ler música e me convidou pra entrar na banda da escola. Ele me ensinou a ler e meu primeiro instrumento foi uma bateria.
EM – Você já chegou a dizer que um garoto não precisa tocar nota por nota de B.B. King ou Muddy Waters para ser um bluesman. O que um músico precisa pra ser um? VJ – Falar a verdade sobre a sua vida. E respeitar a tradição em primeiro lugar, porque existe um vocabulário. E também o músico tem de ser ele mesmo e não um imitador desses artistas que eu citei. Construir seu som baseado na tradição, situar-se onde quer chegar, mas não limitar-se apenas à tradição, tem de usá-la como seu combustível.
EM – Ainda podemos sentir a força do blues naquelas cidadezinhas do Mississippi como antes? VJ – Muito. Em Jackson, Hattiesburg, Hazlehurst, McComb, Magnolia, Laurel. Você não lê sobre essas pessoas nas revistas por causa da mídia que não dá espaço. Você não fica sabendo quando esses músicos morrem porque são músicos de cidades pequenas, mas estiveram sempre lá. As jukejoints sempre estiveram lá. A tradição vem sendo passada através das gerações. Não estamos em 1937, estamos em 2012 e as experiências são diferentes, porém, as pessoas continuam se apaixonando, continuam sendo mandadas embora de seus empregos, ficam felizes e celebram ouvindo o blues. Blues não é apenas música triste, é música de triunfo, de superação. No Brasil seria assim, quando um time de futebol perde iriam tocar blues, mas o time que ganhou também iria tocar blues pra comemorar. Sempre o blues.
Aqui o assunto é música - todos os gêneros - e alguma literatura. Não vejo sentido em reproduzir o que já foi colocado na rede, por isso, produzo meu material. Produzo shows, entrevisto artistas e escritores e garimpo notícias e quando não tenho o que dizer, não digo nada. As postagens não obedecem uma periodicidade. O Nome Mannish Blog foi tirado da música Mannish Boy, de Muddy Waters, blueseiro do Mississippi considerado o elo entre o blues rural e o blues moderno. Espero que gostem do espaço e colaborem enviando informações.
Todas as despesas desse blog são custeadas pelo meu trabalho. Se você acha que deve pagar por essas informações, deposite qualquer quantia em: Banco Itaú - AG: 0268 CC: 31501-7 CNPJ: 14.240.073/0001-65. Obrigado e abraço.
Produtor cultural, criador dos Projetos Jazz, Bossa & Blues, Clube do Blues de Santos e Jazztimes. Jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Católica de Santos. MTB - 33.533
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