quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mannish Blog e Agência Urbana trazem a Santos dois shows em julho

Escolha o seu: quinta-feira, dia 29, Lynwood Slim e Igor Prado Band, e sábado, dia 31, Giana Viscardi e banda



Lynwood Slim e Igor Prado Band - se apresentam na nova casa rock and roll de Santos, o Studio Rock Café. O show marca também a chegada da Kiss FM na Baixada Santista.
Recém chegados de uma turnê pelos Estados Unidos, os blueseiros de São Caetano do Sul mostram em Santos o verdadeiro “blues west coast”, com um dos seus mais importantes representantes, vindo direto da Califórnia.
A associação começou há alguns anos, quando Igor e Lynwood passaram a manter contato freqüente via internet, até 2007, quando Lynwood veio pela primeira vez ao Brasil.
A partir daí a amizade vingou a ponto de Lynwood convidar a Igor Prado Band para várias apresentações nos Estados Unidos e Europa. O show de Santos vai marcar o lançamento do CD gravado ano passado e editado pela gravadora Delta Groove.
Giana Viscardi e Banda - Além de composições próprias, a artista leva muita música popular brasileira (MPB), ao Teatro do Sesc, às 21 horas. O repertório conta com temas influenciados pelo jazz e canções acústicas interpretadas com muito talento por essa revelação da música nacional. Entre elas, Vem Morena (Luiz Gonzaga e Zé Dantas), Rosa Morena (Dorival Caymmi), 19 Luas (Chico César).

Serviços:

Show: Lynwood Slim e Igor Prado Blues Band
Realização e produção: Studio Rock Café e Mannish Blog
Promoção: Kiss FM
Apoios: Clube Assinante A Tribuna, Kiss FM, Agência Urbana, Calango Music e Harmonica Master
Data: 29/07/2010
Horário: 22 horas (a casa abre às 19 horas)
Local: Studio Rock Café
Endereço: rua Marechal Deodoro, 110 – Gonzaga – Santos
Preço: R$ 30,00 (couvert artístico); R$ 10,00 (consumação).
OBS: Assinante do jornal A Tribuna ganha 30% de desconto no couvert artístico para ele e acompanhante
Indicação: 16 anos

Show: Giana Viscardi e Banda
Realização: Sesc Santos e Agência Urbana
Produção: Mannish Blog
Apoios: Clube Assinante A Tribuna, Calango Music, Harmonica Master e Bikkini Barista
Datas: 31/07/2010
Horário: 21 horas
Local: Teatro do Sesc
Endereço: rua Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida - Santos
Preço: R$ 30,00; R$ 15,00 e R$ 7,50
OBS: Assinante do jornal A Tribuna ganha 50% de desconto na inteira para ele e acompanhante
Indicação: 12 anos

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Gênese do Rock and Roll

Big Joe Turner: too Fat, too ugly, too black to be a rock and roll star
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Bill Haley, Elvis Presley, Little Richard e Chuck Berry. Milhões de roqueiros que comemoram em 13 de julho o Dia Mundial do Rock insistem em dizer que a gênese do rock na década de 50 passa por esses nomes. Não estão totalmente errados, mas poucos lembram dos nomes de Big Joe Turner , T. Bone Walker ou Bo Diddley.
Joseph Vernon Turner Jr foi compositor de Shake, Rattle & Roll, um dos primeiros hinos do gênero, gravado por Elvis e Bill Haley and His Comets, somente algum tempo depois da gravação original.
Poderia ter sido diferente se a indústria fonográfica norte-americana não fosse tão racista a ponto de classificar as gravações dos artistas negros como "race records" limitando-as aos guetos.
As gravadoras e os produtores estavam aprendendo a ganhar dinheiro. O boom tecnológico nos Estados Unidos na década 50 permitiu que as casas suburbanas fossem equipadas com milhares de toca-discos e isso foi bom para a indústria e para os artistas brancos.
Turner compôs e gravou outros clássicos: Chains of Love, Sweet Sixteen, Honey Hush e TV Mama, esta última com Fats Domino - outro injustiçado - ao piano.
Dominou as paradas de sucesso com sucessos - negros - consecutivos, entre eles, Don't' You Cry, Chill is On, Well All Right, Flip, Flop and Fly, Hide and Seek, The Chicken and the Hawk e muito mais. Você conhece algum desses temas? Então! 
-->A verdade é que, além de preto, ele era muito velho para ser apresentado como a revelação de um novo gênero. Sua música só era ouvida por especialistas e pelos negros que compravam as gravações race records e nunca pelos adolescentes ou pelos "formadores de opinião" da América branca.
Big Joe Turner produziu até o fim da vida, em 1985. Seu último álbum foi Blue Train com as participações de DR John e Roonfull of Blues. Por ironia, foi indicado ao Rock'n'Roll Hall of Fame, em 1987.

 
 T Bone Walker, o rei das firulas

T. Bone Walker foi um dos primeiros músicos de blues a explorar a eletricidade da guitarra usando os controles do instrumento para "esticar" as notas e suas excentricidades no palco inspiraram. Jimi Hendrix. Aaron Thibeaux Walker tocava com a guitarra nas costas, com os dentes e fazia passos de danças esquisitos. Tudo isso com um indefectível terno branco.
Dono de um toque refinado e sutil, quando queria, T Bone é considerado um dos principais representantes do blues West Coast ou Jump Blues como ficou conhecido seu estilo muitas décadas depois. Também foi compositor de diversos clássicos do gênero, como Stormy Monday, T Bone Shuffle, Mean Old World, I Got Blues e tantos outros.


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 Bo Diddley, o primeiro selvagem
Ellas McDaniel também era outro selvagem. Foi o criador de uma batida tribal extremamente marcante para a época. Essa batida pode ser ouvida em Who Do You Love e Pretty Thing, dois de seus principais temas e em alguns outros. Foi responsável por clássicos do quilate de Before You Acuse Me, Road Runner, You Can't Judge a Book By the Cover.
Diddley fez inúmeras apresentações no Brasil. Assisiti Chuck Berry, Little Richard, Ray Charles B.B. King, Albert Collins, Buddy Guy e James Brown, mas nunca vi Bo Diddley, nem vou ver. O velho Bo morreu em 2 de junho de 2008.
É notório que o rock'n'roll é uma derivação do blues, mas esses artistas podem ser considerados o elo perdido entre os dois gêneros. Portanto, no dia 13, passe na loja, egue qualquer CD desses músicos seminais e toque bem alto.


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Teatro, dança, cinema. De tudo um pouco no show de Bruna Caram


Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Marcos Rodrigues

Na tarde do show que fez em Santos, em 24 de abril, Bruna Caram visitou o Centro histórico da cidade e em frente ao imponente prédio da Bolsa do Café fez uma revelação: “Lembro de ter vindo nesse prédio com a excursão da escola e não faz muito tempo”.
Opa, como assim?! Quantos anos têm Bruna Caram? Não sei, não fui deselegante em perguntar, e nem tive a curiosidade de procurar nos sites da vida. Deve ter uns vinte e poucos.
Mais tarde, ao ver o show no Teatro do Sesc de Santos, percebi que estava diante de uma artista preocupada com todas as etapas do espetáculo, ou seja, postura de quem se importa em “entregar” um bom produto final ao público. Postura de quem já é rodada, pelo menos para a idade, e no bom sentido.
Desde pequena cantando e atuando em grupos de seresta, Bruna canta, compõe e atua no palco. Dizem os numerólogos e tarólogos da crítica especializada que ela é uma das novas promessas da MPB. Ela já têm dois discos gravados - Essa Menina (2006) e Feriado Pessoal (2009). O tempo vai dizer. Por provocação, fiz essa pergunta e ela respondeu com segurança e sem muitos devaneios, aliás como em toda conversa. Bruna é boa de papo.
A seguir, entrevista exclusiva para o Mannish Blog, após o show que fez em Santos pelo projeto Voz de Mulher. Sob nossa produção e realização do Sesc Santos e Agência Urbana. Agradeço ao Marcos Rodrigues, da Agência, pela ajuda na entrevista.



Eugênio Martins Júnior – Gostaria que você falasse sobre a sua experiência nos Trovadores Mirins e depois nos Trovadores Urbanos.
Bruna Caram – Passei praticamente a minha vida inteira cantando ou fazendo serenata com os trovadores. Dos nove aos dezoito anos fiz serenata nas esquinas e o que eu acho mais bacana nisso é que eu vejo hoje, no palco, o quanto eu uso essa experiência de ficar cara a cara com o público, essa surpresa, de tentar emocionar, de ficar ligada nos músicos. Na serenata essa coisa da surpresa é muito forte e você tem de estar totalmente conectada com os músicos e com o homenageado, então hoje eu acho que isso é um diferencial no meu trabalho, essa coisa de olhar para cada um.

Marcos Rodrigues – E depois do show muita gente foi te ver, talvez por causa disso.
BC – E eu vi que a maioria não me conhecia. Não era fã. Senti isso, que a platéia não estava ganha no começo. E isso é bom, porque o show é posto a prova, se for um lixo eu vou achar um lixo. Não tem aquela aceitação, então é a primeira vez em Santos e viemos pra dar a cara pra bater. Mas o público correspondeu.
A diretora de meu show é diretora de teatro e ela tem muito esse cuidado com a imagem. Ela fala, por exemplo, que na hora de tomar água no palco o show ainda não acabou, então a gente toma água, dança, oferece à platéia, porque o show tem que continuar. Esse cuidado com o geral é a minha preocupação de não fazer um show só musical, é fazer uma grande apresentação, uma peça, um filme, visual, cênico, um espetáculo completo, de dança até. Tenho um show novo que é piano e voz, que tem literatura, tem textos falados, então, pra mim, quanto mais puder misturar as artes, melhor. Hoje se eu vou a um show que não tem direção eu já fico reclamando. Eu gostaria que o público fosse mais exigente, porque quanto mais difícil for melhor.

EM – Você é de Avaré, interior de São Paulo. Quando e como você foi parar na capital?
BC – Eu nasci em Avaré, mas sempre morei em São Paulo. Meus pais já moravam em São Paulo. O meu avô, que infelizmente não está vivo, era o médico parteiro mais famoso da cidade e eu tenho muitos primos e todos iam para Avaré para nascer. É muito raro, só dois ou três de vinte e cinco nasceram em São Paulo. No meu caso é mais engraçado ainda, porque eu nasci de sete meses e quem fez o meu parto foi meu avô.



EM – Você fez uma série de fotos no terraço do edifício Copam, muitas delas olhando para a cidade. Como a cidade influenciou a sua música, se é que isso aconteceu?
BC – Quando o disco saiu muita gente me perguntou se eu queria homenagear São Paulo, a minha paixão pela cidade. O que eu sinto é como todas as pessoas que se sentem em casa. Com todos os problemas e as qualidades é minha casa. É principalmente o lugar onde recolhi aquelas músicas, todo esse caldo. Tem até esse lance de o lugar onde as pessoas ouvem mais discos é dentro de seus carros. Não é que eu quis fazer isso, era inevitável, estou inserida nesse contexto. Não conseguiria fazer um disco sobre a Bahia, sobre o nordeste, praia, mas não seria fiel. A idéia de fazer em cima do Copam era de que o cenário cinza e sujo destoasse de mim. Como se eu representasse a música desse disco.

EM – Como uma artista jovem como você consegue se posicionar em um mundo com tanta música diferente, como jazz, MPB, bossa nova?
BC – Têm dois lados essa coisa desnorteada, dessa quantidade de música e de ter acesso a tudo. De um lado é muito mais difícil você se sobrepor, porque tem muita informação ao mesmo tempo. Hoje a gente ouve música do mundo inteiro em cinco minutos que você senta na frente do computador. Por outro lado, tudo é mais fácil porque você pode gravar alguma coisa em casa. Venho e escrevo no twitter que estou aqui, e filmo, coloco foto. Vejo mais o lado bom. Acho que o que tem essência, o que tem arte de verdade, porque o mundo é povoado por artistas de mentira, acaba saltando aos olhos do público. O público sabe muito bem eleger o que é melhor quando tem acesso. Quando a música é boa a gente fica arrepiada. Pronto. O negócio é fazer o povo arrepiar. (risos)

EM – Mas quais as suas influências?
BC – Essa pergunta todo mundo faz.

MR – É mesmo clichê, mas não dá para não perguntar?
BC – É que a gente tem acesso a tanta coisa. Desde Carmem Miranda dos anos 30 até Amy Winehouse, Bjork. Gosto da Lily Allen. Têm sempre as referências de vida, que te fazem mudar a forma de cantar. A Elis Regina que é a mãe de todas as cantoras do Brasil. Conheci a carreira dela quando era adolescente e vi que cantar era muito mais do que se dizia e se achava. Então eu tinha quinze anos e nem conhecia a obra dela e li a biografia, então eu conheci o pensamento antes de conhecer o som. E quando conheci o som vi que era muito autêntico. Então, posso dizer que a Elis Regina mudou completamente a minha alma, minha cabeça, meu conceito sobre cantar e sobre ser artista em geral. Tenho uma imagem da Elis na memória, que eu vi ainda adolescente no vídeo, que é ela pintada de palhaço, pintando a boca, antes de entrar no palco. Então, uma cantora que pode se vestir de palhaço entrar no palco e ser aplaudida como cantora pode tudo. A Edit Piaf é outra cantora que eu amo.


EM – Fale um pouco sobre a banda que te acompanha.
BC – Vou falar da equipe inteira. Formar uma equipe hoje é muito difícil para qualquer artista. Pra mim a minha equipe é minha família, vou trocar todo mundo quantas vezes precisar, até eu me sentir...
Olha, quando digo no palco: “com vocês os meus irmãos de palco” - não é brincadeirinha, não é modo de dizer ou rasgação de seda a toa. Aqueles músicos são realmente meus irmãos de palco. A gente está ensaiando esse show há três meses antes de cair na estrada. Saio com a diretora, saio com os meninos e eu tenho uma relação muito próxima com eles. É preciso entrar sempre bem no palco. Mesmo que aconteça uma discussão. Ainda assim o show é maior. Tenho de ter a certeza que todos têm isso na cabeça, nada é maior do que o show. Nada é mais poderoso.

EM – O que você está escutando hoje?
BC – Uhuuum! Estou ouvindo muito Carmem Miranda, porque estou lendo a biografia dela. As músicas antigas. Norah Jones, que eu amo de paixão. Tenho um disco da Carly Simon que eu roubei da minha mãe (risos). A Camille, uma francesa, nova também, que faz uns sons malucos com a voz. Stevie Wonder, Maria Bethânia, tantas coisas misturadas. É por aí.

EM – Como é ser uma grande promessa da MPB?
BC – Ahh, é você quem está dizendo. Fico muito feliz por esse título que se dá, mas me interessa mais construir uma carreira estável e que se diga: “Já não é mais uma promessa”. Estou na fase de me descolar da promessa e conquistar um espaço mais palpável e mais seguro.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Vaticano diz que The Blues Brothers é filme católico. Só pode ser brincadeira!


Com trinta anos de atraso o Vaticano dedicou uma página inteira de seu jornal para enaltecer o filme The Blues Brothers, que no Brasil ganhou o nome de Os Irmãos Cara de Pau.
A produção de 1980 conta a história dos irmãos Jake (John Belushi) e Elwood (Dan Aycroyd) em uma missão divina para salvar um orfanado do fechamento, o que iria colocar dezenas de crianças na rua.
A publicação conta com cinco artigos e um deles diz que "não faltam provas" de que Os Irmãos Cara de Pau é um filme católico.
Quem viu o filme sabe que o lance do orfanato é apenas pretexo para dar sustentação à história e lançar os irmãos em uma série de situações engraçadas com inúmeras participações de artistas de primeira grandeza do blues. Portanto, The Blues Brothers é mesmo um filme de música.
O texto diz ainda que a trama guarda paralelos com a passagem bíblica do filho pródigo. Jake e Elwood - que dizem ter uma "missão divina" de pagar os impostos atrasados do orfanato, evitando o despejo - seriam símbolos da redenção obtida com sacrifício."Este é um filme memorável e, a julgar pelos fatos, católico", disse o jornal.
Caras de pau sãos esses irmãos da Igreja Católica Apostólica Pedófila Romana.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A culpa é do Mick Jagger


A Copa do Mundo da África do Sul acabou. Pelos menos pra nós, eliminados pela Holanda por dois a um, sexta-feira, 2 de julho.
Cabe aqui, um blog dedicado a música, espaço para o futebol? Na minha opinião cabe. Principalmente quando o maior responsável pela nossa eliminação não foi a Jabulani (que em portugês significa bola quadrada), o teimoso do técnico Dunga, o violento jogador Felipe Melo, o juiz japonês, ou muito menos o medíocre time da Holanda. Aliás, todos os times desse mundial foram e estão sendo medíocres. A Copa do Mundo mais chata do mundo.
Na minha humilde opinião – humilde o caramba, sou brasileiro e entendo muito de futebol – a eliminação da seleção brasileira aconteceu por culpa de um dos maiores ícones do rock and roll: ele mesmo, o cantor dos Rolling Stones, “Sympathy For The Devil”, em pessoa.
Basta ver que nas duas partidas em que Jagger foi filmado no estádio vendo os jogos das seleções da Inglaterra e dos Estados Unidos, os dois times foram eliminados. O vodu Jagger torceu para as duas. Veja o comentário extraído do UOL: “Tenho muitos americanos na família. Apoio à Inglaterra e minha equipe é a Inglaterra, mas estando no camarote com 30 americanos não vou torcer por Gana, sejamos realistas".
Se nós brasileiros soubéssemos o que viria a seguir, torceríamos para que uma dessas duas seleções continuassem no torneio.
E veja só o que ele declarou mais tarde, trecho também tirado do UOL: (...Agora que a Inglaterra e os Estados Unidos foram eliminados, ele se inclina para o Brasil. "Meu filho, que é metade brasileiro, está absolutamente louco pelo futebol, como a maioria dos brasileiros. Espero que faça melhor que a Inglaterra").
Portanto, aí está a prova incontestável que Mick Jagger é o culpado. Sempre achei que esse negócio de mexer com o diabo não dá certo. Acabou sobrando pra nós, Pátria tão católica e agora também tão evangélica. Não é justo. O Senhor não seria brasileiro?
Desde o começo da Copa do Mundo de 2010 o torcedor brasileiro parecia tão adaptado à África da jabulani selvagem. Povo de lá tão parecido com o de cá, dançante, cantante e festivo.
Estávamos nos sentindo em casa e aí vem o filho do demo e atrapalha tudo. Pô Jagger, acho que nem o Keith Richards esperava por essa. Agora é que os Stones vão mesmo pro vinagre.
Todas as vezes que veio ao Brasil, Mick Jagger sempre foi muito bem tratado, sempre comeu bem. Sinceramente, não merecemos. Será que ele sabe que os jogadores do Brasil são fãs do Exaltasamba e nem sabem que ele é.
Acho, sinceramente, que Felipe Melo, Julio Batista e Dunga não tiveram culpa nenhuma pela derrota. Pior do que atrasar a bola é ter o Mick torcendo pra nós. Quer atraso de vida maior?
Para se redimir o cantor terá de ralar muito. Fazer um show na praia de Copacabana de graça. E ir ao estádio torcer para a Argentina em todos os jogos. Só assim we can get some satisfaction.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O embaixador da música brasileira

Mais uma do fundo do baú. Há quatro anos produzi um show com o saxofonista Leo Gandelman. Ele havia acabado de lançar o CD Lounjazz. Uma semana antes do espetáculo, no papel de jornalista, conversei com o artista pelo telefone e o assunto foi exatamente o show que ia acontecer em Santos. O mesmo texto e entrevista, publicados em 2006, transcrevo para o Mannish Blog. Como produtor musical, possuo novos apoiadores para minhas produções, por isso, os apoiadores da época foram omitidos. A foto é do meu amigo, o fotógrafo Leandro Amaral.


Se o saxofonista Leo Gandelman se candidatasse a algum cargo público nas eleições, certamente receberia uma votação expressiva. Pelo menos entre os músicos brasileiros. Isso porque, além de instrumentista, ele também é compositor, arranjador e produtor de discos alheios. Em toda a sua carreira, e já vão quase trinta anos de serviços prestados à música, Leo participou de mais de 800 gravações, uma contagem que poucos podem ostentar.
No sábado, dia 11, às 21 horas, o saxofonista Leo Gandelman vem a Santos para apresentar os temas de Lounjazz, seu mais recente CD, produzido e lançado pelo seu próprio selo, o Saxsamba.
O CD aponta em direção ao novo. Mistura a liberdade do jazz com o samba, a bossa nova, o choro e muitas batidas eletrônicas e conta também com duas participações especiais: Seu Jorge e Zélia Duncan. Um pouco de tudo isso o leitor confere no espetáculo que acontece no Teatro do Sesc em mais um evento do Projeto Jazz, Bossa & Blues.

Eugênio Martins Júnior - Fale um pouco sobre o começo de sua carreira.
Leo Gandelman - Comecei na música clássica, meus pais eram músicos e minha primeira professora foi minha mãe. Participei dos Concertos para a Juventude tocando flauta, que foi o meu primeiro instrumento, mas eu não via muito futuro na música clássica e resolvi dar um tempo. Depois dessa fase, fui estudar música na Berklee College of Music, em Boston, e só voltei ao Brasil em 1979.

EM - Como foi o primeiro contato com o saxofone?
LG
- Fui apresentado ao saxofone por um amigo e o que me chamou mais a atenção no instrumento foi a possibilidade de improvisação que ele proporciona.

EM - Tendo transitado em todos esses mundos, o clássico, a Música Popular Brasileira e o jazz, quais foram as suas principais influências?
LG
- Paulo Moura e Nivaldo Ornellas no Brasil e, entre os jazzistas norte-americanos, Wayne Shorter, David Sanborn e, por último, John Coltrane.

EM - Por que "por último", se John Coltrane é o mais antigo de todos?
LG -
É porque eu demorei pra entender o que ele fazia. A relação dele com a música. Pra mim, ele foi um dos músicos mais importantes do século 20.

EM - E o Charlie Parker?
LG -
Também é importante. Foi um grande músico, mas o que eu admiro no John Coltrane é a ligação espiritual e filosófica que ele tinha com a música. Ele tinha atitude e coragem para fazer todas aquelas experimentações. Eu tenho uns vinte discos do Coltrane.

EM - Fale um pouco sobre seu disco, o Lounjazz.
LG -
Ele nasceu de uma vontade de compor e gravar. É meu primeiro disco independente e comemora 18 anos de carreira solo. Foi lançado pelo meu selo, o Saxsamba. Na verdade, é uma síntese de todos os meus discos solo, são nove composições próprias e três regravações. Também contei com novas e velhas parcerias.

EM - Tem também as participações especiais de Seu Jorge e Zélia Duncan.
LG -
O Seu Jorge é um amigo de bastante tempo e a Zélia eu convidei por afinidade, sou um grande fã de seu trabalho. A faixa com a Zélia é a mais jazzista de todas.

EM - Além da bateria convencional, também se ouve no disco muita bateria eletrônica. Daqui pra frente, será essa a tendência? Elementos eletrônicos em todos os gêneros musicais?
LG - Nesse disco usei samplers e programação. Não sou nenhum purista, nenhum radical. Pra mim, existem só dois tipos de música: boa e ruim. Sempre fiz misturas em favor do resultado final.

EM - Já que estamos falando em música eletrônica e novas tecnologias, como você vê a relação música e internet?
LG -
Ainda não dá para ter uma opinião. O mercado se pluralizou e se pulverizou muito. Todas essas novas formas de propagação também afetam o processo criativo. Os meios de gravação e distribuição também estão mudando a cada dia que passa.

EM - Fiz essa mesma pergunta para o João Bosco e ele respondeu que o consumo de música na internet deveria ter alguma regulamentação, mas também não soube explicar como isso aconteceria.
LG -
Exatamente, a relação entre o artista e seu público está mudando muito. Vivemos um hiato entre o passado e o futuro e, volto a repetir, ainda não dá para saber como será a regulamentação dessas novas mídias. Enquanto estamos aqui conversando, novas formas estão sendo inventadas.

EM - Como é se apresentar em Santos após tanto tempo? Fiquei sabendo que você chegou a desmarcar um outro show só para vir tocar aqui?
LG -
É verdade. Faz muito tempo que eu não vou a Santos e não quis perder a chance. Todas as vezes que eu visitei Santos tive boa acolhida.

EM - E essa banda?
LG -
Já me acompanha há dois anos e é composta por Alberto Continentino (baixo), Allen Pontes (bateria) e Rafael Castilho (teclado). Todos são músicos jovens. Por isso ela se chama Supernova, que também é o nome de uma estrela. O Alberto Consentino é meu sobrinho e eu considero um dos baixistas mais talentosos do Brasil.
 

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Adriana: a nova voz do clã Peixoto


Texto: Eugênio Martins Júnior
Fotos: Camila Rodrigues

A linhagem musical começou com o velho Nonô, tio avô que, entre outros artistas, acompanhou Noel Rosa e Carmen Miranda. É filha do lendário pistonista Araken Peixoto, sobrinha do maestro Moacyr Peixoto e dos cantores Cauby e Andyara Peixoto. Prima de Ciro Monteiro e Dalmo Medeiros, do grupo MPB 4.
Adriana Peixoto não tem nenhum problema em ostentar o parentesco. Ao contrário, se isso lhe abrir portas, muito que bem.
Mas a real é que ela nem precisa. Tem talento e labuta de sobra para irradiar luz própria.
Além disso, tem bom gosto. Isso fica claro pela escolha do repertório para o show que fez no Sesc Santos, em maio, e também nas apresentações que faz no Bar Brahma, todos os sábados, em São Paulo. Uma temporada que já dura um ano.
Eliminando alguns exageros no palco e com uma boa produção artística, tem tudo para chegar ao topo, podendo se tornar uma das grandes cantoras do Brasil.
Essa entrevista exclusiva ao Mannish Blog foi concedida logo após o show, no dia 15 de maio de 2010, no Sesc Santos. A apresentação fez parte do Projeto Voz de Mulher, realizado pelo Sesc Santos, Agência Urbana e Mannish Blog. Curta Adriana.

Eugênio Martins Jr – Como foi sua infância como filha de Araken Peixoto?
Adriana Peixoto – Meu pai, um homem presente, pai único. Lutou para educar os três filhos, lutou com a música. Grande músico, tocava em quatro casas na noite e chegava em casa de manhã. Mas educou os três filhos sempre com muito amor. Mesmo cansado sempre estava disposto a conversar e dar carinho. Esse é o Araken Peixoto.

EM – E musicalmente, como ele te influenciou?
AP – Qualidade. Me ensinou aprender a ouvir Eliseth Cardoso, Ângela Maria, Clara Nunes, Gal Costa, Maria Bethânia essas grandes divas. O primeiro show da minha vida foi no antigo Palace. Gal Costa... chorei. Devia ter oito ou sete anos. Eu falava: “Quero ser ela”. Um vestido vermelho que eu nunca vou esquecer. É o show da minha vida.

EM – Qual foi o maior aprendizado que o Araken te deixou como músico.
AP – Meu pai era pistonista e ele sempre falava: “Filha, você é cantora, então vou te dar uma dica, pega o meu bocal do piston e fica soprando”. Eu tinha uns 16 anos e não sabia o objetivo daquilo, mas ele disse que era um bom exercício e eu fiz. Mais pra frente, quando sai da faculdade e fui para a noite cantar, percebi que algo era muito forte que era a extensão de voz. O que fez esse exercício, essa técnica de ar, que é do diafragma. Isso foi automático. Fiquei durante muito tempo, não treinava todo dia. Ficava no quarto, imitando músicas com o bocal. Isso vai ficar para sempre.

EM – E o titio Cauby?
AP – Ahh, titio Cauby é qualidade. Respeito também. Não que meu pai não tenha mostrado isso. Mas até hoje tio Cauby fala: “O público merece respeito. Então seja “a” artista, não seja mais uma, cantando e interpretando”. E isso é a minha lei. Respeito ao público.



EM – E qual foi a mulher que você se espelhou?
AP – Minha mãe. É a maior heroína da minha vida. Ela me fez ser mulher. Fui cantora da noite e ela me ensinou a ter respeito por mim. Ela dizia: “Olha, faça seu trabalho e volta pra casa. Descanse que manhã é outro dia”. Muita gente que canta na noite e continua. Bebe, fuma. O meu intuito na noite trabalhar.

EM – Quanto tempo você está na noite? Você ainda faz? O que a noite representa para você?
AP – Sim, estou com uma temporada no Bar Brahma, há um ano, todos os sábados. A noite para mim é uma faculdade. Você aprende muito. Olhar para o público com respeito e ele sabe. As pessoas vão para os bares para conversar e ouvir. Eles não olham, mas estão ouvindo.

EM – E esse primeiro CD, como surgiu?
AP – Cantava no Estação Brasil, em São Paulo. Teve um show com a participação de Cauby e tinha umas empresárias que pensaram: “Pô, porque essa pessoa não tem um CD?”. (risos). Pra mim, na vida tudo tem um momento. Nunca havia pensado em gravar um CD. Nas coxas, sabe? Não, tinha de ter esse momento. O tio Cauby estava na situação e eu disse a ele que teria a oportunidade de gravar um CD e ele virou e disse: “Vou gravar com você Altos e Baixos”. Mas foi assim. Estava um pouco nervosa por gravar um CD, mesmo independente. Senti que naquele momento era a hora. A primeira coisa que eu fiz quando cheguei em casa foi ouvir Altos e Baixos.

EM – Com a Elis?
AP – Sim, a única. Elis Regina. A única cantora que gravou. Eu fiquei assim na cadeira. Ele não tinha me dito que a Elis havia gravado. Só havia dito que era uma composição da Sueli Costa e do Aldir Blanc. Ela é minha diva. Aprendi a interpretar. Eu sei o que ela quer. É emocionar com a música. No dia gravei em dez minutos.

EM - No primeiro take?
AD – É, entrei no estúdio com tio Cauby, ele tirou a blusa ficou de camiseta, e disse: “Vai”. Eu entrei no aquário e em dez minutos ficou pronta.



EM – Vocês têm um bom relacionamento?
AP – Muito bom. Tio Cauby se tornou um paizão depois que meu pai faleceu. É que a vida é muito corrida. Eu trabalho muito e ele também. Vou muito ao Bar Brahma e à casa dele também, mas não diariamente. Como ele fala. “Vamos nos olhar”. (risos). E gente está sempre se olhando.

EM – O repertório do teu show é muito bom. Acredito que essa escolha faz você ganhar 50% do jogo. Como você faz essa escolha?
AP – Quando surgiu a oportunidade de gravar esse CD, entrei em contato com meu primo Dalmo e ele me disse: “Prima, seu CD já está pronto”. E começou a me mandar várias músicas em MP3. Músicas de Danilo Caymmi, Miltinho, Paulo César Pinheiro, Marcelo Guimarães. A Isolda é uma grande amiga, já havia me presenteado com a música Encontro. Uma música linda, de amor. A Sueli Costa que é uma pessoa muito especial, que fez essa poesia. Quando eu escutei Elizeth, ela me mandou um CD com ela mesma cantando e disse que era pra mim. Quando eu ouvi também achei. Liguei pra Sueli na hora e ela me contou como compôs essa canção. Ela me disse que tem um gato que fica na janela e que mora na lagoa e que a lua fica lá na janela. Muito bonito isso. Olha, foi tudo se encaixando, não foi nada marcado. O Miltinho, do MPB-4, fez uma música linda com o Paulo César Pinheiro que se chama Passagem da Ilusão e disse que era minha. Imagina a emoção. Meu intuito de trabalho é qualidade, é poesia. O público tem de entender essa poesia que é a verdadeira música brasileira. Tem duas músicas no show que foram sucessos na década de 30, que são Reza Por Nosso Amor e Pro Seu Governo. Que são de compositores que estouraram na época, Aroldo Lobo e Osvaldo Monteiro. Eles fizeram aquela música (e canta): “Tristezaaa, por favor vai emboraaaa. Essa alma que choraaaaa...”, lembra? Quem canta é o Jair Rodrigues. Novos poetas, antigos poetas. Antigos pelo tempo, mas que têm obras muito atuais.

EM – Gostaria que você falasse um pouco da Isolda, porque ela está um pouco afastada. Pra mim é uma das maiores compositoras do Brasil. Compôs Música e Letra, Um Jeito Estúpido de Te Amar, Pelo Avesso e Amigos, Amigos, todas em parceria com o irmão Milton Carlos, e tantas outras que não me lembro agora. Como é a Isolda? Ela é reclusa?
AP – A Isolda hoje é dona de uma editora. A filha dela é escritora de livros infantis e hoje ela está direcionada para isso. Fiquei super feliz quando ela me deu um CD com algumas músicas. E algumas músicas de Isolda é preocupante. Como de qualquer grande compositor, concorda?

EM – Sim. Mas me diz, ela tem um baú no fundo da garagem com várias composições inéditas? (risos).
AP – Não sei, mas ela me deu bastante. Eu Disse a ela, como eu fiz com Elizeth, da Sueli: “Isolda eu posso gravar essa e essa outra aqui eu gravo no próximo”. (risos). Ela disse para eu ficar à vontade. Esses compositores são pessoas que merecem todo o nosso respeito.

EM – Fala um pouco sobre essa banda que te acompanhou hoje.
AP – Eles são o presente e futuro da música. Hoje é a minha família. Temos um elo muito forte de criticam de carinho, estamos crescendo juntos.



EM – Quais as cantoras que você escuta hoje? Você tem o hábito de garimpar?
AP - Eu escuto tudo. Ontem, por acaso, estava escutando Alceu Valença que eu amo. Zé Ramalho. Ana Carolina, linda. Vanessa da Mata, espetacular. Maria Gadu, Bruna Caram, linda, grande compositora. Gosto muito do trabalho dela. Ana Cañas. São tantas que eu fico sem graça de falar, esquecer alguém.

EM – As estrangeiras você curte?
AP – Escuto mais MPB. Mas gosto de ouvir Nina Simone, Joss Stone. Há momentos que eu gosto de escutar, às vezes estou no computador e curto ouvir jazz. Mas não entendo muito o inglês.

EM – O Cauby canta música brasileira com conotação jazzística.
AP – No momento ele está gravando Cauby canta Sinatra. Está lindo. Não é por ser sobrinha, mas tá jogando uma bola viu. (risos).

EM – Esse foi o teu primeiro show em um teatro grande? Senti que você estava muito ansiosa e feliz.
AP – (risos) Fiz um grande show no teatro Rival Petrobás, que foi ótimo, mas eu nunca cantei no Sesc e esse teatro aqui de Santos é espetacular. Ele é enorme, mas às vezes o senti pequeno, acho que por causa da energia. Isso me deixou muito emocionada. O público fica muito perto apesar do tamanho.