quinta-feira, 10 de março de 2022

Agora no calendário oficial da cidade, o CLUBE DO BLUES DE SANTOS 2022 volta em abril

 Grandes nomes da música brasileira vêm a Santos para shows em vários pontos da cidade, principalmente no morro e na Zona Noroeste. O festival é produzido pela Mannish Boy Produções, Prefeitura e Sesc Santos

Nuno Mindelis

Line up – Em 2022 o Clube do Blues conquistou um lugar especial no coração dos santistas. Oficialmente incorporado ao calendário de eventos oficiais da cidade de Santos, o festival que já acontece há 14 anos, tradicionalmente em abril, vai trazer muita música para três regiões da cidade. 
Os shows serão com Nuno Mindelis, Sax Gordon e Igor Prado and Just Groove, Big Chico Blues Band (Tributo a Rod Piazza), The Headcutters, Marcelo Naves e Tigerman, Dog Joe e Vasco Faé. 

O evento - Os shows acontecerão no Sesc, Zona Noroeste e Morros de Santos, cobrindo áreas periféricas da cidade que são locais pouco contemplados por outras produções. 
Serão shows grátis e ao ar livre, celebrando a boa música a amizade e a vida.

Realização - A realização do Clube do Blues de Santos só é possível com parcerias fundamentais, o Sesc Santos, onde acontecerá o show do Nuno Mindelis, dia 01 de abril. E prefeitura de Santos, por meio de sua Secretaria de Cultura.
E ainda os vereadores Cacá Teixeira, Débora Camilo, Fabrício Cardoso, João Neri, Lincoln Reis, Telma de Souza e Zequinha, que destinaram emendas parlamentares para o fomento da cultura.    

Histórico - O mês de abril foi o escolhido em comemoração ao nascimento de Muddy Waters, artista revolucionário do blues mundial e o nome que sintetizou o blues rural do Mississippi na música urbana de Chicago, influenciando milhares de músicos ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde os músicos misturaram o blues com os nossos ritmos. 
O Clube do Blues de Santos já trouxe inúmeros artistas do estilo musical a cidade. Entre os brasileiros, Ari Borger, Márcio Abdo, Jefferson Gonçalves, Big Joe Manfra, Big Gilson, Robson Fernandes, Fábio Brum, Mauro Hector, Caviars Blues Band, Ivan Márcio, Giba Byblos, Igor Prado Band, e muitos outros. Entre os estrangeiros, Larry McCRay, Eric Gales, Shirley King, Tia Carrol, Peter Madcat, Jon McDonald, Sax Gordon, Raphael Wressnig, Kenny Brown, Aki Kumar, James Wheeler, Lynwood Slim.    


Nuno Mindelis - volta a Santos na sexta-feira, dia 01 de abril, com o show Blues Blues Blues, no qual retoma o gênero na sua forma mais tradicional. Acompanhado de sua banda de músicos exímios, Marcos Klis (baixo), Dhieego Andrade (bateria) e Henrique Mota (teclados), e tendo como convidado Marcelo Naves na gaita, a apresentação refletirá uma entrega irrestrita e muito relaxada ao gênero responsável pelo seu DNA musical. 
Temas de seus álbuns mais tradicionais, gravados com a lendária Double Trouble e de Angels & Clowns com Duke Robillard e banda, alternarão com clássicos do Blues, de Eric Clapton a BB King, Albert Collins e tantos outros. 
No dia 01 de abril o palco do Sesc Santos vai parecer um barzinho pequeno em Chicago ou New Orleans. O público conviverá por uma hora e meia com notas mágicas e inebriantes que transformarão a sua noite num antes e depois.


Vasco Faé - O trabalho solo de Vasco Faé é hoje uma referência nacional dentro do cenário Blues, ao completar 22 anos de carreira profissional, com três CDs solo lançados (Saudações, Manoblues e Voz-Gaita-Guitarra-Caixa-Bumbo), sendo um ao vivo, que é o atual lançamento de sua carreira. O Manoblues foi  pioneiro no Brasil a se arriscar na arte da coordenação motora ao tocar a gaita no suporte com outros instrumentos de maneira musical e não apenas figurativa, tendo influenciado toda uma geração de gaitistas desde o início dos anos 90. Gravou participações em incontáveis discos de artistas de gêneros variados, sempre com sua personalidade marcante e estilo inconfundível e é o autor das mais antológicas versões bluesy de músicas brasileiras, como o Trem das 11, Medo da Chuva, entre outras. Dentre todos os trabalhos em que participa estima-se que já realizou mais de 1900 apresentações pelo país. Nessas andanças criou seu "Caixa Automático" com o sistema "self-service" para venda de CDs que acabou se tornando parte do show. Dividiu palco com inúmeros artistas tais como Herbert Viana, Nando Reis, Dinho Nascimento, Pitty, Caetano Veloso, Simone, Samuel Rosa, Lobão, entre outros.


Big Chico e Banda - O cantor, gaitista e guitarrista Big Chico apresenta seu novo trabalho, uma grande homenagem a um dos músicos que pode ser considerado uma de suas maiores influências na harmônica, Ro d Piazza.
Nos Estados Unidos e no Brasil, Big Chico conviveu, tocou e arrancou vários elogios deste que pode ser considerado um ícone em seu instrumento: “ Chico has really got feeling and soul of the blues! His attack and tone are real! He’s kepping it alive.” Disse Rod Piazza após ouvir Chico tocar sua gaita.  Com o repertório que passa pelo blues tradicional de Chicago e o suingue, mais conhecido como Jump Blues – uma mistura de blues com elementos das big bands de jazz – Big Chico faz releituras de temas do grande Rod Piazza, conduzindo sua super banda aos instrumentais e clássicos do blues, levando o público ao delírio em um show extremamente dançante, cheio de energia e animação.



The Headcutters - Considerada uma das mais renomadas bandas de Blues do Brasil, com timbres e sonoridade dos anos 50 e 60, seguem a linha das lendárias gravadoras de Blues de Chicago. O nome vem como homenagem aos grandes ídolos do Blues: Muddy Waters, Little Walter e Jimmy Rogers que no começo dos anos 50 eram chamados The Headhunters, o nome The Headcutters vem como alusão a esses mestres que são a grande fonte de inspiração da banda. Com shows contagiantes, muito carisma e performances empolgantes, a banda vem conquistando o público por onde tem passado. Fundada em setembro de 1999, tem como formação quatro amigos de infância: Joe Marhofer (harmônica e vocal), Ricardo Maca (guitarra e vocal), Johnny Garcia (contra-baixo acústico) e Leandro Cavera (bateria). Fizeram quatro turnês internacionais, três na Argentina (2015, 2017 e 2018) e outra nos EUA (2014) 28 dias com 14 shows, percorrendo 5 estados e 18 cidades. Em outubro de 2021 farão nova turnê pela Europa. O ponto alto da turnê nos EUA fica por conta dos shows nos lendários Festivais: “King Biscuit Blues Festival” em Helena, Arkansas (Festival com mais de 40 anos de existência) e também no “Pinetop Perkins Blues Festival” em Clarksdale, Mississippi. The Headcutters foi a primeira banda brasileira a tocar em ambos os festivais, feito jamais realizado até então por brasileiros nos EUA. A banda participou de grandes festivais de Blues & Jazz, gravou e tocou com grandes nomes do blues nacional e internacional como: Bob Stroger, James Wheeler, Rip Lee Pryor (filho de Snooky Pryor), J.J. Jackson, Junior Watson, Jai Malano, Lorenzo Thompson, Phil Guy (irmão de Buddy Guy), Mud Morganfield (filho de Muddy Waters), Eddie C. Campbell, Kim Wilson, Billy Flinn, Gary Smith, Billy Branch, Carlos Johnson, Wallace Coleman, Joe Filisko & Eric Noden, Ian Siegal, Lynwood Slim, Mitch Kashmar, Igor Prado, Blues Etílicos, Greg Wilson, Nico Smoljan e The Silver Kings.



Marcelo Naves e The Tigermen - Marcelo Naves e Tigerman - Gaitista há mais de 22 anos, Marcelo Naves é hoje considerado um dos grandes gaitistas de Blues do Brasil. Com seu estilo comparado aos grandes gaitistas de Chicago, Naves vem conquistando cada vez mais o público de Blues e Gaita do Brasil e exterior. É mais um dos integrantes do CD "Blueseiros do Brasil - edição gaitistas", que foi a 1°Jam Session de grandes gaitistas, gravada e lançada no país. Já se apresentou ao lado de grandes nomes do Blues, como Deacon Jones, Mud Morganfield, Diunna Greenleaf, Tia Carrol, Jimmy Burns, R.J.Mischo, Willie “Big Eyes” Smith, Sugar Ray RayFord, Michael Dotson, James Weller, Eddie C. Campbell, Walace Colleman, Junior Watson, Mitch Kashmar, Aki Kumar, James "Super Chikan" Johnson, Nuno Mindelis, entre outros.


Dog Joe - A experiente banda de blues-rock e soul music da Baixada Santista Dog Joe já tocou com os bluesmen Lazy Lester, Lurrie Bell e dividiu o palco com Jon McDonald.
O show no Clube do Blues 2022 será um passeio por todas as épocas do blues e soul  music.
Com arranjos cheios de identidade, nos quais o quarteto Dog Joe mostra toda sua versatilidade em solos e grooves desconcertantes, o encontro promete ser uma das viagens no tempo mais emocionantes proporcionadas pela música.


Igor Prado e Just Groove - Há 17 anos na estrada, o guitarrista e produtor musical paulistano Igor Prado (único sul-americano indicado ao Blues Music Awards o Oscar do Blues americano) ao lado da banda Just Groove, mescla blues, soul, funk e música brasileira. 
No repertório, versões de peso pesados da black music de Isley Brothers, The Meters e até mesmo Tim Maia, mesclado com material autoral que fará parte do próximo álbum do guitarrista que será lançado no Brasil e nos EUA. O show conta com a participação do renomado pianista de Porto Alegre Luciano Leães que é referência na américa do sul no estilo Blues e New Orleans. Igor Prado (guitarra e voz), Junior Isidoro (bateria), Douglas Couto (baixo elétrico) e Herbert Medeiros (teclado).


Sax Gordon - “Sax” Gordon Beadle nasceu em Detroit em 1965 e sua primeira experiência musical foi na Carolina do Norte muito jovem tocando em Big Bands e acompanhando o lendário cantor de jazz Johnny Heartsman. Rapidamente conseguiu reputação entre os músicos locais com suas performances vibrantes. 
Alguns anos depois mudou-se  para Boston e já era um dos mais requisitados saxofonistas  trabalhando com artistas de peso do Blues & Rhythm Blues como: Duke Robillard, Jimmy Witherspoon, Rosco Gordon, Jay Mc Shann, Kim Wilson, entre outros. 
Participou de álbuns importantes de lendas como Jimmy Mc Griff, Pinetop Perkins, Billy Boy Arnold, Charles Brown, Clarence Gatemouth, Junior Wells, James Cotton, Johnny Johnson, Solomon Burke, Little Milton, Grant Green.
Em 1998 iniciou sua carreira solo lançando dois álbuns, “Have Horns Will Travel” e “You Knock Me Out” sendo indicado e ganhando vários prêmios na Europa e Estados Unidos.
Seu último cd “Extreme Sax” (2021) gravado ao vivo consolida sua fama e reputação ao redor do mundo como um dos maiores saxofonistas de Blues e Rhythm Blues em atividade!

Programação:
O1/04, sexta-feira, Sesc Santos
Nuno MIndelis, às 20h

17/04, domingo – Jardim Botânico 
The Headcutters, às 13h
Big Chico Blues Band, às 15h
Marcelo Naves e The Tigermen, às 17h (lançamento do CD) 

01/05, domingo – Lagoa da Saudade
Vasco Faé, às 13h
Dog Joe, às 15h 
Sax Gordon e Igor Prado and Just Groove - às 17h (show internacional)

Realização: Prefeitura de Santos, Sesc Santos
Produção: Mannish Boy Produções Artísticas
Apoios: Cervejaria CAIS, Cantina Di Lucca, Digo Design, Quintal da Véia, Tasca do Porto

quarta-feira, 9 de março de 2022

O blues californiano de Chris Cain rodou São Paulo em fevereiro

 

Chris Cain

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Dia 02 de fevereiro de 2022. Há uma semana chove muito no estado de São Paulo. Cidades inteiras alagadas, encostas escorregando em cima de casas. Uma tragédia. 
O guitarrista Chris Cain passou rápido para tocar com a banda do Big Chico em quatro gigs. A primeira, na capital, perdi. 
A segunda, no Mercado das Artes em Vinhedo, a 172 quilômetros da minha casa em Santos, fui. 
Não tenho carro, então peguei duas horas de chuva de moto pra trocar uma ideia com o coroa e ouvi-lo tocar. Uns vão dizer: “Louco”. Outros, “Yeah!”
O Mercado das Artes é um lugar rústico e bacana. Alto astral. Com uma galera que gosta de blues de verdade. 
Chris estava à vontade e em grande forma. Tocou e cantou muito. Queimou uma palha, bebeu cerveja e interagiu legal com a galera. 
Com 15 álbuns gravados, o mais recente, Raisin’ Cain, pelo selo Alligator, Chris é um guitarrista com um fraseado cortante, como uma faca afiada nas mãos de um açougueiro. Porém, elegante. Uma outra linguagem dentro do blues. 
Natural de San Jose, iniciou sua carreira tocando nos clubes da Califórnia nos anos 80. Logo gravou seu álbum de estreia, Late Night City Blues, que o levou aos palcos da Europa. 
Passou um tempo na gravadora Blind Big, onde gravou bons álbuns ao longo das décadas seguintes até assinar com a Alligator e lançar seu mais recente trabalho, o já citado Raisin’ Cain.
Por duas vezes, durante essa entrevista, ele se emocionou, a primeira quando falei que seu primeiro trabalho havia completado 35 anos. Ele não havia se dado conta disso. Parou, pensou e as lágrimas escorreram e ele falou: “Já faz tanto tempo que estou na estrada?”. 
Depois quando perguntei sobre sua relação com Jimmy Johnson, morto uma semana antes. Parece que sua relação com o veterano do blues era das mais íntimas e ele demostrou estar realmente abalado. Histórias do blues. De glórias e perdas.


Eugênio Martins Júnior – Born To Play, de seu álbum mais recente, Raisin’ Cain, é uma música autobiográfica. Você conta como seus pais te influenciaram. Como foi sua infância musical? 
Chris Cain – Minha infância musical foi linda. Meu pai me levava para assistir shows do BB King, Ray Charles, não perdia um. Ele era um grande colecionador de discos e me expôs à melhor música possível. 

EM – Vocês são de Memphis?
CC – Não, meu pai era da Luisiana e na adolescência mudou para Memphis onde cresceu, na Beale Street. Mais tarde se alistou na Marinha, servindo na Califórnia, onde conheceu minha mãe. Eu sou uma mistura. (risos)   

EM – Ele chegou a falar com você sobre a Beale Street? Como era aquele ambiente? 
CC – Ele me falava sobre os teatros. A primeira vez que estive lá tive recordações das coisas que ele me falava. Era como se eu já conhecesse o lugar. O que existia em determinados locais em sua época. O Handy Park, que é um parque em homenagem a um músico, W.C. Handy, hoje é uma espécie de Hard Rock Café, ou sei lá o quê. 


EM – Aqui no Brasil nós que somos os entusiastas do blues vivemos lendo livros e vendo documentários sobre os artistas, os locais e todas essas histórias e lendas do blues. Por isso sempre faço esse tipo de pergunta.
CC – Cara, quando era criança conheci Albert King, Freddie King, Ray Charles. Meu pai me levava para conhecê-los. Eu tinha muito respeito por aqueles senhores. Tive muita sorte em estar nessa situação em que muitos gostariam. 

EM - Onde você está vivendo atualmente?
CC – Moro em Copperopolis, na Califórnia.

EM – Como é a cena de blues lá?
CC – Não é muito agitada. É uma cidade pequena, um pouco fria. Quando estou em casa prefiro as coisas mais tranquilas. 

EM - Gostaria que falasse sobre Late Night City Blues que está completando 35 anos.
CC – Já faz trinta e cinco anos desde que gravei esse disco? Eu emprestei dinheiro para fazê-lo. (Nessa hora o cara começou a chorar). Fiz o disco porque precisava apresentar nos clubes para arranjar algum trabalho. E ele foi indicado para alguns prêmios. Só queria gravar um disco para arrumar algumas datas e ele acabou me levando a um festival na Europa. Sempre digo que tive sorte. Só queria gravar um disco.  

EM – São mais de quarenta anos viajando e tocando.  Você ainda se diverte tocando guitarra após todos esses anos?
CC – Me divirto mais do que nunca. Sinto menos pressão. Me preocupava com a banda, com o que as pessoas iam pensar sobre mim. E isso é uma loucura. Hoje faço o que tenho de fazer. Tenho a oportunidade de tocar com muita gente e conhecer muitos músicos.

Big Chico

EM - Por exemplo, vir ao Brasil e saber que aqui tem uma cena de blues ajuda a continuar fazendo o que faz?
CC – É inacreditável. Acabei de passar seis dias na Argentina e vi os garotos tocando blues. E eles vinham me ver. Isso vem acontecendo ao longo dos anos. Amo a vida de músico por causa disso.   

EM - Em Down on the Ground você fala sobre os problemas do mundo atual, as pessoas não se entendem mais. Uma música de protesto. Nos Estados Unidos e no Brasil governos neofascistas foram eleitos legitimamente. Como vê esse retrocesso. 
CC – Quando escrevi essa música parecia que ela havia sido escrita para as pessoas que moram na rua. Mas não era isso que eu estava pensando. Era sobre como o tratamento entre as pessoas não me parece certo. Mas você trouxe outro ponto de vista e eu adoro ouvir isso. Pode ser um monte de coisas. Estou feliz por você ter me perguntado sobre essa canção. Ela fala sobre o relacionamento humano.

EM – Sim e sobre como estamos nos tratando mal.
CC – Concordo, obrigado. 

EM - Como está a volta de shows com a pandemia ainda em curso?
CC – Comecei a tocar novamente e ver as pessoas e estou me sentindo bem por isso. Foi a mesma emoção que senti ao tocar pela primeira vez. Sentia falta do contato humano. Foi diferente. Estou agradecido porquê que isso está passando.  


EM – Você soube da morte de Jimmy Johnson? Gostaria que falasse sobre ele e sobre a importância para o blues. (mais uma vez nesse momento Chris Cain não se contém e chora copiosamente e eu tenho de parar a entrevista).
CC – Eu não o conhecia, mas já sabia de sua importância. Então eu estava em um Blues Cruiser* e fiquei sabendo que Jimmy Johnson estava naquele navio. E ele já não viajava muito naquela época. Eu acordei um dia e o encontrei e ele estava tomando um sorvete. Ele me chamou pelo nome e eu fiquei em choque ao saber que ele me conhecia. E
Era uma pessoa maravilhosa. Ele brincou comigo dizendo que ele tocava guitarra em três posições e eu tocava em seis. Ficamos juntos quando o navio ancorou em Porto Rico e ele me contou aquele monte de histórias. Em outra noite quando nos encontramos e estávamos pronto para uma jam ele percebeu que eu havia bebido demais e me chamou a atenção. Era como um pai chamando a atenção de um filho. Nos últimos tempos ele tocava nas tardes de sábado em sua casa com a esposa e quando eu aparecia em alguma mensagem ele dizia: “Hey brother Chris!”. Sempre me tratou com muita gentileza, era como um segundo pai pra mim.    

EM – Quem hoje te chama a atenção na cena do blues?
CC – Dos caras que já vi tocar Nick Moss é um deles. E Christone Kingfish, que é muito jovem, mas está levando a coisa adiante. 

EM – O baixista do Nick Moss, o Rodrigo Mantovani é brasileiro aqui de São Paulo. 
CC – Sim. O conheci no Brasil. Um ótimo baixista e uma grande pessoa.  

*Blues Cruiser é um cruzeiro tradicional só com artistas de blues que acontece há mais de trinta anos nos Estados Unidos e Caribe.