quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Diário de Rio das Ostras 2021 - segunda-feira, dia 15 - 4º dia

 

O bom e velho blues de Alamo Leal

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Nada está tão bom que não possa melhorar. O quarto e último dia do festival foi demais. 
Agendei e cumpri o compromisso de entrevistar o Roosevelt Collier, slider da pesada que toca um instrumento estranho, a lap steel. Collier é um cara muito gentil e espiritualizado, quase um hippie. Logo publico a entrevista no blog.
Mas antes de ele descer fiquei ali no jardim da pousada conversando com o caras da banda do Hamilton de Holanda que estavam esperando a van para levá-los ao palco Iriry. E “os caras”, eram Thiago Espírito Santos, Daniel Santiago e Edu Ribeiro. OS CARAS!
Finalizada a entrevista, bora para Iriry ver a passagem dos malandros mais responsas do jazz brasileiro. O palco é aberto e quem estava de fora já conseguia ver e ouvir de boa a banda tocar os temas do show.
De acordo com os protocolos de segurança adotados pelo festival, as pessoas deveriam retirar ingressos por meio de uma plataforma específica e acabavam rápido porque o número era bem limitado. Por isso a direção do festival começou a levar porrada de montão nas redes sociais. Mas veja só como brasileiro não é mole. Algumas pessoas que retiraram os ingressos não foram aos shows, deixando as cadeiras vazias enquanto um monte de gente ficou de fora, atrás dos gradis. 
O show começou e a plateia em frente ao palco ficou vazia, impressão péssima, pra quem toca e para as pessoas que estavam lá sentadas. A direção então tomou uma decisão mais que acertada, liberou a entrada das pessoas a partir da terceira música.
O show foi basicamente o mesmo da noite anterior, com Tá (parceria de Hamilton com Thiago da Serrinha), a genial Tamanduá, Samba Blues e finalizando com Chega de Saudade. Esse palco Iriry deixa todo mundo próximo e os caras estavam na febre de tocar. Essa é a mesma banda que gravou o Harmonize, CD de 2019.
O publico ama o Hamilton de Holanda. A banda do Eric Gales chegou bem no hora de o show começar, o Eric sentou na plateia com sua esposa LaDonna até ser descoberto e ter de sair por causa do assédio.
Seu baterista ficou olhando o Edu Ribeiro tocar todos aqueles sambas e o baixista ficava olhando o Thiago marcando o tempo com o pés aquela batucada surreal para os gringos. 
Legal saber que a nossa música tem essa moral. A nossa cara, o nosso DNA. Valeu Hamilton e banda vocês são um patrimônio nacional.

Jefferson e Otavio

Ugo Perrota

Acabando o primeiro show, as pessoas deveriam saír para que as outras que retiraram ingresso para o segundo show entrassem. 
Então, quando o Eric Gales ia começar o show soltou essa: “Eu gostaria de saber porque os lugares estão vazios? Eu só vou começar a tocar quando abrirem os portões”, e mandou OPEN THE GATES. Tinha uma galera na frente do palco que começou a gritar de onda OPEN THE GATES, OPEN THE GATES. Eric foi avisado que iriam liberar a plateia a partir da segunda música e se acalmou. 
O show começou com o Eric imitando um berimbau naquela guitarra invocada dele. O público veio abaixo. 
Aí aquela batida virou um riff de guitarra "paracendo" um berimbau distorcido e muito alto e já engatou a segunda música na primeira. Com cinco minutos de jogo, Eric Gales 1X0.
Terminado o começo: “OPEN THE GATES, OPEN THE GATES, OPEN THE GATES”. Aí não teve jeito, o lugar ficou entupido. 
O show também foi basicamente o mesmo de sábado. Só que com a participação do Roosevelt Collier que já o havia convidado Eric para o seu show. Uma quebradeira só. 
Em determinado momento Eric fez a seguinte afirmação: “Em meu país as pessoas brancas não gostam das pessoas negras. Aqui no Brasil isso não existe”. E soltou um grito no microfone para mostrar felicidade. 
Nesse momento, adivinha: “FORA BOLSONARO, FORA BOLSONARO. Não sei qual o motivo, mas nesse ano todas as vezes que o grito contra o genocida apareceu foi quando Eric Gales estava no palco.
Com relação à observação do guitarrista nortte-americano, se eu fosse alguém perto do Eric levaria uma ideia com o cara para dizer pra ele que não é bem assim. Que ele estava sendo tratado desse jeito porque ele é uma estrela. Que aqui no Brasil há o racismo estrutural que mata muito mais do que o racismo do país dele. Mata os negros no berço. E que isso faz parte da formação do Brasil e que hoje isso está sendo contestado pela parte mais afetada da população, enquanto a outra faz de tudo para manter o status quo vigente. Que a polícia do Brasil, instituição criada e mantida para proteger o patrimônio, é que mais mata no mundo, principalmente a população negra e periférica. 
Você que está lendo isso agora deve estar pensando, “o que isso tem a ver com música?” Eu digo: “TUDO”. Tem a ver com o blues que você escuta. E se você se incomoda com esse tipo de colocação, ou nunca foi afetado pelo problema, ou faz parte dele.

Daniel Santiago e Chris Potter

O show acabou e eu tinha um tempo para comer decentemente e com calma pela primeira vez. Fui ao restaurante e pedi filé mignon com arroz com alho e ervas.
Perdi o show do Segundo Set e não fiz questão de ver o da garotinha Sofia Farah.
O penúltimo show do Rio das Ostras Jazz e Blues com o guitarrista carioca Alamo Leal com a Blues Groovers, banda formada por Ugo Perrota (baixo), Beto Werther (bataria) e Otavio Rocha (guitarra). Os dois últimos também formam na Blues Etílicos. Alamo e banda fizeram um show de blues clássico. O Alamo é um veterano no blues que morou no Reino Unido por décadas e conhece como poucos os segredos do blues. Encantou com seu fraseado elegante os heróis da resistência que estavam na platea. O show teve ainda a participação do gaitista Jefferson Gonçalves, sempre brilhante. 
A Moving Waters é uma banda idealizada pelo guitarrista Lancaster e conta com 09 elementos em cima do palco, o que garante um show cheio de nuances. Lancaster é um criador de bandas, foi os responsável pelas montagens da Blues Beatles e Serial Funkers. E não me pergunte o motivo de o cara sair dos grupos quando eles começam a tocar por aí e ganhar grana. Pois bem, um dia antes do show, o Lancaster sofreu um mal subito e teve de ser internado. Ele não pode estar no show da Moving Waters, mas a banda cumpriu seu papel apresentando músicas autorais: Sweet Invasion, Love is My Protection, Free Thinking People, Tell Me, In The Land of Thunder, Thought You Were Here, Turn on the Power e The Last One to Know. Finalizando em alto astral com um bailão Bob Marley, Three Little Birds, I Shot The Sheriff e Get Up Stand Up.    

Desafios de 2022 - Pelo que sei o festival do ano que vem já está programado para acontecer em sua data tradicional, o feriado de Corpus Cristi. Vai ser pedreira organizar um festival desse porte em  oito meses. 
Mas a equipe do Rio das Ostras Jazz e Blues acaba de superar o desafio de montar o festival com uma pandemia em andamento. Claro que ainda há alguns ajustes a se fazer para o ano que vem, por isso esse foi um evento teste. E o público tem de fazer sua parte, fazer sua própria segurança usando a máscaras de proteção.
O evento não teria acontecido sem o comprometimento da equipe do Stênio Mattos, a Andrea (logística), Márcia (comunicação), Bill (gerente palco), Jerubal (técnico responsável pelo som), Ugo Perrota (um salve pro Ugo que aguentou firme no show do Alamo após ter passado mal na mesma tarde), Jefferson Gonçalves e Kleber Dias (passagem de som das bandas) e pela equipe do Cezar Fernandes, que cobre o festival como fortógrafo desde o começo e esse ano deu um show nas mídias sociais, com entrevistas, resumos em vídeo, fotos, imagens de drone e várias câmeras. Muito mais pessoas estiveram envolvidas, mas essas foram as que eu tive mais contato ao longo desses anos.

Dica de ouro – Se você adora piscina com criança gritando o dia inteiro e bicando a tua porta, dormir ao lado da caixa de som tocando Barões da Pisadinha o dia inteiro, ficar sem internet e não é chegado em banho, recomendo a pousada Maresias. Implore pelo quarto 2. Gostaria de agradecer as pessoas que me colocarem lá. Que Deus as elimine. 

Conclusão – Após cinco dias perambulando pelo Rio de Janeiro em busca do bom e velho blues, do show perfeito, peguei estrada de volta pra casa. Dez horas de viagem ao volante, com direito a usufruir do engarrafamento mais chic do mundo, com vistas ao meu lado esquerdo para a Urca e o Corcovado, o da Ponte Rio Niterói. Como diria Buika ao final, jodido pero contento. Que venha 2022.

O público ama essa banda, Hamilton de Holanda Quarteto com Chris Potter

Onde está o Eric?

Rapunzeric refazendo as tranças e Smoke Face fazendo... smoke

Esse sabe o que é blues, Alamo Leal

Otavio "Blues Etílicos" Rocha

A ala feminina da Moving Waters 

Moving Waters

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Diário de Rio das ostras 2021 – Domingo, 14 de novembro – 3º dia

 

Roosevelt Collier no palco Costazul

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Passei a manhã brigando com a internet da pousada. E perdi. 
Deixei de postar um monte de fotos legais porque elas simplesmente não carregavam. 
Vou tentar fazer isso hoje.
Fiquei sentado numa mesa lá fora escrevendo o diário e aproveitando o sinal do wi-fi
O sol compareceu em Rio das Ostras e a galera se ouriçou para ir a praia. Todo mundo que passava, mandava: Eae Eugênio, não vai a praia?” E eu sacaneando os cariocas: “Sou santixta, cumpadi. Vejo praia todo dia.” 
Na tarde do dia 14 o palco Iriry recebeu a dobradinha da noite anterior. O primeiro show na Lagoa foi o Delvon Lamaar. E aquele som dele cheio de riffs, tecladeira e porrada caiu bem lá. Apesar de palco e plateia menores, o que proporciona muito mais contato com as bandas, Iriry tem seu charme. Jimmy James estava voando baixo para delírio geral e Lamarr e Dan Weiss groovando a lot. Ótimo show pra uma tarde ensolarada de domingo.
Quando o Jon Creary e sua banda subiram ao palco o clima esquentou mais ainda. O show, um pouco diferente por incluir um ou dois clássicos da big easy, dessa vez, Those Lonely Nights entrou no repertório. 
Mas entre porradas dançantes, When You Get Back e blues lentos com Frenchmen Street Blues Jon Cleary confirmou o que eu já esperava, que esse seria um dos melhores shows do festival e que terminou com todo mundo rebolando a jaca com com o funk Mo’ Hippa. Inesquecível.

Jimmy James

Pousada, cochilo e show. Perdi a cantora local Cida Garcia. Cheguei quando Hamilton de Holanda  Quarteto e Chris Potter já faziam Todo dia Um Recomeço, em um dos shows mais esperados (por mim). A primeira vez que assisti o Hamilton de Holanda foi no Rio das Ostras Jazz e Blues em 2007. Com aquele quinteto maravilhoso que incluia, Márcio Bahia (bateria), Gabriel Grossi (harmônica cromática), Daniel Santiago (guitarra) e André Vasconcelos (baixo). No show de ontem, o André foi substituido com a mesma competência pelo Thiago Espírito Santo e o Márcio Bahia pelo Edu Ribeiro. Ou seja, em termos de qualidade, nada mudou. Essa é uma das melhores formações do Brasil, um dos países que mais exporta cultura no mundo. E Hamilton de Holanda está no topo dessa história. Ou como diriam os jovens, ele é TOP!
O show incluiu a genial Tamanduá, Afro Choros, Chama, Ponts de Areia (só com o Hamilton e Potter), Samba Blues. E o penalti aos 45 do segundo tempo, Chega de Saudade. Hamilton de Holanda 7X1 na Alemanha.
Havia perdido o show do Roosevel Collier na lagoa e estava curioso pra ver o cara da lap steel no palco. O show demorou um pouco pra começar e fui na ala vip comer umas paradas de grã-fino. Fechei a cara, coloquei a câmera na frente pra ninguém chegar perto e furei a parada. Rango bom, pasteizinhos, caldos, pães especiais, cerveja (não bebi), sucos (bebi), e um negócio lá que eles pegavam com uma colher gigante e colocavam numa cumbuca que nem me atrevi. Mas devia ser bom, o tacho já estava pela metade. Ouvi dizer que a secretária de cultura do Rio de Janeiro estava lá. Passei álcool na mão e saí fora.
Roosevelt entrou e... barulheira da pooooorra! Os caras tocam muuuito alto. Pra arrebentar mesmo, a lap steel tem um som metálico (steel) e o baterista era um magrelo, mas baixava o braço sem dó no kit. Roosevel é um cara simples, conversa com o público como se estivesse falando na sala de casa. Um negão fortão, mas um cara super gentil que atente  e trata a todos com muita educação. Mas no palco, amigo, o cara senta aço. 
Mas o que já estava alto poderia ficar ainda mais. Dá metade do show em diante Eric Gales entraria em cena, convidado por Collier, os dois iriam duelar o resto da noite sem nenhuma dó do meu tímpano, despejando potência em Costazul. Confesso que saí meio atordoado. A gente fica tirando fotos ali do lado dos subs e recebe tudo na cara. Tremenda sessão de descarrego.
Restava à Black Rio fazer a sua parte. A banda veterana dispensa comentários, é uma instituição da música brasileira. Transformou o fim da noite em um bailão, uma discoteca a céu aberto, mas não uma domingueira qualquer, com a grife Black Rio. Sim, claro que eles tocaram Maria Fumaça e Mr Funk Samba, entre outras.

Palco Iriry/show de Delvon Lamaar

Chris Potter

Hamilton de Holanda

Daniel Santiago

Jon Cleary

Show Roosevelt Collier

Roosevelt Collier convida Eric Gales
Banda Black Rio

Banda Black Rio

domingo, 14 de novembro de 2021

Diário de Rio das Ostras 2021 – Sábado, 13 de novembro – 2º dia

 

Eric Gales indo pra galera (Foto: Eugênio Martins Jr)

Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Eugênio e Cezar Fernandes

Quando comecei a cobrir esse festival, em 2007, todos os envolvidos ficavam no mesmo lugar, o Hotel Vilarejo. Músicos, produção e jornalistas se trombavam nos corredores, no café da manhã e na piscina. Era fácil conseguir as entrevistas. “Olha ali o Mike Stern”. Pô, vou cercar o Maurício Einhorn depois do café”. “Cara, o Duke Robillard tá tomando um solzinho”. 
Com o fechamento do hotel todo mundo ficou espalhado pela cidade e as entrevistas individuais ficaram muito mais difíceis de se conseguir. Você tem de correr atrás e muitas vezes abdicar de algum show.
Ontem o plano era conversar com o Eric Gales. A passagem de som no palco Costazul era as 13h30, na mesma hora do show do Roosevelt Collier no palco da Lagoa. Então sentei lá e fiquei esperando a passagem de som que atrasou por problemas técnicos. Quando finalmente consegui ficar cara a cara com o malandro ele dispara: “Ten minutes”. Isso porque eu o presenteei com fotos ampliadas de um show que fizemos em Santos há 15 anos. Mas, fazer o quê? Artista é assim. 
Mas já havia dado sorte de manhã, Alex Malheiros, baixista do Azymuth, estava hospedado na mesma pousada que eu e consegui falar com ele após o café da manhã. 
Saí da entrevista com o Eric e fui direto para a Lagoa do Iriry, onde aconteceria a apresentação dos irmãos Simi com o Keith Dunn. Foi a mesma coisa da noite anterior, blues tradicional na veia, só que agora mais perto do público. Junto com a cozinha da banda, Pedro Leo (bateria) e Wellington Paganno (baixo), Dunn fez a plateia dançar de verdade.
Saí dali e na volta pra casa resolvi passar no palco da Costazul e ver a passagem de som do Jon Cleary. 
Por mim, um dos shows mais esperados desse festival. Assisti o finalzinho da passagem e na hora que ele estava descendo do palco pedi uma entrevista pra depois e ele manda: “Right now, no problem”. Saquei o gravador e fizemos ali na hora. Aprende Eric Gales.

Com Jon Cleary

Nada mal, em um dia fiz três entrevistas. Em breve posto todas aqui no Mannish Blog.
A gripe me pegou. Achei que não ia conseguir levantar da cama pra ver os shows da noite. Mas os deuses do blues me pegaram pela mão e me levaram. Eles nunca falham, nas piores horas o blues vai ser o teu suporte. Pode acreditar.
Cheguei na metade pro fim do show do Nico Rezende Jazz Quinteto – Tributo a Chet Baker. Um show competentíssimo com Nico recriando ao piano os temas do ícone maldito do cool jazz. Let’s Get Lost, My Funny Valentine constavam. Não consegui identificar o último tema, porque estava com a cabeça zoada. Quase vomitei. Tive de sentar, tomar uma água e ficar quieto um tempo.
Quando Delvon Lamarr subiu ao palco eu ainda estava estranho. A cabeça girava e doia. Talvez por isso o show que tanto esperava não aconteceu. Pra mim foi muita punheta em cima do palco. Uma banda com apenas três caras mandando ver nos instrumentos não me empolgou tanto quanto a banda que ouvi no fone de ouvido nos últimos meses. Ok, podem me chamar de mané. Ou talvez tivesse elevado a minha espectativa. Vejam bem, os caras levantaram a galera que pulou do começo ao fim. Quando tocaram as famosinhas Move On Up e Jimmy’s Groove o crowd enlouqueceu.

Jimmy James (Foto: Cezar Fernandes)

Delvon Lamaar (Foto: Cezar Fernandes)

O público estava feliz, a direção do festival estava feliz. Então, quem sou eu pra despejar o meu azedume nas intenções da galera. Delvon Lamarr é super carísmatico e o guitarrista Jimmy James nem se fala. E apesar de ter um metro e meio e pesar 12 quilos o baterista Dan Weiss bate bem. Então foi um show que assisti meia hora e fui me sentar.
Os próximos seriam os shows que eu realmente fui pra ver: Jon Cleary e Eric Gales. 
Jon subiu ao palco despretenciosamente. Um cara que nasceu na Inglaterra e foi morar sozinho em New Orleans com apenas 17 anos e se tornou um dos principais pianistas na cidade dos pianistas. 
Bastou apenas três caras, Cleary (piano e teclado), Derwin “Big D” Perkins (baixo) e AJ Hall (bateria) para fazer aquele som massa de New Orleans, com todos aqueles molhos e sabores que a cidade oferece. Um show extremamente dançante e ao mesmo tempo instrutivo. Explico. Em apenas uma hora Cleary contou histórias de amores pessoais, amores desfeitos e, principalmente, amor à cidade que escolheu para morar nos últimos 40 anos. Histórias de amor e glória. De perdas e reconquistas da cidade mais bacana dos Estados Unidos. Mais negra, mais francesa e mais índia. Centrado em Dyna-Mite, seu mais recente disco, foi um show pra lavar a alma. A dor de cabeça passou.
Quando o Eric subiu ao palco ainda estava meio puto por causa daquela história dos “ten minutes”. Porra!
Mas quando o guiatarrista de Memphis atacou a sua Magneto Eric Gales Signature dourada, vestido com um paletó dourado, cheio de colares dourados, a noite virou ouro. 
Produzi um show do Eric Gales em Santos há 15 anos que foi sensacional. Quem estava naquela noite lembra dele até hoje. Mas posso garantir, aquele show não chegou a uma pequena fração do que foi o de ontem. 
Foi um choque, no bom sentido, poder ver que o Eric se transformou nesse grande artista. Um nível superior no mundo da música, ao lado de BB King, Buddy Guy, Carlos Santana, Jimi Hendrix e tantos outros ícones da guitarra mundial. 
O show foi todo baseado em seu mais recente trabalho, o excelente The Bookends. E ainda tocou o single lançado há três semanas, I Want My Crown
O que eu vi ontem foi um artista preocupado com todos os detalhes de uma apresentação. Dominou completamente a platéia desde o primeiro instante que pisou no terreiro. Não sei porque me veio a imagem de Ogum, o Deus da guerra e do fogo.
Provocando o público a toda hora. Seus arranjos nunca vão pelo caminho mais fácil. Com aquela técnica não podia ser diferente. A banda vai na fé junto com ele, Smoke Face (baixo), Benjamin (teclado), Nick (bateria) e LaDonna Gales (percussão).
É importante dizer que LaDonna é também responsável por resgatar Eric Gales de um porão onde ele mesmo se trancou e jogou a chave fora por anos. Ele faz questão de dizer isso por onde passa. Se hoje Gales se tornou um dos maiores artistas do mundo, pesou a mão de LaDonna. E no final rolou até Um FORA BOLSONARO expontâneo na plateia.
Amanhã tem mais Eric Gales na Lagoa do Iriry. Também espero mais um FORA BOLSONARO!

Jon Cleary (Cezar Fernandes)

Nico Rezende em show show em homegame a Chet Baker (Foto: Eugênio)

Guilherme Dias Gomes fazendo a vez de Chet Baker

Keith Dunn na lagoa (Foto: Eugênio)

The Simi Brothers (Foto: Eugênio)

Smoke Face e Eric Gales (Foto: Eugênio)

Eric Gales

sábado, 13 de novembro de 2021

Diário de Rio das Ostras 2021 - Sexta-feira, dia 12 de novembro - 1º dia

 

Palco Costazul

Texto e fotos: Eugênio Martins Jùnior

Começou ontem a 17ª edição do maior festival do gênero no Brasil, o Rio das Ostras Jazz e Blues. 
Nem é preciso lembrar que essa edição é especial, a primeira após as restrições impostas pela Covid-19, a pandemia que já matou mais de 5 milhões de pessoas ao redor do mundo e 610 mil pessoas só no Brasil. E antes que eu esqueça, FORA BOLSONARO e sua política genocida.  
Segundo a direção do festival, esse evento está sendo oficialmente testado pelas autoridades sanitárias do estado do Rio de Janeiro. 
Constatei que várias medidas de segurança foram tomadas, o que diminui muito a audiência no primeiro dia do festival no palco principal, o Costazul. Mas também constatei que, apesar disso, muita gente ainda insiste em não usar a porra da máscara em lugares públicos.

Ivan "Mamão" Conti

Antes de entrar em Rio das Ostras vou falar sobre a passagem pelo Clube do Blues no Rio de Janeiro. 
Passei a quinta-feira, dia 11, revendo amigos na cidade maravilhosa, uma noitada de blues lá no Misissippi Delta Blues Bar, na Gamboa. A noite era com o Maurício Sahady (guitarra), Rabicó (bateria) e Pedro Leão (baixo). E, como é de costume no Clube do Blues, os convidados da noite foram Caru de Souza (voz), Murilo Brugger (guitarra) e o dono da Casa, o Toyo (gaita). A música rolou até as 2h30 da manhã com todos aqueles solos de Morris Slim (Sahady) escorrendo pelas paredes no boteco. 
Pena que pouca gente escutou aquelas notas. Às vezes tinha mais pessoas no palco do que na platéia. Não sei, vou creditar isso a essa retomada nas ações culturais em todo o Brasil e também no Rio e ao lugar de pouca circilação onde fica o bar temático. Mas a galera do Rio que fique em alerta. O Blues da cidade maravilhosa tem dado sinais de revitalização com novos nomes surgindo, mas o público também tem de ir onde o artista está. Depois que fechar a casa não adianta reclamar: “Ahh como era legal aquele bar!”

Keith Dunn: Óia o tem!

Voltando ao que interessa. Primeira noite do maior festival de jazz do Brasil. Perdi o primeiro show, a Onda de Sopro Big Band. Pois é, cansadão da noite anterior e por horas dirigindo na chuva pra chegar aqui, capitulei ao sono. 
Cheguei no começo do show da banda Macahiba Jazz, da cidade de Macaé, aqui do lado. Os caras fizeram um tributo a Artur Maia,  um dos grandes baixistas de jazz do Brasil.
Super competente e com um baixista que foi aluno do Artur, o Macahiba Jazz fez mais de uma hora de show. Extendendo um pouquinho mais do que o normal para a chegada do Azymuth. 
É de impressionar a empatia que o Azymuth provoca no público jovem. Os caras têm mais de 50 anos de estrada e ainda conseguem ser atuais, na forma e no conteúdo. Dessa vez o show foi com a participação do DJ Nuts pilotando as pick ups e enchendo a noite de efeitos. 
Aí mora um perigo, se por um lado unir uma banda com um DJ coloca uma pimenta no groove, por outro, quando a quebradeira rola solta a gente percebe que o DJ fica um pouco deslocado, sem ter muito o que fazer quando Kiko Continentino, Ivan Conti e Alex Malheiros entram em rota de colisão. Alías, o melhor a se fazer é sair da frente. 
Mas foi um grande show, a galera pulou e dançou com a porrada que os coroas cometem. Existe um verdadeiro culto em volta do Ivan “Mamão” Conti. Tive o Prazer de fazer dois shows com ele em Santos como baterista do Stanley Jordan e perceber isso. Hoje pude entrevistar o Alex Malheiros que estava de bobeira ali no café da manhã. Inclusive tive que parar de escrever esse texto pra fazer isso.
Fim de noite, friozinho em Costazul. Quando os show do Azymuth acabou percebi uma debandada da galera com cabelo colorido e roupas descoladas.

Keith Dunn e os irmãos Simi

Chegou a galera de preto pra curtir os blues tradicionais de Keith Dunn, ladeado pelos irmãos Simi (guitarras), Pedro Leo (bateria e carate) e Wellington Paganno (de bonito).
Dunn é um cara que toca a harmônica diatônica da maneira clássica. Tanto no microfone bullet quando a gaita natural. 
Um cara que se orgulha de pertencer a tradição, como ele mesmo fala no shows, de ser o discípulo de Muddy Waters. Fizeram um show sem erros. Bastante dançante e com muita gaita e todas aquelas firulas vocais e caretas que os negões do blues adoram. Um verdadeiro showman. Não faltou nem o “trem” executado na gaita, fazendo o Stênio, o diretor do festival rir igual criança na frente do palco. O set list incluiu The Other Side Shuffle, Wish You Would, Sugar Sweet, The Hucklebuck, Rainny In My Heart, Shake Your Hips, aquele solo do tem de Keith Dunn, Tip On In, Close To You, Limbo e Hate to See You Go. O primeiro dia tava pago. Hoje tem mais.

Versão: Stênio paz e amor

O sempre competente Jerubal, o Matusalém dos consoles digitais 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Catarinenses do The Headcutters não abrem mão do blues tradicional

 


Texto: Eugênio Martins Júnior

Um bando de garotos que cresceu junto e compartilha desde cedo o amor pela música. Essa é a essência dos cortadores de cabeça, ou The Headcutters.
Estudavam e tocavam juntos e, após os anos passados nos ensinos fundamental e médio do rock e hard rock, graduaram-se no blues. Com especialidade em Chicago Blues.
Baseada em Itajaí, Santa Catarina, The Headcutters vem construindo sua história no blues nacional ao longo da última década, gravando CDs com convidados especiais brasileiros e estrangeiros, entre eles, Igor Prado, Silver Kings, Rip Lee Pryor, Omar Coleman, Nico Smoljan, John Atkinson.
Em 2019 lançaram o road documentário Walkin’ USA, onde contam a viagem que fizeram à terra do blues, cruzando o país de costa a costa, visitando e tocando com seus ídolos. 
Recentemente anunciaram o lançamento de um álbum gravado com uma das lendas vivas do blues, o baixista Bob Stroger. O disco será lançado pela não menos lendária Delmark Records.
Para quem não sabe, Stroger é um verdadeiro who’s who do blues. Em sua carreira de mais de 60 anos, Stroger tocou com Otis Rush, Jimmy Rogers, Eddie Taylor, Eddie King, Sunnyland Slim, Snooky Pryor, Louisiana Red, Odie Payne, Fred Below, Willie “Big Eyes” Smith, Homesick James, Mississippi Heat, entre outros. A nata do blues de Chicago. 
Com Joe Marhofer (harmônica e vocal), Ricardo Maca (guitarra e vocal), Arthur Catuto (contra-baixo acústico) e Leandro Cavera (bateria), The Headcutters, têm cinco álbuns gravados; Sweet Home Blues + DVD (2011), Shake That Thing (2013), Walkin’ USA + documentário (2015), Live at Mr. Jones (2016) e Chicago Blues Extravaganza (2020).
No Brasil eles tocaram com vários artistas que pisaram aqui por outras mãos, James Wheeler, Lorenzo Thmpson, Phil Guy, Billy Flinn, Lynwood Slim, Mich Kashmar, Mud Morganfield, Carlos Johnson e outros. 
OBS: Só para deixar registrado, 01 de novembro de 2021 é um dia histórico. Enquanto  todos estão se preparando para a retomada das atividades artísticas e esportivas, o mundo atingiu a trágica contagem de 5 milhões de mortos pela covid-19.


Eugênio Martins Júnior - Como surgiu a banda The Headcutters?
Joe Marhofer - Éramos vizinhos de bairro, praticamente mesma rua, desde criança. Surgiu em meados de 1999 a partir da ideia do Maca de montar uma banda de rock e hard rock. Então ele chamou o Cavera (bateria) e o Catuto (baixo). Depois disso houve outros integrantes que “não deram certo”  num espaço bem curto de tempo. Eu entrei na banda lá pelo ano de 2001. Entrei tocando gaita, mesmo não sabendo tocar porra nehuma! (risos)  E a partir da gaita é que veio a ideia de nos tornarmos uma banda de blues. Então começamos a nos aprofundar e tocar somente Chicago blues tradicional. Costumamos brincar dizendo que fomos picados pelo mosquito do blues... e não tem mais volta. rsrsrs

EM - The Headcutters é uma banda dedicada ao blues tradicional, especialmente o de Chicago. Gostaria que falasse sobre isso. Sobre esse caminho e essas influências.
JM - Sempre foi algo muito natural pra nós. O que mexeu realmente com a gente  foi o Chicago Blues. Muddy, Jimmy Rogers, Little Walter, Sonny Boy (Willianson), (Howlin’) Wolf entre tantos outros, são até hoje nossas influências. Gostamos muito dessa onda e é o que melhor fazemos. Até tentamos experimentar outras “ondas” em alguns momentos, mas nunca durou. Nosso blues sempre foi o traditional Chicago Blues.

EM – A cena blues no Brasil tem uma variação de estilos muito grande. Por exemplo,  o Nuno Mindelis grava discos com influências da música angolana; Jefferson Gonçalves toca harmônica de uma forma personalíssima, remetendo à tradição nordestina; Blues Etílicos mistura música regional e até berimbau com blues; e Vasco Faé e Ari Borger, de São Paulo, misturam o blues com samba. Onde The Headcutterts se encaixa na cena nacional?
JM - Acredito que nos encaixamos na linha do Blues Tradicional. Particularmente nós não gostamos de misturar Blues com outros estilos musicais, mas respeitamos e admiramos quem faz. Se você acrescentar algo que não tenha nada a ver com o estilo acaba deixando de ser tradicional. 

EM – Ao longo dos anos o Brasil tem recebido artistas dos Estados Unidos e vocês aproveitam que os caras estão aqui pra colocar nos discos da banda. O Shake That Thing, por exemplo, traz o Walace Colleman e de quebra o Igor Prado, responsável pela vinda dele ao Brasil. Gostaria que falasse sobre o lance de vocês mesmos criarem essas oportunidades.  
JM - Sim, a gente sempre tenta alinhar alguns shows  com os produtores que trazem os caras pra cá. Isso sempre foi muito importante pro nosso crescimento. Aprendemos muito com essa galera toda. Acredito que essas experiências nos moldaram bastante, afinal, o blues é dos afro-americanos do EUA e  nós aqui no Brasil não temos o blues como cultura musical nacional, então o nosso meio de chegar mais perto e aprender realmente é tocar com os verdadeiros.

EM - O documentário Walkin in USA conta a história de uma turnê pela terra do blues. Começando pela casa do Jr Watson, na Califórnia até o fim em Chicago. Foram 28 dias. Como surgiu essa ideia e como foi o planejamento?
JM - Foi a melhor experiência de nossas vidas, sem sombra de dúvidas. Foram 28 dias mágicos, percorrendo cinco estados, fazendo 14 shows, gravando um álbum e um documentário. Foram anos de trabalho até chegar na turnê. Quando nossos discos chamaram a atenção de alguns produtores, DJs e jornalistas de blues, nossas portas começaram a se abrir.Tivemos a ajuda inicial do David Mac (Blues Juction) e do produtor que nos ajudou a organizar a tour, Art Martel (Straight Up Blues Production). Além disso temos nosso grande amigo Rip Lee Pryor que nos ajudou muito na parte da turnê pelo Arkansas e Mississippi. Tivemos o privilégio de tocar com ele no King Biscuit Time Blues Festival e West-Helena, Arkansas. Foi a realização de um sonho e temos muita vontade de, quem sabe um dia, repetir esses shows.



EM – Dessa turnê saiu o álbum homônimo com o Jon Atkinson, gostaria que falasse sobre esse disco. 
JM - Jon Atkinson, também foi outro parceiro na tour. Além dele, e dos outros que já citados, nesse disco estão nossos grandes amigos, os Silver Kings (Mark Mumea e Jerry Careaga) que tambem nos ajudaram a organizar a tour . O disco foi gravado em duas etapas, metade dele com o Jon e outra metade com os Silver Kings, nos estúdios deles. O disco ficou bem bacana, tradiça total, todo gravado analógicamente com vários equipamentos vintage que eles tinham lá.

EM - Uma coisa bacana rolou recentemente. Ficamos quase dois anos com as atividades suspensas. De repente a gente recebe a boa notícia que vocês estão com uma parceria com a Delmark Records para lançar um disco gravado em 2019 com o Bob Stroger. Gostaria que contasse como aconteceram essas gravações e como foi o contato com a Delmark?
JM - Pra nós está sendo a realização de vários sonhos ao mesmo tempo! Os Deuses do Blues tem sido bom com a gente. (risos) Primeiro que é algo surreal poder lançar um disco com uma verdadeira lenda do blues, Mr Bob Stroger, que é um dos gigantes caminhando entre a gente. Nós e Bob, temos uma amizade a uns 10, 12 anos aproximadamente. Fizemos dezenas de shows aqui no Brasil e a vontade era muito grande de podermos gravar um disco juntos. Em 2019 tivemos a grande chance, estávamos com Bob em uma turnê pelo Brasil e quando tivemos um show aqui em Itajaí, no Mercado Blues Festival, aproveitamos para gravar com ele. O Maca e o Cavera tem um estúdio aqui chamado Grooveland especializado em blues tradicional e afins. Deu tudo certo, o disco ficou sensacional. Então veio a pandemia, ficamos parados sem saber o que fazer. Até que entrei em contato pessoalmente com a Julia e o Elbio da Delmark e mostrei pra eles o disco e também perguntei se eles tinham interesse em lançar pela Delmark, e eles toparam. Adoraram o disco e aí vem o segundo sonho no mesmo pacote, lançar um disco com o Bob Stroger pela Delmark records e nos tornarmos artistas Delmark. Está sendo um momento muito especial em nossas carreiras.

EM - A cena musical está voltando aos poucos após o período mais sombrio da pandemia. Como vocês estão sentindo essa retomada? 
JM - Pois é, estamos voltando aos poucos e está ficando cada vez melhor. Vários shows agendados e planos a serem executados, acho que em breve vamos estar todos juntos novamente, devidamente vacinados, curtindo muito show de blues por aí!

EM – Discos, vídeos, clipes e documentário. The Headcutters produz tudo de forma independente. Qual a vantagem e as desvantagens disso?
JM - As vantagens é que a gente só faz o que gosta, sem pressão de gravadora ou selo. Fica tudo bem natural e do nosso jeito sem ninguém dizendo o que fazer e como fazer. Já sobre as desvantagens, não consigo lhe dizer, pois o blues em si nunca foi  mainstream, sempre foi algo mais lado B. Talvez a desvantagem é que menos pessoas saibam como o blues é algo fantástico.

The Headcutters e Bob Stroger

EM – Joe, como você faz pra conseguir aquele timbrão de gaita das antigas?
JM - Ainda falta muito, sou bem autocrítico nesse sentido, mas dou o meu melhor pra sempre conseguir evoluir e tirar cada vez mais som da gaita. O aprendizado é infinito, estou sempre na busca pelo crescimento. Sou “fuçador” de sons, timbres, amps, mics e etc... Gosto muito de ouvir os grandes mestres do timbre e tentar chegar o mais próximos deles. Além de sempre praticar de uma forma saudável que me faça melhorar cada vez mais. Gosto de saber que tenho muito que aprender ainda!

EM – Vocês são de Santa Catarina, estado que mais votou em Jair Bolsonaro na eleição de 2018. Não sei se tem informação sobre isso ou se sentem a vontade com o assunto, mas qual a visão da classe artística local com relação às políticas públicas da Secretaria de Cultura, tendo em vista que a maioria dos festivais de blues e jazz no Brasil são realizados com leis de incentivo fiscal.
JM - Infelizmente temos vividos tempos sombrios nesse governo que deixa toda a classe artística sufocada e incapacitada de fazer muita coisa. A visão em geral da classe artística local aqui em Itajaí é insegurança e insatisfação. Esperamos que ano que vem as pessoas daqui e do resto do Brasil saibam votar melhor para sairmos dessa situação lamentável. É muito triste viver no estado que mais votou nele e ter que aturar esse surto coletivo. Infelizmente somos minoria aqui, mas esperamos que mude nas próximas eleições. HAVE MERCY!