domingo, 26 de junho de 2022

Diário de Rio das Ostras 2022 - 4º dia

 

A Cor do Som e convidados

Texto: Eugênio Martins Júnior
Fotos: Cezar Fernandes

Dois shows estavam programados para a Lagoa do Iriry no último dia, Tony Gordon e A Cor do Som. Assisti ao final do Tony Gordon e todo o show do A Cor do Som com plateia lotada. E de novo A Cor do Som quebrou a banca. Exceto pela inclusão de Palco ao repertório - parabéns Gilberto Gil que hoje completa 80 anos - foi o mesmo show. Mas com duas participações especiais, o Mu convidou o Erik Escobar, da banda do Tony, para uma dupla nos teclados e o Big Joe Manfra entrou pra solar ao lado do Armandinho - 6X0.
E no final, quando o Ari cantou Dentro da Minha Cabeça, o Tony Gordon subiu ao palco arrastando o Armandinho e o Ari e uma multidão pra fora daquele cercado que circunda a plateia de Iriry. O show acabou pra cima, como deve ser - 7X0. Uma lavada nas bandas gringas. 
Se ano passado o festival recebeu Eric Gales, Roosevelt Collier, Jon Cleary, Azymuth e Hamilton de Holanda, esse ano Blues Etílicos, A Cor do Som, Deanna Bogart e Big Joe Manfra e As Mulheres do Blues roubaram a cena. 

A Cor do Som - Domínio total sobre o público

Mais um - Frequento o festival de Rio das Ostras desde 2007 e nunca, ao longo desses 15 anos, presenciei uma confusão. 
Já havia percebido que na edição anterior, realizada em novembro de 2021, além da tensão por estarmos saindo das restrições impostas pela pandemia de covid-19, a temperatura da disputa política já estava um pouco acima do normal. 
Mas em 2022, ano de eleição, com o país exaurido por um governo de pessoas imorais, desonestas e incapazes de sentir empatia pelo próximo e isso inclui a Câmara dos Deputados sob o comando de Arthur Lira, foi muito pior. Esses quatro anos de desgoverno deixaram as pessoas mais exasperadas.
O último dia do festival, mesmo com a lagoa dividida por muitas bandeiras do PT e poucas do outro lado, escancarou a intolerância dos apoiadores de Bolsonaro. 
Vi um homem intimidando uma senhora que estava com a bandeira do PT em frente ao palco. Ele teve de ser contido por outros presentes para não agredir a senhorinha.
Um garoto foi agredido atrás do palco após uma discussão. Novamente outras pessoas tiveram de intervir para que o rapaz não sofresse ferimento grave, já que o agressor não parava de apertar seu pescoço. Todas as pausas entre as músicas eram preenchidas com gritos de Fora Bolsonaro e ofensas mutuas entre os eleitores de ambos os lados. 
Quem acompanha esse blog e a Mannish Boy Produções sabe que sou radicalmente contra esse governo. Por isso faço questão de colocar a minha opinião e reportar os fatos pelo meu ponto de vista.  
E o festival de Rio das Ostras é realizado com recursos da Lei Rouanet e agora do Sesc Rio de Janeiro. Portanto, quem estava ali curtia música com recursos públicos. Recursos esses, auditáveis e abertos a consulta pública nos sites governamentais, diferente da grana gasta pelas prefeituras de cidades do interior que pagam muito caro pelos artistas bolsonaristas, escândalo exposto recentemente pela mídia.

Gran Finale

Ao longo de 20 anos esse festival se tornou o principal evento de jazz e blues do Brasil. E esse ano, os shows nas cidades de Búzios, Paraty, Rio das Ostras, Niterói e Paraty formaram o um circuito cultural empregando muitas pessoas, fomentando comércio e turismo locais e levando cultura para todos. 
Portanto, não há mais espaço para a intolerância. Não adianta cercear a cultura porque a inteligência sempre vai vencer a truculência. Os movimentos negros vieram para ficar, o movimento LGBTQIA+ veio pra ficar. As mulheres vão continuar sua luta contra a misoginia e os povos originários pelas suas terras. E todo esses Brasis se encontram na cultura e na música. 
Nos últimos anos temos visto o desmonte da cultura e o desprezo pela educação por esse governo medíocre do Bolsonaro. Começou com o rebaixamento do Ministério da Cultura para Secretaria e vem ladeira abaixo. Esse ano tem eleição, e será a chance de revertermos isso.

Tony Gordon e a participação especial do Paulinho

Cerveja - Não bebi uma IPA decente em Búzios e em Rio das Ostras. Em Rio das Ostras bebi uma APA boa, apresentada pelo meu amigo Cezinha. 
Em Paraty bebi uma Juicy IPA muito boa, mas era de Cunha. A cachaça foi abundante. Mas andar naquelas pedras foi de foder. 
Esse ano me colocaram numa pousada em Rio das Ostras com o nome fofo: Meus Amores. Ótima. Familiar e tranquila. Se for ao festival em 2023 vou ficar lá.

Produção - O festival de Rio das Ostras só acontece com o empenho do time que trabalha lá há anos: Stênio Mattos, Ugo Perrota, Andrea, Juliana, Jefferson Gonçalves, Kleber Dias, Márcia Vilella, Jerubal e seu filho Marcos, Andrew, Mário, Letícia, Cezar Fernandes e toda a equipe da Like Produtora. Me desculpem se esqueci alguém.
Em 2022, além de assistir e reportar o evento, fui pra produzir os shows das Mulheres do Blues e ajudar na produção dos amigos da Blues Beatles. 
Com As Mulheres do Blues fizemos Búzios, Paraty e Rio das Ostras. O show de Niterói foi cancelado e nem me perguntem o motivo porque também não sei até hoje.

Fui apenas para tirar uma foto, mas acabei registrando um momento épico.


E a Loira do Palco atacou novamente. Lembram dela de 2019? 
Não basta ver o show, tem de participar. (foto: Eugênio)

sábado, 25 de junho de 2022

Diário de Rio das Ostras Jazz e Blues 2022 - 3º dia

 

Armandinho Macedo em estado de graça

Texto meia boca: Eugênio Martins Jr
Fotos matadoras: Cezar Fernandes

Reconheço que não tenho dado a atenção devida às atrações do palco São Pedro e da Casa do Jazz, espaço criado dentro da cidade do jazz em Costazul.
Justifico com a falta de tempo. Pra mim é impossível acompanhar todos os shows. Há 15 anos, quando comecei a acompanhar esse festival eu conseguia enganar a canseira. Hoje, já não.
Meu critério de seleção é sempre escolher as atrações que batem com meu gosto musical, o ineditismo e aquelas que, por serem de outro país, serão mais difíceis de assistir em outra ocasião. 
Mas vou colar aqui os grupos que passaram pelo festival esse ano nos dois espaços. Na Casa do Jazz, Bruno Pirozzi, Banda Tangerine, Back2Blues, Xandão Tavares, Mamooth Band, Paiol Sonoro, Tango Revirado Trio, Kilometro 50 com a participação de StephanVidal e Reubes Pess Band. E no palco São Pedro, Robson Farah, Micha Devellard e Ska Jazz Favela. 

Palco São Pedro

Meu terceiro dia no festival começou no palco da Lagoa do Iriry com a Big Joe Manfra Blues Band e Deanna Bogart. Basicamente o mesmo show do dia anterior, no Costazul, mas sem o solo monstro do Cláudio Infante. A Deanna estava adorando ficar no Brasil todos esses dias e a proximidade com o público a fez ficar mais solta ainda. A plateia retribuiu a gentileza fazendo o show esquentou. 
Quando anunciou Love and Attention a turba mandou o tradicional Fora Bolsonaro. Ela, sem entender o que significava aquela gritaria respondeu: “Espero que seja uma coisa boa”. Era sim Deanna, era o povo se manifestando. 
O show teve ainda a participação do Jefferson Gonçalves e da Caru de Souza. No final foi pra galera e se consagrou como a artista mais carismática de 2022.

Deanna Bogart e Big Joe Manfra

A chuva e o vento deram as caras em Rio das Ostras. Perdi o Hook Herrera do palco da Boca da Barra e o primeiro show do Costazul, Tony Gordon. 
Estava cheio de expectativa quanto ao show do Roberto Fonseca, um cara que sou fã há mais de uma década. Não sei, acho que a apresentação poderia ter rendido mais. 
O público resistiu bravamente na chuva e poderia ter ganhado um show mais quente de jazz cubano. Foi basicamente o mesmo que havia apresentado em Paraty uma semana antes. Só que em Paraty não choveu. Coube como uma luva. 
Não me leve a mal, o pior show que Roberto Fonseca pode fazer, e não foi o caso, é muito melhor do que qualquer show de sertanejo bolsonarista. E falando nisso, vi muito cidadão de bem rebolando a jaca e cantando “De Cuba Yo Soy” em Kachucha.

Roberto Fonseca puxando o coro

Ida Nielsen fez o show debaixo de chuva e não é que a baixaria groovadora da branquela dinamarquesa fez a galera dançar a valer? Não conhecia nada do trabalho dela, mas achei que fez bem o que se propôs. Quem viria depois teria de se virar pra esquentar a massa debaixo dos guarda chuvas e capas de plástico.

Ida Nielsen 

E quem veio depois foi da banda que misturou samba, chorinho, jazz, axé e batucada em um só balaio. E justamente por isso cumpriu o papel histórico de abrir a porteira – no bom sentido, não aquele outro - para os brasileiros no prestigioso Montreux Jazz Festival, em 1978, ela mesma, A Cor do Som. 
Com Armandinho Macedo (guitarra baiana e voz), Mu Carvalho (teclados e voz), Ari Dias (percussão e voz), Fernando Nunes (substituindo o Dadi no baixo) e, ele de novo, Cláudio Infante (substituindo o Gustavo Schroeter na bateria em cima da hora), A Cor do Som foi matador.
É impossível tocar todos os hits em um só show. São muitos e não dá tempo porque os caras solam adoidado.  
A chuva parou e A Cor do Som já entrou ganhando de 1X0 com relação aos outros shows. Engataram uma instrumental logo de cara com solo de Armandinho - 2X0 – e ainda todos se revezando na cantoria ao longo de todo o show – 3X0.
Armandinho conversa o tempo inteiro com o público, mas não fica falando groselha, ele explica o que cada música representa para a banda, quem a compôs e o que representa – 4X0. Foi assim antes de Frutificar, tema clássico instrumental que nomeou o disco. 
Alternando com as instrumentais, seguiram-se Zanzibar, Abri a Porta, Beleza Pura, Swingue Menina, Zero. O Ari completou a festa fazendo a galera cantar em dançar com Dentro da Minha Cabeça – 5X0.

Sei que não tenho juízo, dentro da minha cabeça

A carismática Deanna Bogart

Deanna na galera

Os irmãos Simi e Hook Herrera

A Ida teve a manha de...

...esquentar a galera debaixo de chuva.

sábado, 18 de junho de 2022

Diário de Rio das Ostras Jazz e Blues 2022 – 2º dia

 

Greg Wilson - Blues Etílicos (foto: Eugênio)

Texto Eugênio Martins Jr
Fotos: Eugênio e Cezar Fernandes

O sol apareceu forte na sexta-feira 17, segundo dia de festival aqui em Rio das Ostras. Prato cheio para a Blues Beatles fazer o que faz melhor, um show vigoroso, com os clássicos dos fab four fazendo a galera cantar e dançar na Lagoa do Iriry. Nesse show a formação de banda que varia foi Marcos Viana (voz), Bruno Falcão (baixo), Flávio Naves (teclados), Fred Barley (bateria), Denilson Martins (saxofone) e Lancaster (guitarra). Entre Help, We Can’t Do That, Stand By Me, Hey Jude em formato blues, muita manifestação política. O longo e maravilhoso solo de baterista do Fred Barley foi todo tempo acompanhado pelo famoso “Olê, olê olê olá, Lula Lula! No ritmo. Foi lindo. 
Mas chegou uma hora que ficou chato. Toda momento que a banda dava uma pausa e o cantor Marcos Viana ia falar alguma coisa era FORA BOLSONARO. Na quarta vez ele se emputeceu e mandou: “Pessoal, deixa a política para depois. Pelo amor de deus!”.
Olha, concordo que o país está passando por uma crise política grave, acredito que a pior delas desde que me entendo como cidadão. Que esse é um governo genocida e que esse presidente já deu provas que ele e sua família são psicopatas e seus seguidores são analfabetos políticos. Também concordo que os shows musicais são um espaço para a manifestação da população descontente com tudo isso. Mas ali em Iriry, naquele determinado momento a audiência já havia se manifestado e ficou clara a maioria esmagadora de pessoas que são contra esse desgoverno. Dito isso, vamos protestar e deixar o artista fazer o seu trabalho. Essa é a minha opinião. E reitero aqui: FORA BOLSONARO!

Blues Beatles (foto: Cezar)

Preferi ficar na pousada dormindo do que assistir ao show de Ida Nielsen na Boca da Barra. São a idade e os acidentes de moto cobrando a conta. Vejo no sábado no palco Costazul.
Quando cheguei ao palco principal o show do Marvio Ciribelli havia terminado, a organização deu uma adiantada para que o último show da noite não termine tão tarde como ontem.
O Takuya Kuroda fez um show com muito mais solos do que o anterior, e muito mais jazz também. Claro que teve o groove com baixo e bateria em sintonia perfeita, fazendo a galera dançar. Mas o japa biriteiro estava a fim de tocar e solou bastante. Boa apresentação. Com Rashaan Carter (baixo), Adam Jackson (bateria), Craig Hill (saxofone) e Takahiro Izumikawa (teclados).
Assisti a um show da Deanna Bogart em Paraty, com o Eduardo Ponti na guitarra, em um palco um pouco menor, mas já havia gostado da energia que ela coloca em suas apresentações. 
Aqui não foi diferente, já recuperado da Covid, Big Joe Manfra, responsável pela turnê de Deanna no Brasil, juntou a cozinha Master Chef para os shows em Rio das Ostras, Cezar Lago (baixo) e Cláudio Infante (bateria).
Deanna ataca em duas frentes, teclas e saxofone. Além de cantar e compor, claro. O show começou com Vegas e In The Rain e, na segunda, um super solo de Deanna desandou para um duelo com o Manfra de arrepiar. Agora, de quebrar mesmo foi o solo do Infante terrible (sou dado a trocadilhos desgraçados, mesmo), em Ethels Place. Hoje tem mais em Iriry.

Deanna Bogart e Big Joe Mnfra (foto: Cezar)

Quando a Blues Etílicos subiu ao palco já era pra lá da uma da matina e acho que os caras acharam que tinham de acordar a plateia. Pensem em um som alto. Então, estava mais alto. Mas com a qualidade de CD que o Jerubal Matuzalem Liasch, o produtor técnico de som mais respeitado dessas paradas, está costumado a entregar. 
Em mais de uma hora de som, a Blues Etílicos, a banda de blues brasileiro mais longeva do país, somando 35 anos, emendou uma clássica atrás da outra, Misty Mountain, Puro Malte, Dente de Ouro, 3º Whiski, 3000, Safra 63, Cerveja (essa o Takuya gosta), a inédita Waterfalls e encerrando com Espelho Cristalino. Não tenho a conta de quantos shows já assisti dessa banda que tenho a honra de produzir a cerveja oficial, mas posso garantir, esse foi um dos melhores. Longa vida a Blues Etílicos.
No final do shows fiz uma foto com os blueseiros do Rio que estavamo por ali pra ver a banda: Cláudio Bedran, Flávio Guimarães, Ângelo Nâni, Raphael Castrol, Caru de Souza, Beto Werther, Big Joe Manfra, Eduardo Coimbra, Cesar Lago, Rabicó, Otávio Rocha, Marcus Kenyatta e Murilo Brugger. 

Deanna Bogart (foto: Eugênio)

Deanna Bogart e cozinha Master Chef, Cezar Lago e Cláudio Infante (foto: Eugênio) 

Cláudio Bedran - Blues Etílicos (foto: Eugênio)

Otavio Rocha e Greg Wilson - Blues Etílicos (foto: Eugênio)

Flávio Guimarães - Blues Etílicos (foto: Eugênio)

Takuya Kuroda (foto: Eugênio)

Cláudio Bedran, Flávio Guimarães, Ângelo Nâni, Raphael Castrol, Caru de Souza, Beto Werther, Big Joe Manfra, Eduardo Coimbra, Cesar Lago, Rabicó, Otávio Rocha, Marcus Kenyatta e Murilo Brugger (foto: Eugênio)

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Diário de Rio das Ostras 2022 - Quinta-feira, 16 de junho - 1º dia

 

Bidu Sous, Ana Clemesha e Caru de Souza - As Mulheres do Blues (Cezar Fernandes)

Texto: Eugênio Martins Júnior
Fotos: Cezar Fernandes e Eugênio

Sete meses após a última edição, Rio das Ostras recebe entre os dias 16 e 19 de junho de 2022 o famoso festival de jazz e blues que a colocou no mapa da música mundial. 
Esse ano o evento faz parte de um circuito que inclui Búzios, Paraty, Niterói e Barra do Piraí, o Circuito Sesc Jazz.
Estou acompanhando desde Búzios porque faço a produção executiva de As Mulheres do Blues, show que criei com a ajuda das cantoras Caru de Souza, Bidu Sous, Ana Clemesha, Lancaster, Flávio Naves, Bruno Falcão e Fred Barley.
Algumas das bandas vão circular por todas as cidades, mas As Mulheres do Blues cantarão em três. Já fizemos Búzios e Paraty e, ontem, encerramos a primeira noite em Rio das Ostras, no Palco Costazul.
Também como no ano passado, vim dirigindo de Santos com uma pequena escala no Rio de Janeiro. Só que dessa vez procurei um show de blues ou jazz na quarta-feira, mas não achei. Rio de Janeiro, era véspera de feriado, cadê o som? Reage Rio de Janeiro.
Cheguei a tempo de assistir o show do Ari Borger Trio no palco da Lagoa de Iriry. Foi o mesmo show que o Ari, Marcos Klis (baixo) e Humberto Zigler (bateria) fizeram no último sábado em Paraty, baseado no disco Rock’n’Jazz, com Light My Fire, Big Chief, Come Together e só fugindo um pouco com Tim Maia.
A cozinha do Ari já é conhecida do público daqui, o Marcos e o Humberto já tocaram em Rio das Ostras com outros artistas e o Baterista é um show a parte. Gosta de solar e tem a empatia da galera de Iriry que fica ali pertinho do palco. Um a zero pro festival.

Ari Borger ( Cezar Fernandes)

Humberto Zigler (Cezar Fernandes)

E o PT? (Eugênio Martins Jr)

Tá no meio do povão. (Eugênio Martins Jr)

Marcos Klis (Eugênio Martins Jr)

Desde que o palco da praia de Tartaruga foi extinto em 2019 a direção do festival estava procurando outro para colocar o show das 17h. 
Coube ao Takuya Kuroda ser a atração que estreou o novo local, o palco Boca da Barra. Kuroda ficou conhecido por aqui quando veio como sideman da banda do José James. Músico japonês radicado em New York, dessa vez Kuroda veio com a a própria banda, fazendo um show ao mesmo tempo cabeça e dançante. Com uma cozinha cheia de maldade, esbanjando groove, soube fazer a plateia chacoalhar no final de tarde ensolarado de Rio das Ostras. Muita cerveja foi consumida. Inclusive pelo japa, que já tem cara de bebum.
Um pouco por conta da correria que é acompanhar todos os shows e monitorar a banda que estava na estrada, e muito por causa da idade avançada, não fui aos dois primeiros shows no palco principal, o grandão que fica no camping de Costazul.

Takuia Kuroda (Cezar Fernandes)

Perdi Cida Garcia, mas cheguei na metade do show do Nelson Faria Quarteto e no meio do solo de acordeom do Chico Chagas, coisa mais linda. André Neivas (baixo), Marcos Nimrichter (piano) e Márcio bahia (bateria) completaram a gig.
Os irmãos Simi sempre colocam um show de blues no festival e dessa vez foi a vez do gaitista, guitarrista, cantor e compositor Hook Herrera se apresentar a Rio das Ostras. 
De origem mexicana, Herrera vem lá da Califórnia que é mais latina do que saxã, de East San Jose, ou seja, é um Puro Mestizo. 
De cara o cabeludão Herrera atacou de slide instigando os irmãos a solarem juntos com ele em blues tradicionais ao longo do show. 
Quando a batida de Bo Diddley soou alto nos PAs a galera gostou e eu também. Há tempos não escutava aquele som, aquela batida tribal perpetuada por Diddley, também em Who Do You Love. Os Simi Brothers são Danilo e Nicolas Simi (guitarras), Wellington Pagano (baixo) e Pedro Léo (bateria)
As Mulheres do Blues fecharam o dia subindo ao palco 1h20 da madruga com a tarefa de levantar a galera cansada e com frio. Dos três shows que acompanhei, festivais de Búzios e Paraty incluídos, o de Rio das Ostras foi o melhor das Mulheres. Aos poucos as peças estão assentando entre a banda e as cantoras Ana Clemesha, Bidu Sous e Caru de Souza. Let The Good Times Roll foi o primeiro petardo distribuído nas orelhas de quem resistiu e ficou até às 2h30 da madrugada gelada do dia 17 de junho. Depois vieram Pride And Joy, At Last, The Sky is Crying, Move On e outras com as três se revezando entre solo e backing vocals para cada uma brilhar ao seu tempo. 

Caru de Souza (Cezar Fernandes) 

Bidu Sous (Cezar Fernandes)

Ana Clemesha (Cezar Fernandes)

Palco Iriry (Cezar Fernandes)

Palco Boca da Barra (Cezar Fernandes)