sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ficha técnica - Cristian Rigon - Down on the Highway


Essa seção surgiu da vontade em divulgar os lançamentos e prestigiar os artistas de blues e jazz brasileiros e estrangeiros que trabalham duro para gravar seu CD, bem como todos os envolvidos.
Nunca antes na história desse país a cena independente foi tão forte. A popularização dos meios de gravação e o advento da internet proporcionaram isso.
Surfando nessa onda, o Mannish Blog continua com sua missão de divulgar o blues no Brasil.

Músicos: Cristian Rigon (guitarra), Décio Caetano (guitarra), Alexandre Bergman Rodrigues e Camila Dengo (voz), Léozão Reis (bateria), Alexandre França e Marcos Petta (baixo), Toyo Bagoso (harmônica).

Técnico de áudio: Marcos Zambon
Edição e mixagem: Marcos Zambon
Masterização: Marcos Zambon
Produção e arranjo vocal: Camila Dengo
Produção geral: Cristian Rigon
Produção cultural: Cristian Rigon
Design gráfico: Jamwork Estúdio Estratégico
Fotografia: Taty Sperry

Gravado no estúdio DuZamba Records: outubro de 2012 a julho de 2013. Edição e mixagem de julho a agosto de 2013.

Músicas:
1 – Jack’s Boogie
2 – Hey Joe
3 – Waiting for the Wind to Change
4 – Down on the Highway
5 – Get on the Road
6 – This is Chicago
7 – Caddilac Shuffle
8 – Texas Bar

Temas 2, 3, 4, 5, 6 e 8 (letra Alexandre Bergman, música Cristian Rigon)
Temas 1 e 7 música de Cristian Rigon

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A música de Larry McCray carrega soul, feeling e jazz na medida certa. É bom ver e ouvir um músico de blues no auge


Texto: Eugênio Martins Jr
Fotos: Cezar Fernandes

Nascido no Arkansas, sul dos Estados Unidos, região banhada pela música que os negros chamam de blues, o guitarrista e cantor Larry McCray veio de uma família humilde, cuja música que fazia era a única diversão.
A maior influência veio da irmã, Clara, uma exímia guitarrista autodidata. Se hoje é considerado um dos grandes guitarristas de blues da atualidade, McCray afirma que todo esse reconhecimento nada mais é do que a extensão do talento dela.
Ele esteve recentemente no Brasil para uma série de shows. Dois no maior festival de jazz e blues do Brasil, o Rio das Ostras Jazz e Blues para cerca de dez mil pessoas. O outro em uma atmosfera totalmente diferente, no bar do Sesc Santos, com pouco mais de quatrocentas pessoas.
Em ambos, sua Gibson Les Paul fez soar os grandes temas que estamos acostumados a ouvir e pensar: “Na próxima encarnação quero nascer Larry McCray”. São eles, That’s How Strong, Soushine, Blues is My Business, Best in Town, Run, Buck Naked, Don’t Need No Woman, Real Mother for You e Delta Hurricane, que lhe rendeu o apelido.
Em suas passagens anteriores pelo Brasil, Larry apresentou-se no Sesc Vila Mariana e na Virada Cultural de São Paulo. Nas duas teve como banda suporte a Irmandade do Blues. Dessa vez veio com a sua própria banda dos Estados Unidos: Steve McCray (bateria), Kerry Clark (baixo) e Stephen “Sweet Dick” Boone (teclados).
Sua mistura de blues e soul atingiu a perfeição no mais recente trabalho, o CD chamado simplesmente Larry McCray. Aos 54 anos, Larry está empolgado para lançar seu próximo trabalho, um álbum recheado de covers de clássicos do rock and roll dos anos 70, todos com pegada blues.
Larry McCray é um cara humilde, está sempre de bom humor e aberto a uma boa conversa, diferente de seu irmão Steve, um cara de poucas palavras. Essa entrevista foi concedida no seu último dia no Brasil. No caminho do Aeroporto, dentro da van e no meio do trânsito de São Paulo.
Não teria sido possível sem as participações dos produtores Juan, Walter, Sílvio, Manfra e Stênio. Obrigado a todos. Blues is our business and business is good.


Eugênio Martins Júnior – Quando foi a primeira vez que ouviu o blues?
Larry McCray -
Talvez desde o meu nascimento. Cresci em uma cidade pequena do Arkansas, nos Estados Unidos, e minha família não tinha dinheiro. Éramos muito pobres. Todos nós tínhamos de trabalhar e lutar pelas coisas básicas. Mas a música era a maior alegria naquela situação. Era o que a minha família fazia para passar o tempo. Tocávamos para distrair nós mesmos. Foi assim que comecei. Aos seis anos me apaixonei pela guitarra vendo a minha irmã tocar.

EM – Seu aprendizado foi em casa?
LM –
Sim, meu pai e minha irmã tocavam para entreter a família. Meu pai tocava harmônica, era comediante e um bom dançarino. Ela tocava guitarra. Então hoje quando toco meu blues mais profundo, tento refletir sobre esses dias e o que aprendi com minha irmã Clara. Ela foi a primeira a tocar o meu coração com a música. Tinha uma técnica própria, porque quando começou a tocar era muito pequena para segurar uma guitarra, então ela aprendeu a tocar com a mão na parte da frente do braço. Quando cresceu continuou tocando do mesmo jeito. Ela foi a primeira pessoa naquele tempo que ouvi tocar as harmonias nas cordas mi e sol. Costumava dizer que ela tocava música em espanhol (risos). Clara tinha muitas técnicas diferentes e tocava sozinha, se acompanhava tocando os baixos e os solos. Era muito boa, mas nunca teve oportunidade de tocar para muitas pessoas.

EM – Podemos dizer que o seu talento é continuação do dela?
LM –
Penso que as minhas oportunidades me foram dadas por causa dela. Ela não passou pouco tempo por aqui, morreu nova. A primeira vez que toquei numa guitarra foi quando fui com ela para o Arkansas em férias. Em casa eu não podia tocá-la porque era a única coisa proibida. Então criei respeito pelo instrumento e ela percebeu isso e começou a me ensinar.   


EM – E seu irmão Steve, vocês sempre tocaram juntos?
LM –
Sim, comecei aos 12 anos. Steve é meu irmão mais novo e começou cinco anos depois de mim. Tínhamos outro irmão que começou a aprender baixo um ano depois de mim e como precisávamos de um baterista Steve preencheu a vaga. Isso foi nos anos 70, comecei em 1972. 

EM – Essa é a primeira vez que você vem ao Brasil com a banda completa dos Estados Unidos, mas já esteve algumas vezes aqui, sempre tocando com músicos brasileiros. Como vê esse intercâmbio?
LM -
Pra mim é muito importante estar na América do Sul. O Brasil tem um sabor diferente. É uma nova inspiração com sua música e seu povo. É o que tenho procurado toda a minha vida. Sempre fiz jazz e outras músicas e estar com os músicos brasileiros aumentam a meu conhecimento. Vocês têm muito ritmos que não temos nos Estados Unidos e todas as vezes que estive aqui compartilhei desse conhecimento.

EM – Você conhece a cena blueseira brasileira? Soa estranho pra você os brasileiros tocando blues?
LM –
Bem, o blues é o mesmo em todos os lugares. O que diferencia são as formas de abordagem. Mesmo nos Estados Unidos e suas diferentes regiões. Os caras de Memphis não tocam igual aos de Detroit. Os caras do Texas não tocam igual aos da costa oeste. As diferenças nos estilos mostram as influências de cada um. O som da costa oeste é mais dançante. O Texas é mais forte, mais cheio de shuffles, por exemplo, Stevie Ray Vaughan. O Shuffle de Chicago é diferente do Texas. Os músicos de New Orleans tocam uma coisa muito diferente de todos. Talvez seja em todos os Estados Unidos o lugar mais parecido com o Brasil. Lá há pessoas do Haiti, Caribe, do sul do país, uma mistura de pessoas de todos os lugares. Uma cultura única.


EM – Uma panela de pressão cultural.
LM –
Exatamente. E acho que é assim no Brasil. É o que faz a música ser tão especial aqui. O jazz influenciou o samba e nasceu a bossa nova. Na América nós amamos a bossa nova. Gostaria de estudar mais sobre isso, mas nunca tive essa oportunidade. O que aprendi com os músicos brasileiros me custaria muito dinheiro na minha terra (risos).

EM – Você faz uma mistura de blues e soul e o teu jeito de tocar guitarra é às vezes forte e às vezes suave e limpo. Como você construiu esse estilo?
LM –
Tentando me tornar versátil. Música é igual a comida, todos têm suas preferências, mas não quer dizer que você vai comer a mesma coisa todos os dias. Pra mim é assim, fui influenciado pelo R&B, pela soul music. Amo Gladys Knight, Marvin Gaye, James Brown...

EM – E guitarrista?
LM –
Um dos meus favoritos é o Larry Carlton. Porque ele tem influência de outras culturas em sua música. E ele sabe o que fazer com o jazz. Sempre que posso saio um pouco do blues. Essa é a minha filosofia. Gosto de tocar um lick de blues, mas incorporar outras influências. Dou uma voltinha lá fora, mas sempre volto pra casa. As pessoas procuram coisas novas e gosto de dar a elas outras coisas além dos 32 compassos. Elas entendem e dizem ok. Acho que esse é o meio de a música se manter viva e crescendo. Alguns antes de mim sacaram isso, Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Junior Wells, Buddy Guy, BB King, Albert King. Todos os grandes tiveram ideias novas.



EM – Gostaria que falasse sobre a banda que está te acompanhando.
LM –
Bem, eu e Steve temos uma telepatia natural para a música. Ele é meu irmão. Posso olhar pra ele e saber que caminho está tomando. E ao contrario também, a única coisa que eu tenho de fazer é olhar e ele já sabe o que eu quero. Kerry tem o mesmo background que nós e quando juntou-se à banda, Steve e eu demos a ele uma perspectiva que nunca havia tido. Ele é muito forte em R&B, Soul e Gospel. E isso é muito bom pra mim, porque talvez não seja tão forte em algumas dessas áreas. Aprendo muito com ele. Já com Stephen Boone tocamos apenas há dois anos, mas o conheço desde criança. Ele tem a idade dos meus filhos. Sua abordagem musical é mais jazz e fusion. Eu e meu irmão temos mais influência do blues e da soul music. Nós temos o nosso próprio melting pot.

EM – Você pode falar sobre a sua amizade com outro grande guitarrista da sua geração, Michael Burks, morto recentemente?
LM -
Nos conhecemos em Memphis 1992. Michael Burks é um dos caras que venceram o concurso Albert King. Ouvia as pessoas falarem Michael Burks, Michael Burks, Michael Burks... você precisa ouvir esse cara. Um dia ele me viu na rua e perguntou se eu era irmão de Clara Mae. A resposta que me veio era: “Quem é esse cara que conhece minha irmã?” (risos). Ele disse que o pai dele, Fred Burks, tocava baixo na banda dela com E.D. Mullins nos teclados e Bob Joe Hendricks na bateria. Oito meses depois o encontrei de novo e ele me chamou de primo, porque viveu na mesma cidade da minha família, Camden, no Arkansas. Cheguei em casa e perguntei pro meu irmão mais velho se ele era o meu primo e ele me disse: “Cara, se você tiver algum problema com alguém, deixa ele ser o teu primo” (risos). Quando novo, Michael era um garoto gordo, mas quando cresceu se tornou um cara forte e poderoso. Era um cara muito gente fina quando gostava da pessoa, mas não fazia questão de agradar quem não gostava. Então era melhor tê-lo como primo (risos). Talvez a árvore de nossas famílias tenham se cruzado em algum momento, não sei. O irmão dele, Fred Junior, que também toca baixo ainda me chama de primo. Gostamos de falar um pouco sobre o Michael só pra lembrá-lo.

EM – Você está gravando um CD novo, o Gibson Sessions, gostaria que falasse sobre isso.
LM –
Bem, o novo CD é um álbum de covers. Não há músicas originais. São clássicos de rock os quais as pessoas estão familiarizados. O conceito foi o de fazer um trabalho popular, mas mudando os arranjos e os tons. As músicas serão conhecidas pelas letras e algumas melodias. Mas já voua avisando, estão bem diferentes. 


EM – Você pode dizer quais músicas estarão nesse CD?
LM –
Can’t You See, Marshall Tucker; Stealin’, Uriah Heep; Waitin’ For the Bus, ZZ Top; I’m No Angel, Allman Brothers); Them Changes, Buddy Miles); Needle and Spoon, Lynyrd Skynyrd; Unchained my Heart, Ray Charles; Wild Horses, Rolling Stones; Love the One You With do Crosby Stills and Nash, mas em blues shuffle. As pessoas poderão curtir todos esses clássicos de uma forma diferente e espero que gostem da nova roupagem.

EM – Você acaba de participar do maior festival de blues e jazz do país, o que achou?
LM –
Foi grande e muito bom estar lá e ouvir toda aquela diversidade. Tive a chance de ver Marcus Miller, um dos meus heróis. Foi especial por ver a magnitude dos artistas brasileiros que participaram. São grandes estrelas da música, foi uma honra fazer parte disso. Tivemos contato com muitos jovens que gostam de blues e que nos passaram muito boas vibrações.

EM – O que o levou a fundar seu próprio selo?
LM -
Quero fazer a música que eu escolhi. Quando você está em um selo, às vezes eles interferem nas músicas, eles detêm o controle. Dessa forma eu toco o que quiser. O problema é que tenho mais responsabilidade na promoção. Se você está em um selo grande e eles não promovem o teu trabalho eles também perdem. Em um pequeno selo você não lida com grandes números e nem tem muito suporte, mas tem muito mais controle sobre a sua música.             
                 
EM – Blues é is your business. Business is good?
LM –
(risos) Business is business. Sim o negócio é bom. Muitas pessoas na mesma posição que eu têm menos oportunidades. Mas tenho fome. Sou agradecido por todas as oportunidades, mas sempre quero mais.






quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sobre a falta de água e a política cultural da Sabesp, um verdadeiro volume morto


Estamos vivendo talvez a situação mais grave de desabastecimento de água da história do estado de São Paulo. Uma calamidade.
O governo do estado evita ao máximo usar a palavra racionamento, mesmo que muitos moradores já passem por isso.
Mas o que é que esse assunto, amplificado pela proximidade da eleição, tem a ver com cultura? Explico.
Entre o final de 2011 e início de 2012 aprovei um projeto de um grande festival de música no Ministério da Cultura (MinC) pela Lei Rouanet.
Para quem não sabe, essa lei prevê a transferência de dinheiro de impostos das empresas aos projetos culturais e sociais aprovados, desde que atenda rigidos critérios.
De certa forma, é emprego de dinheiro público. Para ser aprovado, o projeto passa pelo crivo de “pareceristas” escolhidos a dedo pelo MinC que, além de julgarem a capacidade do produtor em viabilizar o evento, julgam também a relevância social e cultural do projeto.
Pois bem, o festival seria realizado em Santos, no local conhecido como Emissário Submarino, uma área que ficou abandonada por décadas, mas agora se encontra revitalizada. Na verdade, essa área abriga um equipamento da Sabesp, construído ali nos anos 70.
Seria realizado em três dias, cada dia com três shows. Entre as atrações, estavam previstas o que há de melhor na música instrumental brasileira, todos listados no projeto.
A novidade estava na proposta além da música. Decidi que não iríamos apenas pegar o dinheiro dos patrocinadores e empregar no festival. Além da boa música, daríamos um retorno maior à sociedade. Esse festival teria um viés de sustentabilidade.
Todos os itens da produção e a estratégia de divulgação seriam limpos. Ou seja, não seriam distribuídos panfletos para não sujar as vias públicas; não haveria a utilização de lambe-lambe; os impressos seriam em papel reciclado; na divulgação usaríamos bicicletas, balões e intervenções musicais em pontos de grande circulação; os geradores funcionariam com biodiesel e dispositivo anti-ruído; haveria pontos de coleta com lixeiras especiais para material reciclável; haveria banheiros químicos e acesso para portadores de necessidades especiais; recolheríamos, créditos de carbono relativos ao consumo energético do evento; doaríamos mudas de espécies de plantas locais para reflorestamento; firmaríamos parcerias com empresas especializadas em serviços de reciclagem que fariam o peneiramento do entorno da área do festival, visando a retirada de detritos. O objetivo seria entregar o local mais limpo do que encontramos. Ou seja, além do legado cultural, deixaríamos um legado ambiental. Uma total mudança de conceito. 
Nesse bojo, um item muito importante seria o espaço para educação chamado Tenda Sustentabilidade. Um espaço com cadeiras, equipamento de som e vídeo destinado a palestras educativas relativas ao uso consciente da água. Palestrantes iriam orientar a população a economizar água em seu dia a dia. Haveria debates sobre o porto de Santos, a qualidade da água das praias e as empresas patrocinadoras poderiam mostrar o que estariam fazendo para economizar água e a favor do meio ambiente.
No processo de captação, no início de 2012, usei todos os artifícios, argumentos e amizades possíveis. Inclusive conexões políticas, pessoas influentes aqui em Santos que simplesmente acreditaram na ideia e deram a maior força. Atualmente duas dessas pessoas ocupam importantes cargos públicos, mas na época não. A elas sou grato.  
Após alguns contatos, as portas da Sabesp foram abertas para apresentação do meu projeto. A reunião foi marcada para 16 horas, do dia 05 de dezembro de 2012, na sede da empresa, rua Nicolau Gagliardi, 313, em Pinheiros, São Paulo.
Eu e o coordenador do meu projeto subimos a serra do mar rumo a São Paulo e enfrentamos o trânsito problemático de cidade para chegar no horário marcado.
Fomos recebidos pelo responsável pela superintendência de comunicação da Sabesp que já entrou na sala de reuniões dizendo que seria muito difícil a empresa patrocinar o projeto, sem antes mesmo de ter ouvido e visto o material que eu havia levado. Se não uma falta de educação, uma total falta de profissionalismo. 
Após esse banho de água fria tentei manter a calma e argumentar que estava ali vindo de Santos e que ele poderia pelo menos tomar conhecimento do projeto. Esperava sensibilizá-lo durante minha explanação. Após alguns momentos em pé ele concordou em ouvir.
Detalhadamente expliquei todos os itens descritos acima, enfatizando o trabalho de conscientização sobre o consumo de responsável água. Após tudo isso, veja o diálogo que se seguiu:

Sabesp: Não vamos patrocinar porque esse tipo de evento não nos dá retorno.
Eugênio: Depende do tipo de retorno que você quer ter. Se for a conscientização da população, acho que dá sim.
Sabesp: A última vez que apoiamos um festival desse tipo a Sabesp foi vaiada.
Eugênio: Não seria talvez porque vocês fazem buraco e não tampam. Por coincidência, minha mãe de 79 anos está com o olho roxo por causa de um tombo em um buraco da Sabesp que estava aberto. Acho que a empresa deveria fazer uma autocrítica.
Sabesp: Além disso, gastamos muito dinheiro com uma campanha pra televisão com os cantores Fernando e Sorocaba que estréia nesse verão.
Eugênio: Olha, se vocês apoiarem o festival não acontecerá só esse ano. A campanha será sistemática e atingirá milhares de pessoas.
Sabesp: Infelizmente a Baixada Santista não é nosso foco no momento.

A reunião acabou fria. Deixei o meu material e fui embora, o trânsito do horário do rush de São Paulo me esperava. 
No dia seguinte enviei educadamente um email agradecendo pela reunião. Veio uma resposta cortês dizendo que se houvesse interesse, a empresa entraria em contato. Nunca aconteceu.

Algumas considerações:

1 – A Sabesp tem o direito a apoiar ou patrocinar quem bem entende, só não somos obrigados a concordar com os motivos e a forma de como isso é feito.
2 – Apesar do apoio de órgãos municipais, o festival nunca aconteceu por falta de captação. Então porque eu estou reclamando da Sabesp? O uso responsável de água seria a razão de ser do evento e a Sabesp foi convidada para patrocinador máster. Algumas das empresas que visitei disseram que entrariam na parceria caso a Sabesp patrocinasse. 

3 – O fato de a Sabesp ter sido vaiada em um festival aberto, não quer dizer que a culpa seja do festival. Uma das funções do profissional da comunicação seria detectar o motivo que levou a empresa ganhar essa imagem negativa. 

4 – Não sei quanto custou a campanha com o Fernando e Sorocaba para a TV, mas sei que com esse dinheiro a Sabesp poderia patrocinar muitos eventos ligados à sustentabilidade e que teriam muito mais efeito.

5 - É bom lembrar que no site da empresa, no campo Uso Racional da Água, consta o item “Conscientizar a população da questão ambiental visando mudanças de hábitos” em seu programa relativo ao meio ambiente. Não se trata aqui de desqualificar o trabalho feito pela Sabesp até então. Não sou técnico e nem tenho competência pra isso. O que está sendo questionado é o apoio da empresa em eventos culturais que não tocam sequer no assunto meio ambiente, quanto mais o consumo responsável de água.

6 – E o mais importante de tudo. Qual seria o “retorno” pretendido pelo burocrata da Sabesp senão a conscientização da população sobre a economia de água? Com palestras, ações promocionais, eventos educativos, tudo isso realizado em cima de um equipamento da Sabesp e em uma cidade que tem 100% de esgoto tratado. Há propaganda positiva melhor do que essa?
Para quem teve paciência de ler esse texto até o final, quero dizer que visitei muitas empresas e me correspondi com outras tantas na fase de captação. Gastei dinheiro do próprio bolso nessa peregrinação, e não foi pouco.
A maioria das empresas não se sensibilizou com o apelo da economia de água, nosso bem mais importante, e toda a estrutura sustentável do festival.
Hoje vivemos na iminência de um racionamento. Pelo menos no estado de São Paulo. Acredito que alguma coisa esteja errada nos setores de marketing e meio ambiente das empresas e duvido da sinceridade delas quando dizem que estão preocupadas com o meio ambiente.

Assumo aqui a minha incompetência por não ter conseguido sensibilizar os diretores de marketing dessas empresas.
Porém, por ser tratar de jovens que usam sapatênis da moda e supostamente deveriam ter a mente aberta, não esperava tanta frieza, desinteresse e desconhecimento sobre o tema sustentabilidade.  

PS: Sabesp, por favor, tape seus buracos. Reais e conceituais.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Eric Gales retorna ao Brasil para uma série de shows em agosto

A banda vem com as feras que sempre acompanham o guitarrista de Memphis em todas as suas turnês pelo país: Ugo Perrotta (baixo), Alexandre Papel Loureiro (bateria) e Fred Sunwalk (guitarra)

Eric Gales no Teatro Coliseu de Santos 2006  
Clique na foto para ampliar

Eric Gales, um dos grandes guitarristas do blues/rock norte americano retorna ao Brasil em Agosto para uma série de shows. A última vez que Gales esteve no Brasil foi em 2006.
Os shows acontecem no Teatro Rival (RJ), dia 21 de agosto; Sesc Barra Mansa (RJ), dia 22; Bolshoi Pub, Goiânia (GO), dia 23; Fest Bossa & Jazz, Praia da Pipa, dia 24, e workshop no auditório do Sesc Natal, dia 25, (ambos em RN) e dia 28, encerrando a turnê, no Gillan’s Inn, São Paulo (SP).
Biografia - Gales começou a tocar guitarra aos quatro anos com seu irmão mais velho, Eugene Gales. Aos 11 anos ganhou concursos regionais de blues amador nos EUA, sendo imediatamente comparado a Jimi Hendrix, apesar de ser destro.
Influenciado pelo avô, Dempsey Garrett, conhecido por tocar com músicos como Muddy Waters e Howlin Wolf, passou a tocar com a mão esquerda, com a guitarra invertida e sem mexer na posição das cordas.
Ao lado do irmão Eugene Gales (baixo e vocal) e de Hubert Crawford Jr. (bateria), lançou em 21 de maio de 1991 o primeiro disco da chamada Eric Gales Band, com o hit Sign of the Storm ganhando as rádios e a MTV.
Nesta época também venceu a categoria “novos talentos” uma votação dos leitores da Guitar World Magazine, enquanto a Spin Magazine aclamava sua música apontando seus fãs ilustres, Carlos Santana, Mick Jagger, Keith Richards, B. B. King e Eric Clapton.
Com 12 álbuns no currículo, Eric Gales já esteve duas vezes no Brasil, em 2003 e 2006 quando lançou o disco  Crystal Vision.  Headliner da Experience Hendrix Tour 2014 organizado por Janie Hendrix, irmã do gênio de Seattle, Gales foi eleito em 2010 o melhor guitarrista de Blues dos EUA, e em recente post de 2014, o guitarrista e digitador Joe Bonamassa escreveu em seu Twiter: ”Eric Gales é um dos maiores guitarristas do mundo, senão o maior de todos“

Duelo entre Eric Gales e Mauro Hector no show produzido por mim no Teatro Coliseu de Santos - 2006

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

New Orleans itinerante - Bourbon Street Fest 2014

A 12° edição do Bourbon Street Fest acontece entre os dias 16 a 24 de Agosto na famosa casa de shows e no Parque Ibirapuera. Dia 17 de agosto o festival migra para o Rio de Janeiro e dia 22 para Brasília


O festival é uma celebração à música, à cultura e à culinária da Louisiana, trazendo ao Brasil o alto astral e a descontração de New Orleans. O Bourbon Street Music Club receberá de dois a três shows por noite ao longo da semana, de 19 a 23, além de oferecer um cardápio com novas opções da gastronomia da Louisiana durante o período do festival.
Como já se tornou tradição, o menu será inspirado na gastronomia cajun e créole, com pratos levemente condimentados, resultado da combinação das culturas francesa, espanhola, africana e indígena, que formaram o grande caldeirão cultural da Louisiana. E para o período do festival deste ano, algumas versões dos mais tradicionais pratos de New Orleans, dentre eles o Jambalaya, serão apresentados em releituras assinadas pelo chef Luís Fernando Sanguini.
A abertura e o encerramento com shows gratuitos acontecem no Parque do Ibirapuera. Demais shows acontecem na casa da Rua dos Chanés, que completa 20 anos.
Neste ano, o line up do festival que traz ao Brasil a diversidade musical de New Orleans, tem como nome principal Allen Toussaint, pianista, compositor e produtor, que compôs para os maiores nomes do R&B e do rock, o que fez dele uma lenda de New Orleans.
Também fazem parte do cast figuras locais, entre eles, o guitarrista blueseiro Walter “Wolfman” Washington e Rockin' Dopsie, Jr. & The Zydeco Twisters, que mantem a tradição do Zydeco com o acordeom e washboard.
O Bourbon Street Fest recebe ainda uma das verdadeiras lendas do jazz, Germaine Bazzle e a 504 Experience, e também o jazz moderno do trombonista Glen David Andrews;  a cantora e guitarista Mia Borders, uma das mais talentosas surpresas da nova geração e a brass band Brass-A-Holics. 
Nos shows gratuitos ao ar livre quem dá as boas vindas é a Orleans Street Jazz Band, um autêntica Street Band circula entre a plateia e aquece o publico antes das atrações principais. Na casa, durante a semana o Bourbon Street Jazz Quartet abre as noites de sexta e sábado e o Dj Crizz, há 5 anos como residente, mantem o clima nos intervalos dos shows.

Serviço

Local: Bourbon Street | Rua Dos Chanés, 127 – Moema – SP
Bilheteria Bourbon Street: Rua dos Chanés 194 – de 2ªf.a 6ª.f das 9h às 20h, sábado e feriado das 14h às 20h
Fone para reserva: (11) 5095-6100 (Seg. a sexta) das 10h às 18h
Ingresso rápido - 11 4003 1212 - www.ingressorapido.com.br
Censura: 18 anos e 16 anosacompanhado de responsável
Capacidade: 400 pessoas
Estacionamento/ Valet: R$ 20,00
Aceitatodososcartões de débito e crédito.
Acesso para deficientes.
Arcondicionado.
Homepage:http://www.bourbonstreet.com.br/

Programação

16 / 08 – domingo - abertura - Parque do Ibirapuera – GRÁTIS
Local : Parque do Ibirapuera - Portão 10 – Av. Pedro Álvares Cabral s/n – Arena de Eventos, próximo Museu Afro Brasil
 
15:30 – Orleans Street Jazz Band
16:00 – Germaine Bazzle& 504 Experience
17:30 – Allen Toussaint
19:00 – Brass-A-Holics

19 a 23 / 08 – shows no Bourbon Street Music Club

19/08 – terça-feira
21h00 - Allen Toussaint
22h30 – Brass-A-Holics
DJ Crizz – nos intervalos

20/08 – quarta-feira
21h00 – Mia Borders
22h30 – Walter “ Wolfman” Washington& The Roadmasters
DJ Crizz – nos intervalos

21/08 – quinta-feira
21h30 – Glen David Andrews
23h00 - Rockin' Dopsie, Jr. & The Zydeco Twisters
DJ Crizz – nosintervalos

22/08 – sexta-feira
21h30 - Bourbon Street Jazz Quartet
22h30 – Mia Borders
00h00 – Brass-A-Holics
DJ Crizz – nos intervalos

23/08 – sábado
21h30 - Bourbon Street Jazz Quartet
22h30 - Germaine Bazzle e a 504 Experience
00h00 - Rockin' Dopsie, Jr. & The Zydeco Twisters
DJ Crizz – nos intervalos
 
24 / 08 – domingo– Encerramento - Parque do Ibirapuera – GRÁTIS
16:00 – Walter “Wolfman” Washington & The Roadmasters
17:30 – Glen David Andrews
19:00 – Rockin´Dopsie Jr. & The Zydeco Twisters

Clique na foto para abrir

Artistas
 
Allen Toussaint – o pianista, compositor, arranjador e produtor de sucessos dos Rolling Stones, The Who, Paul McCartney, Eric Clapton, Elvis Costello, Paul Simon, Etta James e John Mayall, vem ao Brasil pela primeira vez.    
Um dos mais célebres músicos de New Orleans, Allen Toussaint é reverenciado pela nata musical de New Orleans, Estados Unidos e Europa.
Produtor, compositor, arranjador e pianista, Toussaint nasceu em 14 de janeiro de 1938, em Nova Orleans, e começou a aprender piano aos sete anos de idade.
Fortemente influenciado por Fats Domino, Huey "Piano" Smith e Ray Charles, ainda adolescente tocou em uma banda chamada The Flamingoes com o bluesman Snooks Eaglin. A lista daqueles que se beneficiaram de um jeito ou de outro de seu toque é infindável e vem de 1950 até os dias de hoje. Seu trabalho por trás de grandes nomes da música norte-americana foi suficiente para fazer dele uma lenda do R&B de Nova Orleans.
Como compositor, Toussaint provou ser um hitmaker consistente, comparável ao compositor maior da Motown, Smokey Robinson, tendo escrito algumas das pérolas que se tornaram clássicos do R&B, e que foram cantadas por inúmeros artistas que trabalham com estilos diferentes como o rock e o blues, principalmente a partir dos anos 1970. Mesmo com participações em diversos álbuns onde se destacou por sua voz descontraída e um trabalho de piano elegante, nem sempre foi a figura mais visível. 
As contribuições de Toussaint para a música de Nova Orleans - e para o rock & roll em geral - foram de tal forma importantes, que ele foi indicado para o Hall of Fame do Rock and Roll em 1998.
Em 1958, Toussaint gravou um álbum instrumental para RCA chamado “The Wild Sound of New Orleans”, sob o pseudônimo Tousant, e uma das composições do disco, "Java", tornou-se um grande hit. Na época, ele também começou a escrever sob o pseudônimo Naomi Neville.
Em 1971 lança seu primeiro álbum solo em mais de uma década, chamando-o simplesmente de “Toussaint”, e no ano seguinte apresentou no mercado “Life, Love and Faith”. Durante a primeira metade dos anos 1970, trabalhou com nomes como Paul McCartney, The Band, Little Feat e Albert King, e produziu alguns dos mais importantes álbuns de Funk de Nova Orleans: Dr. John, "Right Place”, e o número um do disco-funk de Patti LaBelle, "Lady Marmalade".
Em 1975, Toussaint lançou o que muitos consideram como seu melhor álbum solo, “Southern Nights”, cuja faixa título se tornou um enorme sucesso através do pop star Glen Campbell. No ano seguinte, produziu o grupo The Meters, cuja estréia foi aclamada como um clássico do funk. Ao longo dos anos, produziu ótimos discos e canções memoráveis que alcançaram grandes destaques nos chats americanos e em todo o mundo.
Nos últimos 15 anos, seu trabalho experimentou um crescimento ainda maior de reconhecimento. Desde 96, gravou vários álbuns e colaborou nos trabalhos de nomes como Elvis Costelo e Eric Clapton. E, recentemente, o presidente Obama o condecorou com a Medalha nacional das Artes em cerimônia na Casa Branca.
Sua banda vem com Allen Toussaint (piano e voz), Clarence “Reginald” Toussaint (percussão), Herman LeBeaux Jr (bacteria), Roland Guerin (baixo), Renard Poche (guitarra) e Gary Brown (sax).


Brass-A-Holics - Onde mais você pode ouvir Chuck Brown, Miles Davis, Nirvana, John Coltrane, Wham, Cyndi Lauper, Kanye West e Louis Armstrong, tudo em um set?
Revelação e grande sucesso do último Festival de New Orleans, um show do Brass-A-Holics é uma experiência singular que ganha vida e excitação diante dos olhos e ouvidos das plateias.
Com o Brass-A-Holics.
Foi em 2010 que o The Brass-A-Holics Band e o The Go-Go Brass Funk  juntaram as forças para honrar as tradições da blackmusic, em mais uma excelente combinação de cultura e música da grande cidade de Nova Orleans, Louisiana. A união dos dois grupos criou um núcleo composto por trombone, trompete, saxofone e sousaphone, mas também adiciona um conjunto completo de bateria, percussão, teclado e uma guitarra elétrica.
Com Winston Turner (trombone), Tannon Williams (trumpete), Robin Clabby (sax), Keiko Komaki (teclados), Matt Clark (guitarra), Dwayne Muhammad (percussão), Reggie Nicholas (bateria), DJ Raymond (baixo) e Herbert McCarver (tuba).

Germaine Bazzle & 504 Experience - Uma verdadeira diva do jazz, Germaine Bazzle é mais um grande talento nascido no celeiro musical de Nova Orleans. 
Sua opção de dedicar-se mais ao ensino de canto do que aos palcos e estúdios explica porque ela não se tornou mundialmente famosa.
Seu grande alcance vocal e a maestria no controle da dinâmica tornaram seus scats lendários, influenciada por grandes nomes como Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald e Billy Eckstine, assumiu um repertório de jazz clássico e canções populares americanas.
Ela já gravou com Wynton Marsalis e Dianne Reeves, e é atração esperada e aplaudida todos os anos no New Orleans Jazz Fest, o maior evento do gênero no mundo.
Com GermaineBazzle (voz), Mitch Player (baixo), Ocie Davis (bacteria), Larry Sieberth (piano) e Christian Winther (sax).

Glen David Andrews – Seu projeto, “Redemption”, de 2014, relaciona sua própria vida a de sua cidade, recuperada após uma grande tragédia. O músico que renasceu do abuso de drogas e de álcool, assim como Nova Orleans ressurgiu das cinzas deixadas pelo furacão Katrina.
Andrews vem de uma família de músicos e nasceu no que muitos consideram ser a mais antiga comunidade negra nos Estados Unidos, Treme, onde a luta pela sobrevivência é diária. Junto com seu primo mais novo, Troy "Trombone” Shorty, absorveu lições musicais da vida, aprendendo a história da tradição de uma banda de metais, a partir de figuras icônicas como Tuba Fats. Ele também aprendeu o poder da cultura do carnaval da cidade, o Mardi Gras.
Com Glen David Andrews (trombone e voz), Ron Williams (baixo e direção musical), Josh Starkman (guitarra), James Martin (saxophone), Glenn Hall (trumpete) e Walter Harris (bacteria).

Mia Borders - Com sua voz infinitamente doce e composições com molduras emocionais, Mia Borders encarna o espírito de sua cidade, New Orleans.
Depois de entrar na cena musical em 2005, com “Good Things”, Borders lançou vários álbuns e se apresentou por todo  EUA.
Seu mais recente trabalho, Quarter - Life Crisis (2013), desenvolvido por Warren Riker e produzido por Anders Osborne, mostra o lado ousado da artista, com uma coleção de canções mais pessoais e intimistas. Um registro de boa música e de grande intensidade.
Com Mia Borders (voz e guitarra), Jesse Morrow (baixo), Robert Lee (bacteria), Takeshi Shimmura (guitar).

Rockin ' Dopsie Jr. & The ZydecoTwisters - Desde a morte de Alton Rubin, em 26 de agosto de 1993, a família Dopsie prometeu manter sua memória viva através da banda Rockin ' Dopsie Jr. & The ZydecoTwisters, liderada por seus filhos Dopsie Jr. (acordeonista, vocalista e tocador de washboard) e Alton Jr (bateria).
Ao fazê-lo, a banda tornou-se um fenômeno que rendeu notoriedade internacional, apresentando um Zydeco (estilo de música folk norte-americana derivado da população francesa da Louisiana) com a convicção e a autenticidade de sua rica herança.
Um aspecto que diferencia a Rockin ' Dopsie, Jr. & The ZydecoTwisters, é que nenhuma outra banda de Zydeco foi liderada por um músico que também toca com primazia washboard.
A performance do grupo no último New Orleans Jazz and Heritage Festival, em 2014, honrou a memória de Rockin ' Dopsie, e os músicos esperam reedita-la no Bourbon Street Fest desse ano.
Com Rockin' Dopsie Jr (voz e washboard/percussão), Michael Rubin (acordeon), Alton Rubin Jr (batería), James Charles Hudson (trumpete), Milton Lewis (sax), Shelton Sonnier (guitarra), Keith Vinet (teclado) e Alonzo Johnson Jr (baixo).
 
Walter “Wolfman” Washington - Tornou-se uma lenda local nos clubes de blackmusic de Nova Orleans nos anos 70/80, e lançou uma série de álbuns que foram bem sucedidos. Guitarrista inovador e cantor de primeira, transita com fluência pelo R&B, soul, funk, jazz, e blues.
Trabalhou com grandes ícones, como o vocalista Johnny Adams, e hoje é um dos mais representativos músicos da música negra norte-americana.
Nasceu e cresceu em Nova Orleans, onde começou a cantar no coro de igreja ainda criança. Com o passar dos anos, apaixonou-se pelo Blues e R&B e aprendeu a tocar guitarra. No início dos anos 1960, Washington se tornou membro da banda de Lee Dorsey e depois trabalhou coma cantora Irma Thomas.
Com Walter “Wolfman” Washington (guitarra e voz), Jimmy Carpenter (sax e voz), Antonio Gambrell (trumpete e voz), Wayne Maureau (bateria) e Jack Cruz (baixo e voz).

terça-feira, 29 de julho de 2014

Solo é o Manoblues. Junto, Irmandade do Blues. Conheça todas as formas de blues de Vasco Faé

Texto: Eugênio Martins Júnior
Foros: arquivo pessoal Vasco Faé

Vasco Faé é um artista completo: canta, compõe, arranja, produz e toca vários instrumentos. É integrante da Irmandade do Blues, uma das bandas em atividade mais antigas e legais do Brasil.
O outro projeto é solo, no qual Vasco desenvolveu as habilidades de one man band, o Manoblues, que conta com dois discos em estúdio e um duplo ao vivo já lançados. Vasco usa um set muito louco, com vários instrumentos musicais e aparatos eletrônicos.
Durante dois anos integrou a banda Blues Etílicos como cantor, compositor e instrumentista de 2003/05, gravando o CD Cor do Universo e excursionando por todo o Brasil.
Produziu ainda duas coletâneas, Blueseiros do Brasil – Gaitistas e Blueseiros do Brasil – Pororoca; além de produzir seus discos solos.
Entre 2002/12, acompanhou Andreas Kisser, guitarrista da banda Sepultura, em shows pelo Brasil e gravou vozes e gaitas no CD solo de Andreas, o Hubris.
O mais recente trabalho, Manoblues ao vivo, gravado em 2012, é um disco duplo de blues tradicional. Mas também é um CD que tem Samba do Arnesto (Adoniran Barbosa), Medo da Chuva (Raul Seixas) e que mistura Blackbird com Assum Preto e Trem das Onze com Hoochie Coochie Man.
Brasileiro tocando blues não poderia dar em outra coisa. Ao promover o encontro dos estilos, Vasco Faé, assim como outros artistas nacionais, aponta um dos caminhos para a evolução de ambos. Os puristas devem odiar. Mas quem se importa com eles, não é verdade?


Eugênio Martins Júnior – Li em uma entrevista que você começou dedilhando o piano da tua tia. E depois?
Vasco Faé –
Passei por várias experiências musicais antes de levar a música a sério. Eu sentava nesse piano e tentava tirar alguma melodia com as notas. O piano é um instrumento que facilita muito, as notas estão todas lá. Não é preciso uma habilidade específica para fazer o som sair como a gaita ou a guitarra. Tentei antes brincar de violão, mas não deu certo. Aos 16 anos comecei a ter aulas de bateria até montar uma banda com o pessoal da escola, mas também não deu certo porque eu era muito indisciplinado. Pra mim era diversão, não estava a fim de tocar em banda. Tanto é que um dos caras que tem banda até hoje no mesmo estilo, uma coisa meio punk (risos).
Aí a turma que eu estava andando começou a andar com uns caras estranhos e minha mãe me mandou morar em Monte Sião, Minas Gerais, com meu tio. Lá comecei a entrar mais em contato com a música. Meu tio tocava violão e passou a me ensinar algumas coisas. Comecei a desenvolver o gosto pela coisa, prestar mais atenção. Foi ele quem falou que eu tinha voz boa pra cantar. Então passei a acompanhá-lo nas festas. 

EM – E como foi que o blues entrou na tua vida?
VF –
Eu já tinha uma gaita, desde 1987. Andava com ela no bolso. Em 1989 conheci minha esposa e ela me deu um disco do Eric Clapton, o Early Sessions, que ouvi durante meses. Antes disso eu já havia comprado uma coletânea da Atlantic, mas nem sabia o que era blues. Mais pra frente, quando já estava direcionado, ela me deu um disco chamado Hard Again, um dos melhores discos do Muddy Waters. E com ela eu conheci um bar, o Jazz'n Blues, um em Santo André que foi o responsável pelo lançamento de muitas bandas de São Paulo e Rio, entre eles André Christovam, Irmandade do Blues, Blues Etílicos e Big Allanbik. Passei a ir lá todos os fins de semana e aí o dono do bar inventou de formar uma big banda e me chamou. Mas eu não era músico, eu ia aos lugares e tocava do meu jeito, chegava ao ponto de sentar à mesa e colocar a gaita na luz para o reflexo chamar a atenção do músico e ele me chamar pra uma canja. Nunca pensei em ser músico, trabalhava na metalúrgica do meu pai. Então eu ia ao ensaio dessa banda e nunca tocava. O maestro Edu Moreno, que hoje é meu amigo, deve ter achado que eu ia desistir (risos). Os ensaios duravam quatro, cinco horas e eu gravava tudo pra ficar em casa ouvindo. E na época não havia gravadorzinho, eu levava o meu três em um mesmo. Vendo isso ele arrumou uma música pra eu tocar, mas logo a banda se desfez.
Continuei indo ao Jazz'n Blues e me chamaram para dar uma canja no grupo Tá Tudo Blues e depois para integrar a banda que era composta por Edu Gomes que depois iria tocar na Irmandade do Blues, o Ari Borger e o Fernando Janson. Foi meu primeiro trabalho profissional.  

EM – Mas a gaita já era uma coisa séria? Você já estudava o instrumento?
VF –
Sim, mas não tinha professor de gaita nessa época. O gaitista mais conhecido era o Dr Fellgood. O resto estava começando, eu o Serginho (Duarte), o Flávio Vajman. O pioneiro da gaita blues no Brasil foi o Zé da Gaita e depois, nos anos 80, veio o Carlito. No final dos anos 80 o gaitista mais conhecido em São Paulo era o Dr e no Rio era o Flávio (Guimarães), isso na gaita de bend, também conhecida como diatônica.


EM - Gostaria que falasse sobre a trajetória da Irmandade do Blues, grupo que tem mais de 20 anos.
VF –
O cara que estava substituindo o nosso baterista em um show me colocou em contato com um amigo dele que estava formando outra banda. Fui lá e fiz um teste, rolou uma afinidade musical e a banda Blues Dog começou no final de 1992, com Armando Dejulio na bateria, João Carlos no baixo, Jessé Carvalho na guitarra e eu na gaita e vocal. Durante um ano ficou assim e depois entraram o Edu Gomes na guitarra e o Sílvio Alemão no baixo. Quando descobrimos que já havia uma banda chamada Blues Dog mudamos para Irmandade do Blues. Quando o Jessé saiu da banda eu passei a tocar guitarra também. Seis meses depois o Armando saiu e o Fernando Loia entrou na bateria e essa formação permanece até hoje.

EM – Como era a cena nessa época?
VF –
Eu era o cara mais novo na banda e não para me usar de parâmetro. Tive muita sorte no começo por me envolver com os caras que me envolvi. Por exemplo, a Tá Tudo Blues tinha o Edu Gomes que já tocava há quinze anos, tinha o Ari Borger que também já tinha essa bagagem. No grupo que viria a ser a Irmandade, o Armando era um cara que já havia tocado há 15 anos na noite. O Silvio Alemão já tocava na banda Moral e Bons Costumes e tinha experiência de palco. Eu era o cara que queria fazer bagunça e a galera me brecava, “que é isso, vamos ensaiar, vamos tocar”, diziam. E eu queria curtir, fazer as coisas que não havia feito na banda aos 16 anos. Era muito porra louca e continuou quando comecei a tocar profissionalmente. Percebi que quando você tem o domínio daquilo que está tocando, não no sentido de ser o melhor, mas de conseguir se expressar daquela forma, você quer fazer muito aquilo. O Edu me disse que eu não tive infância musical, aquele lance de tocar sem sentido nenhum, bagunçar, coisa que a maioria dos músicos que eu conheci um dia teve na adolescência.

EM – Vocês gravaram o primeiro disco em 1996. Teve um tempo pra preparação, como foi esse começo?
VF –
Gravamos aquilo que a gente tocava. Arranjos de todas as fases até antes do Edu entrar, uma mescla de três anos de formação. No encarte tem o nome de todos que passaram pela banda. Procuramos manter a identidade do começo, tocando um blues pesado. Tentamos manter isso até hoje. O Loia tem uma pegada forte e mais técnica, um repertório mais requintado.


EM – Você veio de uma banda e em determinado momento passou a investir em uma carreira, mas de uma forma diferente, como one man band. Como começou essa história?
VF –
Foi o lance de eu não ter tido uma infância musical. Chegava em casa e sentia a vontade de tocar mais. Curtir sons, experimentar musica e na banda não tinha esse espaço. Os caras queriam ir direto ao assunto, era ensaiar para tocar nos shows. Não tinha ensaio para testar ideias e brincar. Então eu ficava em casa tocando violão.
Um dia meu tio me ligou e disse que a TV Cultura estava passando o show do John Hammond no Brasil. Eu liguei e vi que era aquilo que eu queria fazer. Mas não tinha a menor ideia onde iria arrumar um suporte de gaita, comecei a colar a gaita no violão com durex. Quando eu consegui comprar um suporte de gaita tudo mudou.
Um dia resolvi colocar um bumbo, depois o pandeiro meia lua, depois imaginei como ficaria com uma caixa. Coloquei uma baqueta numa máquina de chimbal e quando a máquina abaixava a baqueta batia na caixa. Hoje uso um pedal de bumbo numa caixa posicionada na vertical. Uso também uma loopstation, onde você grava uma base de guitarra que se reproduz e consigo solar na guitarra também. Consigo fazer solo uníssono de gaita e guitarra. O resultado foi se consolidando com os anos. Vários músicos fazem o one man band no Brasil, mas não sei se com essa complexidade.   

EM – Que ano foi isso?
VF –
Em 1994. E em 1995 passei em frente a um bar e falei com a dona que queria tocar lá. Eu achava que era assim. Quando disse que tocava na Irmandade do Blues ela disse que já conhecia. Comecei a tocar sozinho, gaita, violão e voz. Iam poucas pessoas, mas era uma oportunidade de praticar. Pensava que se não tocasse sozinho não ia me satisfazer musicalmente.

EM – O que você ouvia pra desenvolver esse som?
VF –
Não tinha muito essa história de influência, mas gostava de ouvir Big Bill Broonzy, Robert Johnson. A gaita era livre, não existia o lance de ouvir o gaitista tal. Desenvolvi meu estilo. Aprendi tocar gaita gravando o que tocava e depois escrevia e tentava fazer pra valer.


EM – Uma coisa que eu percebo é que você está sempre bolando projetos. Isso é prova que o artista que toca blues aqui no Brasil tem de virar pra sempre conseguir trabalho?
VF –
Não sei te dizer. Talvez. Há um costume do brasileiro em chamar artistas de fora pra tocar aqui e eu acho que é um costume bastante discutível. Acredito que muitas atrações são discutíveis. Só que chegam aqui, mas o público não conhece e qualquer coisa que se fala sobre esse artista o pessoal baba. Esse negócio de “a lenda do blues”. Tem muito cara que não é lenda coisa nenhuma... a maneira como se promovem as atrações.
Agora se é necessário criar projetos ou não... acho legal dar asas à imaginação. Com relação aos meus projetos, não foi dessa forma. Nunca parei pra pensar em criar um projeto pra fazer alguma coisa acontecer. O projeto Blueseiros do Brasil aconteceu por causa de uma brincadeira. Eu tinha muita vontade de entrar em um estúdio e gravar com os amigos. Essa vontade de sempre querer fazer um som é permanente na minha vida, mesmo tendo passado por um processo de amadurecimento. Só não gosto de ensaiar. Disciplina eu tenho, vou e faço bem feito. Se precisar passar a música 35 vezes eu fico lá até ficar bom. Mas eu gosto mesmo é de fazer som, criar, improvisar, criar arranjos, mudar arranjos. O processo de repetição até ficar bom é que me enche o saco.

EM – Aproveitando a deixa, fale sobre o projeto Blueseiros do Brasil?
VF –
Em final de 1997 eu juntei a galera num churrasco no Camerati, um estúdio aqui em Santos André, onde a Irmandade havia gravado o primeiro disco em 1996. Fechamos o estúdio por um dia e tinha uns 18 músicos. Enquanto rolava o churrasco e a cerveja nós gravávamos com um time. Mas alguém precisava produzir e eu chamei o (Alexandre) Fontaneti e ele me disse que a ideia era minha e que eu é que deveria produzir. No final passei o dia inteiro produzindo a galera. Mas isso nunca foi lançado.
Um tempo depois juntei um monte de gaitistas pra fazer um disco autoral, só com músicas da cada um. Quem não tinha música a gente arrumava. Daí saiu o CD Blueseiros do Brasil só de gaitistas com o Jefferson Gonçalves, Marcelo Naves, Benê Chiréia, Robson Fernandes, Big Chico, Sérgio Duarte, eu, Ulisses Cazalas e participações de outras pessoas como o Flávio Naves, Lancaster, Big Joe Manfra. Foi gravado em 1999 e lançado em 2001 porque não tinha dinheiro pra lançar. Batalhei na prefeitura de Santo André um show dos gaitistas para pagar a prensagem com a grana.


EM – Você misturou Trem das 11 com Hoochie e Coochie Man, Blackbird com Assum Preto e gravou Medo da Chuva do Raul. O Blues Etílicos usou berimbau no blues. O Jefferson faz uma mistura com ritmos nordestinos. Acho que essa é a grande sacada dos músicos brasileiros. Tem gente que não gosta e diz que faz blues original no Brasil, desdenhando desse tipo de abordagem. Gostaria que falasse sobre isso.
VF –
Isso vai contra o fazer artístico. O Carlos May faz um blues tradicional, mas é fera no que faz. É um dos maiores do Brasil nessa praia West Coast. Mas ele não desdenha o que os outros fazem. Não deixa de admirar o meu trabalho.
As pessoas não são obrigadas a ter um padrão. Só se você quiser ser fiel a ele. Também tem cara que mistura tudo porque está na moda. Eu falo que não gosto de samba, mas é estúpido eu falar isso porque eu até gosto de algumas coisas, Paulinho da Viola, Adoniram Barbosa, Bezerra da Silva. Só que é uma coisa mais complexa. Por exemplo, se uma pessoa que não é do meio do blues vai ao meu show, ela logo vai perceber que o que eu toco é blues. Mas também vai perceber que eu misturo muito. Pra mim existe um casamento com a música e o estilo.
O blues tradicional que foi criado no começo do século passado já é uma mistura. De várias informações, música gospel e ritmos europeus. Então porque eu não posso fazer? Mas eu também toco blues tradicional, o meu CD Manoblues é só tradicional, Charles Patton, Blind lemon Jefferson, Leroy Carr e algumas coisas minhas. Fiz um CD tributo a eles.
A gente não pode se limitar a fazer uma coisa pensando no que um segmento vai falar. Porque elas acham que são representantes do blues oficial desse estilo no Brasil.

EM – Mas no Brasil existe isso e você sabe, né?
VF –
Uma vez fui escrachado em uma rede social porque falei que tocava um blues que não era tão tradicional. Aí um dos caras disse que não existia blues não tradicional. Disse que existia apenas blues ou não blues. Aí juntou com um amigo dele que não é brasileiro, mas faz alguns shows aqui no Brasil e começaram a me escrachar, que eu não entendia nada de blues, que eu sou uma vergonha e não sei o que. Acho esse tipo de postura muito radical. Não se pode discutir nada com pessoas assim. Você não pode levar para o lado pessoal. O blues se tornou uma religião no Brasil e isso se tornou prejudicial. As pessoas olham o blues como uma coisa que é superior a tudo.

EM – Como você vê o blues no Brasil hoje?
VF –
Acho que está muito bom. Hoje há festivais acontecendo o ano inteiro e em várias partes do Brasil.
Tem festival no Nordeste, o Guaramiranga, o Blues By Night em Garanhuns, o Ibitipoca que é um baita festival, em Caxias do Sul, o Sesc n’ Blues e fora isso shows na rede Sesc que acontecem o ano inteiro. Não dá pra reclamar.   



quinta-feira, 24 de julho de 2014

9º Ilha Blues Festival recebe artistas nacionais e internacionais entre os dias 24 e 27 de julho


A Divisão Municipal de Cultura de Ilha Comprida, litoral sul de São Paulo, divulgou recentemente a programação da  9º edição do Ilha Blues Festival Internacional.
A lista inclui os veteranos Tail Dragger, Henry Gray e Willie Walker. Também vai contar com a presença do guitarrista californiano Robben Ford. O Brasil será representado por Vasco “Manoblues” Faé, Marcelo Nova, Bicuducorvu e Mojo Workers.
O evento acontece na Arena de Eventos da Praia do Boqueirão Norte e todos os shows terão entrada franca.

Programe-se
24/07 - Quinta-feira – 19h
Os Mojo Workers
Marcelo Nova
Kenny Brown

25/07 – Sexta-feira – 19h
Bicuducorvu
Trail Dragger
Deborah Dixon

26/07 – Sábado – 19 h
Manoblues
Willie Walker
Henry Gray & Jody Willians

27/07 – Domingo – 19 h
Milk’n Blues
Tina Still
Robben Ford

Robben Ford - O californiano Robben Ford teve como primeiro instrumento o saxofone aos dez anos de idade. Passou para a guitarra aos treze e teve uma formação autodidata.  Tocou com músicos notáveis como Joni Mitchell, George Harrison, Miles Davis, Bonnie Raitt, Bob Dylan e fez parte da formação inicial do incrível grupo de fusion, o Yellowjackets. Com discos memoráveis, Robben Ford foi indicado cinco vezes ao Grammy e está entre os maiores guitarristas da História. A genialidade de Ford é principalmente evidenciada em seu fraseado blueseiro e jazzísticos.

Trail Dragger - O cantor veterano James Yancey Jones, também conhecido como Trail Dragger, está presente na  cena do blues de Chicago desde os anos 60. Sua maior influência foi Howlin ´Wolf além de Muddy Waters, Sonny Boy Williamson e Willie Dixon.  Trail  Dragger deixou Arkansas em 1966,  onde era  mecânico de automóveis. Porém, em uma noite de sorte, seu ídolo, Howlin 'Wolf, o convidou para cantar uma música ao vivo em seu show. Foi Howlin 'Wolf que começou a chamá-lo de Trail Dragger, pois Jones sempre chegava no fim da noite para participar das apresentações. Com essa amizade, sua carreira solo decolou nos anos 70, e foi somente nos anos 90 que gravou seu primeiro álbum Crawling Kingsnake.

Henry Gray – Considerado um dos últimos ícones do blues tradicional. Ao longo dos mais de 70 anos de estrada, hoje está com 88, Henry Gray trabalhou com grandes nomes da história da música. Ex-combatente da segunda guerra mundial, Gray costumava animar seus companheiros tocando e cantando. Ao retornar da guerra, mudou para Chicago onde trabalhou em clubes de jazz e blues. Suas primeiras gravações ocorreram em 1952, quando acompanhou o grande Bluesman Jimmy Rogers no lendário estúdio Chess Records.

Jody Willians - Considerado história viva dos anos de ouro do blues, o bluesman Jody Williams mostra nos palcos porque é uma das grandes referências do gênero. Com sua maneira singular e criativa de tocar guitarra , tornou-se na década de 50 um dos mais procurados guitarristas  em Chicago .  Por sua grande colaboração na história do blues, passou a fazer parte do Blues Hall Of Fame, em 2013.
Willie Walker - Natural de Memphis, Walker ingressou na carreira como a maioria dos grandes cantores de soul, na igreja e depois com o famoso grupo gospel The Redemption Harmonizers.
Mudou-se para Minneapolis antes dos vinte anos e logo estava cantando em um grupo de Rock & Roll local chamado The Val-Dons. Na época foi considerado o “novo Little Richard”. Causou tanto alvoroço que o dono do famoso selo de Memphis, Goldwax, o chamou para gravar seu primeiro single nos anos 60. Nos anos 70 integrou o projeto do cantor Willie Murphy chamado Willie & The Bumblebees. Em 1987 ingressou na banda “The Butanes”. Em 1997 se reuniu a antigos artistas da Goldwax para um tributo a antiga gravadora e foi redescoberto principalmente na Europa e Japão com a onda do Neo-Soul Music. No Brasil pela primeira vez,  Willie vem mostrar seu grande talento.

Deborah Dixon - Nascida em Costa Rica e morando na Argentina desde 1984, Débora Dixon se transformou em pouco tempo na voz referência da música negra na Argentina. Durante 14 anos, fez parte da Las Blacanblus. Se apresentou ao lado de B.B. King, James Cotton, Taj Mahal, Johnny Johnson, Bo Didley e outros. Gravou quatro discos, um deles, Cuatro Mujeres y un Maldito Piano (1994), ganhou o prêmio ACE de Banda Revelação.

Kenny Brown - Guitarrista e cantor, com influências do jazz, do blues e do soul. Nascido em New Orleans, mas atualmente morador do Guarujá, Brown é o típico exemplo da miscelânea de referências culturais da cidade do jazz e do blues. Já tocou com artistas de peso como os Neville Brother, Bobby Womack e Slash.


Manoblues - Vasco Faé é o homem banda. Um exemplo perfeito de alguém que se reinventa através do tempo. Tocando gaita, guitarra, voz, bumbo e caixa, Faé mostra definitivamente porque sua musicalidade é tão impactante e difere de qualquer outro homem-banda que tenha surgido desde que iniciou esse estilo no Brasil em 1994. O Manoblues se utiliza de inúmeros recursos sonoros como pedais de efeitos produzindo variados sons de guitarra, ruídos, efeitos. Mas também sabe como tocar o blues de raiz como poucos, guitarras com bottleneck também não faltam.

Marcelo Nova - A simples menção Marcelo Nova se confunde com a história do rock brasileiro.  Cantor, compositor e ex-vocalista da banda baiana Camisa de Vênus, Marcelo Drummond Nova é considerado o maior poeta vivo do rock brasileiro.

Mojo Workers – Formado em 2007 já deixam claro no nome - uma alusão à música de Muddy Waters “Got my Mojo Workin” - a influência poderosa do blues. Inicialmente um trio de improviso, feito de violão, gaita e baixo, a banda apresentava releituras do blues. Logo, a guitarra e a bateria foram incorporados, assumindo a formação clássica do blues elétrico e abrindo as fronteiras do blues com o funk, rock e jug music.

Bicuducorvu - Formada em 2008, a Banda se apresenta com frequência nos bares de Ilhabela e suas influências são o rhythm and blues e rock dos anos 60. Formada por Cipó (bateria), Xandão (guitarra e voz), Zé Paulo (baixo e voz) e Giovani (guitarra e Vox).

Milk’n Blues - Uma brincadeira que se tornou um vício! É assim que as vocalistas Aline Mota e Anne Glober definem o início da banda Milk´n Blues, em 2011. O primeiro vídeo gravado com a participação do guitarrista Ricardo Maranhão, professor de violão e vizinho de Anne, virou sucesso instantâneo na internet.

Tina Still - Cantora e compositora conhecida por seu timbre grave. Faz releituras de temas de R&B, soul e jazz.