quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Saiu a programação 2025 do Sesc Jazz com mais de 27 atrações basileiras e estrangeiras

 Os shows acontecem em nove unidades do Sesc no estado de São Paulo: Pompeia, 14 Bis, Franca, São José dos Campos, Rio Preto, Centros de Música do Sesc Consolação, Guarulhos, Vila Mariana e Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo, entre 14 de outubro e 02 de novembro

O ícone Dom Salvador faz parceria com Amaro Freitas (foto: Daniel Franco)

O Sesc Jazz é um festival cuja proposta é surpreender pela sua curadoria. Desde que era chamado de Jazz na Fábrica o festival de jazz do Sesc primou pela diversidade musical dando espaço para artistas pouco conhecidos por aqui.
Além de unidades da capital, a edição de 2025, a 6ª desde que se tornou o Sesc Jazz, vai incluir várias unidades do iterior, apresentando artistas do Brasil e do mundo, valorizando encontros, preservando legados, mas também muita inocvação.
Para além dos espetáculos, o Sesc Jazz oferece uma experiência expandida com ações formativas que aproximam artistas brasileiros e internacionais, acadêmicos e jornalistas do meio ao público em geral. Estão previstas oficinas teóricas e práticas de composição, canto e percussão, cursos, masterclasses, aulas-show, conversas, workshops e audições comentadas que pretendem estreitar o intercâmbio de conhecimentos e culturas entre todos os participantes.
O conceito de Sul Global, que permeia a curadoria do festival, valoriza o protagonismo de artistas da América Latina, África e diáspora africana, ratificando o jazz como uma tecnologia de resistência e contracultura frente à herança colonial. Essa perspectiva, firmada nas últimas edições, é o eixo que orienta as discussões e os encontros artísticos do evento, que também aumentou a participação de mulheres, não só intérpretes, mas também musicistas, compositoras, bandleaders, mediadoras e profissionais de backstage no festival.
Para o diretor do Sesc São Paulo, Luiz Deoclecio Massaro Galina, “o Sesc Jazz reafirma seu compromisso com a diversidade, a inovação e a valorização do jazz como linguagem viva, plural e afrodiaspórica".

Amaro Freitas (foto: Micael Hocher)

O festival oferece uma safra de apresentações brasileiras inéditas, entre elas, o encontro histórico de gerações entre os pianistas Amaro Freitas e Dom Salvador, que transformaram o jazz brasileiro em épocas diferentes. Pioneiro do samba-jazz, Dom Salvador se une ao pianista pernambucano reconhecido internacionalmente, com show e bate-papo com o público. 
Evinha, ex-integrante do Trio Esperança, radicada há mais de 40 anos na França e redescoberta por jovens ouvintes via samples de BK e Alok, faz show especial com Marcos Valle, revisitando as canções que ele escreveu para ela no final dos anos 1960 e início dos 1970, consolidando um diálogo artístico e afetivo que atravessa seis décadas. 
Indiana Nomma, Rosa Marya Colin e Eliana Pittman fazem uma homenagem à diva do samba-jazz Leny Andrade (1943–2023), enquanto os mestres do frevo de Olinda Carlos Rodrigues, Lúcio Henrique, Oséas Leão e Maestrina Lourdinha Nobrega se reúnem no show Abafo, Coqueito e Ventania para mostrar a riqueza rítmica do ritmo ao universo da improvisação com arranjos preparados exclusivamente para o Sesc Jazz.
Criado pelo percussionista e ogã Luizinho do Jêje, o grupo baiano Aguidavi do Jêje é outro destaque brasileiro, preservando a tradição oral e percussiva em saudação a ancestrais, pretos-velhos, juremeiros, orixás, voduns e sambadeiras, além de Virgínia Rodrigues revisitando seu disco de estreia, Sol Negro, lançado em 1997 e que a projetou internacionalmente, e Luedji Luna, com participação de Alaíde Costa, na turnê de seu recente projeto duplo Um mar pra cada um, Antes que a terra acabe.
Outro encontro, este de intercâmbio internacional, será apresentado pelo grupo Diáspora Lyannaj, resultado artístico do projeto Résidence Croisée França-Brasil, este ano formado pelos brasileiros Fábio Leandro, pianista, compositor e arranjador e pela contrabaixista Vanessa Ferreira em integração com os franceses Boris Reine-Adélaïde (percussionista, especialista no tambor Bèlè da Martinica), e o saxofonista Samy Thiebault. “Lyannaj”, palavra do criolo antilhano, significa “aliança”, “elo”, “união”.

Acesso gratuito - Parte da programação de shows será em um palco externo e gratuito, na área do deck do Sesc Pompeia. Nele acontecerão, aos domingos, os shows do grupo paulistano Aláfia em uma homenagem ao grupo Parliament, coletivo que marcou a música negra estadunidense nos anos 1970, o projeto Coisas supremas: Conexão entre Coisas e A Love Supreme, com Allan Abbadia, um tributo às obras de Moacir Santos e John Coltrane e  o Trio Mocotó tocando o clássico Força Bruta (Jorge Ben), com a participação especial de Ellen Oléria. O grupo, pioneiro na fusão entre samba e soul, também participa de uma audição comentada com o público para contar sobre os bastidores e o legado do disco, gravado por eles em 1970.

Moonlight Benjamin 

O mundo no Sesc Jazz - A América Central está representada pela haitiana Moonlight Benjamin, cantora e sacerdotisa que mistura os ritmos cerimoniais do vodu haitiano com blues, rock psicodélico e guitarras elétricas, criando um som potente e espiritual, e pela cantora e pianista cubana Aymée Nuviola,  que apresenta um mergulho no filin, no bolero e na tradição noturna de Havana das décadas de 1950 e 1960.
Da América Latina, o festival recebe artistas que traduzem a riqueza e a pluralidade do jazz contemporâneo em diálogo com suas raízes afro-indígenas. A colombiana Lido Pimienta, indicada ao Grammy Latino e ao Grammy Awards, combina synthpop e música eletrônica com influências tradicionais afro-colombianas. Já o lendário Fruko & La Bonita celebra a colaboração entre gerações em um espetáculo que une salsa, psicodelia tropical e cumbia. O coletivo De Mar Y Río traz a força das vozes e percussões ancestrais da costa pacífica colombiana e conduz uma oficina dedicada à música de marimba, reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade — título também concedido ao candombe, ritmo afro-uruguaio defendido pelo mestre Hugo Fattoruso, que participa do festival com show e com a atividade formativa Candombe do Sul.

Sélène Saint-Aimé

A Europa aporta no Sesc Jazz com nomes que exploram diferentes caminhos do jazz contemporâneo. A contrabaixista e cantora franco-caribenha Sélène Saint-Aimé apresenta um som que une tradição e modernidade; do Reino Unido, Bryony Jarman-Pinto destaca-se pela fusão de jazz, soul e folk com letras de tom social. O pianista Tigran Hamasyan, da Armênia, completa o bloco europeu, unindo improvisação, rock progressivo e melodias do folclore de seu país.
Da música afro-norte-americana, três referências de Chicago (EUA) reforçam a tradição e a inovação do gênero: o percussionista Kahil El’Zabar, comemorando os 50 anos de formação de seu grupo; a pianista e educadora Amina Claudine Myers, figura marcante do jazz e do gospel. De Montreal (Canadá), Dominique Fils-Aimé,  expoente do jazz vocal com letras que refletem sobre as realidades sociais que moldaram o blues, o jazz e o soul.

Gabi Motuba


Com repertório voltado a temas de política global, estudos negros e espiritualidade, a sul-africana Gabi Motuba traz um trabalho que reflete sobre identidade e resistência. Também do continente africano, o ganês Alogte Oho mostra a força do Frafra Gospel, o grupo Etran de L’Aïr apresenta o rock do Saara e o cantor, guitarrista, ativista e embaixador cultural senegalês Baaba Maal mescla tradições da África Ocidental com sonoridades eletrônicas em composições que refletem sobre os desafios tecnológicos, políticos e ambientais do continente africano. O artista, cuja voz já ecoou em produções icônicas como A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, e na trilha dos filmes Pantera Negra, ambientados na fictícia Wakanda, abre o festival com show na unidade Pompeia.

Experiências ampliadas - Além dos espetáculos e das atividades formativas, o Sesc Jazz contará com um menu gastronômico exclusivo criado por algumas unidades para o festival. Programe-se para experimentar um cardápio de aperitivos, pratos e drinks inspirado na atmosfera do festival.

Artes visuais - A  artista visual multidisciplinar Negana é a ilustradora convidada desta edição. Sua pesquisa é centrada na figura da mulher negra como corpoterritório — portador de memória, espiritualidade e potência. Nascida em João Pessoa e filha de costureira, a artista aprendeu desde cedo a confiar no gesto e na criação manual. Da costura à arte, transformou o fazer em escuta e em trama de afetos, produzindo em bordado, pintura e ilustração narrativas que entrelaçam ancestralidade, memória e transformação.

Serviço Sesc Jazz 2025
São Paulo, Franca, São José dos Campos e São José do Rio Preto
14 de outubro a 02 de novembro de 2025
Programação completa em: https://www.sescsp.org.br/sesc-jazz 
Orientações de venda de ingressos

Este ano, a venda de ingressos para o Sesc Jazz terá um período de exclusividade para quem tem a Credencial Plena do Sesc válida. Atenção para as datas:

2/10, a partir das 17h - Venda on-line exclusiva para Credencial Plena, com limite de dois ingressos por pessoa para cada apresentação. O acompanhante não precisa ter Credencial.
3/10, a partir das 17h - Venda presencial e on-line dos ingressos para todos os públicos. Com limite de 2 ingressos para cada sessão por CPF.

Valores: R$60 / R$ 30 / R$ 18 

14 Bis: quinta a sábado às 20h, domingo às 18h - Teatro
Pompeia: quinta a sábado às 20h, domingo às 18h - Teatro; quinta a sábado às 21h, domingo às 18h30 - Comedoria; domingo às 16h - Deck

São José dos Campos: quinta a sábado às 20h, domingo às 18h - Ginásio
Rio Preto: quinta a sábado às 20h, domingo às 18h  - Ginásio
Franca: quinta a sábado às 19h30, domingo às 18h - Teatro