quinta-feira, 31 de julho de 2025

Orquestra de Heliópolis recebe e homenageia Alaíde Costa no Sesc Bom Retiro

A apresentação faz parte da série de concertos "Heliópolis & Simoninha Convidam", espetáculo que reúne a Orquestra Juvenil Heliópolis, sob regência do maestro Edilson Ventureli e Wilson Simoninha, em uma celebração da diversidade e sofisticação

Alaíde Costa

A Orquestra Juvenil Heliópolis realiza amanhã, dia 1º de agosto, às 20h, no Sesc Bom Retiro, uma edição da série “Heliópolis & Simoninha Convidam”, trazendo ao palco Wilson Simoninha e Alaíde Costa, ícone da música brasileira, que celebra o lançamento de Uma Estrela para Dalva, tributo a Dalva de Oliveira que inaugura as comemorações de seus 90 anos. 
Sob regência do maestro Edilson Ventureli, o concerto destaca o diálogo entre gerações, com repertório que percorre sambas-canção, bossa nova e clássicos da MPB, entre eles, “Balanço Zona Sul”, “Travessia” e “Dindi”, além do dueto “Me Deixa em Paz”.
Parte da renda obtida com os ingressos (de R$ 12 a R$ 40) será destinada à conclusão do Teatro Baccarelli – primeira sala de concertos de padrão internacional implantada em território periférico na cidade de São Paulo, atualmente em fase de finalização e mobilizando a sociedade civil para tornar-se realidade.
A iniciativa integra excelência artística e responsabilidade social, marca do Instituto Baccarelli, referência nacional em formação musical para crianças e jovens da favela de Heliópolis. O projeto já transformou trajetórias de milhares de jovens, unindo cidadania, oportunidades e cultura de forma inovadora.
Alaíde Costa, celebrada recentemente pelo público e crítica pelo novo álbum e pela trajetória de resistência artística ressalta: “Preferia músicas calmas e mais elaboradas. Ficava encantada com as canções mais sofisticadas. Não sei de onde isso vem. De outras vidas talvez. Com Dalva de Oliveira aprendi a me emocionar! Em casa só tinha rádio, todo meu contato com a música vinha dali. Obrigada, não estou à venda!”

Serviço:
Show: Heliópolis & Simoninha Convidam: Alaíde Costa
Local: Sesc Bom Retiro
Endereço: Alameda Nothmann, 185 - Campos Elíseos - SP
Quando: Sexta-feira, 1º de agosto
Ingressos: entre R$ 12,00 e R$ 40,00

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Marisa Monte reúne orquestra sinfônica para seis concertos

A orquestra, que terá a regência de André Bachur, conta com 55 componentes escolhidos especialente para a turnê que incluirá seis capitais 

Marisa Monte (foto: Leo Aversa)

Phonica, é o nome do novo espetáculo e turnê inédita que a cantora fará, passando por seis capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
A turnê começa em 18/10 em BH e termina em 6/12 em POA.
Marisa Monte é uma das artistas mais importantes da música brasileira e que vem atravessando gerações com a mesma força, sensibilidade e relevância. "Produzir seus shows ao lado de uma orquestra, em parques e lugares que carregam memória e beleza, é mais do que realizar um espetáculo: é construir experiências que tocam profundamente quem assiste e quem faz, conta Maitê Quartucci, produtora da T4F, responsável pela produção. 
Não é a primeira vez que a cantora se apresenta com um orquestra, no Brasil e no exterior e ela afirma que a interação entre os músicos no palco, a complexidade dos arranjos e a combinação de técnica com a emoção sempre fizeram desses concertos experiências verdadeiramente mágicas. "Para a série especial de seis shows da Phonica, em parceria com o maestro André Bachur, que me acompanhou no concerto de comemoração dos 90 anos da USP, selecionamos músicos virtuosos das melhores orquestras do país. Junto com minha banda, unimos o popular ao erudito para interpretar clássicos, criando mais uma experiência transcendental, revela." 
O maestro André Bachur afirma que os concertos oferecerão experiência marcantee, tanto para quem estiver no palco quanto para quem estiver na plateia. "Levar esse espetáculo tão especial a diferentes cidades do Brasil é um verdadeiro privilégio. Acredito que cada apresentação será única, emocionante e inesquecível para todos nós, afirma o maestro que já esteve à frente da Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP), Orquestra do Theatro São Pedro (ORTHESP), Orquestra Moderna, Ensemble Brasil, Orquestra do Festival de Prados (MG), EOS-USP e Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba. Foi regente assistente da Orquestra de Câmara da ECA/USP (OCAM) entre 2011 e 2014.
A banda de Marisa é composta por Dadi Carvalho (violão e guitarra), Pupillo (bateria), Alberto Continentino (baixo) e Pedrinho da Serrinha (cavaquinho e percussão).

Serviços:

Belo Horizonte 
Data: 18/10/2025 (sábado) 
Local: Parque Ecológico da Pampulha - Av. Otacílio Negrão de Lima, 6061, 120 - Pampulha 

Rio de Janeiro 
Data: 01/11/2025 (sábado) 
Local: Brava Arena Jockey - Jockey Club Brasileiro - Praça Santos Dumont, 31 – Gávea, Rio de Janeiro 

São Paulo
Data: 08/11/2025 (sábado) 
Local: Parque Ibirapuera - Auditório Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, 0 - Ibirapuera, SP 

Curitiba 
Data: 15/11/2025 (sábado) 
Local: Pedreira Paulo Leminski - R. João Gava, 970 - Abranches, Curitiba - PR, 82130-010 

Brasília 
Data: 29/11/2025 (sábado) 
Local: Gramado do Eixo Cultural Ibero-Americano – Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural Lote 02, entre o Clube do Choro e a Torre de TV, em Brasília, DF, CEP: 70740-610 

Porto Alegre 
Data: 06/12/2025 (sábado) 
Local: Parque Harmonia - Av. Lourenço da Silva, 255, Praia de Belas, 90050-240
 

domingo, 27 de julho de 2025

Dolores Duran e Ella Fitzgerald são homenageadas na 23ª edição do festival Tudo é Jazz

O Festival Tudo é Jazz é um evento artístico-cultural de música que, até a pandemia, acontecia anualmente, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Desde 2022, quando completou 20 anos, expandiu sua programação para Belo Horizonte e outros municípios do interior mineiro.

Izzy Gordon, sobrinha de Dolores Duran (foto: Gabriel Wickbold)

Entre 07 a 10 de agosto, quinta a domingo, Ouro Preto recebe a 23ª edição do Festival Tudo é Jazz que, em 2025 contará com shows de Nando Reis, Izzy Gordon, Juarez Moreira, The Velvet Kings, Cliver Honorato, Dixieland, Willian Evans Trio e muito mais.  De lá, o evento acontece de 15 a 17 de agosto em Itabirito; 23 e 24 de agosto em Congonhas; 13 e 14 de setembro em Ouro Branco; e de 19 a 21 de setembro em Grão Mogol. O projeto tem entrada 100% gratuita e já levou aos palcos mais de 1.700 músicos do Brasil e do mundo.
Essa edição homenageia as cantoras Ella Fitzgerald e Dolores Duran. "É uma grande honra homenagear essas duas mulheres fortes e marcantes para a história do jazz, e estar de volta a Ouro Preto celebrando os 23 anos de trajetória do primeiro festival de jazz de Minas Gerais. É um privilégio estar à frente desse projeto e proporcionar ao nosso público uma programação 100% gratuita e democrática”, explica o diretor geral Rud Carvalho. A curadoria é do pianista, compositor e arranjador Gustavo Figueiredo.

Exposição - Parte importante da programação será a exposição “Ella & Dolores”, um encontro imaginário entre duas gigantes da música de dores e amores e encantamento: Dolores Duran e Ella Fitzgerald. Fica em cartaz na Casa de Gonzaga de 7 a 10 de agosto, também com entrada gratuita. Com direção criativa de Ronaldo Fraga, o fotógrafo Rodrigo Januário assina o ensaio que imagina encontros possíveis entre as divas nos bastidores da vida: mesas de botequim, salões de beleza, igrejas e quartos de solidão sonora. 
A cenografia é assinada pelos arquitetos Clarissa Neves e Paulo Waisberg.  “Meu coração sempre pulsou mais forte fazendo a direção gráfica e criativa do Tudo é Jazz, mas, nesta edição, além do coração, minha alma está cantando com Ella e Dolores! O desafio vai ser transportar o público para ambientes do tempo delas através de suas vozes e composições”, explica.

Nando Reis (foto: Felipe Maior)

Tudo é jazz - O Festival Tudo é Jazz é um festival de música que, até a pandemia, acontecia anualmente, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Desde 2022, quando completou 20 anos, expandiu sua programação para Belo Horizonte e outros municípios do interior mineiro. Promove intercâmbio entre os mais variados estilos de jazz do Brasil e do mundo, já trouxe mais de 1.700 músicos que se apresentaram em teatros, praças públicas, cortejos, workshops e pocket shows. Reúne a tradição e a inovação, conectando artistas de gerações e nacionalidades distintas, levando ao público o que há de mais relevante na música produzida atualmente, não apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo. Considerado um dos 10 melhores eventos de jazz do mundo pela renomada revista Down Beat, completa 23 anos em 2025. Ao longo dos anos, promoveu diversas oficinas culturais, cortejos pelas ruas das cidades e apresentações musicais em teatros e praças públicas.
O Tudo é Jazz é viabilizado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Federal de incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Governo de Minas Gerais, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais. Realizado pela New View Entretenimento e Comunicação, apresentado pela Gerdau, patrocinado pela Vivo e tem apoio da Prefeitura de Ouro Preto e da Rede Minas.

Serviço:
Festival Tudo é Jazz
Programação completa no site: www.tudoejazz.com 
Instagram: @tudoejazz

O Tudo é Jazz acontece em Ouro Preto em 07 a 10 de agosto; Itabirito em 15 a 17 de agosto; Congonhas em 23 e 24 de agosto; Ouro Branco em 13 e 14 de setembro e em Grão Mogol em 19 a 21 de setembro.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Do funk americano ao jazz brasileiro o som de Randy Brecker não tem fronteiras

 

Randy Brecker no Bourbon Street Music Club

Texto e fotos: Eugênio Martins Júnior

Nas minhas andanças tenho procurado assistir aos shows dos ídolos do jazz da juventude. O trompetista Randy Brecker é mais um de uma extensa lista que inclui Nina Simone, Wayne Shorter, Herbie Hancock, George Benson, Al Jarreau, Marcus Miller, Billy Cobham, Jean Luc Ponty, Mike Stern, Wynton Marsalis e Stanley Jordan. A lista de shows é extensa, entre blues e jazz internacional, assisti mais de 200.
Tive o privilégio de assistir o Randy em duas ocasiões, no Rio das Ostras Jazz e Blues, em 2014, e recentemente no Bourbon Street Music Club, em junho de 2025, onde essa entrevista foi realizada. 
Sem exagerar, a carreira jazzística de Randy Brecker é uma das mais prolíficas e marcantes dos últimos 50 anos. Com seu irmão, o saxofonista Michael Brecker, fundou grupos importantes e inovadores, Dreams e The Brecker Brothers.
Os álbuns do Dreams, que trazem a mistura de soul, jazz e rock com cara da época, começo dos anos 70, são disputados a tapa pelos colecionadores. 
Como Brecker Brothers expandiram as margens do fusion em direção ao funk com o disco homônimo de 1974, estourando os tímpanos da molecada com Some Skunk Funk, Squids, If Wanna Boogie, Slick Stuff, a lista é longa. 
Após dez anos tocando ideias e composições Randy e Michael chegaram a uma bifurcação artística e tomaram rumos distintos. 
E mais uma vez a criatividades de ambos se mostrou prolífica. Enquanto Michael tocou e gravou com Frank Zappa, Lou Reed, Parliament Funkadelic, Aerosmith, Steely Dan, Bruce Springsteen, Randy destruía em gravações de Horace Silver, Jaco Pastorius, Billy Cobham, Charles Mingus, Blood Sweet and Tears. 
Randy casou-se com Eliane Elias, pianista de jazz paulistana radicada em New York e tornou-se fã da música brasileira, gravando e tocando por aqui por anos. Seu disco Into the Sun (1997) recebeu um Grammy na categoria de Melhor Performance de Jazz Contemporâneo. Já Randy in Brazil (2008), gravado em São Paulo, com Teco Cardoso, André Mehmari, Ricardo Silveira e Robertinho Silva e produção de Ruriá Duprat, venceu na categoria de Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo.
Em 2023 gravou Randy Brecker Live in Amazonas com a Amazonas Band regida pelo maestro Rui Carvalho mais convidados: Aldenor Honorato (guitarra), Jonilson “La Bamba” Reis (piano), Sérvio Túlio Guimarães (baixo), Airton Silva (bateria) e Knison Ribeiro (percussão).   
O show de São Paulo teve ainda uma atração extra, a participação de saxofonista Ada Rovatti, companheira de Randy nos discos e na vida, pela primeira vez tocando no Brasil, e o Leo Susi Trio com o próprio na bateria, Adriano Magoo (teclados), Carlinhos Noronha (contrabaixo) e o convidado Marco Bosco na percussão. 
Na hora e meia de show no Bourbon Street a banda esculachou com Asa, composição do Leo Susi, com direito a solo monstrão do Marco Bosco. Do Randy, First Tune of the Set, Some Skunk Funk, Ghost Stories, Shanghigh e The Dipshit, devidamente dedicada a Donald Tramp. (sim, você leu Tramp).

Randy e Ada Rovatti

Eugênio Martins Júnior – Como foi a tua infância musical?
Randy Brecker – Havia muita música na minha família. Meu pai era pianista e meu avô era cantor de valdeville. Meu tio era diretor artístico de um grande e famoso ginásio de shows chamado Roseland. Um primo de minha mãe foi produtor musical de muitos filmes famosos. E minha mãe por sua vez era artista plástica, ela pintava. E hoje uma de minhas filhas toca saxofone e a outra canta.   

EM - Você e seu irmão tocaram juntos por muito tempo e depois se separaram. O que aconteceu? 
RB – Tocamos juntos por 10 anos. E especialmente Mike não tocou com mais ninguém. Nosso contrato de gravação havia acabado e resolvemos dar um tempo. Investimos em nosso trabalho solo até recebermos o convite da gravadora GRP para nos juntarmos novamente. 

EM – Vocês vêm de um local importante para o jazz. De lá saíram John Coltrane, McCoy Tyner, Stanley Clarke, Benny Golson, Lee Morgan e outros. O quanto o ambiente influenciou os irmãos Brecker. Ou isso não existiu?
RB – Com certeza. Como disse, meu pai era advogado, mas também era músico e ele me levou em todos os clubes onde esses músicos estavam tocando.  Ele me colocou no céu. Assisti Dizzy Gillespie, muita gente. Lembro do Dizzy porque era o maior de todos. Realmente havia muitos clubes com grandes músicos. Quando comecei a dirigir fui atrás de aulas de música e comecei a fazer shows com meus ídolos Jimmy Heath. Conheci todos os irmãos Heath*. Cresci cercado de jazz. Tive aulas com o mesmo professor que havia ensinado o grande Lee Morgan.


EM - O jazz já completou 100 anos. Você fez a fusão com o funk. Hoje os músicos estão fazendo a fusão com o rap. Você acompanha esse movimento?
RB – Gosto dos ritmos do hip hop, mas não das letras. Mas entendo os significados delas. Muita gente gosta, mas para mim é difícil. Gosto de ver músicos se apresentando ao vivo e não máquinas.

EM – Você tem uma ligação com a música brasileira. Gravando e tocando em festivais. Gravou recentemente o Live in Amazonas. Gostaria que falasse sobre isso. 
RB – A primeira vez que ouvi falar em música brasileira estava no ensino médio. Ouvi no rádio uma entrevista do Herbie Mann que havia acabado de voltar do Brasil. Ele dizia que a música era espetacular. Logo depois disso tive contato com o famoso disco de Stan Getz, e achei que ali havia grandes temas e me apaixonei na hora. A primeira vez que vim ao Brasil foi em 1999 com a Mingus Dinasty, mas fiquei no Rio duas semanas extas após as apresentações. Conheci o Márcio Montarroyos e Ricardo Silveira. Foi quando ouvi Elis Regina e a achei incrível. Fui casado por um tempo com a brasileira Eliane Elias e adorava vira aqui para tocar. Ganhei dois prêmios Grammy com discos com as minhas impressões sobre a música brasileira. Um se chama Into The Sun, de 1997, e o outro Randy in Brasil, de 1990, quando conheci o Marco Bosco. Esse disco fez muito sucesso.

Randy, Ada, Marco Bosco e Leo Susi Trio

EM – Depois de todo esse tempo conhecendo o Brasil, o que mais te encanta e o que mais te desencanta no país?
RB – (risos) Acho que o trânsito. Mas eu gosto de tudo, da comida, da música, das pessoas. As pessoas são espertas, bonitas. E todos gostam da música brasileira. 

EM – Quarta-feira e sábado são dias de feijoada e eu comi uma hoje. Você gosta de feijoada?
RB – Sim, claro. Quem não gosta? Houve uma época em que era viciado, mas a idade não permite mais. 

* The Heath Brothers: Uma instituição musical da Filadélfia, composta pelos irmãos Jimmy Heath (saxofone tenor), Percy Heath (baixo) e Albert "Tootie" Heath (bateria). Eles foram incrivelmente influentes e colaboraram com muitos grandes nomes do jazz.