Larry McCray e Vasco Faé (Ilhabela 2017)
Foto: Eugênio Martins Jr
Foto: Eugênio Martins Jr
Não existe outra forma de produzir que não seja com tesão. As dificuldades são muitas, inimagináveis, e sem tesão você não levanta nem do sofá.
A Mannish Boy sempre optou pela qualidade. Esse é nosso jeito de fazer. E nem sabemos fazer de outro. A independência nos deu essa liberdade e a lista de shows da Mannish Boy mostrada abaixo fala por si. Nosso produto sempre foi bom.
Mas não dá mais. Por uma série de fatores, nos últimos dois anos a Mannish Boy não tem conseguido colocar os shows nos locais que antes conseguia e dívidas com contador, bancos, impostos municipais e federais foram acumulando até que inviabilizaram a empresa.
Os fatores: incompetência em fazer política e investir mais no marketing, confiar em produtores e tomar calotes homéricos e, no fim, incapacidade em separar as contas pessoais das empresariais.
A alta do dólar, todos sabem que a Mannish Boy também trabalha com artistas internacionais; a falta de ética de alguns donos de casa de shows que sempre estão "atravessando" os nossos contatos; “alguns” músicos mercenários que fazem perder tempo com eles e na hora de fechar um show te dão um pé na bunda; pessoas que falam imbecilidades sobre cultura em geral, Lei Rouanet, apropriação, meia entrada, ECAD, OMB, mas não têm a capacidade de ler um livro; amigos que pagam 500 reais em show gringo, mas não pagam 50 nas tuas produções (às vezes nem isso) e vivem pedindo ingressos.
Outra coisa que incomodou muito foi lidar com pessoas alheias à cultura em cargos chave em empresas e prefeituras. Na política, cabides de emprego. Nas empresas, gerentes de marketing e pseudo produtores. Tudo isso foi minando a vontade e a economias da empresa.
E, acima de tudo, o desmonte que vem ocorrendo na cultura nesse desgoverno usurpador que assolou o país nos últimos meses, transformando o cenário político em balcão de negócios. E o pior, com a população calada e a classe média sob o cabresto ideológico da FIESP, MBL e fundamentalistas religiosos. O Brasil chegou ao fundo do poço cultural.
Porém, a Mannish Boy nunca ficou devendo a nenhum contratado. Os músicos com quem trabalhamos podem atestar isso. E agradecemos a todos por terem acreditado no trabalho durante todo o tempo que a Mannish Boy ficou ativa.
Não tenho mais como manter uma estrutura, ainda que pequena, com o volume de shows e renda que a empresa vem amealhando nos últimos meses.
Infelizmente anuncio aqui o fim da Mannish Boy Produções Artísticas. O fim do sonho que tive em fazer boa música.
Hoje, aos 51 anos, estou desempregado. Engordando as estatísticas.
Espero continuar fazendo eventos com a cerveja artesanal CAIS. E também algumas produções de shows esporádicas. Sempre com a mesma qualidade. Conhecimento não me falta.
Continuo com o Mannish Blog, que esse mês, completa oito anos no ar. Jornalismo que me dá prazer, mas também não dá dinheiro.
Agradeço a todos que cruzaram o caminho da Mannish Boy Produções Artísticas e que foram leais à empresa e à boa música em todos esses anos.
Shows:
2006 - Mauro Hector, Leo Gandelman, Big Time Orchestra, Big Joe Manfra, Ana Caram, Eric Gales, John Pizzarelli e Stanley Jordan.
2007 - Traditional Jazz Band, Blue Jeans e Magic Slim, Big Time Orchestra, Rosa Passos, Gilson Peranzzetta, Kenny Brown, Freddy Cole e Peter Madcat.
2008 - John Pizzarelli (Virada Cultural), Kenny Brown, Os Cariocas, Lô Borges, Rosa Passos, Francis Hime, Bad Plus, Big Time Orchestra, Marina De La Riva e Stanley Jordan
2009 - Mart’nalia, Traditional Jazz Band, Badi Assad, Izzy Gordon, Vânia Bastos, Daisy Cordeiro, Igor Prado Blues Band, Robson Fernandes Blues Band, Caviars Blues Band, Big Chico Blues Band, Luccas Trevisani, John Pizzarelli, Pedro La Colina e Sexteto Cañaveral, Havana Brasil, Dixie Square Band, Projeto Café com Música, Sepultura, Leo Gandelman, Big Joe Manfra, Big Gilson e Arnaldo Antunes.
2010 - James Wheeler e Igor Prado Band, Ary Holland e Maria Diniz, Bruna Caram, Adriana Peixoto, Giana Viscardi, Lynwood Slim e Igor Prado Band e Tom Zé, Choro de Bolso, Os Fulanos (teatro), Hermanoteu na Terra de Godah.
2011 - Maurício Sahady e Ivan Márcio Blues Band, John Pizzarelli e Banda, Big Time Orchestra, Shirley King South American Tour 2011 (com Gerald Noel e Ivan Márcio Blues Band) e Roda de Samba do Ouro Verde e Wandi Doratiotto (Tarrafa Literária), Meu Caro Amigo (teatro), Hamilton de Holanda (aniversário de Santos) e Maria Rita.
2012 – Giba Byblos, Bluesonicos, Lurrie Bell e Big Chico, Soundtrackers, Vanessa Jackson, Cláudio Celso Quartet, Igor Prado Blues Band, Shirley King South American Tour 2012 (com Gerald Noel e Giba Byblos Blues Band), Big Jam – Tributo a Celso Blues Boy, Lobão.
2013 – Harry (Virada Cultural São Paulo, Shirley King (Virada Cultural Jundiaí e São João da Boa Vista), Caviars Blues Band, Clube do Blues em Mongaguá, Cláudio Celso (Jazztimes e Jazz.br), Hamilton de Holanda Trio (Tarrafa Literária).
2014 – Big Chico, Orleans Street Band, Jon McDonald, Camisa Listrada, Giba Byblos Blues Band, Jam For a Dime, Shirley King (Santos Jazz), Igor Prado (Santos Jazz), Cláudio Celso, Zuzo Moussauer (Rio das Ostras Jazz e Blues), Larry McCray e Banda, Lurrie Bell, Lazy Lester, Peter Madcat, Los Breacos.
2015 – Claudio Celso e Orquestra Sinfônica de Santos, Gravação de DVD de Zuzo Moussawer, Harry, Igor Prado Blues Band convida Tia Carroll, Filippe Dias Project, Rearranjos – Elis e Tom; Mauro Hector Trio - gravação do CD Ao Vivo; Rearranjos – O Grande Encontro; Giba Byblos – Clube do Blues Acústico, Oficina – Uma História do Blues; Rearranjos – Ventura; In The Level, Orleans Street Jazz Band, Oficina – Jazz a Música Transcendental, Delta Blues.
2016 – Koko Jean Davis e Igor Prado Band, Raphael Wressnig e Igor Prado Band, Osmar Barutti Trio, Divazz, Izzy Gordon, Jefferson Gonçalves, Artur Menezes, Filippe Dias, Vasco Faé acústico, Ivan Márcio e Roger Gutierrez, Sax Gordon e Igor Prado Band, Big Time Orchestra, Big Chico Tributo a BB King, Orleans Street Jazz Band, Mauro Hector e Zuzo Moussawer, Dog Joe, Gustavo Figueiredo.
2017 – Larry McCray, Blues Beatles, Divazz, Aki Kumar, Dog Joe, Love in a Void.
Pois é meu irmão, perder até pode, desistir, nunca...a estrada ainda é longa e com curvas tanto a direita, quanto a esquerda, decives e aclives...beijo enorme e abraço imenso!
ResponderExcluirObrigado. Sim, vamos em frente.
ExcluirEugênio, lamento muito em saber disso. Também estou remando como empresário. No Brasil o teu maior sócio é o fisco, que só tem fome e não deixa você crescer. Tenho certeza que você dará a volta por cima, e no que eu puder ajudar, conte comigo. Grande abraço.
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