Texto: Eugênio Martins Jr
Foto: Dayse Marchiori
Depois de tantos anos de estrada, o guitarista britânico Eric Clapton atingiu um status como poucos artistas no mundo. O cara faz o que quer, grava com quem quer a hora que bem entende.
A introdução tem a intenção de justificar a atitude de Clapton de não abrir a boca para se comunicar com o público que foi ao Morumbi no dia 12 de outubro, último show da turnê brasileira daquele que é considerado o deus da guitarra. E também para justificar o repertório calcado em velhos blues e músicas antigas repassadas com muita competência por Clapton e sua banda, em 1h40 de show. São Pedro ajudou.
É certo que Clapton nunca foi muito chegado a arroubos de afetividade, mas após tantos anos sem mostrar a cara no Brasil não custava um pouco mais de empatia. Ele já havia dito que não excursionaria fora dos Estados Unidos e Europa, mas a crise econômica tá brava lá pra cima e isso deve ter influenciado a sua decisão de atravessar a linha do Equador rumo ao sul.
Paciência, se não teve conversa fiada, o show compensou. Calcado em velhos blues e composições próprias, Clapton mostrou que sua Fender Stratocaster continua afiada.
Key to the Highway abriu o espetáculo seguida por outros clássicos da música negra dos Estados Unidos, entre elas Hoochie Coochie Man, de Willie Dixon, conhecida na versão de Muddy Waters; Driftin' Blues, standard de 1945 de Johnny Moore's Three Blazers; Nobody Knows When You're Down And Out, de Bessie Smith; Before You Accuse Me, de Bo Diddley; e duas de Robert Johnson, inspirador da carreira de Clapton e de tantos outros guitarristas: Little Queen of Spades e Crossroads. Essa última com direito à participação do novato Gary Clark Jr, competente guitarrista do Texas.
De sua lavra, Tell the Truth que não constou no set list dos outros dois shows, em Porto Alegre e Rio de Janeiro, Wonderful Tonight, Tearing Us Apart, Lay Down Sally e Badge (emocionante) e a mais recente When Somebody Thinks You’re Wonderful, do disco Clapton, lançado ano passado. Layla apareceu em uma versão bluesy de arrepiar os cabelos da nuca (das meninas, é claro) e... Cocaine. Tema composto por J.J. Cale e registrada em vinil por Clapton que levantou o estádio.
A cozinha foi composta pelos fiéis Steve Gadd (bateria) e Willie Weeks (baixo), e nos teclados seu velho amigo Chris Stainton e também Tim Carmon. Duas maravilhosas backing vocals completaram o time, Michele John e Sharon White.
maravilha
ResponderExcluireu perdi de novo o Clapton por aqui, não quis pagar o extorsivo preço que cobraram aqui no RJ da melhor localização
mas ainda o vejo no palco em algum momento e em algum lugar desse planeta
valeu