Um
dos maiores festivais de música negra americana no Brasil, o Bourbon Street
Fest, chega à 10ª edição em grande estilo: 10 dias de shows com 10 atrações, em
três cidades, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, entre 10 a 19 de agosto.
Salvador, Ribeirão Preto (SP) e Buenos Aires também receberão algumas
atrações.
O
evento, promovido por uma das melhores casas de jazz do mundo – o Bourbon
Street Music Club, de São Paulo, trará nomes consagrados como a Playing for
Change Band, formada por ex-músicos de rua, hoje verdadeiros popstars; Donald
Harrison, grande nomes do sax alto contemporâneo, e a mais famosa e conceituada
banda de traditional jazz do mundo, Preservation Hall Jazz Band,
comemorando também seus cinquenta anos de carreira.
As
outras atrações são grandes nomes que representam a diversidade musical da
Louisiana e, particularmente de New Orleans: o grupo de trombones Bonerama; o
acordeonista Dwayne Dopsie e seus Zydeco Hellraisers; o pianista de blues Henry
Butler; o baixista Tony Hall com sua banda The Heroes, o grupo vocal Mahogany
Blue e o grupo performático Zulu Connection. Completando a festa, a Orleans
Street Band, de São Paulo.
Criado
em 2003 para comemorar os dez anos da casa noturna, o festival apresentou, até
2011, 225 shows para um público total estimado em 320 mil pessoas, além de
workshops, brunchs com pratos típicos da Louisiana e outras atividades.
Como
sempre, todas as cidades terão shows com entrada franca, em amplos espaços
abertos com capacidade para milhares de pessoas.
Em
São Paulo, a comemoração trará uma mudança no palco mais emblemático do
festival, o Bourbon On The Street, que é montado ao ar livre na rua dos Chanés,
em Moema. Dessa vez ele estará no cruzamento em frente ao Bourbon Street, quase
como um anexo da casa, cuja arquitetura é inspirada na de New Orleans,
proporcionando assim um clima mais típico ao verdadeiro happening em que se
transforma a área.
O
palco no parque do Ibirapuera continuará sediando a abertura do festival. E o
do Bourbon receberá de um a três shows por noite ao longo de sete dias, além de
um jazz brunch.
No
Rio de Janeiro, os shows serão novamente no Parque Garota de Ipanema e no
Miranda, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Pela segunda vez em Brasília, o evento
acontece no Complexo Cultural da República, na Esplanada dos Ministérios.
Ação
social - Haverá ainda um workshop de Donald
Harrison para crianças e adolescentes que estudam música no Instituto
Baccarelli, em Heliópolis, área carente de São Paulo.
Outra
contribuição social do festival é destinar uma área especial nos shows ao ar
livre para 300 meninos e adolescentes da periferia, que estudam música ou tocam
algum instrumento. Ciente de que muitos deles, que gostariam de assistir aos
shows, não têm como fazê-lo, o evento oferece transporte, monitores e lanche a
esses jovens.
Para
acompanhar a boa música, um menu inspirado na
gastronomia cajun e créole, que só existem na Lousiana, foi criado
especialmente para o período do festival pelo chef Viko Tangoda. Os pratos
levemente condimentados são resultado da combinação das culturas francesa,
espanhola, africana e indígena, que formaram o grande caldeirão cultural da
Louisiana.
História do festival
– a fórmula consagrada de shows no palco do Bourbon Street, ao ar livre no
parque do Ibirapuera, e na rua dos Chanés, onde fica a casa noturna, e um
brunch com a culinária cajun apareceu no primeiro ano do festival.
Diante de sua dimensão e importância, foi incluído
oficialmente na comemoração dos 450 anos da cidade de São Paulo.
A partir da quinta edição, em 2007, o festival chegou
também ao Rio de Janeiro. Naquele ano, foram feitos quatro shows, em duas
datas, ao ar livre e com entrada franca, em frente
ao MAM, no Parque do Flamengo. Em 2011, Brasília foi incorporada ao roteiro com
quatro shows gratuitos, em duas datas, no Museu
da República.
Este ano, além das três cidades, alguns
artistas serão levados a Salvador, Ribeirão Preto (SP) e Buenos Aires.
O festival já trouxe grandes nomes do jazz e
de outros gêneros musicais de New Orleans, como Delfeayo Marsalis, do famoso
clã Marsalis, e um dos maiores trombonistas contemporâneos; Dirty Dozen Brass
Band, a mais importante brass band em atividade; Preservation Hall Jazz Band, a
mais antiga e conceituada banda de traditional jazz do mundo; Marcia
Ball, uma das maiores cantoras do blues contemporâneo; Marva Wright, a rainha
do blues de New Orleans, e o badalado DJ
Logic.
Faça a sua agenda:
Dia 10 – sexta-feira
21h30 – Storyville Jazz Band - Traditional Jazz
23h00 – (1ª
entrada) Tony Hall & The Heroes - R&B / Soul
00h30 – (2ª
entrada) Tony Hall & The Heroes - R&B / Soul
Local: Bourbon Street
Horário: 21h30
Abertura da Casa: 20h
Couvert Artístico: R$ 75,00
Dia 11 - Sábado
Parque do Ibirapuera - Grátis ao ar livre
15h30 -
Orleans St. Jazz Band - Street Band /
Dixieland
16h00 –
Preservation Hall Jazz Band - Traditional Jazz
17h30 –
Bonerama - Brass / Rock / Funk
19h00 – Tony
Hall & The Heroes - R&B / Soul
Local: Parque do Ibirapuera - Portão 10 – Av. Pedro
Álvares Cabral s/n
Data: 11/08/2012 – sábado
Horário: 16h00
Grátis – ao ar livre
Dia 14 – Terça-feira
21h00 –
Dwayne Dopsie The Zydeco Hellraisers -
Zydeco
22h30 –
Preservation Hall Jazz Band - Traditional Jazz
Local: Bourbon Street
Horário: 21h
Abertura da Casa: 20h
Couvert Artístico: R$ 125,00
Dia 15 – quarta-feira
21h00 –
Bonerama - Brass / Rock / Funk
22h30 –
Playing for Change - World Music
Horário: 21h
Abertura da Casa: 20h
Couvert Artístico: R$ 125,00
Dia 16 – quinta-feira
21h30 –
Donald Harrison - Jazz New Orleans / Indians – Feat: Shaka Zulu
23h30 –
Mahogany Blue - R&B / Soul
Local:
Bourbon Street
Horário: 21h30
Abertura da Casa: 20h
Couvert Artístico: R$ 55,00
Dia 17 – sexta-feira
21h30 –
Storyville Jazz Band - Traditional Jazz
22h30 – Henry
Butler feat.Vasti Jackson - Blues
23h30 – Dj
Crizz - New Orleans Sounds
00h30 –
Playing for Change - World Music
Dwayne Dopsie - Zydeco
Local: Bourbon Street
Horário: 21h30
Abertura da Casa: 20h
Couvert Artístico: R$ 125,00
Dia 18 - sábado
21h30 – Storyville Jazz Band - Traditional Jazz
22h30 –
Dwayne Dopsie The Zydeco Hellraisers - Zydeco
23h30 – Dj
Crizz - New Orleasn Sounds
00h00 – (1a entrada) Mahogany Blue - R&B / Soul
01h00 – (2a entrada) Mahogany Blue - R&B / Soul
Local: Bourbon Street
Horário: 21h30
Abertura da Casa: 20h
Couvert Artístico: R$ 75,00
Dia 19 – Domingo
JazzBrunch
11h00 – Jazz Brunch - Início Brunch
13h00 –
Preservation Hall Jazz Band - Traditional Jazz
Horário: 11h00
Abertura da Casa: 11h00
Couvert Artístico: R$ 295,00
Rua do Bourbon Street – 16 horas
Grátis ao ar livre
16h00 - Bonerama -
Brass / Rock / Funk
17h15 - Henry Butler feat. Vasti Jackson - Blues
18h30 –
Playing for Change - World Music
20h00 –
Dwayne Dopsie The Zydeco Hellraisers -
Zydeco
***
Zulu Connection – intervenções entre as bandas
O Bourbon Street fica na Rua dos Chanés, 127, em Moema.
Telefone: (11) 5095.6100
A bilheteria
abre nos seguintes horários: 2ª a 6ª feira, das 9h às 20h. Sábado, domingo e
feriado das 14h às 20h.
Capacidade: 400 lugares
Censura: 18 anos - maior de 16 acompanhado de responsável
Formas de pagamento : cartões créditos todos e dinheiro
Estacionamento: R$ 17,00
Acesso deficientes
Atrações:
Bonerama – As brass bands foram um dos elementos formadores do
jazz, no início do século XX e até hoje estão muito presentes na vida de New
Orleans, seja desfilando no carnaval e em cortejos fúnebres ou tocando no
French Quarter e nos vários festivais da cidade. Nos anos 70, o grupo Wild
Magnolias inovou e atualizou o som dessas bandas, com uma levada mais funky. O
Bonerama, formado em 1998, deu um passo adiante ao acrescentar o rock, mas com
uma característica inusitada e particular: no lugar de trompetes e saxofones, a
seção de metais é formada por três trombones. Guitarra, baixo e bateria
completam a formação.
Longe
de ser monótona e repetitiva, a overdose de sons graves induz o público à dança
e gera uma vibração contagiante. O repertório, que inclui (ao lado de standards
do jazz) clássicos do rock como “Helter skelter” (Beatles), “War pigs” (Black
Sabbath”) e “Moby Dick” (Led Zeppelin).
Donald
Harrison - Entre os músicos, esse filho de
New Orleans goza de grande prestígio, que pode ser medido por três CDs gravados
em trio com o maior baixista vivo do jazz, Ron Carter, e um dos melhores
bateristas em atividade, Billy Cobham. A honra não é gratuita: ele é hoje
também um dos maiores em seu principal instrumento, o sax alto (toca também o
tenor e o soprano).
Donald
Harrison faz um jazz sem fronteiras, que batizou de “noveau swing”, um jogo de
palavras que, além de significar “novo suingue”, remete à herança francesa de
sua cidade. Sem deixar de ser um jazz classudo e acústico, nesse “gumbo”
musical entram soul, funk, hip hop, reggae e até MPB (ele gravou “Setembro”, de
Ivan Lins e Gilson Peranzzetta, por exemplo).
Seu
show terá participação especial do performer Shaka Zulu, outra atração do
festival.
Dwayne
Dopsie e Zydeco Hellraisers -
Nascido na capital do zydeco, Lafayette (Lousiana), Dwayne iniciou-se na música
tocando washboard (tábua de lavar), mas logo passou para o acordeon, principal
instrumento do zydeco ao lado do frottoir ou rubboard (um avental de metal
semelhante ao washboard). Aos 19 anos, já liderava seus Zydeco Hellraisers. Cresceu tanto que, ao 33 anos, excursiona pelo mundo
todo, do Marrocos à Polônia, do Alaska ao Brasil.
Parente
longínquo do forró, o zydeco surgiu na Louisiana nos anos 50, quando o rhythm
& blues fundiu-se à música cajun (um tipo de country afrancesado).
Altamente dançante e alegre, o ritmo contagia a todos. Um dos pioneiros do
zydeco foi Rockin’ Dopsie, pai de Dwayne, que hoje, por sua vez, é um dos
artistas mais carismáticos do gênero.
Henry
Butler e Vasti Jackson -
Representante do blues no festival, o cego Henry Butler é considerado por
muitos o melhor pianista de New Orleans na atualidade. O mestre Dr. John, por
exemplo, garante que ele toca como Art Tatum, o maior da história do jazz. Não
por coincidência, Butler trabalhou com grandes nomes do jazz como Cannonball
Adderley e George Duke. E talvez seja o único músico de blues a afirmar ter
influência de Franz Schubert!
Mas
as lições dos mestres do piano blues de New Orleans, Professor Longhair e James
T. Booker, também foram absorvidas por ele. A música de Butler não é
melancólica nem monocórdica, como muitos ainda rotulam o blues. Ele investe nos
ritmos mais agitados e dançantes derivados do gênero: rhythm & blues,
boogie woogie, soul e funk. “Let it roll”, “Basin Street Blues” e “Sittin’ on
the dock of the bay” são alguns clássicos que ele interpreta de forma
originalíssima, além de composições próprias.
Com
ele vem um dos principais guitarristas de blues de New Orleans, Vasti Jackson,
que participou de vários filmes, entre eles “Warming by the Devil’s Fire”, da
aclamada série “The Blues”, coordenada por Martin Scorsese.
Mahogany
Blue - A presença do duo vocal na
comemoração de 10 anos do Bourbon Fest é praticamente obrigatória, pois Lanita
Wise e Yadonna West já fizeram várias temporadas no Bourbon Street, sempre com
grande sucesso. Influenciadas pela música gospel que cantavam na igreja, e também por Aretha Franklin, The Supremes e
Sister Sledge, elas interpretam sucessos da black music como “Proud Mary”,
“Lady Marmalade”, “I will survive” e “Aint No Mountain High Enough”.
Playing
For Changes – Mais de 40 milhões de pessoas já
viram um clipe do Youtube com artistas de rua de vários países tocando e
cantando Stand by Me, clássico do soulman Ben E. King famoso também com
John Lennon. O clipe fazia parte do CD/DVD “Playing for Change – Songs Around The
World”, de 2009, com mais de cem artistas
de 40 países. A historia já é
bem conhecida: em 2004, um pequeno grupo liderado pelo produtor e engenheiro de som americano Mark
Johnson viajou pelo
mundo gravando um documentário para a televisão, no qual artistas de rua
interpretavam clássicos da música com mensagens por um mundo melhor e mais
fraterno. Canções como,
One Love e War (Bob Marley), Biko (Peter Gabriel) e A
Change is Gonna Come (Sam Cooke). Astros
como Bono Vox e Manu Chao uniram-se ao projeto. Mas porque a Playing For Change
Band no Bourbon Street Fest? Simples:
o músico que se
tornou um símbolo do grupo, o cantor e gaitista Grandpa
Elliot, é de New
Orleans. O carismático e simpático velhinho cego, que durante décadas tocou nas
ruas da cidade por gorjetas, em 2011 chegou com seus novos amigos ao palco
principal do maior festival de jazz do mundo – o de sua própria cidade, New
Orleans!
Storyville
Jazz Band – Banda formada especialmente para
os 10 anos do Bourbon Street Fest em São Paulo. Reúne alguns dos melhores
músicos do gênero em São Paulo para tocar o jazz como era em seus primórdios,
no início do séc. XX. Storyville Jazz Band fará duas apresentações no festival
e uma intervenção musical no evento de abertura Cine Mesa Jazz – Let’s Try New Orleans Flavors. O grupo reúne a talentosa
cantora Bibba Chuqui, o baixista Rubinho (Elza Soares e Bocato), dois
integrantes do Bourbon Street Jazz Quartet (o pianista Ary Holland e o
baterista Sergio Della Monica) e três músicos da Orleans Street Jazz Band (o
trompetista Washington Barros, o trombonista Eloy Porto Neto e o banjoísta e
violonista Edu Marck).
Preservation
Hall – Os 10 anos do Bourbon Street Fest
trazem outra grande comemoração – os 50 anos da Preservation Hall Jazz Band,
uma verdadeira instituição do jazz e de New Orleans. Todas as noites, há
décadas, uma fila se forma na porta da Preservation Hall, no coração do French
Quarter (o bairro boêmio da cidade), onde o grupo formado da casa se apresenta.
A romaria faz parte do roteiro turístico de uma das cidades mais turísticas do
mundo. A Preservation Hall Jazz Band é a mais antiga e renomada do mundo no
estilo chamado de traditional jazz – o jazz original, como era tocado no
começo do século XX por Buddy Bolden, Louis Armstrong e King Oliver. Seu
repertório reúne standards imortais como “When the saints go marchin’ in“,
“Tiger rag”, “St. Louis blues” e “St. James infirmary”. A Preservation Hall foi fundada em 1961 para resgatar o
traditional jazz, que estava em baixa devido à evolução do jazz para outros
estilos como o bebop e a hegemonia do rock nas paradas de sucesso.
Tony
Hall – É considerado o mago do baixo
elétrico em New Orleans e um dos grandes nomes do instrumento no mundo.
Tremendamente requisitado para sessões de gravação, seu nome está nos créditos
de discos de Bob Dylan, Stevie Wonder, Carlos Santana, Dave Matthews, Wynton
Marsalis, Harry Connick Jr, George Clinton e muitos outros. Nos anos 80 ele
integrou uma das mais conceituadas bandas do funk, The Meters, com a qual abriu
shows dos Rolling Stones. Como artista solo, ele poderia usar o slogan
“diversão garantida ou seu dinheiro de volta”. Seus shows são verdadeiras
festas – é comum o público começar a dançar já na segunda música, e não parar
mais. Clássicos da black music, interpretados com um groove irresistível, são a
fórmula desse fenômeno.
Zulu Connection – Uma atração diferente é a Zulu Connection, liderada pelo “big
chief“ (chefe índio) Shaka Zulu. O grupo
representa de forma contemporânea uma das mais antigas tradições do Mardi Gras
(o carnaval de New Orleans), os chefes índios. Ao mesmo tempo que resgata tradições afro-caribenhas através de dança,
percussão, máscaras e figurinos coloridos, com uma performance original
e surpreendente. Além de tocar e dançar, os artistas fazem acrobacias
inacreditáveis sobre pernas de pau. O nome Shaka Zulu é uma homenagem a um dos
maiores guerreiros africanos, que construiu um vasto império no século XIX.
Orleans Street Jazz Band
– Uma das mais antigas tradições musicais de New Orleans é a das “street
bands”, que tocam caminhando pelas ruas. A Orleans
Street Jazz Band, de São Paulo, já é atração fixa nas últimas edições do
Bourbon Street Fest, dando um clima especial ao evento. Ela sempre desce dos
palcos para tocar no meio da platéia, contagiando a todos. A Orleans reproduz a
sonoridade das street bands de New Orleans, mas com um toque próprio, mesclando
jazz moderno (Camaleon, Blue Monk) e pop (I Can See Clearly Now) aos standards
como St. Louis blues, C’est si Bon e All of me. Os músicos interagem com a
platéia, fazendo brincadeiras e incentivando-a a dançar e se divertir.
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