sexta-feira, 14 de maio de 2021

Just Like You - 1996 - Keb Mo'


Trata-se de um dos grandes discos do blues moderno, no qual Keb Mo’ esbanja todos os ritmos que conseguiu juntar ao longo da estrada, de sua participação em uma banda de calipso no começo da carreira, ao blues tradicional do sul e elétrico do norte.
That’s Not Love começa calma, como uma manhã ensolarada de  domingo, harmônica e baixo marcantes, mas fala de desamor. Ou, pelo menos, de um relacionamento que não está mais legal para ambas as partes e ensina que quando isso acontece está na hora de partir.
Perpetual Blues Machine é um blues tradicional com voz, violão e harmônica, contrastando com o tema seguinte, More Than One Way Home, um verdadeiro épico.
Kevin Moore nasceu e cresceu em Los Angeles, em Compton o território das gangues. Seus pais eram migrantes do sul e por isso Mo’ teve muito contato com a música gospel que ouviam.
Aos 21 anos ganhou a estrada com a banda de Papa John Creach com quem gravou três álbuns, mas as cenas de infância nunca saíram de sua mente. Ao seu tempo, Keb Mo’ tornou-se um dos grandes compositores, cantores e instrumentistas do blues e toda essa descrição está em More Than One Way Home.
I’m On Your Side traz a batida seca da bateria de Laval Belle ponteada pelo teclado de Tommy Eyre que também acompanha o solo de Mo’, quando este sola contido, mas eficiente. Um bluesão gooxtoso de se ouvir.
Vem finalmente Just Like You, uma das canções mais lindas compostas por Keb Mo’ e que justifica a escolha do nome do álbum e o prêmio Grammy que ganhou como melhor disco de blues contemporâneo. É de arrepiar as participações de Bonnie Raitt e Jackson Browne nos vocais. Impressiona como esses artistas nos fazem crer que se trata de um encontro verdadeiro de dois amigos que viviam separados pelo tempo. 
You Can Love Yourself começa com o dedilhado em um volão de cordas de aço e é mais um blues tradicional auto-ajuda. Lembre-se, quando estiver para baixo, se ame. Bonitinho.
O slowzão Dangerous Mood vem completo com órgão, piano, solo de guitarra, e Mo’ mostrando que sabe falar sério com uma mulher. 
The Action é mais tema de domingo ensolarado, música de amor gostosa, leve como os backing vocals de Jackie Farris e Jean McClain.  
Mais violão e palmas em Hand It Over, um gospel que também manda um recado: tá fodido? Ajoelha e reza. Também com os vocais cheios de alma de Farris e McClain.
Soul rock em Standin’ At The Station, com a harmônica amplificada de Larry David e o aço do bottleneck sobre o aço das cordas do violão de Mo’ rasgando o couro. Pra ouvir alto.
Mais slide em Momma, Where’s My Daddy, também um blues tradicional, onde a ausência paterna é apresentada pela segunda vez nesse trabalho. A primeira foi em More Than One Way Home.
O caboclo Robert Johnson baixa em Keb Mo’ em Last Fair Deal Gone Down, mas de roupa moderna. O “cavalo” apresenta sua versão para esse tema clássico de um dos grandes ícone do blues. Volta e meia o caboclo Johnson reaparece indicando os caminhos da encruzilhada para que seus pupilos nuca se percam. Com John Porter (também produtos do disco) no dobro, Darrel Leonard no trompete, Jim Price no trombone e Jim Gordon na clarineta e Tommy Eyre assumindo a guitarra de onze cordas.
Lullaby Baby Blues é o que o nome diz, uma canção de ninar acústica com a voz de veludo de Mo’ nos embalando após ter ouvido um disco que passou a ser o marco divisório em sua carreira. Se hoje Kevin Moore é um monstro do blues, é graças a esse trabalho.  




Músicas

1 - That’s Not Love
2 -  Perpetual Blues Machine
3 -  More Than One Way Home
4 - I’m On Your Side
5 - Just Like You
6 - You Can Love Yourself
7 - Dangerous Mood
8 - The Action
9 - Hand It Over
10 - Standin’ At The Station
11 - Momma, Where’s My Daddy
12 - Last Fair Deal Gone Down
13 - Lullaby Baby Blues

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